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Resumo dos trabalhos apresentados para revisão

POSTERS


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Estimulando olhares e ampliando redes – A ciência cidadã na observação de aves como aliada da conservação ambiental
Lorrane Cristine Silvano Coelho (Suinã Instituto Socioambiental), Alessandra Nathalia de Souza, Cínthia Mara Siqueira, Maria de Fátima de Oliveira, Fernanda de Moraes A. Scalambrino,

Resumo

A ciência cidadã ou ciência colaborativa é utilizada como aporte ao conhecimento científico e à conservação ambiental, a partir do envolvimento dos cidadãos na geração de conhecimento técnico. Neste trabalho de caráter qualitativo exploratório, avaliamos como a ciência cidadã e seus instrumentos têm contribuído para a sensibilização ambiental e o fortalecimento das ações de educação ambiental por meio da prática de observação de aves realizadas no evento Avistando 2022, que possui o intuito de estimular a prática de observação de aves livres vinculadas à educação e conservação ambiental, ao turismo, e à ciência. Utilizando a ciência cidadã como ferramenta didática, proporcionando benefícios a aplicação da educação ambiental, por seu caráter prático, sensorial e vivencial. Oferecendo assim múltiplas possibilidades aos participantes de estimular vínculos no exercício da cidadania e à transformação crítica de pensamentos e conduta perante a percepção ambiental.

Introdução

Atualmente enfrentamos uma crise climática e civilizatória, no que tange às ordens culturais, sociais e ambientais (PIRES, DE FARIA & ANTUNES, 2022). Nesse contexto surge a Educação Ambiental com sua capacidade integradora (RUMENOS & FACIOLLA, 2019) na qual abre espaço para a sensibilização da população perante as questões ambientais e a possibilidade de mobilização política (SORRENTINO et al., 2005; VIEIRA et al., 2022). O ensino ambiental tece soluções para uma melhor vivência do ser humano e de todas as espécies coexistentes (VIEIRA et al., 2022), promovendo um processo conducente a conscientização ambiental e a construção de conhecimentos de modo coletivo, onde todos possam se tornar protagonistas e responsáveis pelo mundo que habitam (SORRENTINO et al., 2005). A Educação Ambiental deve culminar na mudança cultural por parte do cidadão, onde o mesmo entenda que suas ações juntamente as políticas públicas refletem no meio e, por esse motivo, toda sociedade precisa colaborar com a transição para um modo de vida sustentável (RUMENOS & FACIOLLA, 2019; RUMENOS & SPAZZIANI, 2020). No Brasil, foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) por meio da lei 9.795/99 (BRASIL, 1999; VIEIRA et al., 2022) a qual estabelece que os espaços, formais ou informais, em todos os níveis e modalidades de educação sejam passíveis da aplicabilidade da Educação Ambiental de modo contextualizado e crítico (VIEIRA et al., 2022). Para tal, é fundamental a associação da ciência com o cotidiano e os conhecimentos pessoais, por meio de distintas metodologias e abordagens (VIEIRA et al., 2022). Uma dessas abordagens pode ser a Ciência Cidadã, uma prática desenvolvida mundialmente para popularizar a ciência e prover consciência ambiental (VIEIRA et al., 2022). A ciência cidadã possui duas vertentes, a instrumental na qual se restringe na informação de dados, o que é denominado como “crowdsourcing science”. Por outro lado, existe uma vertente democrática dentro da ciência cidadã, onde as pessoas podem ser intérpretes e participar ativamente da pesquisa e de seus desdobramentos (PIRES, DE FARIA & ANTUNES, 2022). De ambos modos, a ciência cidadã se torna fundamental para expansão e acesso do conhecimento científico, resultando em experiência, compreensão, sobrevivência e descobertas para o cidadão participante e para a ciência (RIESCH & POTTER, 2014, P. 108, SULLIVAN et al., 2014, P. 32; MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Tal interface que une a ciência junto a cidadania identifica direitos e responsabilidades de uma sociedade, que se fazem interessantes de serem investigadas e investidas (MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Esta modalidade de construção participativa de conhecimento se provou eficaz para melhoria no monitoramento da biodiversidade (CHANDLER et al., 2017 ; THEOBALD et al., 2015; ZHANG et al., 2023), da gestão de recursos naturais ( MACPHAIL & COLLA 2020 ; MCKINLEY et al., 2017; ZHANG et al., 2023) e proteção ambiental, devido ao vasto conhecimento científico que pode ser gerado em uma ampla escala espaço-temporal (BURGESS et al., 2017; BONNEY et al., 2016; DEVICTOR et al. 2010; ZHANG et al., 2023). Desse modo, a ciência cidadã configura uma estratégia e oportunidade para promover o vínculo entre os cidadãos e a natureza, instigando o sentimento de comprometimento da população com a proteção e aprimoramento da conservação (MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Na ornitologia, a ciência cidadã desempenha um importante papel (COSTA, 2007; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Ao observar aves, os mais diversos públicos se atentam a biodiversidade, a percepção de espécies ameaçadas e consequentemente os motivos de seu declínio populacional (PINHEIRO, 2019). É um modo atrativo de voltar os olhares à natureza e a observação de história natural, o que acaba por auxiliar a geração de reflexões e soluções sustentáveis conjuntas (COSTA, 2007; DIAS, 2011; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Além disso, a prática de observação de aves gera lazer, benefícios à saúde e é economicamente viável (COSTA, 2007; DIAS, 2011; ALHO, 2012; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Isso ocorre pela facilidade em observar aves que, por sua abundância, ocupam os mais diversos ambientes terrestres e a maioria dos aquáticos, estando ligadas a processos bióticos em amplos níveis (YOUNG et al., 2019). Nesse sentido, a observação de aves vinculada à educação ambiental se torna uma potente ferramenta com caráter conservacionista e sócio-econômico que acaba por gerar conscientização ambiental, promove o uso sustentável dos espaços e bens naturais, insere e motiva a comunidade local, além de contribuir para a geração de ciência (RUSCHMANN, 1997; FARIAS, 2007; PIVATTO et al.,2007; CASTILHO, 2007; PINHEIRO, 2019). Além disso, a é uma atividade de baixo impacto ambiental e que pode gerar renda para o município, sendo de fácil aplicabilidade (PINHEIRO, 2019).

Qualquer um pode passarinhar: O passarinho na janela

Entendemos como observadoras e observadores de aves todos aqueles que em algum momento do seu cotidiano, apreciam por alguns segundos uma ave pela janela do trabalho ou de sua casa. Partindo do pressuposto que o interesse e curiosidade por esses seres seja mais que suficiente para que possamos utilizar essa definição, aproximando cada vez mais pessoas do despertar a percepção ambiental como algo integrado e único. A ciência cidadã ou ciência colaborativa é de extrema importância para a expansão do conhecimento científico, sendo constituída por uma abordagem multidisciplinar. Permite a participação ativa dos cidadãos em atividades científicas gerando experiência, compreensão e novos conhecimentos tanto para a ciência quanto para o cidadão participante (RIESCH & POTTER, 2014; SULLIVAN et al., 2014). Para Kruger e Shannon (2000) a ciência cidadã é o processo pelo qual os cidadãos estão envolvidos na ciência como cientistas. Colaborando desta forma em aspectos socioambientais, que envolvem a ampliação da rede de pessoas que buscam a conexão com a sua natureza interna e externa, que se mantém atuante para a contribuição para manutenção do equilíbrio ecológico e desejam atuar na compreensão, reversão ou mitigação dos impactos que desfavorecem esse equilíbrio. Segundo (COOPER et al., 2007; COHN, 2008) apesar de frequentemente não analisarem dados, nem redigirem artigos científicos, os cidadãos cientistas contribuem de maneira eficiente no levantamento de dados cooperando para responder a perguntas científicas e do mundo real. Já foi comprovado que a observação de aves e o contato com a natureza decorrente dessa prática, torna as pessoas mais felizes, calmas e concentradas. A partir disso, é importante treinar e aprimorar os sentidos (audição, visão, sensações, entre outros) para estar mais atento ao mundo natural. Assim, um observador de aves atua na conservação da natureza, pois podem identificar espécies consideradas bioindicadoras, ou seja, que são muito exigentes em relação ao seu habitat e sensíveis a mudanças do ambiente, como por exemplo, as mudanças climáticas (SILVA, 2017). Possibilitando o despertar e ampliação da sensibilização ambiental a partir do interesse popular pelas aves, expressando também as práticas culturais locais e a identidade paisagística e biológica do território em que estão inseridos. Transformando a representação social sendo a utilizando como força motriz para o engajamento e o comprometimento coletivo pela conservação da biodiversidade. Conservar a biodiversidade significa resguardar a saúde ambiental e a qualidade de vida de seus residentes, a qual nós como seres humanos estamos incluídos. Um dos mais expressivos exemplos, se dá pela necessidade de estabelecimento do equilíbrio para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como qualidade da água, do ar, produção de insumos, garantia de reprodução das plantas e produção de alimentos a partir da polinização de visitantes florais, regulação climática, entretenimento e lazer, além da inspiração cultural e espiritual, são alguns dos benefícios ambientais dos quais depende a sobrevivência da nossa espécie. (BENITES et al, 2022). O que nos leva a refletir sobre o reconhecimento da importância da biodiversidade, entendo o processo de sensibilização para este reconhecimento como ponto inicial primordial para a conservação da biodiversidade. (RUMENOS & SPAZZIANI, 2020) Sendo assim, se faz necessário transmitir informações de maneira simples, objetiva e inclusiva, a fim de facilitar a compreensão, utilizando a linguagem acessível e metodologias didáticas que facilitem a comunicação, espalhando a mensagem da conservação da biodiversidade utilizando a educomunicação integrada à educação ambiental. (TRAJBER, 2004) A interface entre ciência e cidadania, que comunica direitos e responsabilidades de uma sociedade, é necessária para ser percebida e aprofundada. Como efeito, a ciência cidadã tem sido utilizada como ferramenta para geração de conhecimento científico sobre a biodiversidade, congregando direitos e responsabilidades que se vinculam ao conceito de cidadania de forma positiva. A Educação Ambiental é um processo educativo e está sujeita às influências epistemológicas que cercam o campo da educação em suas dimensões. (RUMENOS & SPAZZIANI, 2020). A dimensão ambiental não se distingue da dimensão social e suas problemáticas, que atingem todos os setores da sociedade, cabendo aos espaços que promovem a ciência colaborativa a função de favorecer reflexões e discussões inerentes ao meio ambiente e qualidade de vida. A educação ambiental deve ser considerada como um projeto político de construção e transformação da sociedade, assim, tornando-se uma questão essencial a qualquer política ambientalista (OLIVEIRA JÚNIOR & SATO, 2006). Desse modo, a educação Ambiental deve entrelaçar conhecimentos ecológicos com políticas públicas, de modo a construir uma sociedade sustentável que requer modificações no plano de manejo da biodiversidade, de cultura e de valores de uma sociedade, uma vez que determinam o uso dos recursos naturais (OLIVEIRA JÚNIOR & SATO, 2006). A Educação Ambiental Crítica tende a conjugar-se com o pensamento da complexidade ao ligar-se às questões contemporâneas, como é o caso dos problemas ambientais (LAYRARGUES; LIMA, 2011). Contribuindo para a sensibilização de pessoas, promovendo o diálogo de saberes entre os conhecimentos científicos existentes e necessários à conservação dos ambientes naturais às realidades culturais e econômicas dos contextos sociais do território local. O poder de transformação social do modelo de ciência cidadã vinculada a educação ambiental, ocorre pela sensibilização do cidadão participante se percebe mais cientista, ainda que iniciante ou amador, e o cientista especializado sensibilizando se torna mais cidadão, ao passo que se aproxima e estabelece vínculos, permitindo a colaboração da sociedade nas pesquisas realizadas. (MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Reconhecendo e assimilando a ciência enquanto instrumento de transformação e estabelecimento de políticas públicas, provocando um retorno mais direto e evidente das pesquisas acadêmicas à sociedade e de forma compreensível pela população. Projetos de âmbito das ciências naturais têm utilizado atualmente a ciência cidadã como estratégia de envolvimento da participação pública nos processos de alfabetização e investigação a partir da percepção ambiental, com importantes resultados para a educação ambiental. Ampliando a visão da ciência que se resume a comunidade acadêmica, propostas que envolvem e estimulam a participação ativa de cidadãos agregam benefícios plurais para a conservação da biodiversidade e sustentabilidade. (IRVING, M. A. et al. 2002). O apoio de cidadãos cientistas na geração de conhecimento sobre a biodiversidade regional vinculados ao exercício de cidadania é intencionada a transformação crítica de pensamentos e conduta, são pilares importantes para uma educação ambiental crítica e transformadora. À medida que as ameaças à biodiversidade avançam através das mudanças climáticas, perda dos bens naturais, avança também o aumento das desigualdades sociais e os apelos consumistas à sociedade. (SILVA, 2017; BENITES, M. et al, 2022). Oportunizar espaços educadores para comunicar os encantamentos da natureza, os direitos igualitários de usufruir da biodiversidade para geração de bens culturais e de bem estar humano, valorizando a percepção de nós como natureza, como seres integrais e não seres desassociados do conjunto de fatores que mantém o planeta em equilíbrio mas sim completos, por sermos parte integrantes desses fatores, não apenas fazendo parte dele como telespectadores mas sim o vivenciando como protagonistas das nossas escolhas e ações. Contribuindo para aprimorar a compreensão da necessidade de conservação e aumentar o engajamento social e o interesse público pelo contato e proteção desse bem insubstituível, a natureza que somos. A observação de aves como dispersora de florestas Nas últimas décadas, o aumento de conhecimentos da área ecológica é evidente, contudo, devido às desigualdades sociais, tal conhecimento se torna excludente (COSTA, 2007; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Ecossistemas brasileiros e suas comunidades faunísticas, assim como as comunidades tradicionais que coabitam seus espaços se encontram ameaçados, permanecendo pouco conhecidos e cercados de estigmas sociais (SILVA et al., 2018; SALLES, 2019). A utilização de aves na educação por meio da ciência cidadã vem com esse olhar de desmistificação aos serviços associados aos ecossistemas e aos valores culturais, podendo contribuir para tais conhecimentos desde que as comunidades tradicionais e rurais sejam envolvidas durante o processo (JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). O Brasil possui diversas unidades de conservação em âmbito federal, estadual, municipal e particular, constituindo espaços geográficos definidos e reconhecidos por meios legais para assegurar a integralidade dos meios bióticos e abióticos (DUDLEY, 2008; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Tais áreas possuem diversidade de ambientes, cursos d’água, atratividade de espécies e suas interações ecológicas, os quais aumentam seu valor ambiental (Junior, Simonetti & Cohn-Haft, 2022). As pessoas sensibilizadas a partir das aves, buscam por avistar as mais raras e endêmicas, adentrando áreas conservadas, que consequentemente estão em zonas protegidas (JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Desse modo, motivados pela alta biodiversidade que podem ser encontradas em unidades de conservação, os observadores de aves agregam valor e a continuidade da proteção das UCs (NAIDOO & ADAMOWICZ, 2005; Junior, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022), podendo contribuir financeiramente para a manutenção das florestas e outros tipos de vegetação, como as do Cerrado brasileiro (DIAS, 2011; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Com a demanda da observação de aves, comunidades tradicionais e rurais, mediante treinamentos, podem fomentar o turismo ecológico associado à educação ambiental nesses espaços, promovendo uma diminuição da desigualdade social, emancipação e valorização dos conhecimentos de história natural dessas comunidades (DIAS, 2011; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Com a diminuição das desigualdades sociais juntamente a educação ambiental aliada a ciência cidadã, especialmente em comunidades rurais, diminuímos o paradoxo da estética das aves, que ao mesmo tempo que são atrativas para a sensibilização socioambiental, incrementa uma problemática, a criação em cativeiro de aves (COSTA, 2007; DIAS, 2011). Para mais, o corte de árvores e a caça ilegal podem vir a ser atenuados por meio dessa consolidação de concientização ecológica por meio do fomento ao turismo de observação de aves, a qual torna-se uma importante ferramenta de educação ambiental para indivíduos residentes e visitantes (DIAS, 2011).

Aprendendo entre voos e pousos

A Educação Ambiental visa alternativas ao ensino tradicional, principalmente em âmbitos locais que contemplam as distintas realidades, que somente se tornam possíveis perante um engajamento e empoderamento de parte da população (OLIVEIRA JÚNIOR & SATO, 2006; VIVIANE, RODRIGUES & EBERT, 2016). Nesse sentido, a observação de aves e a ciência cidadã surge como uma proposta alternativa às práticas pedagógicas convencionais empregadas na educação ambiental, caracterizando-se, assim, como uma atividade cultural, lúdica e intuitiva que incentiva a autonomia, capaz de promover o maravilhamento da natureza (COSTA, 2006 e 2007). Segundo Paulo Freire (1996) a experiência emancipatória aliada ao encantamento acaba por gerar valor sentimental no aprendizado, o que torna possível e agrega transformação ao indivíduo. Bem como, Rita Mendonça (2014) ressalta: “Sem encantamento, o conhecimento não nos afeta verdadeiramente”. Tais constatações evidenciam a necessidade de ousar novos caminhos que não se restringem ao meio acadêmico, tal como a inserção da prática de “passarinhar” aos cidadãos (COSTA, 2007). A princípio, a observação de aves é praticada pelos indivíduos em beneficiamento de seu lazer próprio, por incentivo de amigos ou políticas públicas aplicadas ao turismo. Contudo, essa observação sem compromisso pode conter um viés educativo principalmente vinculada ao setor ambiental por meio de um educador (COSTA, 2007). O educador por meio das aves, possibilita a abertura de olhares para a percepção do meio ambiente ao todo e no qual o ser se encontra inserido, sem deixar de ser uma atividade recreativa (COSTA, 2007). No Brasil, essa prática da observação de aves como educação ambiental vem crescendo, exercida principalmente por iniciativas de ornitólogos e biólogos (COSTA, 2007). Todavia, um educador pode promover educação ambiental por meio das aves, mesmo que não tenha grande conhecimento ornitológico (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996; MOHR & MOSER, 2011). A simples condução a observação de aves, fazendo com que sejam notadas, assim como seus comportamentos, gera um encantamento e aprendizado (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996). O principal é o educador explorar o que há de interessante ao redor e na observação, como a alimentação e o voo, despertando o interesse dos envolvidos (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996). O caráter multidimensional do ser humano é privilegiado na observação de aves e na ciência cidadã. Tal prática abre espaço não somente ao aprendizado científico, mas para diversos setores interdisciplinares, onde de modo exploratório, o indivíduo é livre e adquire a capacidade de experimentar e criar a partir da observação, o que se revela em manifestações artísticas, como poesias, contos, músicas e teatros (MORIN, 2000; REIGOTA, 2004; COSTA, 2007). Do mesmo modo, tal atividade se enquadra na proposta construtivista do conhecimento, pois favorece a interação entre os indivíduos envolvidos e entre os envolvidos e o meio ambiente, conciliando saberes e promovendo laços sociais e ambientais (COSTA, 2007). A possibilidade de ver beleza, cores, formatos distintos, comportamentos, voos e sons por meio das aves favorecem o aprendizado via resgate afetivo e ativamento dos canais sensitivos (COSTA, 2007; Nogueira et al., 2015). Ainda, promove a capacidade de observação, reconhecimento do ambiente de entorno, desenvolve a percepção da coabitação do espaço com outros seres vivos e a importância da preservação do ambiente para que esta coexistência continue (COSTA, 2007). Bem como, podem ser esclarecidas as funções ecológicas das aves na observação de sua interação com frutos e outros seres como insetos, culminando no auxílio da disseminação de conhecimento sobre a fauna silvestre brasileira (MOHR & MOSER, 2011). Desse modo, comitantemente, a observação de aves pode abranger serviços ecossistêmicos e processos ecológicos fundamentais para a manutenção da floresta. Por todos os atributos benéficos ao meio que a prática de observação de aves promove, os municípios de Salesópolis, Guararema, Santa Branca, Caraguatatuba, São José dos Campos e o distrito de São Francisco Xavier, as respectivas prefeituras, junto às instituições, Suinã - Instituto Socioambiental, SAVE Brasil e Associação Colibri, somaram forças para a realização do evento Avistando 2022. O Avistando 2022 transformou o mês de novembro no mês da passarinhada. As matas do Vale do Paraíba e Alto Tietê foram destinos para amantes da natureza e em especial para quem já pratica ou quer iniciar a prática de observação de aves. Estimulando na região o interesse da sociedade pelas aves em vida livre e a conservação da biodiversidade em geral, além de fomento a políticas públicas para a proteção da biodiversidade e estímulo ao contato humano qualificado com o mundo natural. No evento foram realizadas seis saídas a campo para observação de aves, com 97 inscrições e foram avistadas 294 espécies ao todo. Com o intuito de atrair e atingir, a população regional a fim de gerar maior interesse e (re)conhecimento pela avifauna do território. Estimulou-se também que as e os participantes estivessem presente em todos os encontros possíveis, para que houvesse um proveitoso para o intercâmbio de experiências, informações e fortalecimento da atividade, já que desta maneira seria construído um olhar amplo sobre a biodiversidade local. Como exemplos do avanço quanto a sensibilização dos participantes do evento foram colhidos alguns relatos, realizando uma abordagem qualitativa das ações educativas empreendidas, os dados permitem análises sobre a percepção do público atingido. “Inicei observando aves durante meu estágio da faculdade, após fazer um curso de observação de aves, que até então não chamavam a minha atenção. Depois do curso foi como se um mundo novo abrisse sobre meus olhos, eu via aves em todos os lugares e quanto mais percebia sua presença, mais espécies conhecia e me apaixonei pela atividade. Acredito que além das boas sensações de atividades ao ar livre, perceber esses animais na natureza traz sensação de uma mata viva.” - Gabriela Rodrigues França. “Eu gosto e participo como lazer. Na verdade, o principal motivo inicial foi o interesse e o amor da minha filha pela natureza e bichos. E ao acompanhar, passei a gostar também. Um grande aprendizado e um momento de paz. Fico tão empolgada com a experiência que acabo falando sobre isso sim. Gostaria que mais pessoas participassem pois sinto como uma experiência que recarrega nossa energia de forma positiva.” - Mirian Futagawa “Não trabalho com nada relacionado à natureza, mas gosto de estar em contato, seja observando pássaros ou praticando trekking.” - Fernanda Higashi “Sempre observava a fauna em nossas caminhadas, mas até então não conhecia tal prática. Em 2011, já trabalhando em outra instituição, fiz minha primeira saída a campo, juntamente com o observador Carlos Rizzo. Por meio dele conheci essa linda atividade e levo para todos os lugares que estou, na área profissional e pessoal. Amei caminhar pelas trilhas, por onde passei diversas vezes, tanto a trabalho quanto a lazer, e sempre me surpreendo com a magnífica vida que ali pulsa. Um outro olhar, novos conhecimentos e amizades e muitas trocas de ideias e informações.” - Simone Villegas Reis “Foi muito agradável , fazer novas amizades, rever antigas amizades, compartilhar conhecimentos, vivências e experiências com os colegas presentes e principalmente observar e fotografar.” - Tiago Machanoker Moraes “Uma relação de amor e respeito desde que me conheço por gente. Poder interagir com pessoas adeptas a prática é sempre bom para trocarmos conhecimentos. Acredito que poderíamos fazer um livreto com as espécies já catalogadas e entregar ao participante assim que ele avistar já anota em seu livreto. Um livreto simples para anotação das espécies.” - Maria Lúcia Rodrigues “A tranquilidade de estar na natureza. Acho que foi muito bom, espero que o grupo se fortaleça cada vez mais e continue com esses maravilhosos encontros”. - Josiane Moraes Desse modo, por meio dos relatos, observa-se que grande parcela dos participantes considera a observação de aves como uma atividade de lazer e relaxamento. Bem como, uma oportunidade de (re)aproximação do ser com a natureza, o que corrobora com o dito por Mamede, Benites & Alho (2017), os quais evidenciam a concepção da observação de aves juntamente a ciência cidadã como o entrelaço entre o homem e a natureza. Ainda, se torna notário dentro dos depoimentos o encantamento em respeito às aves e a natureza pelos indivíduos. Tal circunstância corrobora com a premissa de que o avistamento de aves é uma ferramenta importante a ser utilizada pela sensibilização ambiental. Além de que, por meio do encantamento é possível uma educação efetiva. Como supracitado, para Rita Mendonça “Sem encantamento o conhecimento não nos afeta de verdade”. Para além do encantamento, tal vivência permite aos envolvidos correlacionar, não somente as informações apresentadas pelos monitores nas passarinhadas, mas principalmente vivenciar de forma direta os conceitos que são apresentados. Facilitando assim a participação direta enquanto cientista-cidadão a partir do estímulo à geração de senso de pertencimento a partir da percepção ambiental voltada para o olhar sistêmico sobre a sociobiodiversidade. Assim, eventos como o Avistando 2022 que possuem foco na biodiversidade, se mostram exitosos no cumprimento a sensibilização ambiental a partir da utilização da ciência cidadã como abordagem nas ações de educação ambiental, buscando promovê-lo de forma contínua e consolidando-se em periodicidade regular na agenda de eventos culturais da região do Vale do Paraíba e Alto Tietê.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Turismo, Educação Ambiental
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Ninho da Cambacica Birdwatching
Aline Alegria Marinelli

