Resumo dos trabalhos apresentados para revisão

PALESTRAS


2763

Monitoramento o presente, preservando o futuro: um documentário sobre o passado, o presente e o futuro da biodiversidade visto através dos dados
Affonso Henrique Nascimento de Souza (OAMa), Augusto Gomes, Luiza Figueira Rodrigues ,

Resumo

O OAMa apresenta o curta-documentário “Monitorando o presente, preservando o futuro” que utiliza imagens captadas em campo, em uma estação de pesquisa na Serra da Mantiqueira, para contar a sociedade como é feito o estudo de aves a partir da técnica do anilhamento no Brasil. Além disso, o documentário discute como o estabelecimento desse método em estações de pesquisa a longo prazo pode contribuir com novas descobertas na Ciência, nas políticas públicas e na formação de ornitólogos e cidadãos.

O poder dos dados

O monitoramento padronizado de longo prazo é uma das principais abordagens científicas na área de Ecologia capaz de permitir avaliar as alterações na biodiversidade decorrentes das mudanças ambientais. Dados biológicos coletados ao longo de anos podem revelar os efeitos e interações das ações humanas sobre o meio ambiente. No OAMa, o monitoramento padronizado de aves a longo prazo é tratado como um ativo científico e educacional. Isto porque, para além de apenas acumular dados, visamos, também, demonstrar a importância do monitoramento para a proposição de políticas públicas, para o avanço e popularização da Ciência de base, na capacitação de novos pesquisadores e na educação ambiental dos cidadãos. No Brasil, alguns programas de monitoramento da biodiversidade já produziram resultados de grande impacto, como o Programa de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF); o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio); e o Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração. Esses programas possuem abrangência nacional e incluem diversos pesquisadores e instituições vinculadas, sendo fonte de formação de jovens pesquisadores e incubadoras de novas publicações científicas. Foi a partir da gestão de projetos nos sítios monitorados por esses programas que o Brasil começou a apresentar séries históricas de dados em biodiversidade, tornando possível a obtenção de resultados mais robustos e o uso de dados científicos em políticas públicas.

Mas, como se faz ciência?

Como pesquisadores, conhecemos de perto a realidade de alguns destes programas, incluindo a importância da padronização metodológica e o papel na formação de novos cientistas.Embora valiosas essas iniciativas são desconhecidas pela maioria da sociedade brasileira. Hoje, entendemos que parte das dúvidas que os cidadãos têm sobre ciência provém do desconhecimento de como ela é feita. Essa percepção é o que guia o OAMa, como organização, a se dedicar em falar cada vez mais sobre Ciência com e para pessoas comuns. Se a população compreender como os cientistas trabalham e coletam dados, elas perceberão o valor intrínseco dos projetos de longa duração e a robustez de seus resultados. Mas essa não é uma tarefa fácil, especialmente para biólogos treinados em comunicar Ciência unicamente para seus pares. Por isso, estamos cada vez mais interessados em falar de Ciência com Arte, acreditando que o caminho do sensível e dos sentidos facilita a conscientização ambiental da sociedade.

Na tela: um dia de campo

A linguagem cinematográfica é capaz de dialogar com públicos diversos e já vem sendo extensamente utilizada na área ambiental como ferramenta de educação e divulgação científica. Os documentários são excelentes meios de narrar histórias de instituições e processos através de um conteúdo atrativo, fluido, dinâmico e didático, capaz de despertar a curiosidade e gerar engajamento e debate. Uma vez que o monitoramento de aves, assim como todas as atividades a ele relacionadas, não é estático, por envolver tarefas dinâmicas e uma ampla gama de histórias, trocas, diálogos e pessoas engajadas, apresentaremos ao público no Avistar um curta documentário de 13 minutos que conta a história de como o Observatório de Aves da Mantiqueira pretende contribuir com a Ciência nacional a partir da capturas e recapturas de aves marcadas com anilhas numeradas. Os pesquisadores do OAMa estarão dispostos a responder perguntas do público ao final da exibição. O OAMa é uma organização expositora na feira do Avistar 2023.

Aves, Arte e cultura, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, Tecnologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2748

Ações Pró-Aves: gerando impactos positivos para a conservação e coexistência com as aves
Affonso Henrique Nascimento de Souza (OAMa), Otávio Rocha, Rafaela Vitti Ferneda, Andreza de Freitas Nunes Oliveira, Luiza Figueira Rodrigues,

Resumo

As aves sofrem impactos diretos e indiretos de ações humanas. Novos hábitos, costumes e alterações na paisagem afetam continuamente a biodiversidade. Parte destas ações são de caráter coletivo, porém algumas mudanças nos hábitos individuais podem impedir a morte de centenas de aves. A campanha ações Pró-Aves apresenta alguns dos problemas que afetam as aves, como a colisão com vidros, a predação por pets, a poluição sonora, entre outros, e que podem ser mitigados com ações simples de cada um.

O declínio das aves

Ano após ano, populações de aves sofrem impactos diretos e indiretos de ações humanas. Esse efeito negativo e aparentemente inesgotável da nossa existência sobre o meio ambiente, pode ser associado ao crescimento populacional, à expansão das cidades e aos avanços tecnológicos que inserem novos hábitos, costumes e alterações na paisagem. Séculos atrás, a caça de espécies para esporte ou para o consumo, levou à extinção o dodô (Raphus cucullatus) e o pombo-viajante (Ectopistes migratorius). Na década de 1970, pesquisadores e ambientalistas começaram a observar os efeitos dos pesticidas, como o DDT, sobre as populações de falcão-peregrino (Falco peregrinus anatum). Atualmente, milhões de aves morrem todos os anos ao colidirem com prédios espelhados e janelas de vidro ou são caçadas por pets, como gatos-domésticos. Um estudo recente, baseado em monitoramentos de aves na América do Norte, estima que houve um declínio de 29% no número de aves desde 1970. Embora grande parte destas ações sejam de caráter coletivo, algumas mudanças nos hábitos individuais de cada pessoa ou organização podem impedir a morte de centenas de aves ou a extinção de espécies e habitats.

O ecossistema desbalanceado

A diminuição das populações de aves em qualquer local será seguida pelo declínio nos serviços ecossistêmicos que elas realizam. Isso significa que, embora seja difícil estimar exatamente as consequências que a ausência de algumas aves terão nos ecossistemas, é possível inferir que processos ecológicos importantes para a manutenção da biodiversidade, como a dispersão de sementes, a polinização e o controle de insetos, serão afetados. Nós temos uma responsabilidade maior do que podemos imaginar no processo de perda dessa biodiversidade, uma vez que nosso modo de vida interfere diretamente na existência e resistência de tudo o que tem vida ao nosso redor. Querendo ou não, fazemos parte de um (eco)sistema onde todos os seres ali presentes interagem entre si para que “a natureza siga o seu fluxo”. Nesse sentido, ações individuais e culturalmente vigentes podem alterar gradativamente o comportamento e a dinâmica biológica das aves silvestres em escala local. De modo indireto, tais efeitos se prolongam sobre a manutenção da biodiversidade, uma vez que as aves interagem com outros organismos, como as plantas, por exemplo.

Vivendo pró-aves

Qualquer interferência nesse sistema, como a introdução de animais domésticos, o uso indiscriminado de luzes artificiais ou mesmo vidros em construções, gera consequências. Por isso que colisões de aves com vidraças, predação de aves por pets, tráfico e engaiolamento, alteração de comportamento devido a poluição luminosa, sonora ou mau uso de comedouros, não devem ser percebidos como “eventos isolados”. São ações negativas que se acumulam diariamente, associadas a uma cultura de distanciamento ambiental humano, reduzindo as populações de aves gradativamente. Com base nisso, o Observatório de Aves da Mantiqueira considera urgente discutir e pensar estratégias para mudar a ótica individual. Promovendo a visão da Coalisão Bird Friendly, acreditamos que todos podem associar ao seu modo de vida algumas ações que favoreçam a conservação das aves e seus habitats. Por isso nosso propósito vai além de apontar os problemas, ele está focado em divulgar soluções para fomentar ações Pró-Aves na vida e no dia-a-dia de todo brasileiro. O OAMa é uma organização expositora na feira do Avistar 2023.

Aves, Ciência cidadã, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2789

Projeto Gravatinha: uma iniciativa para unir o turismo com a conservação da natureza na Chapada Diamantina.
Alan Cerqueira Moura (Projeto Gravatinha), Ciro Albano, BBE- Brazil Birding Experts, Henrique Rajão, JBRJ- Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Cristine Prates, Birding Chapada Diamantina

Resumo

O Parque Nacional da Chapada Diamantina é um dos principais roteiros de ecoturismo do mundo. Milhares de pessoas passam por ele todos os anos, mas pouquíssimas têm garimpado os diamantes alados que habitam suas montanhas. Nossa meta é transformar o Gravatinha, endêmico e ameaçado de extinção, em uma espécie bandeira para o turismo e a conservação da biodiversidade da Chapada Diamantina. Nossa estratégia é popularizar a observação de aves na região e construir um turismo sustentável que conecte mais as pessoas com a natureza e gere oportunidades de renda para as comunidades locais.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2590

Projeto Jacutinga - 07 anos de reintrodução e monitoramento
Alecsandra Tassoni (SAVE Brasil)

Resumo

Considerando-se a alarmante situação de conservação da jacutinga e as constantes pressões ao habitat, a SAVE Brasil iniciou a reintrodução da espécie em 2016. As jacutingas são excelentes dispersoras de sementes, contribuindo com a manutenção das florestas. Em 2022 realizamos mais uma soltura na Serra da Mantiqueira e com isso alcançamos o número de 50 jacutingas devolvidas ao seu ambiente natural. Além disso, tivemos o primeiro registro de nascimento de jacutinga, por um casal reintroduzido e monitorado pelo projeto.