Resumo

O Ninho da Cambacica surgiu do sonho de dois biólogos de viverem em um lugar onde pudessem observar constantemente a dinâmica de um ambiente natural. Compartilhar essa experiência com nossos hóspedes nos motiva a trabalhar pela conservação e valorização da Mata Atlântica. A pousada oferece uma experiência quase exclusiva, recebendo um máximo de 6 pessoas, o que torna a experiência de observar e fotografar as aves ainda mais imersiva e tranquila.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Fotografia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre
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Programa Monitoramento da Biodiversidade Fundação Florestal - uso dos dados oportunísticos de avifauna
Bianca Fabiana Aparecida Costa (Parque Estadual Intervales), Renato Laurindo de Paiva, Thiago Borges Conforti ,

Resumo

Inseridos na Serra de Paranapiacaba, os Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema somam mais de 64 mil hectares preservados com exuberante biodiversidade. O Parque Estadual Intervales é reconhecido mundialmente como um dos principais hotspot de observação de aves do Estado de São Paulo. Com o intuito de obter dados essenciais para melhor o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica e avaliar a eficácia da gestão da UCs do Estado de São Paulo, a Fundação Florestal criou o Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Estado. O Programa está no seu primeiro ano, e os dados ainda são preliminares. A análise dos dados irá embasar o desenvolvimento de estratégias de aprimoramento dos processos de gestão das unidades de conservação, como programas de conservação de espécies e uso sustentável dos recursos naturais, conforme a categoria de área protegida. Através do Programa de Monitoramento de Biodiversidade é possível coletar dados oportunísticos de avifauna no interior dos parquesO SubPrograma Monitoramento de Mamíferos teve a primeira etapa realizada de 07/2022 a 01/2023, e o SubPrograma Monitoramento de Primatas está com a primeira etapa em execução, os dados aqui apresentados são de 01/2023 a 04/2023. O Monitoramento de Primatas está sendo realizado apenas no PEI nesse momento, e segue o método dos transectos, com 3 transectos de extensões diferentes (3,2 km, 2 km e 0,8 km) percorrendo um total de 100 km ao longo do ano. Os dados oportunísticos de avifauna se apresentaram extremamente relevantes no Programa de Monitoramento da Biodiversidade no interior dos Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema. Possibilitam um melhor conhecimento da biodiversidade para pesquisas e conservação, e um potencial para desenvolvimento de novos roteiros de ecoturísmo para observação de aves.

INTRODUÇÃO

Inseridos na Serra de Paranapiacaba, os Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema (mapa 1) somam mais de 64 mil hectares preservados com exuberante biodiversidade. A Serra de Paranapiacaba é o nome local da porção sudoeste da Serra do Mar no Estado de São Paulo. Nessa região, além dos parques mencionados, ainda existem os Parques Turístico do Alto Ribeira, Carlos Botelho, a Estação Ecológica de Xitué e APA Serra do Mar. Todas essas Unidades de Conservação formam o Mosaico de UCs da Serra de Paranapiacaba. O Parque Estadual Intervales é reconhecido mundialmente como um dos principais hotspot de observação de aves do Estado de São Paulo. Com o intuito de obter dados essenciais para melhor o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica e avaliar a eficácia da gestão da UCs do Estado de São Paulo, a Fundação Florestal criou o Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Estado. O Programa está no seu primeiro ano, e os dados ainda são preliminares. A análise dos dados irá embasar o desenvolvimento de estratégias de aprimoramento dos processos de gestão das unidades de conservação, como programas de conservação de espécies e uso sustentável dos recursos naturais, conforme a categoria de área protegida. O monitoramento é um instrumento amplamente utilizado para determinar padrões ecológicos que norteiam e subsidiam ações de proteção e preservação dos ecossistemas.

METODOLOGIA

Através do Programa de Monitoramento de Biodiversidade é possível coletar dados oportunísticos de avifauna no interior dos parques. O SubPrograma Monitoramento de Mamíferos teve a primeira etapa realizada de 07/2022 a 01/2023, e o SubPrograma Monitoramento de Primatas está com a primeira etapa em execução, os dados aqui apresentados são de 01/2023 a 04/2023. O Monitoramento de Primatas está sendo realizado apenas no PEI nesse momento, e segue o método dos transectos, com 3 transectos de extensões diferentes (3,2 km, 2 km e 0,8 km) percorrendo um total de 100 km ao longo do ano. O Monitoramento de Mamíferos é realizado através da instalação de 20 armadilhas fotográficas, com distância mínima de 2 km entre as armadilhas e 60 dias em campo em 2 períodos. A Análise dos dados oportunísticos no Monitoramento de Primatas (imagem 1) o registro é feito pelo observador, ao longo do transecto. Já no Monitoramento de Mamíferos são dados de registros das armadilhas fotográficas (imagem 2) instaladas em pontos fixos

RESULTADOS

MONITORAMENTO DE PRIMATAS Com um total de 61,2 km percorridos até o momento, foram observadas 167 espécies de aves (38 famílias) anexo 1, entre elas, espécies consideradas ameaçadas ou raras, como Uiraçu Morfo guianensis, Jacutinga Aburria jacutinga (imagem 3) e Gavião-de-Penacho Spizaetus ornatus. No gráfico 1 é possível determinar as famílias com maior quantidade de indivíduos avistados. De acordo com o site Wikiaves o Parque Estadual Intervales possui 67 famílias e 426 espécies. Os dados oportunísticos do Monitoramento de Primatas representam 56% das famílias e 39% de espécies registradas no Wikiaves até o momento. O Monitoramento segue sendo realizado e será finalizado ao totalizar 100 km percorridos nos transectos. MONITORAMENTO DE MAMÍFEROS Das 20 armadilhas fotográficas instaladas para o Monitoramento de Mamíferos do PEI e PENAP 11 câmeras registraram 13 famílias da avifauna totalizando 18 espécies. Entre elas Jaó-do-sul Crypturellus noctivagus (imagem 4) e a Tovaca-cantadora Chamaeza meruloides (imagem 5). No gráfico 2 é possível interpretar de forma quantitativa as espécies por família. Os dados do monitoramento de mamíferos seguem sendo levantados e a grandes possibilidades de novas informações continuarem aparecendo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados oportunísticos de avifauna se apresentaram extremamente relevantes no Programa de Monitoramento da Biodiversidade no interior dos Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema. Possibilitam um melhor conhecimento da biodiversidade para pesquisas e conservação, e um potencial para desenvolvimento de novos roteiros de ecoturísmo para observação de aves. Seis das espécies encontradas estão na lista de ameaçadas de extinção da IUCN. O programa de Monitoramento de Primatas se mostrou mais eficiente em relação ao números de espécies avistadas, devido ao próprio método de levantamento que cobre uma maior área. O Monitoramento de Mamíferos, através de armadilhas fotográficas em pontos fixos, apesar do foco de instalação ser para mamíferos também se mostra relevante para registro de certas espécies que frequentam subbosque. Ambos os subprogramas seguem em fase de execução e provavelmente a lista de espécies de aves será ampliada.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Ecologia, Fotografia, Turismo, Vida ao ar livre
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DIVERSIDADE DE AVES EM UM TRECHO DE MATA CILIAR DO RIO PARAÍBA DO SUL NO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ/SP
Claudinei Mathias Junior (UNIFATEA – CENTRO UNIVERSITÁRIO TERESA D’ÁVILA), Raul Ferreira dos Santos Chave Pinto, Ricardo Mendonça ,

Resumo

Introdução

A ideia As aves têm um papel extremamente importante, sendo assim um grupo que ocupa diversos nichos ecológicos, atuando como grandes polinizadores e predadores, contribuindo com a dispersão de sementes e fazendo controle biológico de pragas nocivas, além de transmitir beleza e inspirações para meio à qual estão inseridas. As aves constituem um grupo extremamente importante quando se fala a respeito de bioindicadores, a presença delas em determinadas regiões é uma grande indicação de que o ambiente está em equilíbrio ecológico. O estudo desenvolvido buscou a identificação das espécies de aves que habitam a região de mata ciliar do rio Paraíba do sul, região da pesquisa está localizado no centro de Guaratinguetá, área do bosque da amizade. Ao todo foram identificadas 71 espécies de 32 famílias.

métodos

Como principal método para a realização da observação e o registro das espécies de aves do Bosque da Amizade, foi utilizado o método de listas simples, conforme descrito por Ribon (2010), esse método consiste em percorrer as trilhas já existentes no local escolhido, enquanto anota as espécies vistas e ouvidas, formando assim uma lista de espécies encontradas no local Durante o trabalho de campo foi utilizado para o registro fotográfico uma câmera modelo CANON Power Shot Sx 400 Is e uma modelo NIKON COOLPIX L820, para as gravações sonoras foram utilizados dois smartphones, também foram utilizados cadernos para anotações, um binóculo amador e uma lista de possíveis espécies de aves encontradas na região. Após o trabalho de campo foram utilizados os seguintes livros como material de apoio para realizar a identificação das aves, Avifauna da Escola de Especialistas de Aeronáutica e Aves do Sesc Bertioga, também foi utilizado o site wikiaves.

Resultados

O trabalho atual buscou comparar os dados obtidos com outro trabalho realizado no Bosque da Amizade, feito por Danilo Corrêa de Paula Júnior, Vladimir Stolzenberg Torres, Karla Conceição Pereira, Vanessa Colombo Corbi, no ano de 2020, que também realizou o levantamento de espécies de avifauna da região. A partir desses resultados é possível afirmar que as 59 espécies que foram registradas pelos dois trabalhos, são as mais frequentes de se observar na área do Bosque da Amizade. Também podemos ver que no quesito número de espécies o trabalho atual registrou 20 espécies a menos que o realizado em 2020, uma possível hipótese para essa diminuição de espécies registradas é o fato que o trabalho anterior foi realizado durante o período de quarentena causada pela pandemia do COVID-19, como durante esse período a circulação de pessoas diminuiu drasticamente, é possível que uma maior diversidade de aves passou a frequentar o Bosque da Amizade, devido a diminuição dos impactos causados pelos humanos nas áreas arredores do bosque, por exemplo a diminuição de carros circulando pelas avenida adjacente ao bosque. Além das 59 espécies em comum para os dois trabalhos, no atual levantamento foram registradas 12 espécies que não foram descritas no levantamento de 2020, sendo elas: Brotogeris chiriri, Myiodynastes maculatus, Pachyramphus polychopterus, Phimosus infuscatus, Ramphastos toco, Sicalis flaveola, Spinus magellanicus, Synallaxis spixi, Tachyphonus coronatus, Thalunaria furcata, Turdus leucomelas, Turdus rufiventris.

Aves, Conservação, Crianças e Natureza, Ecologia, Fauna urbana, Fotografia, Taxonomia, Turismo, Educação Ambiental
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Aruá Observação de Aves e Natureza - Praia do Forte - Bahia - como roteiro nacional e internacional de Birdwaching
Cosme Guimarães (Aruá Observação de Aves e Natureza), Luciana F. Veríssimo - Aruá Observação de Aves e Natureza

Resumo

A Floresta do Aruá, localizada a 53km do Aeroporto Internacional de Salvador e a 10 minutos da Vila da Praia do Forte, está inserida em área de Mata Atlântica em avançado estado de recuperação, e possui 943 hectares. A Floresta do Aruá se conecta com 2 grandes florestas: A Reserva Ecológica Sapiranga, com uma área de 580 hectares de Mata Atlântica em estado secundário de regeneração e a Reserva Camurujipe, última grande área de floresta de Mata Atlântica primária do litoral norte da Bahia com uma área de 1.500 hectares. A Floresta do Aruá e Reserva Camurujipe são áreas particulares e já sofrem com a forte pressão imobiliária. Formadas por Mata Atlântica densa, abriga espécies nativas da fauna e da flora característica e é habitat natural de alguns animais ameaçados de extinção, os quais podemos destacar as seguintes espécies de mamíferos: 1. Preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus); 2. Ouriço preto (Chaetomys subspinosus); E as seguintes espécies de aves: 3. Anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea); 4. Papa-taoca-da-Bahia (Pyriglena atra); 5. Barranqueiro-do-nordeste(Automolus lammi); 6. Tucano-de-bico-preto(Ramphastos vitellinus); 7. Chorozinho-de-boné (Herpsilochmus pileatus); 8. Apuim de cauda amarela (Touit surdus); 9. Papagaio chauá (Amazona rhodocorytha). Quanto a flora é possível encontrar na região espécies importantes da Mata Atlântica, como Sucupira, Embaúba, Murici, Angelim, Piaçava, Licuri, Embaúba, Gabiraba, Matatauba, entre outros, responsáveis pela grande diversidade de espécies, sendo mais de 200 espécies de aves encontradas na região. O Aruá Observação de Aves e Natureza conta com 3 roteiros para Birdwarching: 1. Floresta do Aruá - área de ocorrência do Pyriglena atra (Papa-taoca-da-bahia ou Olho-de-fogo-rendado), Chorozinho-de-boné (Herpsilochmus pileatus), Barranqueiro-do-nordeste (Automolus lammi), Anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea), entre outros. Nesta área também ocorre as aves dançarinas da Mata Atlântica: Tangará-príncipe (Chiroxiphia pareola), Tangará-rajado (Machaeropterus regulus), Rendeira (Manacus manacus), Cabeça-encarnada (Ceratopipra rubrocapilla). 2. Parque Klaus Peters O Parque Natural Municipal da Restinga de Praia do Forte, Parque Klaus Peters, é a primeira Unidade de Conservação de Proteção Integral do Litoral Norte da Bahia. Recebeu esse nome em homenagem ao visionário empresário paulista de descendência alemã que chegou a região encantado pelas belezas naturais e aqui encontrou condições favoráveis para integrar o desenvolvimento com a preservação da natureza. O Parque possui uma trilha de piso intertravado de 3,6KM toda sinalizada com placas informativas e painéis sobre a fauna e flora da restinga, abriga espécies da fauna ameaçadas de extinção e orquídeas que só são encontradas na região. Em uma área de 254 hectares abriga em seus limites dunas e lagoas bem preservadas e ainda desconhecidas por parte dos turistas. Espécies como o Bacurau-de-asa-fina (Chordeiles acutipennis) são facilmente observados. 3. A Reserva Sapiranga é uma das ótimas opções de local para observação de aves na região. Localizada a aproximadamente 2 km da Praia do Forte, este espaço ecológico é recheado de belezas naturais, corredeira, rio, banho de cachoeira e muitas espécies da Flora e da Fauna. A Reserva Ecológica Sapiranga, com uma área de 580 hectares de Mata Atlântica em estado secundário de regeneração é formada por Mata Atlântica densa e abriga espécies nativas da fauna e da flora característica, sendo habitat natural de alguns animais ameaçados como: Anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea); Papa-taoca-da-Bahia (Pyriglena atra); Barranqueiro-do-nordeste (Automolus lammi); Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus); Chorozinho-de-boné (Herpsilochmus pileatus); Papagaio chauá ( Amazona rhodocorytha), além das espécies de manguezal como Savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea), Saracura-do-mangue (Aramides mangle), Garça-branca-grande (Ardea alba), Figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor), Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris), Socozinho (Butorides striata), entre outras. Na reserva, correm três rios: o Pojuca, calmo e ideal para banho, o Terebu e o Sapiranga, que possui nascente no local, sendo próprio para consumo. As águas dos dois últimos se encontram e dão origem ao primeiro. Essas são apenas algumas das belezas naturais que compõem o local. Além dor roteiros, o Aruá Observação de Aves e Natureza oferece hospedagem aos passarinheiros em suítes privativas, com ar condicionado e frigobar, café da manhã, cozinha de uso dos hóspedes, em área de Mata Atlântica com comedouro, trilhas e meliponário. Fortalecer a região como roteiro nacional e internacional de Birdwatching, trará visibilidade para uma área com espécies endêmicas e ameaçadas, ajudando na formação de políticas públicas que protejam estas florestas, beneficiando as comunidades com um turismo consciente e ecológico e protegendo o maior corredor de Mata Atlântica do Norte da Bahia.

Aves, Botânica, Conservação, Fotografia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre
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2782

LEVANTAMENTO DA AVIFAUNA DO CAMPUS LUIZ MENEGHEL - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
Diego Resende Rodrigues (Universidade Estadual do Norte do Paraná ), Lucas Cordeiro Costa da Silva Paula Guarini Marcelino

Resumo

Originalmente a Mata Atlântica cobria aproximadamente 1,3 milhões de Km² do solo brasileiro. Porém, por se tratar de um bioma que sofre constantes ameaças devido a intensas antropização, hoje existe apenas 8% de sua cobertura original. A Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais apresentando alto grau de ameaça e por possuir diversas espécies endêmicas, várias criticamente ameaçadas de extinção. O presente levantamento foi realizado em Bandeirantes, no Paraná, no campus da UENP/CLM. Essa região sofreu uma forte influência de atividades agrícolas devido ao seu solo fértil, fazendo com que o ambiente fosse fragmentado. A fragmentação tem como característica a redução de florestas em remanescentes menores de vegetação nativa causando a perda da diversidade de espécies de animais e vegetais. As aves realizam serviços ecossistêmicos que são fundamentais para as comunidades vegetais, como a dispersão de sementes de frutos., sendo responsáveis por quase 40% da dispersão de espécies arbóreas, e dessa forma são importantes para a manutenção de stepping stones, que são caracterizados por pequenas manchas de vegetação, permitindo uma maior movimentação e dispersão de animais, fazendo com que esses alcancem diferentes áreas. Esse levantamento teve como objetivo gerar dados amostrados que possam auxiliar na identificação de características ecológicas do ecossistema. Para a metodologia desse estudo, foram utilizados transectos lineares nas primeiras e últimas horas do dia, além de 4 pontos fixos. Foram registradas 111 espécies de aves, distribuídas em 21 ordens e 40 famílias. A ordem Passeriformes apresentou o maior número de representantes (48,65%). A família Tyrannidae teve o maior número de espécimes registrados (14,41%). As principais dietas dentre as espécies foram: insetívora (44,14%) e onívora (19,82%).

A idéia

Este trabalho é legal pois foi realizado um levantamento das espécies de aves do campus Luiz Meneguel, da Universidade Estadual do Norte do Paraná situado no município de Bandeirantes. O trabalho pretendeu demonstrar a importância das áreas verdes em detrimento da matriz agrícola e urbana circundante ao campus, demonstrando a importância do local como um trampolim ecológico (stepping stones) para as aves. Essa região sofreu uma forte influência de atividades agrícolas devido ao seu solo fértil, fazendo com que o ambiente esteja atualmente fragmentado. As aves realizam serviços ecossistêmicos que são fundamentais para as comunidades vegetais, como a dispersão de sementes, sendo responsáveis por quase 40% da dispersão das espécies arbóreas, e dessa forma são importantes para a manutenção dos ecossistemas. O estudo teve como objetivo o levantamento da avifauna do campus, e dessa forma gerar dados para comprovar a importância de áreas verdes em meio a matrizes agrícola e urbana, gerando habitats fixos ou temporários para as aves, contribuindo para a manutenção da biodiversidade.

Como fizemos

Para estimar a riqueza de espécies de aves do campus, foi realizado o levantamento entre os meses de julho de 2021 a julho de 2022. A coleta de dados ocorreu quinzenalmente em dois dias consecutivos, do alvorecer até as 10:30 horas e das 15:30 horas até anoitecer, totalizando 9 horas de coleta diária. Foram utilizadas as metodologias de ponto fixo (PF) quando o observador permanece parado durante um período em observação, e transecto linear (TR) quando o pesquisador caminha por um percurso durante um período. Nas duas metodologias o pesquisador registrou todas as espécies por meio de observação direta (visualização) e indireta (vocalização).

Resultados

Foram registradas 111 espécies de aves, de 40 famílias diferentes. Do total das espécies amostradas, 69 dessas (62,16%) foram registradas por metodologia de transecto linear, e 42 espécies (37,84%) por metodologia de ponto fixo. Com o trabalho realizado ficou evidente a importância da área do campus como um trampolim ecológico, que ajuda no deslocamento de diversas espécies residentes e não residentes, como as espécies de aves migratórias. Os resultados deste trabalho podem contribuir com medidas que busquem a conservação da biodiversidade da região norte do Paraná.

Aves
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2352

Exposição de Fotos de Pássaros Acessível em Libras
Fabiano Souto Rosa (UFSC/UFPel)

Resumo

O projeto "Voo Livre em Libras: vida com as aves" tem como objetivo principal expor o material fotográfico produzido em atividades de observação de pássaros e oportunizar para a comunidade surda e ouvinte e, também, aos novos observadores de aves, o compartilhamento de registros fotográficos e experiências de observação em formato bilíngue Libras - Português. Espera-se que a observação de pássaros contribua para a mudança de percepção do mundo, bem como possa auxiliar na formação cidadã através de práticas que possibilitem agregar valores para a conscientização da preservação do meio ambiente. Na exposição das fotografias realizada em 2022 o enfoque foi o conhecimento sobre os pássaros nativos do Rio Grande do Sul, a qual disponibilizou à comunidade um pouco de conhecimento sobre a flora e fauna local. A exposição contou com pôsteres que apresentaram a fotografia do pássaro, um infográfico (mapa do Brasil informando onde ele pode ser encontrado), características escritas em português (detalhes anatômicos, hábitos, migração, entre outros) e duas informações disponíveis em QR Code: o primeiro continha um vídeo em Libras, com informações sobre o autor da fotografia, e segundo, um vídeo também em Libras que explicava as características do pássaro, tradução feita com estudo terminológico específico para pássaros a partir do texto em português disponível no mesmo pôster. Estes textos foram retirados do livro "AVIFAUNA GAÚCHA: guia de identificação” (TIMM&TIMM, 2021). A exposição em pôsteres é itinerante, mas os vídeos estão disponíveis permanentemente nas redes sociais do projeto (Instagram e Youtube). O uso das diferentes tecnologias propiciou acessibilidade linguística para a comunidade surda, ferramentas que serão mantidas para aprofundamento e divulgação das temáticas abordadas no projeto.

Aves, Ciência cidadã, Fotografia, Educação Ambiental
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2795

Repertório comportamental de "Pulsatrix koeniswaldiana" e "Asio clamator" em reabilitação no Zoológico de Guarulhos
Fernanda Machado Queiroz (Centro Universitário FAM), Maria Ester Chaves, Centro Universitário FAM

Resumo

O conhecimento dos comportamentos in situ e ex situ são muito importantes para programas de reabilitação de fauna. No estudo foram elaborados e analisados etogramas de 2 espécies de corujas, "Pulsatrix koeniswaldiana" e "Asio clamator". Ambas foram resgatadas e direcionadas ao Zoológico Municipal de Guarulhos para reabilitação. O método de elaboração de ambos os etogramas foi o “animal focal”, com 10 sessões de 35 minutos, e repouso de 1 minuto a cada 2 minutos de observação. Foram analisados 16 comportamentos e ambas as corujas apresentaram estresse por meio de movimentos repetitivos e vocalização de aviso.

Aves, Conservação
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2702

Monitoramento de Avifauna: Novos subsídios para o Uso Público no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI)-MS.
Flávia Neri de Moura (IMASUL), Dione Sales, IMASUL, Reginaldo Oliveira, IMASUL ,

Resumo

Localizado na transição entre o Cerrado e Mata Atlântica, o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI) tem grande potencial para o birdwatching. O trabalho de campo dos Guarda Parques vem atualizando a lista de espécies de aves, bem como outras informações para subsidiar a revisão do Plano de Manejo, especialmente na proposição do Programa de Uso Público do PEVRI. Como resultado, já foram registradas 344 espécies de aves, inclusive com primeiro registro de espécie para o Estado de MS, aves ameaçadas de extinção entre outras, confirmando a grande vocação do PEVRI para o birdwatching.

Introdução

O Brasil recentemente atualizou a sua lista de aves e atualmente conta com 1971 espécies (Pacheco et al., 2021), sendo 293 endêmicas. Essa atualização foi muito importante, pois colocou o país no primeiro lugar com maior biodiversidade de aves do planeta. Considerada uma das atividades que mais crescem, o birdwatching (observação de aves) é prática daqueles que gostam de fotografar aves, e ganha repercussão com a popularização das câmeras digitais, das redes sociais, e de sites como o Wikiaves, uma plataforma colaborativa, com conteúdo interativo, estruturado para apoiar, divulgar e promover a atividade de observação de aves, através de registros fotográficos e sonoros, identificação de espécies e comunicação entre observadores. As unidades de conservação se apresentam como importantes equipamentos de lazer e educação ambiental para a sociedade, especialmente por oportunizar experiências únicas de contato com a natureza. Criado em 1998, o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI) tem como objetivo de preservar a diversidade biológica na região que compreende os últimos 110km do rio Ivinhema e o último trecho do rio Paraná livre de represamento, e também sua utilização para fins de pesquisa científica, recreação e educação ambiental em contato com a natureza (IMASUL,2008). Segundo o plano de manejo existem 50 espécies de aves no PEVRI, porém é fácil perceber que esta informação está equivocada devido ao grande número de aves que é possível observar num curto espaço de tempo em qualquer ponto da UC. Considerando esta defasagem entre o número real de espécie e o especificado no plano de manejo, o objetivo deste relato é apresentar os esforços da equipe de servidores para atualizar as informações para a revisão do Plano de Manejo da UC. As atividades de monitoramento e fiscalização são rotinas de trabalho para qualquer guarda parque de unidades de conservação. No PEVRI esta rotina subsidiou atualização da lista de aves, considerada um elemento muito importante para a proposta de uso público da UC. Optou-se por fazer um levantamento e registros de aves observadas no Parque a fim de conseguir chegar o mais próximo possível da totalidade de espécies existentes no PEVRI e sua zona de amortecimento. Dessa maneira, além de trazer uma informação mais precisa para o plano de manejo, seria possível avaliar e confirmar a vocação da UC para prática de observação de aves, tanto para recreação como para educação ambiental.

Aspetos Metodológicos e Resultados:

Do ponto de vista metodológico, este relato trata-se de em estudo de caso, de natureza qualitativa, aplicada, exploratória e descritiva, que utilizou como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e documental. Os registros em geral foram feitos durante a rotina normal de trabalho dos guarda parques, principalmente durante fiscalização e monitoramento dos rios e florestas do parque. Considerando que a equipe não possui formação específica para a ação, e com a finalidade de garantir a credibilidade das informações, foram adotados como protocolo que os registros fotográficos devem ser realizados pelos autores ou quando estivessem juntos a quem o fez. Um outro critério é que a identificação das aves fotografadas é realizada a partir de referências bibliográficas consolidadas, como as citadas nas Referências e, além dos guias, foi utilizado o aplicativo Merlin que faz identificação de aves através de imagens. Nas fotos em que ainda restaram dúvidas quanto a correta identificação, utilizou-se como recurso consulta a ornitólogos com grande experiência que só confirmavam a espécie após consultar seus pares. Se mesmo após todos os recursos não fosse possível identificar a espécie, a foto era descartada. A confecção da lista de aves do PEVRI se iniciou em 2014 e continua ativa até os dias atuais, sendo que o último registro incluído foi feito em 28 de março de 2023. Como resultado, neste período, foram registradas 344 espécies de aves, distribuídas em 26 ordens e 63 famílias. Dentre as espécies, há registro de novas espécies para o Estado de MS, registro de aves ameaçadas de extinção entre outras, confirmando a importância do PEVRI para a conservação de espécies e a sua grande vocação para o birdwatching. O PEVRI pode ser considerado uma importante área para observação de aves, por se tratar de refúgio para alimentação, reprodução e descanso de mais de 344 espécies de aves residentes, migratórias, ameaçadas e endêmicas. Entretanto, essa importância ainda precisa ser estudada e o turismo associado ao birdwatching ainda é incipiente no local. Dentro das espécies registradas algumas merecem destaque, como a Saíra-preciosa (tangara preciosa) que teve seu primeiro registro dentro do estado de Mato Grosso do Sul por nossas lentes, assim como o Gavião-papa-gafanhoto (buteo swainsoni) e o Azulinho (cyanoloxia glaucocaerulea). (Wikiaves, 2021). Também houve registro de aves que estão ameaçadas de extinção com destaque para a Águia-cinzenta (urubitinga coronata) entre outras. Em razão do PEVRI estar situado numa zona de transição de Mata Atlântica e Cerrado, num ambiente de várzea, foram registradas espécies de ambos os biomas. O número de espécies registrada até o momento é muito maior do que consta no plano de manejo e mostra um retrato bem mais fiel do que se espera da UC, já que num levantamento geral de tudo que foi publicado nos últimos 20 anos, tem-se 366 espécies registradas na região da Apa Federal Ilhas e Várzeas do Rio Paraná. Os resultados deste trabalho também podem projetar novas tendências de uso do território, especialmente aquelas ligadas ao turismo, aprimorar a interpretação ambiental, a capacitação da equipe, subsidiar as tomadas de decisão para o manejo e estimular novas pesquisas sobre as aves na UC. Aliado a isso, há uma indicação da Organização Mundial do Turismo para incentivar a adoção de estratégias para que a prática da atividade turística não só contemple às expectativas econômicas, mas também respeite os valores ambientais, sociais e culturais, a fim de tornar a atividade sustentável a longo prazo. Assim, o birdwatching apresenta-se como uma atividade sustentável, uma vez que traz consigo uma série de benefícios, entre os quais: o desenvolvimento do turismo responsável, ligado à conservação da espécie em seu ambiente natural; o fomento da informação e educação ambiental com comunidade e turistas; a coleta de dados científicos; a sensibilização para o desenvolvimento sustentável; a geração de renda e valores agregados para as comunidades locais; o incentivo dos setores hoteleiro e turístico.

Conclusão

É inquestionável que a atividade de birdwatching está associada à conservação e que seu estímulo pode promover a aproximação da sociedade com a ciência e as áreas protegidas. Por estar em área entre Mata Atlântica e Cerrado, o PEVRI possui condições de ser um laboratório a céu aberto para o desenvolvimento de novas pesquisas e estudos em diferentes áreas, e também para contribuir com a formação de estudantes e profissionais. Além da atualização da lista de aves, entendemos que o monitoramento das aves em Unidades de Conservação é uma ação de longo prazo, e espera-se que parcerias com Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão possam possibilitar pesquisas que vão além da identificação das espécies mas que também tragam como resultado a avaliação de tendências das populações de aves no PEVRI e sua zona de amortecimento, identificando possíveis fatores que possam estar impactando a viabilidade das espécies nessas áreas. Estes resultados, além de informação estratégica para o manejo e gestão da UC, poderiam subsidiar também uma iniciativa que fomente a conservação da avifauna, através de engajamento social, pesquisa científica e fortalecimento da economia local no entorno da UC. Como estratégia pode ser estruturada uma proposta de capacitação de condutores de visitantes, projetos de educação ambiental para crianças, palestras com visitantes, projetos de economia criativa com moradores do entorno e estruturação de trilhas para birdwatching.

Aves, Conservação, Turismo, Educação Ambiental
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2805

nfluência das fases lunares na utilização de habitats pela Coruja-listrada Strix hylophila Temminck, 1825 (AVES STRIGIDAE)
Gabriel Brutti (Instituto Federal Farroupilha (IFFar) Campus Santa Rosa-RS), Michele Santa Catarina Brodt, Instituto Federal Farroupilha (IFFar) campus Santa Rosa-RS

Resumo

Neste trabalho buscamos analisar o comportamento de Strix hylophila referente a utilização de hábitats nas diferentes fases lunares. Para o levantamento dos dados realizamos 48 amostragens de setembro de 2020 a setembro de 2021, totalizando 4 visitas ao mês. As amostragens foram feitas nas quatro primeiras horas da noite. Através das observações constatamos que em noites mais claras, a espécie utilizou mais a borda da floresta em relação aos ambientes de clareiras e interior. Se deslocando mais em noites de lua crescente. Desta forma, podemos relacionar estes fatores da escolha de habitat referente a fase lunar pode estar relacionada ao comportamento das presas que se encontram nestas áreas.

Introdução

A grande maioria das corujas brasileiras apresenta hábitos preferencialmente noturnos, por possuírem esse comportamento, se tem um menor conhecimento sobre a disponibilidade de áreas e de ocorrências (THIOLLAY, 1989). A família Strigidae e Tytonidae possui uma série de adaptações para serem excelentes predadores noturnos, contando com uma boa visão, audição e voo inaudível, fazendo com que esses aparatos adaptativos auxiliem para estas corujas localizar as presas com precisão (BETTEGA, 2013; MIKKOLA, 2014). Alguns estudos relatam as adaptações não apenas morfológicas e fisiológicas desses animais, mas também, da influência dos ciclos lunares em seus comportamentos naturais (HECKER, BRIGHAM, 1999, YORK et al., 2014). Dentro deste grupo, Strix hylophila (Temminck, 1825), conhecida popularmente por Coruja-listrada apresenta esta carência de dados referente a sua ecologia e comportamento. É uma espécie endêmica da Mata Atlântica, tendo registros ao longo do bioma de ocorrência, entretanto, no Estado do Rio Grande do Sul sabe-se que é provável residente, ainda que faltem evidências que comprovem de fato sua permanência (MELLER, 2017). Em cima disto, este estudo teve por objetivo analisar o comportamento de Strix hylophila referente a utilização de hábitats e deslocamento nas diferentes fases lunares.

Materiais e métodos

A área de estudo situa-se no interior do município de Santa Rosa, no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, em um dos maiores fragmentos florestais da região, totalizando mais de 80 hectares. A área é de Mata Atlântica, região fitogeográfica de floresta estacional decidual (IBGE, 2019 (VELOSO et al., 1991). Utilizamos um transecto de 4 km já existente na área, onde o caminho perpassa os diferentes habitats: borda, clareira e interior. Neste transecto demarcamos 5 pontos com uma distância média de 150 a 500 metros, sendo 2 pontos de borda, 2 de clareira e um de interior. Nestes locais foram feitos pontos de escuta de aproximadamente 45 minutos para iniciar as observações. Empregamos o método de amostragem focal e sequencial proposto por Lehner (1996), seguindo o indivíduo ao longo do percurso para registrar a seleção de habitat e seu comportamento. Para auxiliar na obtenção destes dados, foi necessário, lanterna para focalizar a ave, GPS para obter as coordenadas das áreas de ocorrência, caderneta de campo e celular para anotar os dados. Foram realizadas 48 amostragens, de setembro de 2020 a setembro de 2021, quantificando 4 visitas ao mês. As amostragens iniciavam-se durante o crepúsculo, logo após o pôr-do-sol, sendo por volta das 18:00, priorizando as primeiras horas noturnas, já que o pico de atividade dos strigiformes são mais altos neste período (SMITH, 1987, CLARK; ANDERSON, 1997). As observações duraram em média 4 horas. Para as análises estatísticas utilizamos o software Jamovi (2021), sendo que realizamos uma ANOVA entre a luminância da lua e a utilização dos ambientes. Outra ANOVA foi realizada entre as distâncias de deslocamento e as fases da lua. Ambas análises tiveram Tukey a posteriori.

Conclusões

Estudos que averiguam a utilização de habitats e os padrões comportamentais referentes aos diferentes ciclos lunares, auxiliam a descrever as questões comportamentais e ecológicas da comunidade de aves noturnas. Através da obtenção dos dados coletados a campo, percebemos que a Strix hylophila utilizou a borda florestal em noites mais claras, se deslocando com mais frequência durante a lua crescente. A escolha deste habitat referente à fase lunar pode estar relacionada com a facilidade de visualizar as presas no período noturno, em conjunto da disponibilidade de roedores e insetos que são provenientes do plantio agrícola da área próxima a borda.

Aves, Conservação, Ecologia
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Análise do tráfico de aves silvestres no estado do Paraná no ano de 2022
Gabriely Miranda Duarte (Universidade Federal do Paraná), João F. S. de Quadros