Aves, Botânica, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2230

Potencial do Parque estadual da Chacrinha para a observação de aves.
Alessandro Allegretti (INACEA/COA-RJ), Ana Beatriz Aroeira Soares, Gilberto Soares do Couto

Resumo

O Parque Estadual da Chacrinha (PEC), com 3,7 hectares, está situado no bairro de Copacabana, no município do Rio de Janeiro, na vertente sul do Morro São João, nas coordenadas geográficas 22°57’44'’S e 43°10’48'’W. Inserido no Bioma Mata Atlântica, possui uma fisionomia vegetal caracterizada como Floresta Ombrófila Densa de Baixa Altitude que se encontra em diferentes estágios de regeneração, sendo a área um dos últimos fragmentos florestais do bairro de Copacabana. O PEC é vinculado ao INEA - Instituto Estadual do Ambiente / DIBAP - Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, mas desde janeiro de 2007 é administrado pela Prefeitura do Rio. Na literatura sobre a avifauna do município do Rio de Janeiro encontramos o quantitativo de 410, 475 e 530 espécies nos respectivos levantamentos de Sick (1985), Pacheco (1988) e Maciel (2009). Os números indicam um aumento significativo de espécies listadas nas últimas décadas. Até o presente são listadas 446 espécies de aves para o município do Rio de Janeiro (Wikiaves, 2023). A referida Unidade de Conservação agora está englobada pelo Parque Natural da Paisagem Carioca, com 160 hectares e criado pelo Decreto Municipal nº 37.231 de 05 de junho de 2013. A recente UC reúne também as Áreas de Proteção Ambiental dos morros do Leme, Urubu, Babilônia, São João, Ilha de Cotunduba e o Parque Estadual da Chacrinha. No mês de julho de de 2021 teve início o projeto "LEVANTAMENTO QUALITATIVO DA AVIFAUNA DO PARQUE ESTADUAL DA CHACRINHA, RIO DE JANEIRO- RJ." , que terá a duração de dois anos. Os levantamentos são mensais e diurnos, sendo realizado um noturno a cada seis meses. Os objetivos do projeto são: - Listar as espécies de aves observadas no período de pesquisa, nas categorias residentes, visitantes ou migratórias, exóticas, raras, endêmicas e/ou ameaçadas de extinção (Piacentini et all. 2021); - Servir de base para futuras ações de educação ambiental e ecoturismo; - Publicar artigos científicos e de divulgação ao público; - Subsidiar a confecção de um folheto sobre as aves da UC. Até o mês de março de 2023 já foram identificadas 57 espécies. O PEC está localizado em um bairro turístico da cidade, tem o acesso facilitado à população pela proximidade de uma estação de metrô e de um ponto de ônibus. Além disso, conta com infraestrutura adequada para receber os visitantes e a segurança da guarda municipal. Sendo assim, apresenta os requisitos para se tornar um ponto conhecido para a prática da observação de aves no município do Rio de Janeiro.

Introdução

O Parque Estadual da Chacrinha (PEC), com 3,7 hectares, está situado no bairro de Copacabana, no município do Rio de Janeiro, na vertente sul do Morro São João, nas coordenadas geográficas 22°57’44'’S e 43°10’48'’W. Inserido no Bioma Mata Atlântica, possui uma fisionomia vegetal caracterizada como Floresta Ombrófila Densa de Baixa Altitude que se encontra em diferentes estágios de regeneração, sendo a área um dos últimos fragmentos florestais do bairro de Copacabana. O PEC é vinculado ao INEA - Instituto Estadual do Ambiente / DIBAP - Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, mas desde janeiro de 2007 é administrado pela Prefeitura do Rio. Na literatura sobre a avifauna do município do Rio de Janeiro encontramos o quantitativo de 410, 475 e 530 espécies nos respectivos levantamentos de Sick (1985), Pacheco (1988) e Maciel (2009). Os números indicam um aumento significativo de espécies listadas nas últimas décadas. Até o presente são listadas 683 espécies de aves para o município do Rio de Janeiro (Wikiaves, 2018). O Plano de Manejo do PEC (2006) cita uma lista de aves identificadas em um levantamento preliminar realizado entre os anos de 2001 e 2002, que relaciona 29 espécies. Entre elas estão o gavião-carijó (Rupornis magnirostris), o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) e a lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta). No Monumento Natural do Pão-de-Açúcar (MONA) foram identificadas 113 espécies de aves, entre os anos de 2007 e 2008 (Serpa; Bueno, 2015, p. 196). A referida Unidade de Conservação agora está englobada pelo Parque Natural da Paisagem Carioca, com 160 hectares e criado pelo Decreto Municipal nº 37.231 de 05 de junho de 2013. A recente UC reúne também as Áreas de Proteção Ambiental dos morros do Leme, Urubu, Babilônia, São João, Ilha de Cotunduba e o Parque Estadual da Chacrinha. A proximidade do MONA e a integração do PEC com outras UCs, através da criação do Parque Natural Paisagem Carioca, leva a crer que um estudo mais aprofundado e sistematizado da avifauna local aumentará bastante o número de espécies conhecidas.

Desenvolvimento

No mês de julho de de 2021 teve início o projeto "LEVANTAMENTO QUALITATIVO DA AVIFAUNA DO PARQUE ESTADUAL DA CHACRINHA, RIO DE JANEIRO- RJ." para avaliar o potencial do local para a prática da observação de aves no Município do Rio de Janeiro. O parque foi escolhido para o projeto por estar bem localizado em um bairro turístico da cidade, ter o acesso facilitado à população pela proximidade de uma estação de metrô e de um ponto de ônibus. Além disso, conta com infraestrutura adequada aos visitantes e segurança da guarda municipal. Sendo assim, apresenta os requisitos para se tornar um ponto conhecido para a prática da observação de aves no município do Rio de Janeiro. JUSTIFICATIVA DO PROJETO Ampliar o conhecimento sobre a avifauna do Parque Estadual da Chacrinha. Semelhante ao trabalho no MONA, esta pesquisa aumentará o saber sobre as aves observadas em parques urbanos. OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS GERAL - Gerar subsídios para a revisão e atualização do Plano de Manejo da Unidade de Conservação. ESPECÍFICOS - Listar as espécies de aves observadas no período de pesquisa, nas categorias residentes, visitantes ou migratórias, exóticas, raras, endêmicas e/ou ameaçadas de extinção (Piacentini et all. 2021); - Servir de base para futuras ações de educação ambiental e ecoturismo; - Publicar artigos científicos e de divulgação ao público; - Subsidiar a confecção de um folheto e um cartaz sobre as aves da UC. METODOLOGIA Será realizada uma pesquisa de campo, com duração de dois anos na UC, para um levantamento qualitativo das espécies de aves, através de registros visuais e auditivos, com o auxílio de binóculos, máquina fotográfica com teleobjetiva e gravador. Não haverá coleta de exemplares. O inventário das espécies será realizado através da aplicação do método de pontos de escuta (Vielliard et all, 2010, p.47). Será utilizada, com os devidos cuidados, a técnica do play-back, que consiste em emitir um som previamente registrado para atrair e observar determinadas espécies de aves (Vielliard & Silva, 2010, p. 323). A taxonomia e os nomes populares das espécies identificadas serão baseados na lista do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (Piacentini et al. 2021). Livros especializados irão auxiliar na identificação das espécies observadas (Gwynne et al. 2015; Mello, Mello e Mallet-Rodrigues 2015; Maciel 2009; Sigrist 2009; Sick 1997). Não haverá necessidade de pernoitar na UC, mas será necessário ingressar antes de sua abertura ao público nos trabalhos diurnos e permanecer após o seu fechamento nos trabalhos noturnos. A pesquisa será iniciada no mês seguinte à sua autorização pelo órgão ambiental competente e terá a duração de vinte e quatro meses. Os trabalhos de campo serão realizados uma vez por mês, a partir do início do projeto, em datas e horários previamente solicitados. Trimestralmente será enviado ao órgão gestor da UC um relatório das atividades. As atividades seguirão o cronograma abaixo e os trabalhos de campo serão mensais, com cinco trabalhos de campo seguidos durante o período da manhã (7:00h às 10:00h) e após um noturno (18:00h às 21:00h), totalizando 20 diurnos e 4 noturnos.

Resultado esperado

- Uma listagem de espécies de aves no período estudado com comentários sobre as espécies identificadas, com o intuito de conhecer o potencial do parque para a prática da observação de aves e auxiliar na educação ambiental.

Aves
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1632

Destinos Silvestres | Equador: Pichincha e Napo
Alex Mesquita

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2548

Jornalismo aliado à conservação: relato de experiências de produção de notícias sobre espécies de aves
Alice Sales (Agência Eco Nordeste)

Resumo

A apresentação tem como intenção compartilhar relatos das experiências in loco da Jornalista Ambiental Alice Sales, durante a produção das mais diversas notícias sobre espécies de aves, seus habitats e ações de conservação. Dentre as notícias, publicadas por ela no site da Agência Eco Nordeste, destacam-se reportagens sobre marcos importantes como a reintrodução e incremento de população do Periquito Cara-suja (Pyrrhura griseipectus) nos enclaves de Mata Atlântica do Ceará; a criação de uma população de segurança do Uru-do-nordeste (Odontophorus capueira); a volta da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) à natureza; e uma reportagem especial sobre os 25 anos de descoberta do Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni); além de notícias sobre redutos favoráveis para a observação de aves, no Ceará. A palestra também visa expor como o Jornalismo pode contribuir para a difusão de informações sobre as espécies, principalmente as mais ameaçadas, além de dar voz a projetos de conservação.

Jornalismo aliado à conservação: relato de experiências de produção de notícias sobre espécies de aves

Contando quase 10 anos produzindo notícias sobre assuntos ambientais, a jornalista cearense Alice Sales vem se dedicando a um tema especial no âmbito do meio ambiente: as aves, seus habitats, a prática de observá-las e ações de conservação. Em sua trajetória profissional, Alice vem produzindo notícias sobre as espécies, especialmente as da ornitofauna do Nordeste.

Desenvolvimento

Em um relato de experiências sobre a produção dessas notícias, a jornalista compartilha um compilado dessas reportagens a partir de suas impressões de viagens à campo para conhecer projetos de conservação, observar as aves in loco para escrever sobre elas, assim como entrevistar pesquisadores ligados ao tema. Dentre as notícias, publicadas por ela no site da Agência Eco Nordeste, destacam-se reportagens sobre marcos importantes como a reintrodução e incremento de população do Periquito Cara-suja (Pyrrhura griseipectus) nos enclaves de Mata Atlântica do Ceará; a criação de uma população de segurança do Uru-do-nordeste (Odontophorus capueira); a volta da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) à natureza; e uma reportagem especial sobre os 25 anos de descoberta do Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni); além de notícias sobre redutos favoráveis para a observação de aves, no Ceará.

Conclusão

O trabalho ressalta a importância do fazer jornalístico como aliado à conservação, uma vez que por meio das reportagens se difunde informações sobre as aves, seus habitats e serviços ecossistêmicos, a relação entre homem e a natureza, além de fortalecer e dar voz às ações de conservação.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Fotografia, Trip report
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2697

Flores e espinhos nos Jardins da Arara de lear - como a comunidade e o turismo contribuem num projeto de conservação
Marlene Reis (Jardins da Arara de Lear ), Marlene Reis , Dalila Mouta , Lourinho Reis

Resumo

Numa resumida exposição, mostraremos os resultados do trabalho e a evolução das medidas de proteção que tiveram como origem, a grande mobilização das comunidades. Daremos os números, as ameaças, as soluções e uma transformação ocorrida nas áreas onde o projeto desenvolve trabalhos em contraste com os números de locais ainda pouco trabalhos. Por fim mostraremos as belezas do bioma, da cultura, da arte produzida em comunidades, das araras em vida livre e das perspectivas de crescimento. Um novo olhar sobre a conservação e um canal direito com as autoridades e a formação da opinião pública, este é o legado de 8 anos de um projeto que nasceu no Avistar de 2013.