Resumo

INTRODUÇÃO

O comércio ilegal da fauna, flora e seus produtos e subprodutos é considerada a quinta atividade mais disseminada e lucrativa do mundo (PEREIRA, NORA, 2021). As consequências impactam diferentes esferas da sociedade, potencializando o surgimento de zoonoses, colaborando para redução e extinção de espécies nativas, e consequentemente, ocasionando mudanças irreversíveis nos ecossistemas (DUARTE et al, 2021, FERREIRA, BARROS, 2020). Segundo Saldanha e Peixoto (2021) o Brasil é historicamente um dos focos do tráfico de animais no mundo, sendo as aves o grupo mais cobiçado, caçado e comercializado, especialmente aves canoras e as que possuem belas plumagens. Conforme a Portaria MMA nº 148, de 7 de junho de 2022, referente à Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, das 1249 espécies ameaçadas, 257 são aves, representando 18,1% das espécies ameaçadas. Mamíferos representam 7,5% das espécies ameaçadas e os répteis, 6,5%. O ciclo do tráfico de animais silvestres envolve as etapas de captura, transporte, guarda até a comercialização propriamente dita (NASSARO, 2010), envolvendo uma cadeia social dividida em fornecedores, intermediários (pequenos, médios e grandes traficantes) e os consumidores finais (SALDANHA, PEIXOTO 2021). De acordo com Santos et al. (2021) as más condutas de captura e as condições precárias de transporte e venda, propiciam a propagação de parasitas causando a morte de um grande número de animais antes mesmo do término da viagem. Conforme Hernandez e Carvalho (2006) o Paraná é apontado como área de captura, passagem e exportação de animais silvestres, apresentando uma rede de tráfico interna com movimentação intensa e com variados destinos, dada a sua localização estratégica para escoamento. O Instituto Água e Terra (IAT), autarquia Estadual de Meio Ambiente do Estado do Paraná, instituída pela Lei Estadual 20.070/2019, é o órgão responsável por realizar a gestão e o controle das atividades de uso e manejo de fauna silvestre ex situ, através de ações de fiscalização, apreensão, reabilitação, destinação ao cativeiro, soltura e monitoramento da fauna vitimada pelo comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e de maus-tratos. O IAT mantém uma ação conjunta com o Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, visando potencializar a proteção e preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais (IAT, 2021). Desta forma, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento das aves silvestres mantidas em cativeiro, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, além de analisar a abrangência geográfica dos Autos de Infração Ambiental lavrados no Estado do Paraná durante o período de janeiro a dezembro de 2022.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Departamento de Fiscalização Ambiental, escritório sede do Instituto Água e Terra (IAT), localizado em Curitiba-PR. Foi realizada uma pesquisa no sistema corporativo interno do IAT para identificação das autuações relacionadas à fauna, incluindo a base de dados dos 21 escritórios regionais do IAT no Estado do Paraná (Figura 1). Os Autos de Infração Ambiental (AIAs) analisados foram lavrados por agentes fiscais do Instituto Água e Terra e Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, no período de janeiro a dezembro de 2022. Foram filtradas somente as autuações relacionadas à fauna terrestre nativa, que continham informações de identificação taxonômica e quantificação de espécimes. Espécies exóticas, domésticas e híbridas não foram incluídas. Posteriormente, utilizando o software Microsoft Excel 2016 (MICROSOFT, 2015) as informações foram compiladas e organizadas em planilhas, considerando a data e localidade da infração, regional do IAT responsável, descrição da ave apreendida (nome popular e/ou científico) e quantidade de cada espécie. A nomenclatura e a ordem taxonômica foram estabelecidas de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2020). Para o grau de ameaça utilizou-se a Lista de Espécies de Aves pertencentes à Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 2018) e a Lista Vermelha das Espécies de Aves Ameaçadas da BirdLife International e IUCN (SAVE Brasil, 2019). Utilizando o software QGIS 3.30 (QGIS Development Team, 2023) foram vetorizados os dados referentes aos municípios e seus respectivos números de registros de AIAs. Foi verificada a área de abrangência de cada regional do IAT disponibilizada no site do órgão público, onde foram vetorizadas e agrupadas para a criação de mapas temáticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2022 foram lavrados aproximadamente 720 AIAs envolvendo a fauna terrestre nativa, contabilizando um total de 2573 espécimes, sendo 98,4% aves (n= 2533), seguido dos répteis com 1,1% (n= 29) e mamíferos com 0,4% (n= 11). Essa prevalência de ocorrência envolvendo o grupo das aves foi verificada em outros estudos, envolvendo diferentes estados brasileiros (AVELAR, SILVA, BAPTISTA, 2016; SANTOS, CARVALHO, LIMA, 2019; SALES et al. 2022). Foram registradas 73 espécies de aves, distribuídas em 17 famílias e 7 ordens, sendo 10 espécies consideradas endêmicas da Mata Atlântica e 1 apontada como Quase Endêmica (LIMA, 2013) (Tabela 1). Considerando a "Lista das aves do Paraná” de Scherer-Neto et al (2011), do total de espécies identificadas, 87,7% (n= 64) são nativas do estado. A presença de 12,3% (n= 9) espécies neste estudo é, possivelmente, um caso de importação de regiões vizinhas, visto a ausência da ocorrência natural dessas espécies no estado do Paraná. Aratinga nenday (periquito-de-cabeça-preta) foi a única espécie registrada na Lista Terciária, que inclui aquelas espécies que dispõem de registros no Paraná, mas que são considerados inválidos ou insuficientemente circunstanciados, cuja ocorrência é improvável nesta unidade da federação (SCHERER-NETO et al., 2011). Do total de espécies registradas, 16,4% (n= 12) estão sob algum tipo de ameaça, onde 11 delas estão classificadas na categoria Vulnerável (VU) e/ou Em perigo (EN) de acordo com Decreto Estadual nº 11797 de 22/11/2018 e Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) (Figura 2). Rhea americana é a espécie classificada na mais alta categoria de ameaça (Criticamente em Perigo - CR), sendo considerada extinta regionalmente no estado de Santa Catarina (IGNIS, 2011). Embora a raridade das espécies seja considerado um fator atrativo para colecionadores, tornando os indivíduos mais valiosos e exclusivos, variáveis relacionadas à abundância na natureza, beleza e capacidade de vocalização do animal podem ser mais relevantes na determinação do valor da ave comercializada, justificando o número relativamente baixo de espécies ameaçadas identificadas em relatos de apreensões ou de comércio ilegal de animais no Brasil (COSTA et al., 2018; SALDANHA, PEIXOTO, 2021). A ordem com maior riqueza é a dos Passeriformes, representando 69,9% (n= 51) do total de espécies identificadas, seguida pelos Psittaciformes com 19,2% (n= 14). Essas duas ordens agrupam 89,0% das espécies, enquanto as ordens Columbiforme, Piciformes e Strigiformes agrupam 8,2% (2 espécies cada) e Falconiformes e Rheiformes representam 2,7%, com apenas uma espécie registrada cada (Figura 3). A predominância das ordens Passeriformes e Psittaciformes visualizadas neste estudo, corroboram com o consenso entre as pesquisas sobre tráfico e uso de aves no Brasil, visto que compreendem a maioria das aves canoras, com variado repertório vocal, além da capacidade de imitação de vozes humanas, inteligência, beleza e docilidade, demonstrando a preferência dos comerciantes e da população por essas aves, sendo comuns em cativeiro de todo o mundo (SALDANHA, PEIXOTO, 2021). Com relação às famílias, Thraupidae se destacou com 35,6% das espécies, seguida por Psittacidae (19,2%), Icteridae (11,0%) e Turdidae (6,8%). As outras 13 famílias englobam 27,4%, sendo que destas, 8 famílias foram relatadas com apenas uma espécie. A espécie S. similis possui o maior número de indivíduos registrados (n= 454), seguido pelo S. caerulescens (n= 414), C. brissonii (n= 368 espécimes) e S. flaveola (n= 318), que juntas, correspondem a mais de 61,4% dos indivíduos registrados. Resultados semelhantes foram verificados por Nunes, Barreto e Franco (2012), em análises de processos administrativos ambientais do IBAMA no Estado de Santa Catarina, onde o S. similis foi a espécie com maior número de indivíduos apreendidos, seguido pela espécie S. caerulescens, indicando que num futuro próximo, essas espécies sejam possíveis integrantes de listas de espécies ameaçadas. Da mesma forma, C. brissonii e S. flaveola são espécies comumente dominantes em estudos similares, demonstrando a dominância dessas espécies como as mais comercializadas ilegalmente no país (NEVES, ERBESDOBLER, 2021; PEREIRA et al., 2019). A espécie P. picazuro foi registrada com 141 indivíduos, sendo que destes, 126 estavam abatidos, oriundos de caça ilegal. Tal atividade interfere diretamente na sobrevivência e na dinâmica das espécies (BERTRAND et al, 2018), além de impactar na dispersão de sementes, principalmente, em ambientes semi-abertos e antropizados do sudeste e sul do Brasil (COSTA, SILVA, 2019). Das espécies ameaçadas, o S. angolensis foi o mais significativo, com 75 indivíduos registrados, sendo uma espécie apontada com sérios problemas de conservação no Brasil (NUNES, 2010). Segundo Farias, et al. (2019) a alta representatividade desta espécie está relacionada às suas características de força, plumagem e canto, tornando-o um atrativo para criadores. Foram observadas 51 espécies com menos de 10 indivíduos registrados, indicando que não houve preferência por parte dos colecionadores por estas espécies, ou que as mesmas já se encontram com populações reduzidas, em consequência da degradação de seus habitats regionais (SOUZA E SOARES-FILHO, 2007). O Paraná possui 399 municípios, dos quais 131 apresentaram registros de Auto de Infração Ambiental no período de janeiro a dezembro de 2022 (Figura 4). O município de Colombo acumulou o maior número de autuações lavradas, totalizando 67 AIAs, seguido pelo município de Curitiba com 41 registros. Ressalta-se que ambos pertencem a regional de Curitiba, a qual apresentou o maior número de registros, totalizando 209 ocorrências, um número quase três vezes maior que a regional de Londrina, que foi a segunda regional com o maior número de AIAs, apresentando 73 registros. Apenas a regional de Pitanga não apresentou nenhum registro de AIA (Figura 5). Os resultados deste trabalho corroboram com as análises realizadas por Hernandez e Carvalho (2006), onde constataram a presença de apreensões realizadas pela Polícia Florestal, Polícia Federal, IBAMA e Polícia Rodoviária em municípios pertencentes principalmente às regionais de Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa, havendo uma grande concentração de casos mais ao leste, noroeste e norte do estado. Hernandez e Carvalho (2006) comentam ainda, que a rota de tráfico de animais no final do anos 1990 e início dos anos 2000 ocorreu com a diluição do comércio ilegal por diversos municípios brasileiros e com a necessidade dos contrabandistas em utilizar a mobilidade da malha viária paranaense para evitar a fiscalização, uma vez que este comércio possui escoamento internacional para países vizinhos como Argentina e Paraguai e escoamento intercontinental. Embora os autores tenham considerado o tráfico de todas as espécies de animais, pode-se considerar o mesmo cenário para os AIAs registrados pelo IAT, uma vez que estas possuem predestinação comercial. Ao comparar a situação de casos de 2022 (Figura 4) com a situação dos anos 1998-2002 (Figura 6), é nítida a evolução e diluição do comércio ilegal no estado do Paraná, sendo que os maiores números registrados foram justamente em locais próximos a grandes centros urbanos comerciais, como é o caso de Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa, podendo tratar-se de uma fiscalização mais rígida nestes locais, ou ainda, juntamente a esta condição, a fiscalização pode estar desamparada quanto as rotas de escoamento do tráfico de animais no Paraná, podendo ser aplicável estudos logísticos nas regiões do interior do estado, considerando que ainda há uma grande quantidade de registros no litoral paranaense pertencentes a sede de Paranaguá. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ordens Passeriformes e Psittaciformes foram as mais representativas, confirmando resultados obtidos anteriormente em estudos semelhantes. S. similis foi a espécie mais registrada, seguida por S. caerulescens, C. brissonii e S. flaveola, demonstrando a dominância dessas espécies entre as mais comercializadas ilegalmente no Paraná e em outras regiões do país. Das espécies ameaçadas, destaca-se a espécie S. angolensis, considerada Vulnerável (VU) no estado do Paraná. Regionais do IAT possuem uma sobrecarga por conta do número de municípios que abrangem ou por conta de grandes extensões de área. A regional de Curitiba apresentou números de AIAs muito superiores às demais regionais, podendo tratar-se de uma fiscalização acentuada na região metropolitana da capital paranaense. Ainda, foi possível observar a concentração de casos próximos a grandes centros urbanos comerciais e no litoral paranaense. De modo geral, o número de AIAs no ano de 2022 apresentou grande distribuição entre os municípios paranaenses, deixando apenas a regional de Pitanga sem um único registro. A intensificação da fiscalização nas rodovias e estradas paranaenses é uma das formas para o combate ao tráfico de aves no estado. Entretanto estudos posteriores podem ser realizados visando identificar rotas que podem estar sendo utilizadas por contrabandistas e ainda, utilização de métodos geoestatísticos para elaboração de estratégias que possam auxiliar na contenção destes crimes ambientais. Podem ainda, ser feitos estudos multitemporais para analisar a distribuição e verificar padrões no número de registros em cada município. Por meio das informações levantadas, espera-se contribuir com subsídios acerca do conhecimento da atividade ilegal no estado, auxiliando no desenvolvimento de ações especializadas voltadas na proteção e conservação da avifauna brasileira.

Aves, Conservação
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Análise do tráfico de aves silvestres no estado do Paraná no ano de 2022
Gabriely Miranda Duarte (Universidade Federal do Paraná), João F. S. de Quadros

Resumo

INTRODUÇÃO

O comércio ilegal da fauna, flora e seus produtos e subprodutos é considerada a quinta atividade mais disseminada e lucrativa do mundo (PEREIRA, NORA, 2021). As consequências impactam diferentes esferas da sociedade, potencializando o surgimento de zoonoses, colaborando para redução e extinção de espécies nativas, e consequentemente, ocasionando mudanças irreversíveis nos ecossistemas (DUARTE et al, 2021, FERREIRA, BARROS, 2020). Segundo Saldanha e Peixoto (2021) o Brasil é historicamente um dos focos do tráfico de animais no mundo, sendo as aves o grupo mais cobiçado, caçado e comercializado, especialmente aves canoras e as que possuem belas plumagens. Conforme a Portaria MMA nº 148, de 7 de junho de 2022, referente à Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, das 1249 espécies ameaçadas, 257 são aves, representando 18,1% das espécies ameaçadas. Mamíferos representam 7,5% das espécies ameaçadas e os répteis, 6,5%. O ciclo do tráfico de animais silvestres envolve as etapas de captura, transporte, guarda até a comercialização propriamente dita (NASSARO, 2010), envolvendo uma cadeia social dividida em fornecedores, intermediários (pequenos, médios e grandes traficantes) e os consumidores finais (SALDANHA, PEIXOTO 2021). De acordo com Santos et al. (2021) as más condutas de captura e as condições precárias de transporte e venda, propiciam a propagação de parasitas causando a morte de um grande número de animais antes mesmo do término da viagem. Conforme Hernandez e Carvalho (2006) o Paraná é apontado como área de captura, passagem e exportação de animais silvestres, apresentando uma rede de tráfico interna com movimentação intensa e com variados destinos, dada a sua localização estratégica para escoamento. O Instituto Água e Terra (IAT), autarquia Estadual de Meio Ambiente do Estado do Paraná, instituída pela Lei Estadual 20.070/2019, é o órgão responsável por realizar a gestão e o controle das atividades de uso e manejo de fauna silvestre ex situ, através de ações de fiscalização, apreensão, reabilitação, destinação ao cativeiro, soltura e monitoramento da fauna vitimada pelo comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e de maus-tratos. O IAT mantém uma ação conjunta com o Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, visando potencializar a proteção e preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais (IAT, 2021). Desta forma, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento das aves silvestres mantidas em cativeiro, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, além de analisar a abrangência geográfica dos Autos de Infração Ambiental lavrados no Estado do Paraná durante o período de janeiro a dezembro de 2022.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Departamento de Fiscalização Ambiental, escritório sede do Instituto Água e Terra (IAT), localizado em Curitiba-PR. Foi realizada uma pesquisa no sistema corporativo interno do IAT para identificação das autuações relacionadas à fauna, incluindo a base de dados dos 21 escritórios regionais do IAT no Estado do Paraná (Figura 1). Os Autos de Infração Ambiental (AIAs) analisados foram lavrados por agentes fiscais do Instituto Água e Terra e Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, no período de janeiro a dezembro de 2022. Foram filtradas somente as autuações relacionadas à fauna terrestre nativa, que continham informações de identificação taxonômica e quantificação de espécimes. Espécies exóticas, domésticas e híbridas não foram incluídas. Posteriormente, utilizando o software Microsoft Excel 2016 (MICROSOFT, 2015) as informações foram compiladas e organizadas em planilhas, considerando a data e localidade da infração, regional do IAT responsável, descrição da ave apreendida (nome popular e/ou científico) e quantidade de cada espécie. A nomenclatura e a ordem taxonômica foram estabelecidas de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2020). Para o grau de ameaça utilizou-se a Lista de Espécies de Aves pertencentes à Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 2018) e a Lista Vermelha das Espécies de Aves Ameaçadas da BirdLife International e IUCN (SAVE Brasil, 2019). Utilizando o software QGIS 3.30 (QGIS Development Team, 2023) foram vetorizados os dados referentes aos municípios e seus respectivos números de registros de AIAs. Foi verificada a área de abrangência de cada regional do IAT disponibilizada no site do órgão público, onde foram vetorizadas e agrupadas para a criação de mapas temáticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2022 foram lavrados aproximadamente 720 AIAs envolvendo a fauna terrestre nativa, contabilizando um total de 2573 espécimes, sendo 98,4% aves (n= 2533), seguido dos répteis com 1,1% (n= 29) e mamíferos com 0,4% (n= 11). Essa prevalência de ocorrência envolvendo o grupo das aves foi verificada em outros estudos, envolvendo diferentes estados brasileiros (AVELAR, SILVA, BAPTISTA, 2016; SANTOS, CARVALHO, LIMA, 2019; SALES et al. 2022). Foram registradas 73 espécies de aves, distribuídas em 17 famílias e 7 ordens, sendo 10 espécies consideradas endêmicas da Mata Atlântica e 1 apontada como Quase Endêmica (LIMA, 2013) (Tabela 1). Considerando a "Lista das aves do Paraná” de Scherer-Neto et al (2011), do total de espécies identificadas, 87,7% (n= 64) são nativas do estado. A presença de 12,3% (n= 9) espécies neste estudo é, possivelmente, um caso de importação de regiões vizinhas, visto a ausência da ocorrência natural dessas espécies no estado do Paraná. Aratinga nenday (periquito-de-cabeça-preta) foi a única espécie registrada na Lista Terciária, que inclui aquelas espécies que dispõem de registros no Paraná, mas que são considerados inválidos ou insuficientemente circunstanciados, cuja ocorrência é improvável nesta unidade da federação (SCHERER-NETO et al., 2011). Do total de espécies registradas, 16,4% (n= 12) estão sob algum tipo de ameaça, onde 11 delas estão classificadas na categoria Vulnerável (VU) e/ou Em perigo (EN) de acordo com Decreto Estadual nº 11797 de 22/11/2018 e Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) (Figura 2). Rhea americana é a espécie classificada na mais alta categoria de ameaça (Criticamente em Perigo - CR), sendo considerada extinta regionalmente no estado de Santa Catarina (IGNIS, 2011). Embora a raridade das espécies seja considerado um fator atrativo para colecionadores, tornando os indivíduos mais valiosos e exclusivos, variáveis relacionadas à abundância na natureza, beleza e capacidade de vocalização do animal podem ser mais relevantes na determinação do valor da ave comercializada, justificando o número relativamente baixo de espécies ameaçadas identificadas em relatos de apreensões ou de comércio ilegal de animais no Brasil (COSTA et al., 2018; SALDANHA, PEIXOTO, 2021). A ordem com maior riqueza é a dos Passeriformes, representando 69,9% (n= 51) do total de espécies identificadas, seguida pelos Psittaciformes com 19,2% (n= 14). Essas duas ordens agrupam 89,0% das espécies, enquanto as ordens Columbiforme, Piciformes e Strigiformes agrupam 8,2% (2 espécies cada) e Falconiformes e Rheiformes representam 2,7%, com apenas uma espécie registrada cada (Figura 3). A predominância das ordens Passeriformes e Psittaciformes visualizadas neste estudo, corroboram com o consenso entre as pesquisas sobre tráfico e uso de aves no Brasil, visto que compreendem a maioria das aves canoras, com variado repertório vocal, além da capacidade de imitação de vozes humanas, inteligência, beleza e docilidade, demonstrando a preferência dos comerciantes e da população por essas aves, sendo comuns em cativeiro de todo o mundo (SALDANHA, PEIXOTO, 2021). Com relação às famílias, Thraupidae se destacou com 35,6% das espécies, seguida por Psittacidae (19,2%), Icteridae (11,0%) e Turdidae (6,8%). As outras 13 famílias englobam 27,4%, sendo que destas, 8 famílias foram relatadas com apenas uma espécie. A espécie S. similis possui o maior número de indivíduos registrados (n= 454), seguido pelo S. caerulescens (n= 414), C. brissonii (n= 368 espécimes) e S. flaveola (n= 318), que juntas, correspondem a mais de 61,4% dos indivíduos registrados. Resultados semelhantes foram verificados por Nunes, Barreto e Franco (2012), em análises de processos administrativos ambientais do IBAMA no Estado de Santa Catarina, onde o S. similis foi a espécie com maior número de indivíduos apreendidos, seguido pela espécie S. caerulescens, indicando que num futuro próximo, essas espécies sejam possíveis integrantes de listas de espécies ameaçadas. Da mesma forma, C. brissonii e S. flaveola são espécies comumente dominantes em estudos similares, demonstrando a dominância dessas espécies como as mais comercializadas ilegalmente no país (NEVES, ERBESDOBLER, 2021; PEREIRA et al., 2019). A espécie P. picazuro foi registrada com 141 indivíduos, sendo que destes, 126 estavam abatidos, oriundos de caça ilegal. Tal atividade interfere diretamente na sobrevivência e na dinâmica das espécies (BERTRAND et al, 2018), além de impactar na dispersão de sementes, principalmente, em ambientes semi-abertos e antropizados do sudeste e sul do Brasil (COSTA, SILVA, 2019). Das espécies ameaçadas, o S. angolensis foi o mais significativo, com 75 indivíduos registrados, sendo uma espécie apontada com sérios problemas de conservação no Brasil (NUNES, 2010). Segundo Farias, et al. (2019) a alta representatividade desta espécie está relacionada às suas características de força, plumagem e canto, tornando-o um atrativo para criadores. Foram observadas 51 espécies com menos de 10 indivíduos registrados, indicando que não houve preferência por parte dos colecionadores por estas espécies, ou que as mesmas já se encontram com populações reduzidas, em consequência da degradação de seus habitats regionais (SOUZA E SOARES-FILHO, 2007). O Paraná possui 399 municípios, dos quais 131 apresentaram registros de Auto de Infração Ambiental no período de janeiro a dezembro de 2022 (Figura 4). O município de Colombo acumulou o maior número de autuações lavradas, totalizando 67 AIAs, seguido pelo município de Curitiba com 41 registros. Ressalta-se que ambos pertencem a regional de Curitiba, a qual apresentou o maior número de registros, totalizando 209 ocorrências, um número quase três vezes maior que a regional de Londrina, que foi a segunda regional com o maior número de AIAs, apresentando 73 registros. Apenas a regional de Pitanga não apresentou nenhum registro de AIA (Figura 5). Os resultados deste trabalho corroboram com as análises realizadas por Hernandez e Carvalho (2006), onde constataram a presença de apreensões realizadas pela Polícia Florestal, Polícia Federal, IBAMA e Polícia Rodoviária em municípios pertencentes principalmente às regionais de Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa, havendo uma grande concentração de casos mais ao leste, noroeste e norte do estado. Hernandez e Carvalho (2006) comentam ainda, que a rota de tráfico de animais no final do anos 1990 e início dos anos 2000 ocorreu com a diluição do comércio ilegal por diversos municípios brasileiros e com a necessidade dos contrabandistas em utilizar a mobilidade da malha viária paranaense para evitar a fiscalização, uma vez que este comércio possui escoamento internacional para países vizinhos como Argentina e Paraguai e escoamento intercontinental. Embora os autores tenham considerado o tráfico de todas as espécies de animais, pode-se considerar o mesmo cenário para os AIAs registrados pelo IAT, uma vez que estas possuem predestinação comercial. Ao comparar a situação de casos de 2022 (Figura 4) com a situação dos anos 1998-2002 (Figura 6), é nítida a evolução e diluição do comércio ilegal no estado do Paraná, sendo que os maiores números registrados foram justamente em locais próximos a grandes centros urbanos comerciais, como é o caso de Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa, podendo tratar-se de uma fiscalização mais rígida nestes locais, ou ainda, juntamente a esta condição, a fiscalização pode estar desamparada quanto as rotas de escoamento do tráfico de animais no Paraná, podendo ser aplicável estudos logísticos nas regiões do interior do estado, considerando que ainda há uma grande quantidade de registros no litoral paranaense pertencentes a sede de Paranaguá. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ordens Passeriformes e Psittaciformes foram as mais representativas, confirmando resultados obtidos anteriormente em estudos semelhantes. S. similis foi a espécie mais registrada, seguida por S. caerulescens, C. brissonii e S. flaveola, demonstrando a dominância dessas espécies entre as mais comercializadas ilegalmente no Paraná e em outras regiões do país. Das espécies ameaçadas, destaca-se a espécie S. angolensis, considerada Vulnerável (VU) no estado do Paraná. Regionais do IAT possuem uma sobrecarga por conta do número de municípios que abrangem ou por conta de grandes extensões de área. A regional de Curitiba apresentou números de AIAs muito superiores às demais regionais, podendo tratar-se de uma fiscalização acentuada na região metropolitana da capital paranaense. Ainda, foi possível observar a concentração de casos próximos a grandes centros urbanos comerciais e no litoral paranaense. De modo geral, o número de AIAs no ano de 2022 apresentou grande distribuição entre os municípios paranaenses, deixando apenas a regional de Pitanga sem um único registro. A intensificação da fiscalização nas rodovias e estradas paranaenses é uma das formas para o combate ao tráfico de aves no estado. Entretanto estudos posteriores podem ser realizados visando identificar rotas que podem estar sendo utilizadas por contrabandistas e ainda, utilização de métodos geoestatísticos para elaboração de estratégias que possam auxiliar na contenção destes crimes ambientais. Podem ainda, ser feitos estudos multitemporais para analisar a distribuição e verificar padrões no número de registros em cada município. Por meio das informações levantadas, espera-se contribuir com subsídios acerca do conhecimento da atividade ilegal no estado, auxiliando no desenvolvimento de ações especializadas voltadas na proteção e conservação da avifauna brasileira

Aves, Conservação
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Aviturismo em Porto Said - Botucatu - SP Fomento a pequenos negócios de apoio ao turismo de observação de aves
Gersony Jovchelevich (ECOASTRO ), Samuel Betkowski

Resumo

A região do Porto Said, em Botucatu, SP, apesar da riqueza da avifauna conta com pouca infraestrutura (em geral e especifica para a atividade turística) e poucas opções de trabalho para comunidade de pescadores composta por 56 famílias das quais 16 vivem exclusivamente de atividades ligadas a pesca. - Além disso , a conservação da natureza é algo remoto. não faz parte das preocupações da comunidade. A promoção do Aviturismo em passeios de barco surge como alternativa viável de complementação de renda para as famílias. Um ponto positivo extra decorre de que o período de Defeso, que corresponde à paralisação obrigatória da pesca entre 1° de novembro e 28 de fevereiro, na bacia hidrográfica do rio Paraná, coincide justamente com boa parte da época mais favorável ao Aviturismo - o período reprodutivo da maioria das espécies da avifauna. E isso se dá na primavera verão época que muitos turistas podem aproveitar o calor e os dias mais longos para conhecer e se encantar com a rica avifauna que habita o Tietê e suas margens Para que o atendimento ao turista seja adequado às demandas do observador de aves e possa representar um alternativa de renda aos pescadores, justo no período onde não podem exercer sua atividade principal, e inclusive trazendo novo olhar sobre a proteção da natureza por parte dos moradores, todo um processo precisa ser estruturado. Essa foi a proposta das ações que aqui relatamos.

Proposta:

Desenho de estratégia fomento ao turismo de Birdwatching e conservação com engajamento da comunidade do território da Comunidade de pescadores de Porto Said Botucatu, SP Buscando geração de renda integrada à conservação do ecossistema local com formação de guias, educação e estimulo a pequenos negócios de apoio ao turismo.

Metodologia :

- Trabalhar conteúdos sobre avifauna e observação e identificação de aves com comunidade de pescadores, em 10 encontros semanais, abordando: 1) A Riqueza local, identificando as espécies 2) Quais as demandas do público que observa e fotografa aves 3) Como receber e conduzir o turista observador de aves 4) Identificando talentos e negócios em potencial 5) Vivencia do turismo de observação de aves. 6) Treinamento prático de condução de embarcação para turismo de observação de aves.

Resultados , Conclusões

A região comporta o estabelecimento de iniciativas de apoio à pratica da observação de aves, mas são necessários alguns ajustes que estão sendo parcialmente encaminhados pela prefeitura, no entanto a formação dos guias necessita ser continuada para dar segurança no atendimento ao turista .Isso requer apoio financeiro para seguirmos com a formação

Aves, Ecologia, Turismo, Educação Ambiental
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2699

ECOCIENTIZANDO - O PODER DA OBSERVAÇÃO DE AVES COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Lorena Patrício Silva (ECOASTRO ), Gersony Canelada Jovchelevich

Resumo

Educação ambiental pode promover a conscientização sobre a conservação e a observação de aves revela grande potencial como ferramenta. Através do projeto, exploramos como a observação de aves beneficia crianças e jovens no Brasil, estimulando: o aprendizado sobre conceitos ecológicos; a promoção da conscientização ambiental; o interesse pela biodiversidade local. Implementamos atividades do Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, e desenvolvemos nossas próprias atividades adaptando o currículo para as escolas brasileiras. Trabalhamos com 150 alunos.

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
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1582

Giosa Avinsta - passarinhando em Campina do Monte Alegre, SP
Giovanna Angela Agulha Sarti

Resumo

A exposição trata da minha jornada como passarinheira através de registros fotográficos. Passarinhar se tornou uma nova forma de aproximação do sítio do meu avô em Campina do Monte Alegre, onde tive a oportunidade de contribuir com diversas espécies no WikiAves e também com uma questão inusitada: educação ambiental. Encontrei um Cachorro-do-Mato com sarna e fiz novos contatos com a faculdade do Largo do Sino para promover a pesquisa da fauna silvestre e, quem sabe, até mesmo a conservação e restauração da mata local.

Aves, Ciência cidadã, Fotografia, Mamíferos
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2746

Breve diagnóstico dos estudos sobre a Avifauna em Unidades de Conservação Estaduais do Paraná.
Instituto Água e Terra (Instituto Água e Terra )

Resumo

Fornecemos um panorama dos estudos sobre a avifauna em Unidades de Conservação do Paraná nos últimos dez anos. Dos 71 locais protegidos, apenas 30 foram objeto de estudo de aves. Passeriformes, em particular a família Pipridae, foi o grupo mais estudado. Apenas três projetos envolviam espécies ameaçadas de extinção e nenhum projeto com espécies exóticas invasoras. Sugerimos que os futuros projetos de pesquisa relacionados à Ornitologia no Paraná considerem o presente trabalho para direcionar estudos em unidades de conservação pouco exploradas e focar nos grupos ainda negligenciados.

Aves, Conservação, Divulgação científica
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2687

Atualização da lista de aves do Parque Linear Tiquatira, São Paulo, SP
Raphael Paixão Branco Teixeira (Universidade Cruzeiro do Sul), Julia Azevedo Genu, Laura Luciane Gonçalves Formaggi, Rita de Cássia Frenedozo

Resumo

O Brasil possui cerca de 1900 espécies de aves, dessas, 891 ocorrem na cidade de São Paulo. As aves exercem importantes e diferentes papéis no ambiente, como por exemplo, polinização, dispersão de sementes e controle de populações de vetores. Durante o processo de colonização e urbanização da cidade, houve uma drástica alteração da paisagem original, de modo que praticamente toda vegetação original foi substituída por áreas construídas e por espécies exóticas, o que resultou no desaparecimento e na substituição de muitas espécies da avifauna nativa. Porém, muitas delas, adaptadas a ambientes modificados, resistem próximas aos seres humanos. Este trabalho teve como objetivo principal realizar um levantamento qualitativo da avifauna do Parque Linear Engenheiro Werner Eugênio Zulauf (Parque Tiquatira), localizado no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo. A técnica utilizada para o registro da avifauna foi a busca ativa e transecção e todas as espécies foram identificadas através de observação direta, não havendo necessidade de captura e marcação de nenhum espécime durante o estudo. A composição da avifauna do Parque Tiquatira está sob influência direta do Parque Ecológico do Tietê (PET), distantes, cerca de 3 Km, em linha reta. A análise qualitativa de espécies de aves diurnas do Parque Tiquatira permite concluir que a comunidade foi suficientemente amostrada, sendo representada por 65 espécies, distribuídas em 11 ordens e 26 famílias.

Introdução

O Brasil está entre os países mais ricos em diversidade de aves, com cerca de 1900 espécies registradas (CBRO, 2015). A cidade de São Paulo, inserida nos domínios da Mata Atlântica possui uma elevada diversidade biológica, sendo composta por 891 espécies de aves, e apresenta uma alta taxa de endemismo, com 213 espécies encontradas exclusivamente nos remanescentes florestais desse bioma (LIMA, 2013). As aves exercem importantes e diferentes papéis no ambiente, como por exemplo, polinização, dispersão de sementes e controle de populações de vetores. As cidades altamente urbanizadas podem criar espaços e condições para atrair e abrigar essas espécies, que por diferentes razões se deslocam de áreas florestadas para espaços urbanos e encontram em pequenas manchas verdes os recursos que necessitam (BIAGOLINI, 2018). Durante o processo de colonização e urbanização da Cidade de São Paulo houve uma drástica alteração da paisagem original de modo que praticamente toda vegetação original foi substituída por áreas construídas e até mesmo as áreas verdes, na sua maioria, não são constituídas de espécies nativas, e sim de exemplares exóticos. De acordo com Develey (2004) essa mudança na paisagem da cidade culminou no desaparecimento e na substituição de muitas espécies da avifauna nativa, contudo, embora muitos representantes tenham desaparecido ou se tornado raros, outras como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), a cambacica (Coereba flaveola), o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) e o periquito-rico (Brotogeris tirica) estão entre as espécies mais comuns da cidade. Argel-de-Oliveira (1996) ressalta que existem muitas espécies adaptadas a ambientes modificados, vivendo próximas dos seres humanos, em áreas verdes de bairros arborizados. Além disso, as aves formam um grupo cuja observação e identificação são relativamente fáceis, contribuindo para isso o fato de serem em sua maioria diurnas, o que facilita a confecção de listagens de espécies em diversos tipos de ambientes. Na Mata Atlântica, por exemplo, listagens de espécies muitas vezes são as únicas informações disponíveis sobre esse grupo faunístico, e essas listagens são valiosas para compreensão dos padrões de distribuição das espécies, auxiliando na elaboração de planos de conservação e manejo de áreas (DEVELEY, 2006). A observação de aves é uma atividade sustentável, de caráter lúdico, prático, não conteudista, sensorial e experimental que pode ser praticada por qualquer pessoa, de crianças a idosos, em grupos ou individualmente e tem como objetivo observar as aves em seu hábitat natural, sem interferir no seu comportamento ou no seu ambiente, uma prática de lazer contemplativa que incentiva o contato do ser humano com a natureza (TEIXEIRA, 2018). Para formulação dessas listas não é necessário a coleta de espécimes. Além disso, em qualquer área, mesmo as mais antropizadas, ocorrem sempre muitos registros, podendo se conseguir, em curtos períodos, listagens relativamente extensas e que oferecem elementos para discussões de fundo ecológico. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo principal apresentar um levantamento da avifauna com hábitos diurnos do Parque Linear Tiquatira. A composição de espécies do Parque Linear Tiquatira está sob influência direta do Parque Ecológico do Tietê (PET), ambiente fundamental para a preservação da fauna e flora da várzea do Rio Tietê. Esses dois Parques estão distantes, cerca de 3 Km, em linha reta (Figura 2). O estudo de Dores (2020) ressalta que no PET possui uma grande heterogeneidade de habitats, que incluem áreas abertas, lagos e lagoas artificiais provenientes de escavações para extração de areia, áreas florestadas, capinzais, praias de lama, áreas de várzea, brejos e campos alagados que detém um total de 274 espécies de aves.

Metodologia

O Parque Tiquatira, oficialmente chamado de Parque Linear Tiquatira Engenheiro Werner Eugênio Zulauf (Figuras 1 e 2), é um parque linear localizado no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo, fundado em 2007. Com uma extensão de mais de três quilômetros, é considerado o primeiro parque linear da cidade de São Paulo. Ele está localizado ao longo do Córrego Tiquatira, e a sua vegetação é composta por áreas ajardinadas, arborizadas e bosques heterogêneos. Para realização deste trabalho, conforme metodologia proposta por Cullen Jr et al (2003) as técnicas utilizadas para o registro qualitativo da avifauna no Parque Tiquatira foram a busca ativa e a transecção, para estes métodos amostrais não se faz necessária a parada em nenhum local preestabelecido, e as observações foram realizadas através de um percurso ao longo das trilhas do próprio parque. Para maior eficiência da metodologia, as trilhas foram percorridas em dias e horas alternados. Todas as espécies foram identificadas através de observação direta de sua morfologia, comportamento ou de sua vocalização, que consiste em todas as expressões vocais do indivíduo, que podem ser cantos, pios, chamados, gritos de alarme etc. Para tanto, não houve a necessidade de captura e marcação de nenhum espécime durante o estudo. Para que se tornasse possível a identificação de todas as espécies registradas no Parque, durante o período amostral que foi de janeiro de 2021 à janeiro de 2022, contemplando 12 visitas no total, foi utilizado binóculo (Nikon Zoom 8x42 6.0º), e para confirmação dos registros os guias de identificação (Aves da Grande São Paulo - Develey e Endrigo (2004); Birds of South America - Erize et al (2006) e Field Guide to the Songbirds of South America - Ridgely e Tudor (2009), a apresentação da tabela de espécies segue a proposta pelo (CBRO, 2015).

Resultados e Discussão

Durante o período de esforço amostral foi possível registrar 65 espécies de aves, distribuídas em 26 famílias e 11 ordens, como mostra a tabela 1, abaixo. De acordo com Biagolini (2018), essas espécies de aves, por diferentes razões se deslocam de áreas florestais para espaços urbanos, onde encontram nas pequenas manchas arborizadas as condições que necessitam. Esses parques lineares, por terem como característica principal o fato de serem mais compridos do que largos, exercem o papel de corredores entre os diversos espaços arborizados das cidades, interligando pequenos espaços arborizados e favorecendo o deslocamento das aves de um ponto ao outro. As aves são importantes indicadores biológicos, pois apresentam respostas rápidas às alterações no ambiente. Mesmo que algumas espécies se adaptem às mudanças, a maior parte tende a diminuir (AZEVEDO-RAMOS et al., 2005). Desse modo, as listas de espécies atendem a diferentes propósitos, mas servem fundamentalmente como um alerta para a perda de biodiversidade (SILVEIRA E STRAUBE, 2008). Algumas espécies endêmicas se favorecem com as alterações antrópicas, aumentando sua população de forma desequilibrada, enquanto outras, principalmente as invasoras ou exóticas, podem passar a ocupar a área e ter suas populações aumentadas de forma descontrolada (AZEVEDO-RAMOS et al., 2005; SCARIOT et al., 2003). A diminuição ou substituição de áreas florestais pode afetar o número e a composição de espécies de aves. Dessa forma, o fato de muitas áreas existirem como ilhas, e os espaços entre estes remanescentes serem considerados barreiras para muitas espécies, impossibilita o fluxo destas aves entre os fragmentos, diminuindo a diversidade de espécies (GIMENES e ANJUS, 2003).

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
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2791

Levantamento da avifauna de Timburi
Julio Cezar de paiva Dulce (Universidade do norte do Paraná -Campus Luiz Meneghel)

Resumo

Este trabalho é legal pois foi realizado um levantamento rápido de aves por meio de um relato de viagem, em um camping situado no munícipio de Timburi, interior do estado de São Paulo em apenas 24 horas. A cidade de Timburi possui 2.647 habitantes em uma área de 196,790km², com apenas 0,56km² de área urbanizada o que abriga uma riqueza significativa de aves. As aves possuem um papel importante nos ecossistemas, como polinizadoras, dispersoras de sementes e atuando em diferentes níveis dentro das cadeias alimentares. No entanto esse grupo de animais vem sofrendo diversos impactos antrópicos devido a fragmentação de habitats, poluição, uso de agrotóxicos e expansão urbana. O levantamento teve como objetivo a amostragem da avifauna local, e assim, por meio desse conhecimento demonstrar a importância da conservação de remanescentes florestais do Bioma Mata Atlântica, para a manutenção da biodiversidade do estado.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
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2137

Quintais agroflorestais: alternativa sustentável no quilombo de Gurunga-Bahia
Roseli Benevides de Souza (Secretaria Municipal de Educação de Igaporã-Bahia)

Resumo

Os quintais agroflorestais implantados na Comunidade Quilombola de Gurunga – Bahia constituem uma iniciativa adotada para o manejo sustentável, devido à composição florística, medicinal, ao cultivo das sementes crioulas que carregam a ancestralidade da comunidade. Os quintais é uma possibilidade de produção diversificada, o que confere segurança alimentar das famílias envolvidas, durante todo o ano. Uma vez que as espécies e hortaliças são cultivadas em unidade de produção familiares e com finalidade sustentável.

Conservação, Cuidados em campo, Educação Ambiental
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1615

Composição da avifauna e frequência de espécies visitantes de comedouros e bebedouros artificiais em uma área rural
Larissa Alves Corrêa (Universidade Estadual Paulista (UNESP)), Vlamir José Rocha, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Resumo

As aves residentes dos ecossistemas brasileiros são altamente afetadas pela fragmentação e perda de habitat. Estes processos alteram a dinâmica de suas populações, diminuem o número de espécies de aves existentes e extinguem a maioria da avifauna umbrófila. Nesse sentido, as aves são consideradas importantes bioindicadores da qualidade ambiental por ser um táxon com informações conhecidas, serem fáceis de estudar e ocorrerem em todos os ambientes terrestres. Por isso, estudos de populações e das guildas tróficas de comunidades da avifauna podem fornecer uma fonte inestimável de dados sobre o ambiente. O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento das espécies de avifauna que ocorrem em uma área rural do município de Sumaré-SP e determinar quais espécies frequentam comedouros e bebedouros artificiais. As amostragens ocorreram de outubro a dezembro de 2020, totalizando 99 horas de esforço amostral. Além da observação a olho nu, foram utilizados um binóculo e uma câmera digital para registros fotográficos dos indivíduos. Para avaliar as espécies que frequentam os comedouros e bebedouros, foram instalados dois comedouros contendo frutas, painço e água pura, além de bebedouros artificiais contendo água com açúcar. No total, foram registradas 51 espécies de aves. Passeriformes foi a ordem mais expressiva, com destaque para as famílias Tyrannidae e Thraupidae. Dentre os não-passeriformes, as ordens mais representativas foram os Apodiformes, Columbiformes e Psittaciformes. Sete espécies frequentaram os comedouros e duas os bebedouros. Os resultados evidenciaram que embora a região de estudo se encontre altamente alterada em função das ações agropecuárias, há uma riqueza considerável de aves. O predomínio das espécies generalistas, como as insetívoras e onívoras, indica a capacidade de adaptação que essas aves possuem para sobreviver em tais ambientes. Em contrapartida, as aves mais sensíveis, como as frugívoras, são significativamente prejudicadas devido ao alto nível de isolamento da vegetação local. Além disso, os comedouros e bebedouros foram importantes fontes alimentares para algumas espécies, já que, muitas vezes, encontrar alimento em áreas degradadas pode ser um desafio. Assim, ressalta-se a importância de estudos que avaliem possíveis impactos negativos de comedouros para a avifauna de vida livre.

Introdução

As aves residentes nos ecossistemas brasileiros são altamente afetadas pela fragmentação e perda de habitat (MARINI; GARCIA, 2005). Estes processos alteram a dinâmica de suas populações, diminuem o número de espécies de aves existentes e extinguem a maioria da avifauna umbrófila, que não suporta grandes variações de temperatura e umidade (DÁRIO; VICENZO; ALMEIDA, 2002). Desse modo, é fundamental avaliar a composição das comunidades de aves nos fragmentos de Mata Atlântica, uma vez que esse é um dos domínios que abriga o maior número de espécies da avifauna (BARBOSA et al., 2017; MARINI, GARCIA, 2005) As aves desempenham funções ecológicas fundamentais para o meio ambiente (IKUTA; MARTINS, 2013). A avifauna frugívora é capaz de dispersar sementes por longas distâncias, ingerindo os caroços e eliminando-os em uma condição mais favorável para a germinação (MCATEE, 1947; WHELAN, SEKERCIOGLU, WENNY, 2015). As aves também atuam como polinizadoras eficientes de inúmeras angiospermas por todo o mundo (ANDERSON et al., 2016; FISCHER,CARDOSO,GONÇALVES, 2014). Tanto a polinização como a dispersão de sementes são etapas fundamentais nos ciclos reprodutivos das plantas e, dessa forma, sem o fornecimento destes serviços pelas aves, muitas espécies de plantas teriam o sucesso reprodutivo reduzido significativamente, ocasionando uma modificação na estrutura das comunidades vegetais (SEKERCIOGLU et al., 2016). Outras funções desempenhadas pelas aves são: o controle de pragas por aves que se alimentam de insetos nocivos, o consumo de roedores prejudiciais às plantações por rapinantes, a eliminação de carcaças por espécies necrófagas, mantendo os ambientes limpos (STORER et al., 2002), e a capacidade de atuarem como bioindicadores (PIRATELLI et al., 2008). Por serem um táxon com muitas informações conhecidas, serem fáceis de estudar e ocorrerem em todos os ambientes terrestres, as aves são consideradas importantes bioindicadores da qualidade ambiental (DARIO, 2008). Por isso, estudos de populações e das guildas tróficas de comunidades da avifauna podem fornecer uma fonte inestimável de dados sobre o ambiente (CARRANO, 2006; LAWTON, 1996; PIRATELLI, PEREIRA, 2002). Uma guilda é “um grupo de espécies que exploram a mesma classe de recursos do ambiente de modo semelhante” (ROOT, 1967, p. 335). Assim, ao compreender a estrutura trófica de uma comunidade de aves, identificando a presença ou ausência de guildas específicas, é possível avaliar o estado de conservação de um determinado local (TOLEDO-LIMA et al., 2014). Uma forma simples de atrair aves em locais com alterações antrópicas é instalar comedouros e bebedouros em quintais e varandas (DEMÉTRIO; SANFILIPPO, 2016). Essa prática é relativamente recente, mas aumentou significativamente nas últimas décadas (ROBB et al., 2008). Existem inferências sobre os impactos que a atividade pode gerar, como a propagação de doenças entre as aves, perda de habilidade de forrageamento, aumento de predação e dependência dos comedouros (JONES, REYNOLDS, 2008; ROBB et al., 2008). No entanto, estudos demonstraram que promover a alimentação artificial de aves selvagens pode trazer muitos benefícios para as espécies, dentre os quais: melhora significativa na saúde dos animais, maior condição nutricional, redução significativa do estresse fisiológico das aves que frequentam comedouros, maiores chances de sobrevivência no inverno e maior sucesso reprodutivo, além disso, houve a comprovação de que as aves não se tornam dependentes dos alimentos ofertados, usando-os apenas como fontes suplementares (ROBB et al., 2008; WILCOXEN et al., 2015). Porém, as pesquisas ressaltam alguns cuidados que devem ser tomados, como a higienização frequente dos comedouros e bebedouros para evitar a disseminação de doenças e a instalação das estruturas em locais altos, dificultando o acesso de predadores terrestres (DEMÉTRIO, SANFILIPPO, 2016; WILCOXEN et al., 2015). Pesquisas populacionais da avifauna colaboram para o entendimento do processo de extinção e colonização das espécies nos locais, além de servirem como base no direcionamento de decisões políticas bem estruturadas para superar os impactos causados no meio ambiente e nas espécies associadas (FARIA et al., 2006; SILVEIRA, 2010). Além disso, o desenvolvimento de estudos que avaliem a alimentação artificial de aves selvagens são necessários para uma melhor análise dos potenciais riscos e benefícios que as espécies estão suscetíveis ao frequentarem os comedouros e bebedouros. Portanto, o objetivo do presente trabalho é realizar um levantamento da avifauna em uma área rural do município de Sumaré-SP e determinar as espécies visitantes de comedouros e bebedouros artificiais. Mais especificamente: identificar as espécies de aves que ocorrem no local; determinar a constância de visitação nos comedouros e bebedouros e categorizar a avifauna de acordo com a constância e as guildas tróficas.