Aves, Arte e cultura, Conservação
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1635

Destinos Silvestres | Pantanal Sul a Pousada Baia das Pedras como destino birding
Alyson Melo

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2781

Histórico e dinâmica espaço-temporal de Triste-pia (Dolichonyx oryzivorus) no Brasil
Alyson Vieira de Melo (Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE), Edir Alves, Fazenda San Francisco Ecoturismo, Miranda-MS, Alexandre Mendes Fernandes, Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE ,

Resumo

O Brasil possui 126 espécies de aves migratórias, contudo existem uma carência em estudos relacionados a migração. O triste-pia (Dolichonyx oryzivorus), é um migrante boreal que se reproduz no norte dos Estados Unidos e sul do Canadá, mas possui área de invernada na América do Sul. Essa espécie possui uma predileção por campos de arroz tanto em suas áreas reprodutivas, quanto nas áreas de invernada. Há muitos anos tem se observado o declínio populacional e pesquisas apontam que parte disso é devido as ameaças existentes em suas áreas de invernada, pois em muitos locais são considerados como pragas, trazendo assim prejuízos econômicos. Historicamente é proposta, quatro países como sua área de invernada, sendo eles: Bolívia, Argentina, Paraguai e Brasil. Apesar disso, os estudos mais recentes refutam a possibilidade do Brasil possuir área de invernada alegando que as peles e registros coletados até então se tratavam de indivíduos em migração, por isso este foi considerado apenas um país de passagem dos triste-pia para suas áreas de invernada nos países mais ao centro-sul da América do Sul. Devido a essas incertezas o presente trabalho teve como objetivo avaliar a distribuição histórica e dinâmica espaço-temporal do triste-pia no país, a fim de, comprovar ou não ás áreas de invernada no Brasil. Dados de registros foram obtidos de diferentes fontes como: plataformas de ciência cidadã, artigos científicos, pesquisa de campo e de coleções ornitológicas depositadas em museus. Como resultados foram obtidos 280, sendo a maior parte dos registros foram obtidos através das plataformas de ciência cidadã. Através das análises temporais e de fenologia da plumagem nupcial dos indivíduos machos utilizando dados fotográficos, foi comprovado a permanência de bandos no Brasil durante todo o período, caracterizando assim áreas de invernada. Com a comprovação de populações existentes no país, faz-se necessário estudos sobre sua biologia e ecologia com intuito de fomentar estratégias conservacionistas e compreender potenciais ameaças no Brasil. Palavra chave: aves neárticas, rotas migratórias, conservação, Icteridae, aves ameaçadas.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2663

Plataforma Nit Aves - Niterói/RJ
Amanda Jevaux (Prefeitura Municipal de Niterói), Amanda Jevaux, Prefeitura Municipal de Niterói, Felipe Queiroz, Instituto de Florestas AMADARCY, Rafael Carvalho, Instituto Estadual do Ambiente, Ricardo Voivodic, Parque Estadual da Serra da Tiririca , Gabriela da Cruz, Prefeitura Municipal de Niterói

Resumo

O NIT Aves é um programa que incentiva a conservação da avifauna de Niterói/RJ. A observação de aves deve ser estimulada para que, conhecendo as espécies, estas possam ser cada vez mais protegidas. Niterói está inserida no bioma Mata Atlântica, privilegiado com ecossistemas associados, como manguezais, restingas, brejos e outros. O município tem aproximadamente 56% do território composto por unidades de conservação ou zoneamentos ambientais restritivos. Toda essa variedade de paisagens colabora com o desenvolvimento da avifauna e facilita a observação de aves urbanas, endêmicas, ameaçadas de extinção e migratórias, que em determinadas épocas do ano visitam a cidade. Pensando em tal diversidade, o NIT Aves foi criado para orientar, informar e promover a observação de aves de maneira consciente. A ferramenta contribui com a educação ambiental, a ciência cidadã, o turismo sustentável, a geração de emprego e renda e capacitações profissionais. O projeto está alinhado com uma série de ações da Prefeitura Municipal de Niterói. Entre elas, a comemoração dos 450 anos da fundação da cidade, em 2023. A Plataforma em desenvolvimento é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Niterói e conta com a parceria da Niterói Empresa de Lazer e Turismo, do Instituto de Florestas AMADARCY, do Instituto Estadual do Ambiente, do Parque Estadual da Serra da Tiririca e do coletivo Xtreme Bird.

Introdução

. Niterói/RJ está inserida no bioma Mata Atlântica e é privilegiado com ecossistemas associados, como manguezais, restingas, brejos e outros. O município tem aproximadamente 56% do território composto por unidades de conservação e zoneamentos ambientais restritivos, em função das características de relevante interesse ecológico que devem ser preservadas. Toda essa variedade de paisagens colabora com o desenvolvimento da avifauna e facilita a observação de aves urbanas, endêmicas, ameaçadas de extinção e migratórias, que em determinadas épocas do ano visitam a cidade.

Plataforma Nit Aves

Em todo o mundo, a observação de aves, também conhecida como passarinhada ou birdwatching é estimulada para que, conhecendo as espécies, estas possam ser cada vez mais protegidas. Alinhado com este cenário, alguns grupos organizados em Niterói já promovem observação de aves de maneira recreativa; fato que inspirou a criação de um instrumento que incentive e fortaleça a conservação da avifauna, a plataforma on-line NIT Aves. A NIT Aves está em processo de elaboração pela da Prefeitura Municipal de Niterói e conta com a parceria da Niterói Empresa de Lazer e Turismo,do Instituto de Florestas AMADARCY, do Instituto Estadual do Ambiente, do Parque Estadual da Serra da Tiririca e do coletivo Xtreme Bird. A ferramenta pretende orientar, informar e promover a atividade de maneira consciente, de modo a possibilitar educação ambiental, ciência cidadã, turismo sustentável e promoção de geração de emprego e renda, por meio da divulgação de oportunidades e capacitações profissionais. Esta proposta foi concebida como complemento de outras ações em curso da Prefeitura Municipal de Niterói, que investe recursos na melhoria dos espaços naturais e está alinhada com os produtos que serão entregues na ocasião da comemoração dos 450 anos da fundação da cidade, em 2023.

Perspectivas

A NIT Aves cumpre a função de contribuir com a redução dos impactos no ambiente, ao disponibilizar informações referentes à conduta adequada em áreas naturais e comportamento das espécies. Ainda, por tratar-se de ferramenta colaborativa, no qual os usuários alimentam o banco de dados com os relatos das aves observadas, favorece a produção do conhecimento local. Por fim, espera-se fortalecer e consolidar a aptidão do município como um destino de natureza, ao proporcionar que moradores e visitantes desfrutem da experiência de (re)conexão com o meio ambiente, cientes das boas práticas que devem ser praticadas.

Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Cuidados em campo, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2771

Levantamento das espécies de lepidoptera de ocorrência no município de São Paulo e contextualização da fauna de borboletas do parque do Instituto Butantan
Amanda Pereira Duarte e Silva (Instituto Butantan), Erika Hingst-Zaher, Instituto Butantan, Carlos Candia-Gallardo ,

Resumo

Apesar do grande papel das borboletas como bioindicadores, há uma escassez no Brasil de pesquisas a respeito. O objetivo do trabalho foi inventariar espécies de borboletas que podem ser encontradas no município de São Paulo contextualizando a fauna do Instituto Butantan. Encontramos 645 espécies na cidade de São Paulo: 75,5% de fontes acadêmicas e 65,4% de fontes de ciência cidadã. Os resultados indicam que a ciência cidadã é significativa para o conhecimento da lepidopterofauna de São Paulo.

Introdução

Os lepidópteros são considerados excelentes indicadores em levantamentos e administração de reservas naturais por atuarem nas funções de desfolhadores, decompositores, presas ou polinizadores nos ecossistemas, e pelo seu rápido ciclo de vida, sensibilidade a alterações ambientais e fácil amostragem. Apesar do importante papel das borboletas como bioindicadores, existe uma escassez no Brasil de pesquisas a respeito desses insetos.

Objetivo

Tendo em vista a importância dos inventários de fauna, este trabalho tem como objetivo inventariar as espécies de borboletas que podem ser encontradas no município de São Paulo contextualizando a lepidopterofauna do Parque do Instituto Butantan.

Resultados

A coleta de dados é uma combinação entre o inventário de campo do Instituto Butantan, os dados de borboletas encontrados em plataformas de ciência colaborativa e acadêmica. Foram feitas buscas em 9 plataformas e compiladas 3 listas de espécies: a primeira delas corresponde ao inventário para o Jardim Botânico de São Paulo, do site de divulgação científica “A Última Arca de Noé”; outra foi compilada através da plataforma iNaturalist e a terceira foi montada com base nos dados retirados da plataforma GBIF, ambas de ciência colaborativa e filtradas para indicarem apenas espécies presentes no município de São Paulo. Adicionando os dados do inventário de borboletas do Parque do Instituto Butantan, encontramos um total de 645 espécies com registro na cidade de São Paulo: 75,5% vêm de fontes acadêmicas e 65,4% de plataformas de ciência colaborativa. 40,9% das espécies foram compartilhadas pelos dois tipos de fontes, 34,5% foram exclusivas de fontes acadêmicas e 24,6% exclusivas de ciência colaborativa. Estes resultados indicam que a contribuição da ciência colaborativa é muito significativa para o conhecimento sobre espécies de borboletas no município de São Paulo. Além destas, foram feitas análises qualitativas para avaliar a riqueza de famílias por fonte de dados e a distribuição de espécies por família. Cada família de borboletas apresenta sua particularidade, fato que torna os resultados obtidos muitas vezes diferente do esperado para o domínio Mata Atlântica. Esses são os casos das famílias Papilionidae, Lycaenidae e Riodinidae, que são menos catalogadas que o esperado devido aos hábitos de voo, pouso e tamanho, detalhes que dificultam sua visualização por leigos. Famílias mais abundantes (Hesperiidae) ou de fácil identificação (Nymphalidae) são mais amostradas.

Borboletas, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2784

Borboletas como indicadores de mudanças climáticas: variação de forma e tamanho das asas de Heliconius erato phyllis em um gradiente latitudinal
Amanda Pereira Duarte e Silva (Instituto Butantan), Erika Hingst-Zaher, Instituto Butantan, André Victor Lucci Freitas; Unicamp ,

Resumo

Este trabalho avalia variações no tamanho e forma das asas de Heliconius erato phyllis através de análises morfométricas, contextualizando com a variação geográfica e o nível de antropização da região de coleta ao longo do tempo. A plotagem permite observação da variação na forma e tamanho das asas dos indivíduos em decorrência da latitude; variação que pode indicar que as variáveis correlacionadas a mudanças climáticas podem interferir na morfologia dos indivíduos.