Material e métodos

Área de estudo O bairro Sítio Pau Pintado está localizado na zona rural do município de Sumaré, no estado de São Paulo e é constituído por 144 chácaras. Situado próximo à rodovia Bandeirantes, possui área total de 22,7527 ha, incluindo uma área de reserva legal. Na extensão do bairro há predominantemente gramíneas, especialmente cana-de-açúcar, além de fragmentos de capim colonião, capim-coloninho, grama batatais, capim-brachiária e algumas espécies arbóreas nativas isoladas, com pouca quantidade de serapilheira na superfície do solo. O estudo foi concentrado em uma chácara (22º 49’ 36.8249’’ S e 47º 20’ 24.1472” W), com área de 953,75 m². O bairro está inserido próximo de uma APP (Área de Preservação Permanente), cujos mananciais existentes fazem parte da microbacia do rio Piracicaba (VITA, 2013). A vegetação encontra-se bem degradada e é caracterizada por pequenos fragmentos de Mata Atlântica, apresentando uma formação fitofisionômica de Floresta Estacional Semidecidual (VELOSO; RANGEL FILHO; LIMA, 1991). Os fragmentos estão localizados abaixo (reserva legal) das construções de chácaras e nas laterais à esquerda e à direita do bairro. A reserva legal encontra-se a uma distância de aproximadamente 617 m do local de estudo. O fragmento da direita localiza-se no entorno de nascentes, com uma pequena mata ciliar, a uma distância de aproximadamente 818 m da chácara. Também há outra nascente à esquerda do bairro, com uma singela mata ciliar, em torno de 480 m de distância do local de estudo (VITA, 2013) (Figura 1). De acordo com a classificação de Köppen (KOTTEK, 2006), o clima da região é do tipo Cwa, caracterizado como subtropical quente, com duas estações bem definidas, sendo úmida no verão e apresentando um período de cerca de cinco meses secos no inverno, com predominância de chuvas entre novembro e março. Observação e registros das aves Para registrar as espécies de avifauna, foram realizadas observações em dois dias da semana, de outubro a dezembro de 2020, sendo duas observações em cada dia, no período da manhã (das 6h às 9h30min) e no fim da tarde (das 16h às 18h), momento em que as aves estão mais ativas em busca de alimento (LOURENÇO; BIAGOLINI, 2018). Foram 18 dias de observação, totalizando 99 horas de esforço amostral. Além da observação a olho nu, foram utilizados um binóculo e uma câmera digital (Canon sx50hs) para registros fotográficos de todos os indivíduos. A identificação das espécies foi feita por meio de guias de campo de Ridgely et al. (2015) e Mello et al. (2020), e posteriormente confirmadas em laboratório quando necessário. Foram considerados os indivíduos que utilizaram a área da chácara como abrigo, poleiro ou como fonte de recursos. Também foram levadas em consideração as espécies que pousaram nos postes e fiações localizados a 6,38 m à frente da chácara, já que muitas utilizam essas estruturas como poleiros. Foram desconsiderados indivíduos que estiveram nos arredores ou que sobrevoaram o local. Instalação dos comedouros e bebedouros Para avaliar as espécies que frequentam os comedouros e bebedouros, foram instalados dois comedouros contendo frutas (mamão, banana, maçã, abacate ou manga), sementes (painço), e água pura. As sementes e a água ficaram comportadas em pequenos potes de barro. Os comedouros foram produzidos com chapas de metais galvanizados retangulares, com as medidas de 48 x 30 cm, e uma barra de plástico (PVC) para sustentação da bandeja. Cada comedouro continha quatro ganchos de arame para inserir as frutas, e foram fixados a uma altura de 1,70 m do chão . Também foram instalados dois bebedouros contendo água com açúcar dissolvido (em torno de 10%) (TEIXEIRA; ASSUNÇÃO; MELO, 2012) com capacidade de 300 ml e foram instalados em árvores onde as aves nectarívoras costumam frequentar.Os comedouros e bebedouros foram higienizados com detergente e água antes de serem reabastecidos a cada observação, e os bebedouros ficavam de molho em água clorada antes de serem utilizados novamente. A cada coleta de dados, foram registrados a data e período (manhã: 6h - 9h30min ou tarde: 16h -18h), as espécies visualizadas, as que frequentaram os comedouros e bebedouros, a condição meteorológica do dia (chuvoso, nublado ou ensolarado) e a temperatura. Análise de dados As nomenclaturas, ordens taxonômicas e nomes populares das espécies foram estabelecidos de acordo com a lista de aves desenvolvida pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (PACHECO et al., 2021). Todas as espécies foram caracterizadas pelas guildas tróficas, de acordo com bibliografia específica (MOTTA-JUNIOR, 1990; SICK, 1997), sendo consideradas as seguintes dietas: carnívora, frugívora, granívora, insetívora, nectarívora e onívora. Para determinar o índice de constância (C) das espécies que frequentaram os comedouros e bebedouros, independentemente do número de exemplares, foi utilizada a fórmula proposta por Dajoz (1973): C=px100/P. Sendo p o número de coletas em que a espécie foi registrada no comedouro ou bebedouro e P o número total de coletas (P=36). Assim, com o resultado da constância dado em porcentagem, as espécies que consumiram os recursos foram categorizadas como: I) constantes, quando frequentaram os comedouros ou bebedouros em mais de 50% das coletas; II) acessórios, quando frequentaram os comedouros ou bebedouros entre 25% a 50% das coletas; III) acidentais, quando frequentaram os comedouros ou bebedouros em até 25% das coletas. As espécies registradas fora dos períodos de observação estabelecidos foram incluídas apenas na listagem geral das espécies, não fazendo parte dos cálculos do índice de constância nos comedouros e bebedouros.

Resultados, discussão e conclusão

No total, foram registradas 51 espécies de aves na chácara, sendo distribuídas em sete ordens e 21 famílias. Passeriformes foi a ordem mais expressiva (n=36; 70,5%), com destaque para as famílias Tyrannidae (n=11; 21,5%), e Thraupidae (n=9; 17,6%) (Figura 3). Dentre os não passeriformes, as ordens mais representativas foram Apodiformes (n= 5; 9,8%), Columbiformes (n= 3; 5,8%) e Psittaciformes (n= 3; 5,8%). O grande número de Passeriformes já era esperado, visto que esta é a mais numerosa ordem de aves (PACHECO et al., 2021), e diversos estudos sobre levantamento da avifauna na Mata Atlântica registraram uma maior representatividade de famílias desta ordem (LIMA, BATALLA, 2018; MANHÃES, RIBEIRO, 2011; ROSSO, 2017). Além disso, o número expressivo de espécies de Tyrannidae pode ser explicado pelo fato de ser uma das maiores famílias dentre os passeriformes no território brasileiro (PACHECO et al., 2021), possuir uma alimentação generalista e ocupar diversos ambientes e estratos, incluindo áreas abertas antropizadas, já que possuem menor sensibilidade a alterações ambientais (GONZALEZ, 2011; PONÇO, TAVARES, GIMENES, 2013). Thraupidae foi a segunda família mais registrada entre os Passeriformes, sendo também considerados comuns em áreas fragmentadas (SICK, 1997). Ademais, a grande ocorrência de Apodiformes pode ser decorrente de sua grande capacidade de deslocamento, sendo pouco afetados pela fragmentação, já que são capazes de se locomoverem entre os fragmentos para obter recursos (STOUFFER; BIERREGAARD JR, 1995). Em relação às guildas tróficas registradas no local estudado, destaca-se a presença das espécies insetívoras (n=16; 31,3%) de todas as guildas presentes; seguida das onívoras (21,5%) e granívoras (21,5%), ambas com 11 espécies cada; frugívoras (11,7%) e nectarívoras (11,7%), ambas com seis espécies cada; e carnívora com uma espécie (1,9%). A riqueza da avifauna insetívora é considerável em toda região tropical, principalmente de membros de Tyrannidae, visto que essa família corresponde a 18% das espécies da América do Sul, muitas delas insetívoras (SICK, 1997). Os insetívoros são beneficiados pela diversidade de nichos ecológicos nas florestas neotropicais e a presença da fauna entomológica (SICK, 1997). Os onívoros são espécies generalistas e tendem a ter um aumento populacional em fragmentos de mata (REGALADO; SILVA, 1997). O mesmo ocorre com os granívoros, que são beneficiados pelo aumento da área de borda, sendo o habitat mais utilizado por eles (ANJOS, 1998). Já as aves frugívoras são sensíveis à fragmentação, pois necessitam de grandes áreas em que o suprimento de frutos seja abundante durante todo o ano (WILLIS, 1979). Em locais onde grandes aves dispersoras são raras, como é o caso deste estudo, a dispersão de plantas com frutos grandes pode ser afetada, causando até a extinção de algumas plantas e alterando a estrutura vegetal da região (CHAPMAN, CHAPMAN, 1995; SILVA, TABARELLI, 2000). Isso ocorre pois aves frugívoras de grande porte possuem aberturas bucais maiores, sendo as únicas capazes de ingerir e dispersar diásporos grandes, e, em algumas situações, possuem relações exclusivas com estas espécies (FADINI; MARCO JR, 2004). Os nectarívoros foram predominantemente representados pelos beija-flores. Essas espécies tendem a ter uma grande capacidade de locomoção entre os fragmentos, por isso, os indivíduos provavelmente utilizam outros locais além da área estudada para obterem recursos que supram suas necessidades alimentares (WILLIS, 1979). A guilda trófica de menor ocorrência foi a carnívora, sendo representada somente por uma espécie de falcão (Falco sparverius). Os carnívoros são naturalmente raros em comparação aos outros grupos, pois são predadores de topo de cadeia e necessitam de milhares de hectares para sobreviverem (SICK, 1997; TERBORGH, 1992). Por controlarem suas presas naturais, influenciam em toda a dinâmica do ambiente (PITMAN, 2002), na ausência desses predadores, há um aumento na população de presas naturais e, quando essas presas são herbívoros, irá interferir também na composição e diversidade de plantas (TERBORGH, 1992). Em relação aos recursos disponibilizados na chácara, eles foram prontamente encontrados e utilizados pelas aves. Das sete espécies que visitaram os comedouros, cinco foram classificadas como constantes (71,4%), uma como acessório (14,2%), e uma como acidental (14,2%). As duas espécies que frequentaram os bebedouros foram classificadas como constantes (100%). Coereba flaveola foi a única espécie que frequentou tanto os comedouros como os bebedouros. A maioria das espécies que frequentaram os comedouros obteve uma constância alta. Thraupis sayaca apresentou a maior constância nos comedouros entre todas as espécies visitantes (C= 97,2%). Os sanhaços são considerados super-generalistas pois consomem uma grande variedade de frutos, (JORDANO; BASCOMPTE; OLESEN, 2003). Tanto T. sayaca como T. palmarum possuem ocorrência ampla em ambientes arborizados e são frequentadores comuns de comedouros com frutas (RIDGELY et al., 2015). Zenaida auriculata, com constância de 88,8%, permanecia durante longos períodos se alimentando de painço e expulsava outras aves que tentavam pousar no comedouro. Z. auriculata possui grande sucesso em colonizar áreas de cultivo de grãos, sendo uma das espécies mais comuns em áreas agrícolas da região sudeste do Brasil (LOPES, ANJOS, 2006; SILVA, 2014). Molothrus bonariensis apresentou alta constância nos comedouros (C= 80,5%), sendo uma espécie comum em áreas de cultivo e pastagens (MELLO et al., 2020). M. bonariensis se beneficiou com o desmatamento e atividades agropecuárias, o que gerou um aumento em sua população (RIDGELY et al., 2015). Mimus saturninus também foi um frequentador assíduo dos comedouros, com uma constância de 80,5%. M. saturninus é uma espécie de grande ocorrência em ambientes abertos arborizados, incluindo chácaras, sendo uma das aves mais numerosas da região sudeste (RIDGELY et al., 2015). A espécie possui uma alimentação variada (GALVÃO; MENDONÇA, 2018), consumindo frutos sempre que há acesso fácil (GONÇALVES, VITORINO, 2014; SOUZA, 2009). Em relação às espécies que frequentaram os bebedouros, Eupetomena macroura obteve a maior constância (C= 100%). A espécie demonstrou muita agressividade após ter descoberto o recurso, atacando e perseguindo em voo C. flaveola, e até membros da mesma espécie. Essa reação pode ter gerado a baixa diversidade de espécies que frequentaram os bebedouros. Esse comportamento é comum, visto que os beija-flores são considerados territorialistas e agressivos (MELLO et al., 2020). C. flaveola, com constância de 97,2% nos bebedouros, possui ocorrência ampla em qualquer ambiente arborizado, sendo uma das aves mais comuns do Brasil. Além de ser uma espécie comum em bebedouros para beija-flores (MELLO et al., 2020; RIDGELY et al., 2015). O bebedouro foi utilizado como fonte de recursos para os filhotes de C. flaveola, em que um dos pais armazenava a água açucarada no bico para oferecer ao filhote. Outras espécies também utilizaram os comedouros para alimentar seus filhotes, como Thraupis palmarum e Pitangus sulphuratus. Esse fato evidenciou que os comedouros e bebedouros foram importantes fontes de recurso para estas espécies, podendo ter aumentado as chances de sobrevivência e desenvolvimento dos filhotes. Por fim, a baixa ocorrência de espécies especialistas e o grande número de generalistas demonstra que o local estudado apresenta uma estrutura vegetal pobre e não possui condições de manter populações de espécies mais sensíveis a perturbações ambientais (REGALADO, 1997). Além disso, a partir da instalação de bebedouros e comedouros na área estudada, houve um aumento na oferta de recursos daquele ambiente, o que influenciou nos processos de forrageamento das aves do local (TEIXEIRA; ASSUNÇÃO; MELO, 2012). Conclusão Os resultados evidenciaram que, embora a região em que a chácara está localizada se encontre altamente alterada em função das ações agropecuárias, há uma riqueza considerável de aves. O predomínio de espécies generalistas, como as insetívoras e onívoras, indica a capacidade de adaptação que essas aves possuem para sobreviver em tais ambientes. Em contrapartida, as aves mais sensíveis, como as frugívoras e carnívoras, parecem ser significativamente prejudicadas devido ao alto nível de isolamento da vegetação local. Os comedouros e bebedouros instalados na área de estudo demonstraram ser recursos importantes para as espécies, que foram beneficiadas pelo aumento de alimento no local, podendo ter gerado uma melhora na condição nutricional e reduzido o estresse fisiológico das aves. A grande constância da maioria das espécies revela a fidelidade das aves nos comedouros e bebedouros após a descoberta destes recursos, passando a utilizá-los com bastante frequência. Nesse sentido, ressalta-se a importância de estudos que avaliem possíveis impactos negativos de comedouros para a avifauna de vida livre, já que ainda há poucas pesquisas sobre o tema no Brasil.

Aves, Ecologia
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2800

INOVAFAUNA - Birdwatching no Ceará: A fauna que gera renda.
Cecília Licarião Barreto Luna (Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará), Larissa Nayara de Sousa Amaral, Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará, Ian Toscano Pinheiro Ribeiro, Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará, Hugo Fernandes-Ferreira, Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará

Resumo

O INOVAFAUNA nasce com a perspectiva de desenvolver inovação para preservar o meio ambiente e reverter quadros de extinção, agregando valor econômico e social aos recursos silvestres do Estado do Ceará. Para isso, capacitaremos condutores e empresários locais em Observação de Aves nas comunidades que tem potencial para se transformar em hotspot de observação de aves no estado. Ao fim, esperamos implementar e difundir o turismo de observação de aves no Ceará, trabalhando em parceria com o setor de turismo do estado.

Aves, Conservação, Turismo
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2755

Inventário de avifauna, instalação e monitoramento de caixas-ninho para avifauna em área urbana
Laura Luciane Gonçalves Formaggi (Universidade Cruzeiro do Sul ), Raphael Paixão Branco Teixeira

Resumo

Aves, Conservação, Fauna urbana
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2583

Monitoramento de Haematopus palliatus no Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Leonice da Rosa Homem (ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe), Guilherme Tavares Nunes - Orientador/ UFRGS - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Riti Soares dos Santos – Gestor da unidade ICMBio/ PNLP - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Marcelo Nunes Alves - Biólogo , bolsista de apoio científico GEF-Mar ICMBio/PNLP - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Uriel Luis Ferreira do Amaral – Geógrafo, terceirizado ICMBio/ PNLP - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Andrei Roos – Analista Ambiental ICMBio/ CEMAVE - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

Resumo

O piru-piru (Haematopus palliatus) é uma espécie limícola estritamente costeira. No sul do Brasil, a espécies utiliza as dunas frontais como principal habitat reprodutivo. Estas aves são sensíveis as ameaças que vem sofrendo em seus territórios reprodutivos e alimentares. Estas ameaças surgem de atividades humanas nas praias como circulação de veículos, especulação imobiliária, animais domésticos soltos e abandonados entre outros fatores. A população de H. palliatus no Rio Grande do Sul corresponde a maior parte de toda a população brasileira da espécie (Clay et al. 2010), evidenciando a importância de Unidades de Conservação gaúchas onde a ave ocorre. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) inserido na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, abrange uma área de 36.747 hectares e localiza-se nos municípios de Mostardas e Tavares, RS. Foi criado em 1986 com o objetivo de proteger amostra dos ecossistemas litorâneos da região da Lagoa do Peixe, e particularmente as espécies de aves migratórias que dela dependem para seu ciclo vital. A Área de estudo escolhida para realizar a pesquisa, fica situada dentro da área da UC, entre as coordenadas de 31°16'50"S de latitude Sul e 50°56'34"O de longitude Oeste, no trecho do Talha-mar até o Lagamarzinho. A pesquisa tem como foco o monitoramento do Piru-piru (Haematopus palliatus) no interior do parque, com o objetivo de fornece dados da abundância sobre a taxa de eclosão e sucesso reprodutivo da espécie, distribuição espacial dos ninhos, habitats e interação com atividades humanas, além de informações sobre a fenologia reprodutiva da espécie e tendências ao longo dos anos. Essa espécie é excelente bioindicadora e com o seu monitoramento é possível inferir a qualidade do ambiente e apoiar o planejamento de ações da gestão do Parque para redução e/ou mitigação de danos tanto desta, quanto das demais espécies de aves. Com os dados do monitoramento dos ninhos esperamos, estimar a taxa de eclosão e de sucesso reprodutivo dos ninhos; descrever a fenologia reprodutiva da espécie; avaliar a utilização da UC como área de invernagem para os indivíduos que se reproduzem no local; caracterizar as variações de abundância nos períodos reprodutivo e não reprodutivos; divulgação dos dados do monitoramento para sensibilização da comunidade sobre a preservação das aves costeiras, através de cartilhas e palestras educacional, nas escolas da região apresentando os resultados da pesquisa referentes ao sucesso de eclosão dos ninhos, bem como as possíveis perturbações e seus impactos.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Educação Ambiental
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1617

Trilhas de Birdwatching para PCDs, promovendo experiências perdidas ou nunca vividas.
Luciana Franco Verissimo (Aruá Observação de Aves e Natureza), Cosme Guimarães

Resumo

Estima-se que o Brasil tenha 17,2 milhões de pessoas com alguma deficiência, o que representa 8,4% da população. É um desafio para as pessoas com deficiência, vivenciar atividades de observação de fauna e flora, trilhas e outras ações na natureza, as quais devem lidar com variados fatores adversos, como a inadaptação dos espaços em que transitam, guias treinados para a condução, deslocamento e até ter que lidar com o capacitismo. Sendo assim, fazer uma trilha sem obstáculos e aproveitar as belas paisagens naturais ao longo do caminho pode parecer uma realidade distante para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A natureza pode ser acessível e usando ferramentas que possibilite o acesso às trilhas, o aprendizado de identificação de espécies através do canto, uso de réplicas fiéis de animais, uso de um triciclo projetado para trilhas na Mata Atlântica que permita o deslocamento, o toque, o cheiro e o gosto de plantas e animais encontrados ao longo da trilha permite uma nova dimensão e acessibilidade ao mundo natural. Nosso objetivo é aumentar a conscientização sobre Birdability, levando pessoas com deficiência a desfrutar da natureza, por meio da observação de pássaros, promovendo experiências perdidas ou nunca vividas.

Introdução

Falar de inclusão das pessoas com deficiência remete a um movimento repleto de lutas, conquistas e personagens que, ao longo de muitas décadas, buscaram tornar a sociedade em que viviam e vivem em um local mais inclusivo e com igualdade de condições de acesso e oportunidades para todas as pessoas (Souza & Ribeiro,2021). Estima-se que o Brasil tenha 17,2 milhões de pessoas com alguma deficiência, o que representa 8,4% da população (IBGE 2019). A legislação brasileira sobre inclusão da pessoa com deficiência é bastante abrangente, prevendo medidas de acessibilidade em todas as áreas e setores da vida humana (Souza & Ribeiro,2021). O país conta com um rico rol de normas técnicas que oferecem recomendações para a promoção de acessibilidade no âmbito da educação, da cultura e do lazer, temas que têm interface com as áreas naturais protegidas. ‘Diretrizes para visitação em unidades de conservação’, elaborado em 2006 pelo Ministério do Meio Ambiente conta com uma série de orientações pertinentes ao incentivo da visitação por parte de pessoas com deficiência em áreas naturais protegidas (MMA, 2006). Favorecer o acesso a essa parcela considerável da população constitui ainda uma oportunidade valiosa de desenvolvimento econômico para os setores de turismo e lazer (UNWTO, 2013). No caso do Brasil, por exemplo, mais de um milhão de visitas anuais por pessoas com deficiência poderiam se somar aos cerca de 15 milhões já registrados anualmente nas unidades de conservação federais (ICMBio, 2020) ou em outras áreas particulares que promovam o turismo de natureza, incluindo o birdwatching. Souza & Simões (2018) estimaram que o valor individual gasto por visita a unidades de conservação no Brasil pode variar de R$ 82,81 a R$250,99, a depender se a pessoa é local ou não local, e da classe de uso recreativo da área protegida. Calculando um desembolso médio para cada usuário por visita a UCs federais, o gasto total por ano, em valores corrigidos, por parte de PcD – o que inclui transporte, hospedagem, refeições e atividades – seria da ordem de R$257 milhões. Isso permite inferir que, caso o cenário positivo de inclusão fosse realidade, os efeitos econômicos para áreas que promovam o turismo de natureza e áreas do entorno seriam bastante benéficos. É um desafio para as pessoas com deficiência, vivenciar atividades de observação de fauna e flora, trilhas e outras ações na natureza, as quais devem lidar com variados fatores adversos, como a inadaptação dos espaços em que transitam, guias treinados para a condução, deslocamento e até ter que lidar com o capacitismo. Sendo assim, fazer uma trilha sem obstáculos e aproveitar as belas paisagens naturais ao longo do caminho pode parecer uma realidade distante para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, cabendo a nós buscar ferramentas que permitam esta vivência.

Metodologia

O primeiro grupo a ser trabalhado no ano de 2022/2023 foi o de cadeirantes, pessoas com paralisia cerebral e cegos e baixa visão. Visita ao Instituto de Cegos da Bahia permitiu orientações sobre condução, como explicar cores dos pássaro para cegos que nunca enxergaram e como tornar a trilha atrativa e sensitiva com tantas ferramentas disponíveis na natureza. A trilha foi preparada para passar um triciclo feito inicialmente para corrida de rua com PCDs, mas adaptado para trilhas na Mata Atlântica, com rodas mais largas e freio em posição diferenciada, facilitando frear em terreno acidentado. Para possibilitar o acesso do triciclo e cegos e baixa visão, a trilha foi alargada e barreiras foram retiradas (como troncos caídos, galhos baixos foram podados), bem como uma nova ponte sobre uma áre alagada foi construída. O uso de réplicas em madeira com muitos detalhes do corpo do animal foram feitas para que cegos e baixa visão pudessem através do tato enxergar o animal encontrado na trilha. O som dos animais, bem como textura das plantas e alguns animais, o gosto de frutas e flores comestíveis de Mata Atlântica e o cheiro de plantas também foram explorados nas trilhas sensitivas e inclusivas.