Introdução

Com cerca de 200 anos de estudos, o gênero Heliconius representa um dos insetos tropicais mais bem estudados devido sua abundância e por ocorrer em diversos biomas que vão do sul do México ao sul da América do Sul.

Objetivo

Tendo em vista a importância de bioindicadores para pesquisas que buscam compreender mudanças climáticas e suas consequências para a saúde única, este trabalho avalia variações no tamanho e forma das asas de Heliconius erato phyllis através de análises morfométricas, contextualizando com a variação geográfica dos exemplares e o nível de antropização da região de onde foram coletados ao longo do tempo.

Resultados

A plotagem dos dados dos indivíduos selecionados, dentro da análise de Procrustes e a utilização de modelos de regressão linear, permite a observação da variação na forma e tamanho das asas dos indivíduos em decorrência da latitude; variação essa que pode indicar que as variáveis ambientais correlacionadas a mudanças climáticas (como umidade e temperatura) podem interferir na morfologia dos indivíduos inseridos em tais ambientes.

Borboletas, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2670

Programa MonitoraBioSP – monitoramento de mamíferos terrestres de médio e grande porte da Fundação Florestal
Fundação Florestal (IPA/SEMIL), Andréa Soares Pires - Instituto de Pesquisas Ambientais - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logistica do estado de São Paulo, Edson Montilha - Fundação Florestal - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logistica do estado de São Paulo, Jorge Iembo - Fundação Florestal - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logistica do estado de São Paulo, Sandra Aparecida Leite - Fundação Florestal - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logistica do estado de São Paulo, Rodrigo Levkovicz - Fundação Florestal - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logistica do estado de São Paulo

Resumo

O monitoramento é um instrumento amplamente utilizado para determinar padrões ecológicos que norteiam e subsidiam ações de proteção e preservação dos ecossistemas. Esta temática, envolvendo o monitoramento de mamíferos terrestres de médio e grande porte foi indicada como uma das linhas prioritárias de ação da Fundação Florestal (FF), com vistas à melhoria na eficácia na gestão de Unidades de Conservação (UC) e a implementação de um piloto para o desenvolvimento de um Programa de Monitoramento da Biodiversidade nas Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. Esse projeto-piloto ocorreu em 4 unidades de conservação, cujos os alvo do monitoramento foram quatro espécies ameaçadas: Panthera onca, Puma concolor, Tayassu pecari e Tapirus terrestris. A partir do sucesso obtido no projeto-piloto e disponibilidade orçamentária para monitorar outras unidades de conservação do Fundação Florestal iniciou-se a expansão para 650.584,48 hectares (ha), já transformado em subprograma através da Portaria FF 369/2022. Para se atingir os objetivos propostos, o método é uma adaptação do TEAM Network (2011). Os resultados obtidos até o momento estão relacionados ao desenvolvimento de um aplicativo de celular e plataforma georreferenciada exclusiva para o subprograma, facilitando a tomada de decisão. Atualização das listas de espécies das UCs e dados de ocupação e detecção, que foram importantes para o modelo preditivo e propostas de ações para a conservação da espécie em nível local e estadual.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui a maior biodiversidade de todo o planeta, abrigando diversos hotspots em seu território. Tal riqueza de espécies demanda ações de proteção, objetivando a manutenção de sua integridade (MITTERMEIER et al., 1998). Uma das formas mais eficientes de se promover a conservação e a preservação desta biodiversidade é por meio da criação e gestão de Unidades de Conservação (UC) (HOCKINGS et al.; BRASIL, 2000; SÃO PAULO, 2014), cuja instituição promove o ordenamento territorial, auxilia na conectividade dos remanescentes florestais e regem criteriosos meios de ocupação e uso da paisagem com vistas à manutenção dos ecossistemas (GUIX et al., 2002; RIBEIRO et al., 2009; PAVIOLO et al., 2016). Um eficiente instrumento para realizar o adequado manejo e gestão das UCs é o monitoramento das populações de animais silvestres (YOCCOZ et al., 2001; MACKENZIE e ROYLE, 2005; O´CONNEL et al., 2011; GUILLERA-ARROITA e LAHOZ-MONFORT, 2012; AHUMADA et al., 2013; OLIVER e GLOVER-KAPFERE, 2017). O monitoramento de fauna vem sendo utilizado para quantificar a diversidade e estimar a ocupação e a abundância relativa das espécies, variáveis que podem ser comparadas no espaço e no tempo para determinar mudanças nas populações sobre efeitos da paisagem e fatores humanos (KAYS et al., 2020). O tema monitoramento de mamíferos de médio e grande porte foi indicado como uma das linhas prioritárias de ação da Fundação Florestal, para os próximos três anos. Esta indicação surgiu como um produto do Workshop Conservação da Fauna em São Paulo: as Unidades de Conservação e seus entornos, realizado em agosto de 2019, na sede do Parque Estadual (PE) Intervales (Fundação Florestal, 2019). Em 2020 teve início um projeto-piloto para o desenvolvimento de um Programa de Monitoramento da Biodiversidade nas Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. Esse projeto-piloto ocorreu em 4 unidades de conservação, cujos alvos do monitoramento foram quatro espécies ameaçadas: Panthera onca, Puma concolor, Tayassu pecari e Tapirus terrestris. A partir do sucesso obtido no projeto-piloto e disponibilidade orçamentária para monitorar outras unidades de conservação do Fundação Florestal iniciou-se a expansão para os Núcleos do PE Serra do Mar, Vale do Ribeira, Cantareira e UCs do Cerrado, totalizando 650.584,48 hectares (ha). Os objetivos foram divididos em dois blocos quais sejam: Projeto-piloto, onde basicamente foi desenvolver desenho amostral e protocolo mínimo, visando implementar um Programa de Monitoramento de Alerta e Manejo para as Unidades de Conservação sob responsabilidade da FF. Outro importante objetivo foi testar inovações tecnológicas para análise automática, upload e armazenamento de dados, processamento das informações, e com isso possibilitando a autonomia da instituição para o monitoramento de fauna, produzindo massa crítica para discussão e proposição do Programa. No Monitoramento, o principal foi verificar presença e padrão de ocupação das espécies-alvo. No caso da onça pintada, abordando em nível de indivíduo. Também gerar modelos de ocupação que elucide a proporção de área ocupada pelas espécies-alvo, em função das variáveis físicas, bióticas e antrópicas selecionadas. Outro objetivo fundamental do monitoramento foi gerar informação qualificada para subsidiar ações de gestão e pesquisa, fornecendo materiais para promover estratégias de proteção e conservação das espécies; fiscalização, uso público, educação ambiental, pesquisa, planos de manejo, entre outros. Todos atingidos no projeto-piloto e expandidos para as demais unidades de conservação paulistas pertencentes ao subprograma, que demonstraremos os resultados ao longo deste artigo.

Procedimentos metodologicos

Para se atingir os objetivos propostos, o método proposto é uma adaptação do TEAM Network (2011) e desenvolvido um protocolo mínimo, que serve de base para toda execução do programa. A estrutura do documento divide-se em: a contextualização e abordagem teórica sobre os objetivos e delineamento amostral, preparação de material de campo, procedimento em campo, organização, processamento e armazenamento de dados, análise de dados, avaliação do projeto e protocolo COVID-19. Na fase de ampliação do projeto de monitoramento foram incorporados também as estratégias de divulgação e comunicação para a fase de futuro Programa de Monitoramento. O método sofreu uma nova adaptação, que está em teste para o bioma Cerrado, devido ao tamanho das UCs monitoradas serem menores que 10.000 hectares Foi utilizado o mínimo de 40 sítios amostrais por UC da Mata Atlântica, subdivididos em dois blocos de 20. Cada bloco de 20 foi amostrado por um período de 60 dias. Este período amostral foi adotado por um compromisso entre o período ideal para espécies que ocorrem em baixas densidades e usam grandes áreas e a capacidade operacional das UCs. A fase de campo iniciou-se em 22 de junho/21, momento em que foi realizada a capacitação sobre todos os aspectos técnicos e operacionais relacionados às armadilhas fotográficas, metodologia de instalação em campo, uso do aplicativo customizado pela equipe da FF para o campo e troca de experiências in loco. A fase de ampliação as demais UCs teve início em abril de 2022. Para a estimativa e modelagem de ocupação das espécies em cada UC, nós utilizamos o software PRESENCE, modelo “single-season” (Mackenzie et al., 2022; Mackenzie et al., 2018). Foram estimados os parâmetros de probabilidade de ocupação ψ (chance da espécie estar ocorrendo no sítio amostral, corrigido pela detectabilidade) e detectabilidade p (chance da espécie ser detectada, quando presente no sítio amostral). Para as espécies com maior área de vida (onça-parda, onça-pintada e queixada), em que o mesmo indivíduo pode ser detectado em mais de um sítio amostral, a probabilidade de ocupação ψ foi interpretada como probabilidade de uso de habitat. Cada ocasião foi representada como 5 dias de armadilhamento (Rovero & Zimmermann 2016). Assim, um sítio com 60 dias de armadilhamento fotográfico teve 12 ocasiões de levantamento, sendo que em cada ocasião, a espécie foi detectada (1) ou não (0).