Resultados e Conclusões

Encontramos grande dificuldade em encontrar PCDs para a realização das trilhas de Birdwatching. Ainda não temos uma hospedagem apropriada para cadeirantes e este pode ser um dos motivos que dificultou a vinda deste público específico. Mas a parceria com o Instituto de Cegos da Bahia e a divulgação do triciclo em grupos de PCDs permitiu algumas experiências. Recebemos no período de 6 meses 15 cegos/baixa visão e 4 cadeirantes/paralisia cerebral nas trilhas de birdwatching. A experiência foi muito gratificante, pois permitiu aos participantes experiências nunca vividas, fomentando o turismo de Observação de Aves, a proteção da floresta e a acessibilidade. Em princípio, pode parecer impraticável iniciar um trabalho com PCDs, onde a falta de recursos e uma complexidade relacionada às especificações técnicas, necessidades particulares, questões de segurança e à dificuldade de viabilizar empreendimentos acessíveis em áreas selvagens faz com que muitos nem comecem ou tentem, entretanto, é possível e recompensador enfrentar desafios e apontam um horizonte bastante promissor (Souza & Ribeiro,2021). O maior desafio é encontras os PCDs e fazer com que eles saiam de casa e se permitam vivenciar a atividade proposta. Como os espaços naturais podem apresentar muitas barreiras, o acesso à informação é essencial, desde o planejamento da visita, à possibilidade de desfrutar do acesso remoto às áreas mais rústicas, com possibilidades inclusive de reproduzir experiências e sensações do ambiente natural, via realidade virtual (Souza & Ribeiro,2021). O uso de redes sociais com descrição de fotos com texto alternativo, sites acessíveis e parceria com ongs e grupos específicos, ajuda a divulgar a experiência proposta, permitindo que a informação chegue mais facilmente ao público alvo.

Aves, Botânica, Conservação, Fotografia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
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2350

Aves Limícolas na Praia do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e do Entorno: Análise dos Censos Conduzidos entre os Anos de 2012 e 2021
Danielle Paludo (ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe), Marcelo Nunes Alves, ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Riti Soares dos Santos, ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Lauro Lemos, ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe, André Wüst Zibetti, Universidade Federal de Santa Catarina/Departamento de Informática e Estatística, Herman Hensberge, Autônomo/Colaborador ICMBio

Resumo

As aves limícolas são um grupo amplo com espécies migratórias e dependentes de áreas úmidas para suas necessidades fisiológicas e sucesso migratório. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) foi criado para a proteção das aves e seus habitat no Brasil, e para subsidiar ações de gestão são realizados monitoramentos. Com os objetivos de avaliar a diversidade e abundância das espécies residentes e migratórias, verificar a distribuição espacial, padrões sazonais de ocorrência e flutuações no período, processamos os dados dos censos terrestres de aves limícolas nas praias do PNLP e do seu entorno entre julho de 2012 e junho de 2021. Contabilizamos 439.283 aves de quatro espécies residentes e quatorze espécies migratórias, sendo as mais abundantes Calidris alba, Calidris fuscicollis, Haemantopus palliatus e Calidris canutus. A área do Parque suportou a maior abundância e densidade da maioria das espécies. As maiores agregações foram registradas na primavera, verão e outono de cada ano, correspondendo aos períodos de passagem migratória e invernagem de espécies neárticas. Indivíduos e grupos que não migraram foram registrados todos os anos nos meses do inverno, como os das espécies Calidris canutus, Calidris alba e Charadrius semipalmatus. Associamos a distribuição ao comportamento reprodutivo e às estratégias de migração das espécies. Houve flutuações anuais, mas não verificamos tendência de diminuição do número de indivíduos nas espécies que utilizaram o sítio. A área é importante ponto de parada, sítio de invernagem e oversummering e o Parque tem sido efetivo no seu objetivo de criação.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Educação Ambiental
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2785

Os Parques, as Aves e a Ciência Cidadã
MARIA ESTER CHAVES (Centro Universitário FAM)

Resumo

Parques urbanos são excelentes locais para observação de aves, sobretudo para a população leiga. Olhares atentos de munícipes que visitam esses locais podem trazer interessantes contribuições para o registro de diferentes espécies de aves. Entre outubro de 2020 a janeiro de 2023, 14 visitas foram realizadas em três parques urbanos da grande São Paulo: Parque Linear Tiquatira - Eng. Werner Eugênio Zulauf, Parque Ibirapuera e Bosque Maia. Nesses parques, o deslocamento foi feito por meio de bicicleta ou caminhadas a pé. Quando observadas ou ouvidas, as aves foram fotografadas através de uma câmera SONY Cyber Shot DSC hx200v e identificadas por meio de guias de campo. Ao todo, foram registradas 25 espécies de aves pertencentes a 13 famílias. A maior diversidade (21 espécies) foi encontrada no Parque Ibirapuera, que corresponde ao maior dentre os três parques - aproximadamente 1.600.000 m². No Parque Linear Tiquatira (320.000 m²), observou-se oito das 45 espécies já registradas na área, segundo dados da prefeitura de São Paulo. No Bosque Maia (170.000 m²), por sua vez, foram observadas sete espécies de aves. A família com maior número de representantes foi Ardeidae, com cinco espécies avistadas ("Ardea alba" Linnaeus, 1758, "A. cocoi" Linnaeus, 1766, "Egretta thula" (Molina, 1782), "Butorides striata' (Linnaeus, 1758), "Nycticorax nycticorax" (Linnaeus, 1758)). Essa família concentra aves com hábitos aquáticos ou semiaquáticos, como garças e socós, ambiente este encontrado tanto no Ibirapuera quanto no Bosque Maia. Apesar do Parque Linear Tiquatira margear o córrego de mesmo nome, as condições de qualidade da água do local parecem não ser atrativas para essas aves. "Columba livia" Gmelin, 1789, "Pitangus sulphuratus" (Linnaeus, 1766) e "Turdus rufiventris" Vieillot, 1818 são espécies sinantrópicas comuns e foram avistadas nos três parques. Destas, o sabiá-laranjeira foi o mais comumente observado tanto em abundância quanto em frequência nas visitas. A presença de vegetação e corpos d’água, associada a diferentes ofertas alimentares parecem ser bons atrativos para a avifauna. Tornar tais visitas também atrativas para a população, contribui para o crescimento de uma ciência cidadã e maior adesão aos programas de conservação da fauna.

Aves, Ciência cidadã, Fauna urbana, Fotografia
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2754

O objetivo do monitoramento da lontra na UHE Caconde inclui a análise da presença da espécie no local, localização e descrição das tocas, caracterização da dieta alimentar da lontra, os serviços ecológicos prestados pela espécie, e a determinação de parasitos e saúde do animal. Através dos resultados obtidos busca-se determinar eventuais alterações ambientais causadas pelo empreendimento, e/ou no uso múltiplo das águas e do reservatório, que possam afetar a conservação da espécie. O objetivo dessa análise é avaliar a necessidade de ações que visem à proteção da lontra, assim como a mitigação de impacto causado.
Maria José Pereira Fernandes (AES Brasil), Giovana Arantes - AES Brasil, Alcéster Diego Coelho Lima, ufersa Mossoró ,

Resumo

O domínio Caatinga tem tido um incremento de novas espécies nos últimos anos, graças a um maior número de estudos que vem sendo realizados, porém, ainda existem lacunas geográficas sobre a sua biodiversidade. Especificamente sobre a diversidade e ecologia de répteis não avianos, ainda existem áreas pouco exploradas. Durante atividades de resgate e monitoramento da fauna silvestre para as obras de implantação do Complexo Eólico Tucano (AES Brasil), nós registramos lagartos da espécie Phyllopezus lutzae entre fevereiro e novembro de 2021. Um total de 141 indivíduos foram registrados no município de Tucano (BA) e apenas um no município de Nova Soure (BA), ambos pertencentes a ecorregião Raso da Catarina e inseridos dentro do Polígono das Secas. Essa espécie até então era conhecida para as áreas de floresta tropical úmida da Mata Atlântica e restingas no Nordeste brasileiro, se distribuindo entre o estado da Paraíba e o Sul da Bahia. Nossos registros em Tucano e Nova Soure ampliam em 151 e 116 km, respectivamente, a distribuição da espécie e se configuram como os primeiros encontros de P. lutzae para a região semiárida. Esses achados revelam que essa espécie habita um domínio ecológico e climático diferente da Mata Atlântica, onde era conhecida até então, além de contribuir com o conhecimento sobre a diversidade de répteis da região semiárida.

Herpetologia
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2729

Avifauna Identificada nos Biomas da Caatinga e Cerrado na Fase de Operação no Complexo Eólico Alto Sertão II da AES Brasil, no Estado da Bahia
Maria José Pereira Fernandes (AES Brasil)

Resumo

O principal objetivo d O Programa de Monitoramento de Fauna realizado no Complexo Eólico Alto Sertão II, localizado no sudoeste da Bahia, tem como objetivo gerar conhecimento sobre a aves nas áreas de influência dos Parques Eólicos da AES Brasil, visando respaldar a adoção de medidas de mitigação quanto à ocorrência de possíveis impactos sobre o grupo faunístico. Também são mensurado a riqueza e ambulância e status de conservação das espécies.

Aves
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2450

O impacto das políticas públicas para o avanço do turismo de observação de aves: o caso de Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Maristela Benites (UFMS/Instituto Mamede), Simone Mamede, Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, Lucilene Oshiro, Agência Municipal de Planejamento Urbano - PLANURB/Campo Grande, Icleia Albuquerque de Vargas, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, UFMS

Resumo

A observação de aves ainda é novidade em grande parte do Brasil, seja na forma de turismo, lazer ou como prática naturalista e educativa. Trabalhos científicos, notícias e relatos de experiências apontam para os efeitos benéficos em múltiplos aspectos, do nível individual ao coletivo, os quais atuam na dinâmica e configuração do socioespaço. Nesse elenco estão a saúde mental, o bem-estar, o turismo, a cultura e finalmente a conservação da biodiversidade. Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, tem se esforçado para se posicionar quanto ao turismo de observação de aves, de modo que várias iniciativas e ações estratégicas têm sido adotadas para despertar o interesse tanto da população geral quanto dos agentes públicos pela avifauna e demais elementos da biodiversidade regional, bem como para subsidiar as tomadas de decisão dos gestores públicos responsáveis pela administração do território legal. No que se refere ao turismo de observação de aves várias iniciativas de políticas públicas foram empreendidas com vistas à implantação e melhoria desse nicho turístico no município e estado, a saber: Lei municipal n. 5.561/2015, que institui a arara-canindé como a espécie simbólica; Lei municipal n. 6.075/2018, que proíbe o corte, derrubada, remoção ou sacrifício de árvores, adultas ou não, onde situam-se ninhos de arara-canindé e arara-vermelha; Lei municipal n. 6.567/2021, que torna Campo Grande a capital das araras e institui o dia 22 de setembro como o Dia Municipal de Proteção das Araras; e a mais recente votada por unanimidade na câmara de vereadores que torna Campo Grande a capital do turismo de observação de aves, lei n. 7.023/2023. Todos esses dispositivos legais consorciados a trabalhos científicos, ações de educação ambiental, projetos de pesquisa científica, ações de educadores que desenvolvem práticas pedagógicas e educativas com o tema aves, além dos eventos temáticos e as passarinhadas, têm contribuído para chamar a atenção pública para o tema das aves e da biodiversidade. Ressalta-se a importância da atuação conjunta e sinérgica de todos esses atores, pois acredita-se que só assim é possível transformar a maneira de pensar e agir em prol do turismo sustentável e do ecoturismo que tem a observação de aves como um dos seus sustentáculos. Ainda que Campo Grande apresente cerca de 400 espécies de aves na área urbana e periurbana, perfazendo aproximadamente 50% da avifauna ocorrente no Cerrado, o que é altamente significativo, possuir ou não a maior riqueza e/ou diversidade de aves do Brasil não está em pauta, mas o quanto o envolvimento e engajamento social, assim como cada avanço em políticas públicas, têm contribuído para a transformação socioespacial e construção de territórios sustentáveis. E se a conservação socioambiental for a nossa finalidade e o nosso ideal, o turismo de observação de aves pode ser o instrumento impulsionador e facilitador desse processo. Como diz o poeta Raul Seixas “é chato chegar a um objetivo num instante [...]”. Portanto, as políticas públicas são importantes nesse processo, mas sempre com a participação popular para a efetividade das mesmas. As implicações e impactos são frutos a serem colhidos com o tempo.

Aves, Ciência cidadã, Fauna urbana, Turismo, Educação Ambiental
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2792

Registro da avifauna de Capela do Alto, SP, Brasil, através da prática de Birdwatching
Murilo Henrique Lara de Oliveira (Prefeitura Municipal de Capela do Alto)

Resumo

Levantamento da avifauna mediante realização de atividades de observação de aves e compilação de dados para o preenchimento da lista de espécies de Capela do Alto/SP.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Fauna urbana
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2828

Projeto Ajuritiba - AvesBJP
Natália Expedita de Andrade (), Kelly Vendramini Pedroso da Cruz, Sérgio Paulo Tuckumantel de Almeida ,

Resumo

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
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2803

Uma experiência em construção no Vale das Águas e Unidades de Conservação na Região Leste de Mato Grosso do Sul
Olácio Mamoru Komori (APOMS), José Lucas Romero Benito - IGR -Vale das Águas, Dione Sales - IMASUL - PEVRI ,

Resumo

O presente relato de experiência tem o objetivo de ampliar as possibilidades de exploração do Turismo de Observação de Aves na região conhecida como Vale das Águas na parte Leste do Estado do Mato Grosso do Sul para além das suas belezas naturais e áreas protegidas. A diversidade de biomas presentes (Cerrado, Mata Atlântica e Várzeas) proporciona ambientes para uma variedade de espécies da avifauna e um riquíssimo potencial a ser explorado pelos apreciadores da arte.

Observação de Aves no Vale das Águas, existe potencial ?

A região leste do Estado do Mato Grosso do Sul, entre os municípios de Mundo Novo e Bataiporã representa hoje o maior e mais significativo remanescente do Rio Paraná não atingido por represas de usina hidrelétricas. Forma um rico bioma composto por ilhas e várzeas com grandes riquezas na terra e na água, podendo abrigar importante espécies da fauna e da flora brasileira. A media em que vai se distanciando das margens do Rio Paraná em direção ao centro do estado, a paisagem vai tomando outras formas, sendo caracterizado por ser uma região de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. Dentro da organização como estratégia das regiões turísticas no Estado do Mato Grosso do Sul, recebe a denominação de Vale das Águas. Desta forma no conjunto os municípios desta região turística abrigam estas três características em seu ambiente: Cerrado, Mata Atlântica e Várzeas. O avanço econômico com a expansão das grandes culturas vem causando impactos irreversíveis ao meio ambiente em várias regiões do estado com a remoção da cobertura vegetal natural para dar lugar ao plantio de soja, milho, cana-de-açúcar e eucalipto. Em meio as extensas áreas de cultivo ainda é possível encontrar ilhas de vegetação natural de cerrado. Um destes espaços no município de Nova Andradina, às margens da Rodovia BR 267 na altura do km 173 encontra se o Assentamento São João formado por um contingente de 180 famílias que desde o ano de 2010 vem construindo o sonho da terra própria em meio aos desafios da sustentabilidade no Bioma Cerrado. Em 2022 como parte das estratégias do Programa Cerrado Circular incentivando o emprendedorismo nos Assentamentos São João e Teijin no município de Nova Andradina, foi dado inicio as primeiras iniciativas pensando a atividade do Turimso Vivencial como gerador de renda. Estas iniciativas foram apoiadas com grande ênfase pela Instância de Governança do Turismo - IGR Vale das Águas, que trouxe dentre outras a observação de aves como possibilidade a ser explorada nos assentamentos da reforma agrária. Desta forma este relato de experiência apresenta as iniciativas realizadas em 5 espaços em municípios da região, para responder a pergunta se existe potencial para transformar a Rota Vale das Águas em roteiros para observadores de aves.

A experiência - O que foi feito

Munidos de binóculos e câmeras fotográficas os autores desta expediência se dispuseram a fazer a verificação in loco nos locais objeto da verificação em datas previamente estabelecidas. A plataforma de registro das listas utilizadas foi o E-Bird. Os horários definidos foram sempre nas primeiras horas da manhã o que variou um pouco devido a época com diferenças no amanhecer, sempre entre 5:00 e 6:00 horas, foi definido um intervalo de 4 horas para a atividade. O trajeto no local foi definido com a ajuda de moradores que também serviram como guia. LOCAL 1 - Assentamento São João - Nova Andradina MS - Bioma Cerrado O Assentamento São João está localizado em meio ao Bioma Cerrado em Nova Andradina MS, as margens da BR 267 na divisa com Nova Alvorada do Sul. A presença das aves é notada e chamam a atenção, pela sua diversidade e características peculiares que as aves alí estão se aproximando. A atividade de observação de aves aconteceu no dia 19 de novembro de 2022 e foi liderados pelos especialistas José Lucas Romero do IGR- Vale das Águas e Dione Sales do IMASUL - Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema e Olácio Komori do Projeto Cerrado Circular. Em um período de pouco mais de 4 horas forma registraram 88 espécies no cerrado local. LOCAL 2 - Parque Natural Municipal de Glória de Dourados - Bioma Mata Atlântica O Parque Natural Municipal de Glória de Dourados é uma Unidade de Conservação criada pelo Decreto Municipal No. 18/2019 de 27 de março de 2019. Possui uma área de 19,6215 hectares com características do Bioma Mata Atlântica e foi concebida com os seguintes objetivos norteadores: 1) Restauração e preservação do Bioma local, 2) Realização de estudos e pesquisas científicas; 3) Educação Ambiental da comunidade; 4) Visitação pública. A presença das aves também tem sido notada cada vez mais, pois na medida em que avançam as ações de restauração ambiental são criadas condições de abrigo e proteção. Tucanos, periquitos, maracanãs, canários, pica paus, tico-ticos e muitos outros são presença constante e fazem parte deste trabalho de catalogação em curso que esta sendo realizado pelo CETAF com o apoio do Clube de Observação de Aves - COA Grande Dourados. É possível a realização de atividades de observação de Aves mediante agendamento com a coordenação do Parque. LOCAL 3 - Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema PEVRI - Bioma Mata Atlântica e Várzeas O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema possui 73.345,15 hectares localizados na Bacia do Rio Paraná, abrangendo os municípios de Jateí, Naviraí e Taquarussu. Criado em 1998 como medida compensatória da Usina Hidrelétrica Eng. Sérgio Motta/CESP. Hoje, o parque tem estrutura para receber pesquisadores de varias áreas e está sendo adequado para receber visitação publica. Já foram catalogadas no PEVRI 235 espécies da avifauna, com predominância para espécies de ambientes de várzeas. A atividade realizada no dia 08 de outubro de 2022 como parte das atividades do Big Day daquele ano onde foram registrados 161 espécies mostra o potencial que o parque tem para as atividades de observação de aves. A experiência vivenciada pelos autores em atividades de observação no PEVRI, aconteceu no dia 24 de julho de 2022 onde durante um período foram registradas 86 espécies que constam de lista no E-bird. LOCAL 4 - Assentamento Bela Manhã - Taquarussú MS - Bioma Mata Atlântica e Várzeas Localizado no município de Taquarussu MS, um dos integrantes da região Turística Vale das Águas o Assentamento Bela Manhã foi criado no ano de 2005, ocupando uma área de 1.862 hectares onde 102 famílias foram assentadas pelo INCRA. O Bioma local formado por fragmentos de mata atlântica entremeados por lagoas e áreas de várzeas inundáveis em épocas de chuvas. No que diz respeito a paisagem presente na região do assentamento podemos dizer que é privilegiada com vários ambientes de grande beleza e riquezas naturais pois faz divisa com as várzeas do Rio Ivinhema, com as Veredas de Taquarussú e está bem próximo ao Portal de Taquarussu da entrada do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema. A experiência dos autores aconteceu no dia 01 de abril de 2023 a partir das 5:00 horas, foi chamada de Expedição Taquarussu onde percorreram alguns ambientes com sinais da presença de aves, que a todo momento também cruzavam os céus do assentamento. Ao todo foram registrados 113 espécies em 6 listas distintas para organizar o potencial de cada trecho observado. LOCAL 5 - Parque Natural Municipal de Naviraí - Naviraí MS - Bioma Mata Atlântica e Várzeas O Parque Natural Municipal de Naviraí é o maior parque natural municipal do Brasil, com uma área de 16.241,27 hectares. Criado em 2009, tem por objetivo preservar o meio ambiente, a diversidade biológica, os ecossistemas naturais, proteger belezas cênicas e espécies em perigo e ameaçadas de extinção. Localiza-se no Bioma de Mata Atlântica, rico em áreas úmidas e várzeas pela proximidade com o Rio Paraná e seus afluentes. A experiência aconteceu no dia 10 de dezembro de 2022 onde os autores com o suporte da Gerencia do Meio Ambiente do município de Naviraí percorreram de veículo as áreas úmidas e fragmentos de matas num total de 28 quilômetros de percurso durante o período. Ao todo foram registrados 114 espécies da avifauna local.