Resultados e Considerações Finais

No Projeto Piloto de monitoramento realizado no ano de 2021, foram amostradas quatro áreas de estudo: Estação Ecológica Jureia-Itatins (EEJI), Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD), Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Curucutu (PESM-NC), e Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Itariru (PESM-NI). Foram instalados 40 pontos amostrais em cada unidade, previstos para funcionarem por no mínimo 60 dias. Considerando que quatro câmeras foram roubadas e algumas apresentaram mal funcionamento, realizou-se um esforço amostral total de 9779 câmeras-dia. Nas quatro áreas de estudo, registrou-se um total de 41 espécies nativas de mamíferos, sendo 34 espécies de médio e grande porte e sete de pequenos mamíferos. Ressalta-se que, dessas, 19 encontram-se em alguma categoria de ameaça na lista vermelha para o estado de São Paulo (Decreto Nº 63.853/2018; ameaçadas, quase-ameaçadas ou com dados deficientes). Das espécies alvo do monitoramento, a anta (Tapirus terrestris) e a onça-parda (Puma concolor) foram registradas em todas as quatro áreas de estudo, enquanto a onça-pintada (Panthera onca), espécie criticamente ameaçada no estado, foi registrada em três das quatro áreas de estudo (PEMD, PESM-NC e NI), resultado importante do monitoramento. Já a queixada (Tayassu pecari) foi a mais rara das espécies alvo, tendo sido registrada apenas na EEJI, outro importante resultado do monitoramento. O total de espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte esperado para o estado de São Paulo é de 45 espécies, portanto, 11 dessas espécies não foram registradas pelo Projeto Piloto de monitoramento (De Vivo et al., 2011). Dessas, contudo, o tatu-canastra (Priodontes maximus) e a ariranha (Pteronura brasiliensis) possuem apenas registro histórico para o estado e, portanto, não era esperado que fossem registradas pelo monitoramento. Da mesma foram, Blastocerus dichotomus está possivelmente extinto em quase todo o estado, havendo apenas algumas populações reintroduzidas e remanescentes no interior. Ozotoceros bezoarticus e Cabassous squamicaudis (antigo C. unicinctus) poderiam ocorrer apenas no PEMD, segundo sua distribuição geográfica. Conepatus semistriatus seria uma espécie de ocorrência esperada principalmente para o PEMD, em função de sua preferência por áreas mais abertas. Dasypus septencinctus e Speothos venaticus eram esperados para as quatro áreas de estudo, porém costumam ser espécies raras, principalmente o cachorro-vinagre (S. venaticus) que possui populações bastante esparsas com grandes áreas de vida. As espécies de veado Mazama nana e Mazama bororo eram esperadas para as áreas da Mata Atlântica do litoral, porém, esse é um gênero de difícil identificação por fotos e recomenda-se que os registros sejam analisados por especialistas no grupo. Atualmente o subprograma conta com 540 pontos amostrais, distribuídos pelas UCs do Estado e 48.537 AFs/dia de esforço amostral. Foram capturadas 261.613 imagens até a presente data e identificadas 73.612 imagens. Estamos em fase de análise e modelagem dos resultados 2022. A utilização de ferramentas tecnológicas é um dos objetivos do Projeto-piloto de Monitoramento de Mamíferos de Médio e Grande Porte, como uma estratégia para contribuir com a implementação e consolidação dessa atividade no âmbito institucional. O uso de tecnologias foi destacado como uma forma de facilitar, agilizar e otimizar recursos e pessoas durante as atividades de coleta, tratamento, análise e divulgação/compartilhamento dos dados obtidos com o monitoramento, nesse sentido, o grupo estudou e discutiu o uso de algumas plataformas e aplicativos, principalmente aquelas que tivessem suporte para lidar com geoinformação. Durante a implantação da fase I (Piloto), que finalizou a instalação do primeiro lote com 80 armadilhas fotográficas em quatro unidades de conservação, optou-se por utilizar a plataforma ArcGis on line para coleta de dados em campo, uma vez que a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente já possuía licença para seu uso e a utiliza em outros projetos, aproveitando assim o conhecimento prévio de técnicos da casa no uso dessa ferramenta. Por meio do aplicativo ArcGis Survey123, foram elaborados formulários eletrônicos para uso em celulares, com campos de dados previamente definidos, possibilidade de anexar fotos e coleta automática da coordenada geográfica do local de registro do dado. O aplicativo funciona em modo off-line e no momento em que o operador esteja em local com sinal de internet ele envia os dados para um servidor em nuvem com apenas um clique. Esse aplicativo substitui o uso de planilhas em papel, a digitação dos dados em planilhas eletrônicas e o envio dessas planilhas por e-mail, assim como diminui a chance de erros de preenchimento, principalmente em relação às coordenadas de instalação das armadilhas fotográficas. Outra facilidade que a plataforma ArcGis on line possibilita é que assim que os dados são enviados do celular para a nuvem, eles ficam disponíveis para consulta e download através de webmaps (mapas on line) e dahsboards (painéis de dados) que foram previamente preparados para receber e compartilhar esses dados, permitindo que a direção tenha acesso rápido ao andamento, progresso e primeiros resultados e que os técnicos possam extrair os dados já na forma de planilhas eletrônicas e arquivos espaciais. Para a triagem das imagens obtidas pelas armadilhas fotográficas está sendo utilizada, na ampliação do projeto, a plataforma em nuvem denominada Wildlife Insights que permite o processamento e repositório das imagens, assim como o uso de um software de Inteligência Artificial que faz uma identificação prévia da espécie que constam na imagem a qual passará por uma validação humana por técnicos especializados. Essa plataforma permite que diversos técnicos, lotados em locais diferentes possam acessar as imagens e trabalhar na validação da identificação de espécies. A análise dos dados é outra fase que contou com diversas aplicações como o software estatístico R, sistemas de informações geográficas como Arcgis e o Qgis e o software Presence para modelagem e estimativa da ocupação/uso das espécies-alvo. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO PROJETO-PILOTO – resultados 2021 ESTAÇÃO ECOLÓGICA JURÉIA ITATINS (EEJI) Durante o monitoramento do Projeto Piloto na EEJI, foi realizado um esforço amostral de 2779 câmeras-dia por meio do armadilhamento fotográfico. Cada câmera funcionou em média 69,5 dias, havendo apenas uma câmera que funcionou por 30 dias, enquanto uma câmera chegou a funcionar por 87 dias. Por meio desse esforço, foram registradas 31 espécies de mamíferos na EEJI, sendo 28 nativas e duas exóticas. Dessas, quatro são de pequenos mamíferos (Metachirus nudicaudatus, Monodelphis spp., Gracilinanus brasiliensis e Guerlinguetus brasiliensis) e não foram, portanto, consideradas nas análises. As espécies mais frequentes, isto é, as que apresentaram maior número de registros na EEJI, foram o gambá-de-prelha-preta (Didelphis aurita), a paca (Cuniculus paca), a cutia (Dasyprocta leporina) e o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus). Já as menos frequentes foram o gato-doméstico, o gato-do-mato-pequeno-do-sul (Leopardus guttulus) e a lontra (Lontra longicaudis). Os registros identificados apenas como Dasypus spp. também estão entre os menos frequentes, porém o tatu-galinha foi a quarta espécie mais frequente na EEJI. O gráfico (Figura1) mostra a probabilidade de ocupação das três espécies-alvo detectadas no período de monitoramento, sendo que a onça-pintada não foi detectada. A probabilidade de detecção da onça-parda na EEJI foi maior quanto mais distante da borda antropizada, já para a queixada, a probabilidade de detecção é maior quanto mais próximo de corpos de água e em relação à anta foi detectada em apenas cinco pontos amostrais na EEJI, suas estimativas foram geradas a partir do modelo nulo. A probabilidade de detecção da anta na EEJI foi estimada em 0,28. Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Curucutu (PESM-NC) Durante o monitoramento do Projeto Piloto no PESM-NC, foi realizado um esforço amostral de 2568 câmeras-dia por meio do armadilhamento fotográfico. Cada câmera funcionou em média 67,6 dias, sendo que houve uma câmera que funcionou por apenas 25 dias, enquanto duas câmeras chegaram a funcionar por 83 dias. Por meio desse esforço, foram registradas 29 espécies de mamíferos no PESM-NC, sendo 24 nativas e cinco exóticas (ANEXO UUU). Dessas, quatro são de pequenos mamíferos (Marmosops paulensis, Oligoryzomys nigripes, O. flavescens e Guerlinguetus brasiliensis) e não foram, portanto, consideradas nas análises. No PESM-NC, foram registradas três das quatro espécies-alvo do monitoramento: a anta, a onça-parda e a onça-pintada. Dentre as 24 espécies nativas observadas, sete estão ameaçadas de de extinção no estado de São Paulo: uma encontra-se criticamente ameaçada de extinção (P. onca), duas encontram-se em perigo (T. terrestris e L. wiedii), e quatro encontram-se vulneráveis (M. paulensis, L. guttulus, L. pardalis, P. concolor), enquanto outras duas encontram-se quase ameaçadas (D. tajacu e H. yagouaroundi), e uma consta como havendo dados deficientes para avaliar seu status de conservação (S. brasiliensis). Ao comparar os resultados do monitoramento com o Plano de Manejo do PESM, houve o registro de três espécies inéditas para o núcleo Curucutu: o gambá-de-orelhabranca (Didelphis albiventris), o camundongo-do-mato (Oligoryzomys flavescens) e a cutia (Dasyprocta leporina). Porém, considerando as espécies terrestres de médio e grande porte, não foram registradas 10 espécies que constam no plano de manejo: Dasypus septemcinctus, Euphractus sexcinctus, Mazama americana, Leopardus geoffroyi, Galictis cuja, Lontra longicaudis, Procyon cancrivorus, Tayassu pecari, Pteronura brasiliensis e Dazyprocta azarae. Dessas, L. geoffroyi não era uma espécie esperada, porque o PESM-NC não está na sua área de ocorrência, enquanto P. brasiliensis (ariranha) já está provavelmente extinta na região. Já as demais espécies precisam ser acompanhadas nos próximos anos de monitoramento, sendo importante identificar os registros de Mazama spp. a nível de espécie dentro do que for possível. A figura 2 resume os resultados obtidos para as probabilidades de ocupação ou uso das espécies-alvo detectadas no PESM-NC para as quais foi possível realizar a modelagem. A figura mostra o ψ estimado, o quanto ele variou espacialmente para a anta e o quanto houve de incerteza na estimativa para a onça-parda (intervalo de confiança). Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Itariru (PESM-NI) Durante o monitoramento do Projeto Piloto no PESM-NI, foi realizado um esforço amostral de 2402 câmeras-dia por meio do armadilhamento fotográfico. Cada câmera funcionou em média 68,6 dias, sendo que houve uma câmera que funcionou por apenas 19 dias, enquanto três câmeras chegaram a funcionar por 85 dias. Por meio desse esforço, foram registradas 19 espécies de mamíferos no PESM-NI, sendo 18 nativas e uma exótica (Tabela 4). Dessas, apenas uma é um pequeno mamífero (G. brasiliensis) e não foi considerada nas análises. No PESM-NI, foram registradas três das quatro espécies-alvo do monitoramento: a anta, a onça-parda e a onça-pintada. Esse núcleo foi a única área onde foi registrado o mão-pelada (Procyon cancrivorus), espécie de ocorrência esperada também para as demais áreas de estudo. Dentre as 18 espécies nativas observadas, cinco estão ameaçadas de de extinção no estado de São Paulo: uma encontra-se criticamente ameaçada de extinção (P. onca), uma encontra-se em perigo (T. terrestris), e três encontram-se vulneráveis (L. guttulus, L. pardalis, P. concolor), enquanto outras duas encontram-se quase ameaçadas (D. tajacu e H. yagouaroundi), e uma consta como havendo dados deficientes para avaliar seu status de conservação (C. tatouay). Ao comparar os resultados do monitoramento com o Plano de Manejo do PESM, houve o registro de duas espécies inéditas para o núcleo itariru: o tatu-de-rabo-molegrande (C. tatouay) e o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira). Porém, considerando as espécies terrestres de médio e grande porte, não foram registradas 12 espécies que constam no plano de manejo. Dasypus septemcinctus, Euphractus sexcinctus, Mazama americana, Leopardus geoffroyi, Leopardus wiedii, Galictis cuja, Lontra longicaudis, Tayassu pecari, Pteronura brasiliensis, Sylvilagus brasiliensis, Hydrochoerus hydrochaeris e Dazyprocta azarae. Dessas, L. geoffroyi não era uma espécie esperada, porque o PESM-NI não está na sua área de ocorrência, enquanto P. brasiliensis (ariranha) já está provavelmente extinta na região. Já as demais espécies precisam ser acompanhadas nos próximos anos de monitoramento, sendo importante identificar os registros de Mazama spp. a nível de espécie dentro do que for possível. Considerando as espécies exóticas, houve a ocorrência apenas de cachorro doméstico pelas armadilhas fotográficas. Porém, foi confirmada a presença de bois no parque pela observação direta e busca por vestígios. Assim, é importante que sejam tomadas medidas de manejo para o controle dessas espécies. O gráfico resume os resultados obtidos para as probabilidades de ocupação ou uso das espécies-alvo detectadas no PESM-NI para as quais foi possível realizar a modelagem. A figura mostra o ψ (ocupação) estimado e o quanto houve de incerteza nas estimativas (intervalo de confiança). PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO DIABO (PEMD) Durante o monitoramento do Projeto Piloto no PEMD, foi realizado um esforço amostral de 2030 câmeras-dia por meio do armadilhamento fotográfico. Cada câmera funcionou em média 56,4 dias, sendo que houve uma câmera que funcionou por apenas seis dias, enquanto duas câmeras chegaram a funcionar por 84 dias. Por meio desse esforço, foram registradas 32 espécies de mamíferos no PEMD, sendo 28 nativas e quatro exóticas. Dessas, três são de pequenos mamíferos (M. nudicaudatus, Monodelphis spp. e G. brasiliensis) e não foram, portanto, consideradas nas análises. No PEMD, foram registradas três das quatro espécies-alvo do monitoramento: a anta, a onça-parda e a onça-pintada. O PEMD foi a única área onde foi registrado tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), tatu-peba (Euphractus sexcinctus), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), raposinha (Lycalopex spp.), e gato-palheiro-do-pantanal (Leopardus braccatus), um resultado esperado por ser a única área do interior do estado, mais próxima ao Cerrado, bioma típico dessas espécies. Foi também a única área onde foi registrado furão (Galictis cuja) e ratão-do-banhado (Myocastor coypus). O ratão-do-banhado não possui distribuição original no estado de São Paulo, porém foi introduzido em algumas regiões. O furão, por sua vez, era esperado nas demais áreas de estudo, porém, é uma espécie de pequeno porte e muito veloz, mais difícil de ser registradas pelas armadilhas fotográficas. Dentre as 28 espécies nativas observadas, sete estão ameaçadas de de extinção no estado de São Paulo: uma encontra-se criticamente ameaçada de extinção (P. onca), duas encontram-se em perigo (T. terrestris e M. americana), e quatro encontram-se vulneráveis (M. tridactyla, C. brachyurus, L. pardalis, P. concolor), enquanto outras três encontram-se quase ameaçadas (M. nudicaudatus, D. tajacu e H. yagouaroundi), e duas constam como havendo dados deficientes para avaliar seu status de conservação (L. braccatus e S. brasiliensis). Esse número pode subir para nove espécies ameaçadas de extinção, pois há uma espécie do gênero Monodelphis spp. (M. iheringi) e uma do gênero Lycalopex spp. (L. vetulus) que estão vulneráveis à extinção no estado. Outras quatro espécies do gênero Monodelphis spp. (M. americana, M. kunsi, M. scalops e M. pinicchio) estão quase-ameaçadas. Já a espécie do gênero Lycalopex spp. (L. gymnocercus) possui dados deficientes para a avaliação do su estado de conservação. Assim, é importante confirmar quais espécies desses dois gêneros ocorrem no PEMD nos próximos anos de monitoramento. É importante ressaltar que, comparando as espécies registradas pelo monitoramento com as que já constavam para o PEMD pelo Plano de Manejo, foram registradas duas espécies inéditas para essa UC: a raposinha (Lycalopex spp.) e o e gato-palheiro-do-pantanal (L. braccatus). Por outro lado, não foram registradas seis espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte que constam no Plano de Manejo: Cabassous unicinctus, Procyon cancrivorus, Lontra longicaudis, Leopardus wiedii, Tayassu pecari e Mazama gouazoubira. O M. gouazoubira pode ter ocorrido nos registros do gênero que não puderam ser identificados como espécie, já as demais cinco espécies não registradas podem estar raras e precisam de atenção para os próximos anos de monitoramento. Esses resultados reforçam a importância do monitoramento para acompanhar as populações das espécies presentes na UC. É importante ressaltar que, comparando as espécies registradas pelo monitoramento com as que já constavam para o PEMD pelo Plano de Manejo, foram registradas duas espécies inéditas para essa UC: a raposinha (Lycalopex spp.) e o e gato-palheiro-do-pantanal (L. braccatus). Por outro lado, não foram registradas seis espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte que constam no Plano de Manejo: Cabassous unicinctus, Procyon cancrivorus, Lontra longicaudis, Leopardus wiedii, Tayassu pecari e Mazama gouazoubira. O M. gouazoubira pode ter ocorrido nos registros do gênero que não puderam ser identificados como espécie, já as demais cinco espécies não registradas podem estar raras e precisam de atenção para os próximos anos de monitoramento. Esses resultados reforçam a importância do monitoramento para acompanhar as populações das espécies presentes na UC. Considerando as espécies exóticas, houve a ocorrência de boi (Bos taurus), cachorro-doméstico, gato-doméstico e o PEMD foi a única área a registrar a lebre européia (Lepus europaus). Tendo em vista o potencial invasor dessas espécies, em função de seus impactos sobre a flora e fauna nativas, é importante que sejam tomadas medidas de manejo para seu controle no parque. COMUNIDADE ECOLÓGICA Embora sejam 4 espécies-alvo, a comunidade de mamíferos e aves serão listadas e na medida em que surgirem demandas sobre os dados registrados no projeto para outros monitoramentos e/ou pesquisas acadêmicas nas UCs, os mesmos serão disponibilizados de acordo com os diferentes níveis de informação previstas no escopo do projeto-piloto. Detectar e saber como estão os padrões de ocorrência das outras espécies é muito importante para focar nas ações de gestão. Dentro do objetivo de avaliação da gestão das UCs no que tange à proteção das espécies, a escolha das espécies-alvo é adequada, visto que são as primeiras a darem uma resposta a pressões antrópicas, principalmente de caça. Modelos de ocupação proporcionam informações espaciais de uso de uma área por uma ou mais espécies e podem fornecer parâmetros ambientais que estejam influenciando na ocupação e detectabilidade. A partir desses dados, é possível direcionar ações mais efetivas de proteção e manejo das áreas e, através do monitoramento sistemático contínuo, avaliar se as ações de conservação têm sido efetivas ao longo dos anos. AVES Espécies raras e ameaçadas de extinção foram registradas pelas AFs nas quatro áreas de monitoramento, como o Crypturellus noctivagus, além de espécies de grande interesse para observadores de aves como Pseudastur polionotus, Formicarius colma, Tinamus solitarius, Urubutinga urubutinga, que já estão identificadas e já servirão para quando o monitoramento de aves tiver início no Programa de MonitaBioSP, que está previstao para o segundo semestre de 2023. 2021/2022/2023 A anta e a onça-parda foram detectadas em todas as áreas de estudo do piloto do monitoramento, enquanto a queixada foi detectada apenas na EEJI, única área onde não houve registro da onça-pintada. Na EEJI, a onça-parda foi mais detectada em áreas mais distantes da borda antrópica e apresentou uma chance de 40,5% de utilizar a área amostrada pelo monitoramento. A queixada, por sua vez, foi mais detectada próximo a corpos de água e apresentou uma chance de 30,6% de utilizar a área amostrada pelo monitoramento. Já a anta foi a espécie com menor probabilidade de uso na EEJI, apresentando uma chance de 12,6% de utilizar a área amostrada pelo monitoramento, sendo, portanto, mais rara nessa área de estudo. No PEMD, a anta apresentou uma probabilidade de uso bem alta na área amostrada pelo monitoramento, de 93%, o que indica que essa espécie está amplamente distribuída pela área amostrada. Sugere, ainda, que a anta é relativamente abundante no PEMD, o qual deve estar agindo como área fonte da espécie na região. A onça-parda também apresentou uma probabilidade de uso alta na área amostrada pelo monitoramento, de 85,3%. Além disso, essa espécie foi muito mais detectada em trilhas do que em pontos fora de trilha no PEMD. Já a onça-pintada apresentou uma chance de 66% de utilizar a área amostrada pelo monitoramento, um valor mais alto do que o normalmente encontrado para essa espécie na Mata Atlântica. O não registro de queixada indica que a espécie está extremamente rara na região ou pode ser um indício de sua extinção local, situação que precisa ser acompanhada nos próximos anos de monitoramento. No PESM-NC, a probabilidade de uso da anta foi maior em áreas mais próximas a corpos de água, variando de 3,4% a 76% na área amostrada. A onça-parda, por sua vez, foi detectada em apenas cinco pontos amostrais, o que gerou uma grande imprecisão na sua estimativa de probabilidade de uso, a qual foi estimada em uma chance de 44%, variando de 3,6% a 96,3%. Deve-se que considerar também que a grande maioria das armadilhas estavam fora de trilha, o que pode ter dificultado a detecção da espécie. A onça-pintada, apesar de presente no PESM-NC, foi uma espécie muito rara, detectada em apenas um ponto amostral, o que indica um uso bastante esporádico dessa espécie dentro da reserva ou uma densidade populacional bastante baixa. O não registro de queixada indica que a espécie está extremamente rara na região ou pode ser um indício de sua extinção local, situação que precisa ser acompanhada nos próximos anos de monitoramento. No PESM-NI, a anta apresentou uma chance de 32% de utilizar a área amostrada, sendo que ela foi mais detectada em pontos dentro de trilhas, mais distantes da borda antrópica e de menor altitude. A onça-parda, por sua vez, foi uma espécie rara na área de estudo, detectada em apenas quatro pontos, com uma chance de 20,1% de utilizar a área amostrada. Já a onça-pintada foi ainda mais rara no PESMNI, tendo sido detectada em apenas um ponto amostral, o que indica um uso bastante esporádico dessa espécie dentro da reserva ou uma densidade populacional bastante baixa. O não registro de queixada indica que a espécie está extremamente rara na região ou pode ser um indício de sua extinção local, situação que precisa ser acompanhada nos próximos anos de monitoramento. Já com os resultados do primeiro período de 2022 (jun/ago - 60dias) analisados para a maioria das UCs e do segundo período em fase de laboração será possível o comparativo dos dois primeiros anos para as UCs que fizeram parte do projeto-piloto e importantes informações para as demais UCs do subprograma, uma vez que a detecção da onça-pintada e cachorro-vinagre já foram registradas. Na Estação Ecológica de Itirapina tivemos uma importante ação para cuidados com indivíduos de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), devido ao acometimento de sarna ectópica, detectados nas armadilhas fotográficas, mostrando a importância do monitoramento continuado para salvaguarda de espécies-ameaçadas. Ao final de 2022, o objetivo principal do projeto-piloto foi cumprido com a publicação da Portaria do Programa MonitoraBioSP, que envolve 7 subprogramas de monitoramento da biodiversidade: mamíferos terrestres, primatas, borboletas, aves, florestas, mamíferos marinhos e manguezais. Três dos sete subprogramas estão em andamento e com resultados importantes para tomada de decisão para as ações de gestão relativas às principais ameaças à fauna protegida.

Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Mamíferos
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2734

Quais aves frequentam um comedouro urbano?
Anita Seneme Gobbi (Universidade de São Paulo ), Júlia Lacerda Speretta, Universidade de São Paulo, Eduardo Roberto Alexandrino, Universidade de São Paulo, Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz, Universidade de São Paulo

Resumo

Introdução

A observação da vida selvagem tornou- se um produto rentável em diversas localidades (Tapper, 2006), onde, a observação de aves, por exemplo, pode ser considerada uma atividade de ecoturismo, extremamente presente em diversas regiões (Alexandrino et al., 2012; Alcantara, 2022), promovendo a conservação da biodiversidade e a valorização dos recursos naturais. No Brasil, a observação de aves é uma atividade que vem crescendo em popularidade nos últimos anos, impulsionada pela riqueza e diversidade da avifauna do país. De acordo com a Sociedade Brasileira de Observação de Aves (SBO), o Brasil é o país com a maior diversidade de aves no mundo, com mais de 1.900 espécies registradas. No birdwatching, a prática da observação de avifauna, quanto maior for o número de espécies avistadas, o local se torna mais atrativo para esta prática (Alexandrino, et al., 2012). Portanto, existem algumas maneiras de atrair a avifauna para a observação, como por exemplo, por meio da utilização de comedouros (Alexandrino et al., 2022) que oferecem alimento suplementar à essas aves, aproximando-as do local. Embora a observação de aves seja uma atividade em crescimento no Brasil, ainda há poucos dados e pesquisas sobre a prática, especialmente quando se trata da relação entre a observação de aves e comedouros. Desse modo, houve o monitoramento de um comedouro no Mini-Horto “Casa de Santiago” de Águas de São Pedro em 2019 e 2020 possibilitando uma análise referente às espécies mais frequentes em um comedouro urbano, visto que ainda existem muitas perguntas sobre comedouros.

Metodologia

Entre 2019 e 2020, ocorreu a instalação do comedouro e de uma armadilha fotográfica na ponte do Mini-Horto “Casa de Santiago” de Águas de São Pedro, um lugar turístico e atrativo justamente pelo contato com a natureza. Durante o período de 27 de novembro de 2019 a 20 de março de 2020 a armadilha fotográfica capturou vídeos de 10 a 30 segundos, registrando então as inúmeras aves que frequentam o comedouro urbano. Estes dados foram planilhados no Excel, separando cada registro em uma linha diferente, independentemente de ocorrer no mesmo vídeo ou não, para compreender a frequência de certas espécies no comedouro por meio dos registros. A planilha reunia informações como: amostragem, número de registros, dia e horário, espécies registradas, presença de anilha e informações sobre, observações sobre o comportamento das aves e observações sobre os frutos no comedouro. Para evitar análises enviesadas, excluímos vídeos sequenciais que possuíam uma mesma espécie ocorrendo na estrutura por um longo período de tempo, visto que poderia ser um mesmo indivíduo, considerando apenas o primeiro vídeo da sequência.

Resultados esperados e conclusões

De 727 vídeos, houveram 1092 registros planilhados, indicando a presença de aves. As espécies encontradas foram o sanhaço-cinzento (Thraupis sayaca), sanhaço-do-coqueiro (Thraupis palmarum), saíra-amarela (Tangara cayana), sabiá-barranco (Turdus leucomelas), pipira-vermelha (Ramphocelus carbo), rabo-branco-acanelado (Phaethornis pretrei), arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris), joão-de-barro (Furnarius rufus), gaturamo-verdadeiro (Euphonia violacea), fim-fim (Euphonia chlorotica), beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura), cambacica (Coereba flaveola) e um beija flor não identificado. Onde, o T. sayaca foi a espécie mais visualizada de acordo com o número de registros, totalizando 310 registros, seguida do T. leucomelas, com 196 registros. Euphonia violacea (146), Ramphocelus carbo (137) e Coereba flaveola (98) são outras aves que se encontram entre as cinco espécies mais presentes neste comedouro urbano (Figura 1). Desse modo, ao analisar a diversidade de espécies registradas em um curto período de tempo, é possível compreender que os comedouros podem funcionar como engajamento público na conservação da avifauna, atraindo observadores de aves diante da diversidade de espécies que frequentam este local, possibilitando até mesmo a coleta de dados sobre distribuição e abundância de espécies nessas áreas urbanas (Alcantara et al., 2022). Contudo, ainda são necessários muitos estudos para compreender o impacto destes comedouros na avifauna e no ecossistema em si, apesar de serem uma ferramenta para a atração de aves para áreas urbanas ou rurais, o manuseio incorreto destes locais podem trazer impactos negativos. Por fim, os resultados apresentados e as discussões geradas irão proporcionar uma base de dados sobre comedouros urbanos para a compreensão de quais espécies frequentam estes locais e possíveis impactos, auxiliando na base de dados referente aos impactos da utilização de comedouros para a atração de avifauna.

Aves, Conservação, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2837

“Nature Explorers Club”: uma experiência de Educação Ambiental no contexto bilíngue
Anna Elizabeth de Oliveira Silva (Oliveira-Silva, A.E.) (Unesp)

Resumo

Nos últimos anos, instituições de ensino bilíngues tem se difundido cada vez mais no Brasil, especialmente nos grandes centros. Nesse modelo educacional, as escolas buscam adaptar algumas das diretrizes do currículo nacional brasileiro à uma demanda mercadológica pela fluência em uma segunda língua, mesclando disciplinas ministradas na língua materna e em outro idioma. Esse crescimento se deve, em parte, à globalização e à necessidade de profissionais com habilidades em línguas estrangeiras, o que impulsiona famílias com maior poder aquisitivo a buscarem instituições de ensino privadas que ofereçam experiências de aprendizagem imersivas, por meio das quais o ensino da segunda língua se torna parte do cotidiano das crianças. De acordo com essa perspectiva, o ensino bilíngue pode trazer inúmeros benefícios para os alunos, incluindo uma melhor compreensão de outras culturas, maior capacidade de comunicação e, no futuro, mais oportunidades no mercado de trabalho. Em contrapartida, a compreensão de determinados conceitos em uma língua diferente da materna pode ser um processo desafiador para uma parcela considerável dos estudantes, em especial se tratando de conteúdos específicos de diferentes disciplinas. Nesse contexto, o ensino de ciências naturais se mostra um desafio à parte, uma vez que muitos dos materiais didáticos elaborados em uma segunda língua correspondem à realidade de países falantes desse idioma, e não ao que observamos no Brasil. Ao estudar fauna e flora, por exemplo, os estudantes poderão ter contato com animais e plantas que não representam a biodiversidade brasileira, deixando de conhecer uma importante parcela de sua história, características e status de conservação. Ademais, nem sempre o processo de ensino-aprendizagem procura respeitar as necessidades dos alunos, considerando seu nível de proficiência em ambas as línguas, assim como seus diferentes interesses e aptidões. Levando tais problemáticas em consideração, desenvolvi junto à uma instituição de ensino à qual fui vinculada como educadora uma proposta de atividade extracurricular direcionada ao ensino de ciências naturais no contexto bilíngue português-inglês. O projeto, designado “Nature explorer’s club” (Clube de Exploradores da Natureza, em português), contou com um semestre de atividades de campo realizadas semanalmente com as crianças do primeiro e terceiro anos do ensino fundamental, durante o contraturno escolar, no próprio espaço da escola. Dentre as atividades propostas, as saídas organizadas para observação de aves se destacaram como as mais populares entre os alunos e alunas, que tiveram a ideia de produzir um caderno de campo para registrar os principais avistamentos feitos no bairro. Além disso, durante todo o projeto, os estudantes tiveram a oportunidade de partilhar experiências e conhecimentos em ambas as línguas. Ao criar um ambiente de aprendizagem positivo, acolhedor e divertido para as crianças, o processo de sensibilização ambiental se mostrou muito mais efetivo do que quando realizado somente em sala de aula, seguindo o modelo tradicional de ensino. Por fim, os pequenos cientistas se mostraram engajados não somente em observar e registrar novas espécies, mas também em conhecê-las melhor e conservá-las.

Introdução geral: Ensino bilíngue no Brasil

Nos últimos anos, instituições de ensino bilíngues tem se difundido cada vez mais no Brasil, especialmente nos grandes centros. Nesse modelo educacional, as escolas buscam adaptar algumas das diretrizes do currículo nacional brasileiro à uma demanda mercadológica pela fluência em uma segunda língua, mesclando disciplinas ministradas na língua materna e em outro idioma. Esse crescimento se deve, em parte, à globalização e à necessidade de profissionais com habilidades em línguas estrangeiras, o que impulsiona famílias com maior poder aquisitivo a buscarem instituições de ensino privadas que ofereçam experiências de aprendizagem imersivas, por meio das quais o ensino da segunda língua se torna parte do cotidiano das crianças. De acordo com essa perspectiva, o ensino bilíngue pode trazer inúmeros benefícios para os alunos, incluindo uma melhor compreensão de outras culturas, maior capacidade de comunicação e, no futuro, mais oportunidades no mercado de trabalho. Em contrapartida, a compreensão de determinados conceitos em uma língua diferente da materna pode ser um processo desafiador para uma parcela considerável dos estudantes, em especial se tratando de conteúdos específicos de diferentes disciplinas.

Contextualização: Ensino de Ciências no contexto bilíngue

Nesse contexto, o ensino de ciências naturais se mostra um desafio à parte, uma vez que muitos dos materiais didáticos elaborados em uma segunda língua correspondem à realidade de países falantes desse idioma, e não ao que observamos no Brasil. Ao estudar fauna e flora, por exemplo, os estudantes poderão ter contato com animais e plantas que não representam a biodiversidade brasileira, deixando de conhecer uma importante parcela de sua história, características e status de conservação. Ademais, nem sempre o processo de ensino-aprendizagem procura respeitar as necessidades dos alunos, considerando seu nível de proficiência em ambas as línguas, assim como seus diferentes interesses e aptidões.