Resultados quantitativos e Conclusões

Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema - 86 espécies observadas Parque Natural Municipal de Glória de Dourados - 56 espécies observadas Assentamento São João Nova Andradina - 88 espécies observadas Parque Natural Municipal de Naviraí - 115 espécies observadas Assentamento Bela Manhã Taquarussu - 113 espécies observadas. CONCLUSÃO: Tendo como base as experiências vivenciadas, foi possível comprovar o tamanho do grande potencial que a região turística Vale das Águas e as Unidades de Conservação tem para a atividade de Observação de Aves. Além do considerável quantitativo observado em cada local, algumas espécies já despertam a atenção dos observadores da região como o Tricolino - Pseudocolopteryx sclateri observado com certa freqüência no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema - PEVRI, o Rapazinho-do-chaco - Nystalus striatipectus encontrado com certa facilidade no Parque Natural Municipal de Glória de Dourados e em outros locais. As atividades de prospecção realizadas, também tem despertado o interesse e ganhado novos observadores na região, além da iniciativa do governo municipal de Taquarussu que já estabeleceu metas de tornar a observação de aves um impulsionador do Turismo no Município. O apoio do IGR - Vale das Águas como instância de governança para as ações de Turismo, tem sido fundamental para criar a visão de integração regional, visto que tanto as paisagens naturais quanto os vôos das aves, não conhecem os limites políticos e geográficos municipais, e isso é crucial para o planejamento do turismo regional.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, Turismo, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
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2818

Composição, ameaças e conservação da avifauna em cinco áreas de usinas eólicas no Nordeste do Brasil
Paulo de Barros Passos Filho (E-Fauna), Maria José Pereira Fernandes

Resumo

A região Nordeste do Brasil possui um grande potencial eólico. Recentemente, a energia eólica vem aumentando consideravelmente, sendo responsável, em grande parte, pela energia no Nordeste do Brasil em épocas de estiagens. Contudo, a captação da energia eólica gera impactos diretos para alguns grupos de aves e morcegos. Mas, antes de conhecer os impactos, é importante saber quais são as espécies de aves que ocorrem nas áreas das usinas. O presente estudo teve por objetivos analisar a composição da avifauna existente em cinco áreas onde existem usinas eólicas em operação na região Nordeste, além de verificar alguns dos aspectos de que as ameaçam e sugerir propostas para a conservação das mesmas. O Complexo Eólico Alto Sertão II, engloba 15 parques eólicos agrupados por áreas, denominadas como Áreas 5, 8, 9, 13-A e 13-B localizadas nos municípios de Caetité, Guanambi, Pindaí e Igaporã. Os parques estão inseridos no domínio Caatinga e Cerrado. Foram realizadas 16 campanhas distribuídas entre as estações seca e chuvosa, nos anos de 2013 e 2023. Ao todo foram registradas 215 espécies pertencentes a 21 Ordens e 47 Famílias. Duas espécies estão ameaçadas de extinção: Phylloscartes roquettei e Penelope jacucaca, e cinco classificadas como quase ameaçadas: Hylopezus ochroleucos, Porphyrospiza caerulescens. Primolius maracana, Synallaxis hellmayri e Neothraupis fasciata. Quanto aos endemismos foram assinaladas 18 espécies endêmicas da Caatinga e cinco para o Cerrado. Como migrantes, foram registradas duas espécies para o Hemisfério Norte e uma para o Sul da América do Sul. A riqueza de espécies atesta a importância dessas áreas para a manutenção da avifauna, especialmente para os táxons ameaçados e endêmicos da Caatinga e do Cerrado.

Introdução

A região Nordeste do Brasil possui um grande potencial eólico (Amarante et al., 2001). Recentemente, a energia eólica vem aumentando consideravelmente, sendo responsável, em grande parte, pela energia no Nordeste do Brasil em épocas de estiagens (Bezerra & Santos, 2017). Contudo, a captação da energia eólica gera impactos diretos para alguns grupos de aves e morcegos (Kunz et al., 2007; Martin, 2011). Mas, antes de conhecer os impactos, é importante saber quais são as espécies de aves que ocorrem nas áreas das usinas. O presente estudo teve por objetivos analisar a composição da avifauna existente em cinco áreas onde existem usinas eólicas em operação na região Nordeste, além de verificar alguns dos aspectos de que as ameaçam e sugerir propostas para a conservação das mesmas.

Desenvolvimento e métodos

O Complexo Eólico Alto Sertão II, engloba 15 parques eólicos agrupados por áreas, denominadas como Áreas 5, 8, 9, 13-A e 13-B localizadas nos municípios de Caetité, Guanambi, Pindaí e Igaporã. Os parques estão inseridos no domínio Caatinga e Cerrado. Foram realizadas 16 campanhas distribuídas entre as estações seca e chuvosa, nos anos de 2013 e 2023. As espécies foram detectadas utilizando-se binóculos, máquinas fotográficas, câmeras trap, redes de neblinas, gravadores e microfones direcionais. As espécies capturadas foram marcadas com anilhas fornecidas pelo CEMAVE e, posteriormente, liberadas no mesmo local. Os táxons ameaçados de extinção foram considerados de acordo com as listagens nacionais e globais (MMA, 2022; IUCN, 2022). Os endemismos da Caatinga foram aqueles presentes em Stotz et al. (1996), Sick (1997) e Olmos et al. (2005); os endemismos do Cerrado seguiram Silva & Bates (2002) e Braz & Hass (2014); os migrantes estão de acordo com Stotz et al. (1996) e Sick (1997).

Resultados

Ao todo foram registradas 215 espécies pertencentes a 21 Ordens e 47 Famílias. Duas espécies estão ameaçadas de extinção: Phylloscartes roquettei e Penelope jacucaca, e cinco classificadas como quase ameaçadas: Hylopezus ochroleucos, Porphyrospiza caerulescens. Primolius maracana, Synallaxis hellmayri e Neothraupis fasciata. Quanto aos endemismos foram assinaladas 18 espécies endêmicas da Caatinga e cinco para o Cerrado. Como migrantes, foram registradas duas espécies para o Hemisfério Norte e uma para o Sul da América do Sul. A riqueza de espécies atesta a importância dessas áreas para a manutenção da avifauna, especialmente para os táxons ameaçados e endêmicos da Caatinga e do Cerrado; contudo, alguns dos endemismos apontados nesse trabalho também ocorrem em outros domínios. Como esses endemismos são, em sua maioria, espécies que habitam o interior das florestas, não devem estar sendo impactadas diretamente pelos aerogeradores. Além de colisões e de outros impactos gerados de ordem direta ou indireta pelos aerogeradores, há, ainda, aqueles que são ocorrentes na caatinga, como o desmatamento, a caça ilegal e a captura de aves silvestres. No entanto, nos limites dos parques eólicos todas essas ações são proibidas. A implementação de Unidades de Conservação particulares talvez seja uma boa alternativa para a conservação da avifauna, pois esse tipo reservas, se bem gerida, pode assegurar a conservação dos táxons endêmicos e ameaçados de extinção (Oliveira et al., 2010); além disso, deve haver mais ações dos órgãos ambientais para coibir a caça, pois em algumas áreas foram observados caçadores. Concluímos, que os locais onde está situado o complexo eólico é importante para a conservação da avifauna, com muitos táxons endêmicos e alguns ameaçados de extinção, e que medidas conservacionistas devem ser tomadas para assegurar a proteção dessas.

Aves, Conservação, Divulgação científica
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2674

Verificação dos critérios de ameaça da IUCN para duas espécies de beija-flores andinos
Rachel Augusta Monteiro Fidelis (Departamento de Ecologia, Universidade de Sao Paulo), Silvana Buzato, Departamento de Ecologia, USP

Resumo

Beija-flores são aves diversas com mais de 300 espécies ocupando desde planícies úmidas até florestas secas de altitude nas Américas. Apresentam adaptações comportamentais e morfológicas relacionadas à sobrevivência em gradientes ecológicos, de forma que variações de condições ambientais têm forte correlação com a dinâmica populacional desses organismos. O grupo sofre crescentes ameaças ambientais por perda de habitat e mudanças climáticas, potencializado pela distribuição restrita e alta especialização. Atualmente, 60% das espécies de beija-flores estão em declínio populacional, mas apenas 10% são consideradas ameaçadas pela Lista Vermelha da IUCN, a maior ferramenta de acesso ao risco de extinção das espécies. Investigamos as possibilidades de ameaça de duas espécies-irmãs de beija-flores, Coeligena lutetiae e Coeligena orina, que são evolutiva e ecologicamente próximas, divergindo no status ameaça pela IUCN. Determinamos a distribuição de ambas as espécies, através da construção de banco de dados de registros de ocorrência provenientes do Global Biodiversity Information Facility (GBIF). Análises comparativas entre as espécies para área de distribuição, elevação, médias de temperatura máxima e mínima anual e pluviosidade anual total indicam que C. orina ocupa área 14 vezes menor que C. lutetiae, mas que as densidades populacionais nas áreas de ocorrência são semelhantes. Exceto para temperatura mínima, as duas espécies apresentam diferenças quanto à elevação em que ocorrem e nas variáveis ambientais pluviosidade e temperatura máxima: Coeligena orina ocorre em áreas de maior pluviosidade (c. 1900 mm/ano) e menor temperatura (c. 13o C) que Coeligena lutetiae. Considerando as análises feitas até o momento, podemos dizer que ambas espécies ocorrem em baixa densidade e em condições ambientais distintas e particulares que fazem com que diferenças na extensão das áreas de ocorrência subestime o status de ameaça de cada espécie. (Apoio: FAPESP).

Aves, Conservação, Ecologia
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2363

Projeto "Tu que tanto anda no mundo, Sabiá"
Rafaela Bisacchi (Colégio Pedro II), Perseu Silva, Liliane Nogueira ,

Resumo

Em 2021, três docentes se juntaram para realizar o projeto de ensino “Tu que tanto anda no mundo, sabiá: educação ambiental através da observação de aves para ressignificar as relações”, voltado para crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, utilizando a observação de aves como uma ferramenta da Educação Ambiental. O Projeto Sabiá acontece no contraturno do horário regular dos estudantes, já teve duas edições durante o ensino remoto e, em 2022, participaram crianças de 9 e 10 anos de idade, formando a terceira turma com atividades presenciais. Ao longo dos encontros são abordados diversos temas, tais como: morfologia, dimorfismo, reprodução, voo, migração, alimentação, canto, aves em gaiolas, ambiente em que vivem, aves na cultura (música, texto, poema, livros, etc.), aplicativo e sites, além da observação e identificação de aves. Durante esse anos recebemos diversas visitas, tanto nos grupos virtuais quanto no presencial, desde jovem observador a ornitólogas(os). O projeto tem sido fonte de muita aprendizagem e alegria para todas e todos participantes. Não é raro escutarmos relatos de docentes, bem como de responsáveis das crianças, sobre como o projeto tem estimulado esse olhar mais sensível, perceptivo e de conexão com a natureza. Por ser um projeto, com um número menor de estudantes do que uma turma convencional, é possível ouvir a todas e todos, e assim pensar juntos os caminhos. Assim, entendemos que somos parte da natureza e a ela pertencemos, e reafirmar isso a todo momento, inclusive, no processo educativo, é importante se vislumbramos a superação dessa relação utilitarista, de dominância, construída ao longo do tempo e aprofundada pelo pensamento colonial moderno dentro do modo de produção capitalista.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
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2751

Observação de aves como ferramenta pedagógica de EA no Bioma mata Atlântica RJ
Renata dos Santos Pinto (Universidade do Rio de Janeiro), Ana Luiza Gonçalves Dias Mello, PPGEDU-FFP, Vanessa Correa Balochini, UERJ, Rita Leal Paixão, UFF, Ricardo Tadeu Santori, UERJ,

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar a percepção de estudantes acerca da Mata Atlântica e propor uma abordagem de ensino para as aulas de Ciências que incentiva o contato com a natureza através da observação de aves, a fim de promover a construção do sentimento de pertencimento ao bioma no qual os alunos estão inseridos. A proposta foi desenvolvida com alunos de uma escola de São Gonçalo, Rio de Janeiro, situada na Área de Proteção Ambiental do Engenho Pequeno, e envolveu duas aulas interativas em sala com a utilização de recursos visuais e uma saída de campo para dois ecossistemas de Mata Atlântica – manguezal e floresta –, ambos no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói. A interação dos alunos durantes as aulas e a saída de campo para a observação de aves, assim como os questionários aplicados em sala, foram analisados qualitativamente, a fim de investigar a percepção dos alunos sobre o ambiente em que vivem e, a partir disso, traçar uma abordagem capaz de despertar o sentimento de pertencimento à Mata Atlântica. Após a aula inicial, os resultados demonstraram que os alunos detêm pouco conhecimento sobre o bioma em que vivem e apresentaram dificuldade em se enxergar como parte do mesmo. Assim, as intervenções posteriores buscaram romper com essa barreira entre sociedade e natureza, com resultados promissores quanto à compreensão dos alunos acerca das dinâmicas ecológicas que movem a Mata Atlântica e as relações socioambientais que envolvem a relação do homem com o ambiente em que vive.

Introdução

O presente trabalho teve como objetivo investigar a percepção de estudantes acerca da Mata Atlântica e propor uma abordagem de ensino para as aulas de Ciências que incentiva o contato com a natureza através da observação de aves, a fim de promover a construção do sentimento de pertencimento ao bioma no qual os alunos estão inseridos.

Desenvolvimento

A proposta foi desenvolvida com alunos de uma escola de São Gonçalo, Rio de Janeiro, situada na Área de Proteção Ambiental do Engenho Pequeno, e envolveu duas aulas interativas em sala com a utilização de recursos visuais e uma saída de campo para dois ecossistemas de Mata Atlântica – manguezal e floresta –, ambos no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói. A interação dos alunos durantes as aulas e a saída de campo para a observação de aves, assim como os questionários aplicados em sala, foram analisados qualitativamente, a fim de investigar a percepção dos alunos sobre o ambiente em que vivem e, a partir disso, traçar uma abordagem capaz de despertar o sentimento de pertencimento à Mata Atlântica.

Resultados e conclusões

Após a aula inicial, os resultados demonstraram que os alunos detêm pouco conhecimento sobre o bioma em que vivem e apresentaram dificuldade em se enxergar como parte do mesmo. Assim, as intervenções posteriores buscaram romper com essa barreira entre sociedade e natureza, com resultados promissores quanto à compreensão dos alunos acerca das dinâmicas ecológicas que movem a Mata Atlântica e as relações socioambientais que envolvem a relação do homem com o ambiente em que vive.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Turismo, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
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2815

Efeito Terapêutico do Birdwatching na Saúde Mental
Rita de Cassia de Carvalho (Enfermeira sanitarista aposentada)

Resumo

Em 2018, PATRÍCIO, K.P., LEÃO, E.R. e col. realizaram uma pesquisa com 494 observadores de aves que frequentaram o Congresso Avistar Brasil. Em relação ao impacto do Birdwatching (Observação de Aves) em sua saúde, 94% relataram perceber impactos, sendo na Saúde Mental (81,5%), saúde física (20%), geral (18,5%) e social (6,5%). Em 2022, HAMMOUD, R., TOGNIN, S. et al. realizaram pesquisa com 1292 participantes e concluíram que o Birdwatching traz benefícios à saúde mental de pessoas com ou sem a depressão. Iniciei o tratamento para a depressão e a ansiedade em 2003 e em 2016 descobri o Birdwatching. Eu volto renovada, energizada e feliz da observação de aves livres, com a mente mais aberta. Fico impressionada como esta atividade desobstrui minha percepção às vezes tão fechada da realidade. Eternizar o momento de uma ave com a Fotografia, tratar a foto e publicá-la no Wikiaves e redes sociais são também atividades extremamente prazerosas! Posso afirmar que o Birdwatching é um coadjuvante para meu tratamento, auxiliando nas relações salutares com o meio ambiente e com a sociedade. Agradecimentos ao ornitólogo Dr. Mario Cohn-Haft e às enfermeiras Elizabeth (Liz) Leão e Regina Tomie Watanabe pelos esclarecimentos prestados, e ao arquiteto e designer gráfico Ricardo Borges pela realização deste banner.

Aves, Divulgação científica, Fotografia, Vida ao ar livre
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2846

O Efeito Terapêutico do Birdwatching na Saúde Mental
Rita de Cassia de Carvalho (Enfermeira Sanitarista aposentada)

Resumo

O resumo já foi enviado, estou enviando abaixo o pôster a ser apresentado!

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2400

Você conhece essa ave? Etnopassarinhar com a Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso, Tocantins
Simone Mamede (Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo/UFT), Maristela Benites, Instituto Mamede/UFMS, Luiz Felipe da Cunha Brandão, UFT Arraias, Alice Ribeiro, UFT Arraias, Mayara Cristina Joaquim, UFT Arraias, Allan Rodrigues Martins, Associação da Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso

Resumo

A história nos conta as várias maneiras adotadas pelos povos para se relacionar com a natureza. Conforme o grau de familiaridade e interação, os elementos tornavam-se tão conhecidos a tal ponto de serem conhecidos e receberem um nome. Assim, pode-se inferir que o valor era atribuído pelo grau de interação e o impacto resultante na vida e realidade objetiva dessas populações. Algumas dessas histórias estão públicas, outras não. Cada maneira de agir frente a essas espécies não é apenas curioso, mas instigante, admirável e revela várias simbologias: as marcas de um tempo histórico, as representações dos espaços de vida, as maneiras de se lidar com os desafios e limites do ambiente, as formas de convivência entre pessoas e com os elementos da biodiversidade, as práticas culturais, enfim a ontologia multifacetada do ser social. Em diálogos com a Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso (Arraias/Tocantins) para a implantação do projeto de Turismo de base comunitária associada ao turismo de observação de aves, os moradores destacaram espécies conhecidas pelo nome, conhecidas e sem nome e as nunca vistas e/ou ouvidas. Das cem espécies apresentadas 78 tinham nome, algumas tinham nome, mas eram conhecidas apenas auditivamente, sem nunca terem sido vistas, como é o caso das corujas (caburé e murucututu). Foram poucas as espécies de menor porte destacadas como conhecidas e nomeadas, sendo a maioria nunca vista (22%). Algumas, como os beija-flores, recebem apenas o nome geral de beija-flor, sem distinção específica. Portanto, os vários conheceres, saberes e fazeres podem ser compreendidos a partir da relação entre os diferentes grupos sociais humanos e as aves coexistentes no território e essa aproximação pode ser feita a partir da observação de aves, o etnopassarinhar. A ciência sistematizada em encontro com outras formas de saber concorre para a ampliação do conhecimento sobre a natureza com implicações na valorização dos povos, dos elementos da sociobiodiversidade e da própria ciência.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Educação Ambiental
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2744

PROJETO OLHA O PASSARINHO!: A EXPERIÊNCIA DE OBSERVAR AVES NO AMBIENTE ESCOLAR
Stefania da Silva Gorski (Universidade Federal de Santa Maria), Everton Rodolfo Behr, Universidade Federal de Santa Maria, Marilise Mendonça Krügel, Universidade Federal de Santa Maria, Maria Eduarda Cesar Salvador, Universidade Federal de Santa Maria, Raphaela Ponsi da Silva, Universidade Federal de Santa Maria, Ana Paula Nascimento Kucera, Universidade Federal de Santa Maria

Resumo

O projeto Olha o Passarinho, é uma atividade de extensão desenvolvida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desde 2011 e possui o objetivo de difundir a biodiversidade de aves da região e colaborar com a educação ambiental e o ensino de ciências, principalmente nas escolas. Para isso, é feita uma palestra e um momento de prática com o uso do binóculo. No retorno a sala de aula é distribuído para cada participante, um conjunto de 25 cartinhas ou livreto com espécies comuns na região.

Introdução

A observação de aves é uma prática consolidada ao redor do mundo e que tem forte inserção na promoção do ecoturismo, na conservação das aves e de seus ambientes e, mais recentemente, com a ciência cidadã. Oportunizar a observação de aves aos alunos do ensino fundamental é o propósito do projeto “Olha o Passarinho!”, uma ação de extensão da Universidade Federal de Santa Maria, com início em 2011. O projeto atua na educação ambiental e na divulgação da biodiversidade de aves da região central do Rio Grande do Sul. Foi idealizado a partir de experiências que apontaram a necessidade de ampliar os saberes dos alunos do ensino fundamental sobre meio ambiente utilizando práticas educacionais não formais. Apresenta caráter multiplicador à medida que tem a possibilidade de atingir centenas de crianças e de sensibilizá-las e educá-las ambientalmente utilizando como ferramenta principal a observação de aves. Também é uma atividade democrática porque pode chegar a qualquer escola e atender crianças e adultos de todas as classes sociais. O projeto “Olha o passarinho!” permite a promoção dos princípios da ciência cidadã uma vez que os estudantes podem assumir um papel ativo no monitoramento da avifauna urbana/rural no espaço escolar e divulgar os resultados das suas atividades de campo em plataformas específicas para este fim como o eBird, iNaturalist e o WikiAves. Assim, de forma lúdica, participativa e interativa, o projeto desperta o interesse e convida a observação das aves em liberdade, a refletir sobre a caça ilegal e o tráfico de animais e apreciar a natureza sob uma nova perspectiva.

Desenvolvimento

O projeto tem sido desenvolvido principalmente com alunos do 3º ao 6° ano do ensino fundamental da rede de ensino pública e particular. As atividades estão organizadas em três momentos :i) palestra abordando temas como a importância das aves no ambiente (dispersão de sementes e polinização, por exemplo); a riqueza de espécies no estado e na região; problemas como a caça, a captura ilegal e a destruição dos ambientes naturais; ii) orientação e realização da prática de observação de aves no pátio da escola ou em áreas adjacentes utilizando binóculos 8X40; iii) retorno a sala de aula para troca de experiências e distribuição, a cada participante, de material didático que pode ser um conjunto de 25 cartinhas ou livreto com fotos e descrição de espécies comuns na região central do estado.

Resultados

O projeto “Olha o passarinho!”, ao longo de 11 anos de atuação, atingiu cerca de cinco mil e quinhentos estudantes, em setenta e duas escolas de dezessete municípios do Rio Grande do Sul. Durante a atividade percebe-se um grande engajamento das crianças durante a palestra, onde elas compartilham suas vivências e opiniões sobre os temas em discussão. Ainda, o uso do binóculo proporciona muita alegria e entusiasmo pois a natureza se mostra sob uma nova perspectiva. As experiências oportunizadas contribuem com o conteúdo formal de ciências bem como reforçam a importância das aves e seu papel nos serviços ecossistêmicos aliado ao entendimento, reflexão e sensibilização para a necessidade de conservação da natureza.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Fauna urbana, Educação Ambiental
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2760

Como detectar colisões de aves em vidraças: a minha vidraça é mortal?
Stephanie Jin Lee (Universidade Federal de São Carlos - campus Sorocaba)

Resumo

Um estudo de detecção de colisões de aves em vidraças está sendo realizado na UFSCar Sorocaba por meio da coleta de evidências que incluem carcaças, manchas nos vidros, pilhas de penas e observações, totalizando 72 evidências registradas desde novembro de 2022. As carcaças são as evidências mais concretas das colisões, porém em casos de colisões não fatais ou perda das carcaças por degradação, as manchas e penas complementam os dados, aumentando a acurácia da estimativa do número de colisões.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
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Guia de observação de aves no Jardim Botânico SP
Vincent Bosson

Resumo

Sou fotógrafo francês radicado em São Paulo há 10 anos. Em 2020, participei de um curso de observação de aves organizado pela Save Brasil e, desde então, fiz várias visitas ao Jardim Botânico com o objetivo de me familiarizar com a flora e fauna locais. Em 2023, desenvolvi um projeto de observação de aves para famílias, divertido e educativo: uma caça ao tesouro, com desafios para identificar aves, usando QR codes para ler com o celular; procurar um ninho, memorizar uma vocalização, encontrar penas... Estou matriculado no curso de guia turístico ETEC em 2023. Instagram : @aves.jardimbotanico.sp

Aves, Ciência cidadã, Crianças e Natureza, Fauna urbana, Fotografia, Turismo, Educação Ambiental
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