Resultados e Discussão: Projeto Nature Explorer's

Levando tais problemáticas em consideração, desenvolvi junto à uma instituição de ensino à qual fui vinculada como educadora uma proposta de atividade extracurricular direcionada ao ensino de ciências naturais no contexto bilíngue português-inglês. O projeto, designado “Nature explorer’s club” (Clube de Exploradores da Natureza, em português), contou com um semestre de atividades de campo realizadas semanalmente com as crianças do primeiro e terceiro anos do ensino fundamental, durante o contraturno escolar, no próprio espaço da escola. Dentre as atividades propostas, as saídas organizadas para observação de aves se destacaram como as mais populares entre os alunos e alunas, que tiveram a ideia de produzir um caderno de campo para registrar os principais avistamentos feitos no bairro. Além disso, durante todo o projeto, os estudantes tiveram a oportunidade de partilhar experiências e conhecimentos em ambas as línguas. Ao criar um ambiente de aprendizagem positivo, acolhedor e divertido para as crianças, o processo de sensibilização ambiental se mostrou muito mais efetivo do que quando realizado somente em sala de aula, seguindo o modelo tradicional de ensino. Por fim, os pequenos cientistas se mostraram engajados não somente em observar e registrar novas espécies, mas também em conhecê-las melhor e conservá-las.

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2680

Observação de aves em Urupema na Serra Catarinense
Ari Fernando (IPAC), Julia Monteiro

Resumo

Palestra de apresentação sobre aves da cidade de Urupema, a cidade mais fria do Brasil, localizada na Serra Catarinense. Abordaremos a observação de aves no município como referência no estado e como possibilidade de desenvolvimento local através de envolvimento com a população em escolas e evento (Festival do Papagaio-charão e do Papagaio-do-peito-roxo).

Aves, Crianças e Natureza, Ecologia, Fotografia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2726

Projeto "Passaripoa"-Educação ambiental através das aves urbanas e divulgação da ciência cidadã.
Augusto Canabarro Pötter (COA-Poa), Juliana Inês Herpich, Soraya Ribeiro ,

Resumo

A palestra irá abordar o projeto "Passaripoa", o qual ultrapassa um ano de idade e vem trazendo resultados otimistas quanto a divulgação da ciência cidadã no grande centro urbano de Porto Alegre, com ênfase em observação de aves e ornitologia. Trata-se de uma parceria entre o Clube de Observação de Aves e a Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, ambos de Porto Alegre-RS. A atividade possui uma enorme importância, despertando o olhar da população quanto a fauna local e promovendo a sensação de pertencimento em áreas verdes, provando assim ser uma ótima ferramenta de educação ambiental.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2787

Novos Jovens Observadores de Aves
Augusto Pötter (COA-Poa)

Resumo

A palestra trará jovens engajados na observação de aves, e na ornitologia, afim de gerar uma conversa relativa a como é ser um jovem no meio da observação de aves, trazendo uma perspectiva sobre dificuldades, e facilidades de se observar aves no Brasil em menores idades. Além de abordar as trajetórias dos jovens convidados na observação de aves.

Aves, Ciência cidadã, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2788

Avanços na criação de reservas privadas para proteger as aves mais ameaçadas do Brasil
Bennett Hennessey (American Bird Conservancy)

Resumo

Oito reservas naturais privadas encontradas em todo o Brasil apresentarão seu trabalho de conservação e avanços para proteger as aves, incluindo algumas das espécies mais ameaçadas do país. Viaje conosco para Minas Gerais, Bahia, Ceará, Espírito Santo para ver o que as ONGs estão fazendo para proteger o habitat do Brasil. A criação de uma reserva privada é apenas o primeiro passo. Desenvolver a proteção requer projetos de longo prazo como reflorestamento, gerenciamento de habitat, proteção e programas, como o turismo, para desenvolver uma renda para pagar pela proteção.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Ecologia, Turismo, Viagens, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1618

Destinos Silvestres | Rondônia: Um paraíso ameaçado
Bruno Rennó

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2260

Observação ornitológica como ferramenta de conservação da biodiversidade e educação ambiental no contexto do PAN Aves Marinhas
Camila Garcia Gomes (ICMBio/CEMAVE)

Resumo

Palestra sobre os desafios e potenciais da observação de aves marinhas como instrumento para promover a conservação da biodiversidade no contexto do PAN Aves Marinhas. Em consonância, também será abordada a Instrução Normativa que regulamenta a observação de aves em unidades de conservação geridas pelo ICMBio, assim como do Código de Ética do CEMAVE.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Turismo, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1619

Destinos Silvestres | Angra dos Reis
Carlos Dutra

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2786

Projeto de parque para observação de pássaros em Tiradentes - MG
Carlos Frederico Dirickson (Solar da Ponte Ltda)

Resumo

Projeto em Tiradentes Minas Gerais, um dos destinos turísticos mais bonitos do Brasil, de um parque de observação de pássaros com previsão de início de atividades para 2024. Desde a conceituação até a estrutura de hospedagem que compõe o produto turístico. Localizado no sopé da serra em Tiradentes – MG e nas margens do refúgio de vida silvestre Libélulas da serra de São José, o Sítio Serra de Bons Ventos se prepara há seis anos, desde quando ainda era um pasto de vacas, para se tornar um parque de observação de pássaros e passeios na natureza. A palestra visa divulgar o projeto, seu planejamento, dificuldades e resultados, e trocar experiencias com aqueles que já realizaram ou desejam faze-lo .

Aves, Arte e cultura, Conservação, Crianças e Natureza, Fotografia, Turismo, Viagens, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2234

O uso da tecnologia de gravadores passivos na detecção de espécies raras
Cecília Serpa (Log Nature)

Resumo

Iremos ministrar uma palestra apresentando o case do registro Pardela de Asa Larga nas ilhas secundárias em Fernando de Noronha. Na palestra iremos abordar o estudo de caso e vincular o uso de novas tecnologias para o registro de aves e potencial uso no birdwatching, sobretudo, os fanáticos por registros de espécies raras. Além disso, realizaremos uma oficina de 1 hora de duração (sugerida pelo @Guto Carvalho, ainda em alinhamento) para os interessados em aprender um pouco mais sobre os gravadores e câmeras trap.

Aves, Conservação, Cuidados em campo, Divulgação científica, Ecologia, Tecnologia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2824

Histórias de uma pena - The tale of a feather
Clarissa de Oliveira Santos (Museu Biológico - Instituto Butantan)

Resumo

Enquanto crescem, tecidos de queratina, como pelos, unhas e penas, incorporam substâncias químicas da corrente sanguínea. Esses tecidos podem contar histórias sobre onde, o quê comeu, e quais as condições ambientais um animal foi exposto. Com algumas penas é possível ter pistas sobre o DNA, a história natural, a exposição a contaminantes e os efeitos destes na saúde de populações e comunidades de aves, e informações como estas são de extrema importância para a conservação de espécies.

Aves, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2569

Observação de aves na fazenda São Sebastião e vila Céu do Mapiá, contribuições ao monitoramento, educação e turismo ecológico na FLONA do Purus, Pauini – AM, Brasil
Clezio Kleske (Cooperar), Tom Adnet Moura, Adnet Florestal, Pedro Adnet Moura, Adnet Florestal, Olímpio Rocha Mendes, Cooperar

Resumo

Com o objetivo de contribuir para o Manejo Florestal Comunitário de Uso Múltiplo na FLONA do Purus, foi realizado o inventário das aves da área de manejo florestal e das duas comunidades no entorno. Até o momento foram realizadas 4 expedições entre 2019 e 2022, com registro de 335 espécies, algumas com distribuição restrita e pouco documentadas para a região. Foram realizadas 4 oficinas de sensibilização nas escolas das comunidades e foi elaborada uma primeira versão do catálogo das espécies.

Aves, Arte e cultura, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, Taxonomia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2772

Desmistificando o método científico
Cristina A. Kita (Universidade de São Paulo (USP))

Resumo

Você já se perguntou o que é ciência, afinal? Nesta palestra, gostaria de conversar contigo sobre como a ciência profissional é feita. Vamos examinar juntos as engrenagens do método científico, a fim de entendermos como um projeto científico é desenvolvido até chegar a resultados conclusivos. Discutiremos que, no fundo, fazer ciência é contrastar expectativa e realidade, de diferentes maneiras e com diferentes propósitos. Conhecendo melhor esse jeito científico de ver o mundo, podemos resolver problemas acadêmicos e aplicados. Mais do que isso, a ciência pode nos ajudar a melhorar as nossas vidas, desmentir fake news, desmontar teorias conspiratórias e combater a desinformação em geral. Venha comigo nessa jornada!

Divulgação científica
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2465

Primeiros voos na livre aprendizagem: as aves como instrumento pedagógico de ensino na natureza
Daniela Alves Maia da Silva

Resumo

A observação de aves vem sendo introduzida nas escolas como uma ferramenta pedagógica complementar de ensino e Educação Ambiental. Mas quais são os desafios dessa abordagem em espaços educativos de livre aprendizagem? Tendo a natureza como sala de aula, este trabalho relata a introdução das aves no contexto pedagógico da Cidade Escola Ayni, um espaço educativo para adultos e crianças, localizado em um bosque no município de Guaporé (RS).

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2826

REDE DE MULHERES NA ORNITOLOGIA E NA OBSERVAÇÃO DE AVES: o que é, o que faz e por que criar uma iniciativa como esta?
Daniella Pereira Fagundes de França (Museu de Zooologia), Keila Nunes Purificação, Priscilla Esclarski, Vitória de Sousa Ribeiro, Paola Freitas de Oliveira, Shirliane de Araújo Sousa

Resumo

Estudos sobre a presença feminina em diversas áreas científicas no Brasil indicam baixa representatividade de mulheres, principalmente nos níveis mais altos da docência acadêmica. Até o ano de 2021, nenhuma iniciativa foi concretizada, de maneira ampla, para discutir sobre a participação de mulheres na ornitologia brasileira, embora a percepção geral seja de que a área é majoritariamente masculina. O mesmo ocorre na observação de aves, área diretamente relacionada, onde contamos com uma minoria de mulheres guiando e/ou participando de atividades de observação de aves. No dia 4 de maio de 2021, um grupo de pesquisadoras e observadoras de aves lideradas pela Dra. Shirliane de Araújo Sousa e Dra. Daniella França, criaram a Rede de Mulheres na Ornitologia e na Observação de Aves - Rede OrnitoMulheres. O objetivo principal da Rede é criar um espaço de debate, acolhimento, divulgação de pesquisas e troca de experiências, além de ressaltar a necessidade do fortalecimento do protagonismo feminino na ornitologia e na observação de aves. Inspirada por outras redes de mulheres na ciência, como Mulheres na Zoologia, Mulheres na Entomologia, Herpetologia Segundo as Herpetólogas, Mulheres pela Primatologia, Mulheres na Ciência BR (entre outras); a OrnitoMulheres também tem o objetivo de combater a disparidade de gênero nas áreas em que suas integrantes atuam. Atualmente, a Rede é composta por 328 mulheres de todas as regiões do Brasil, que interagem no grupo "OrnitoMulheres" no aplicativo de mensagem WhatsApp. A Rede é gerida por uma diretoria coletiva e grupos de trabalho. Estes grupos trabalham e atuam de forma voluntária para produzir dados científicos relacionados ao tema, divulgar a ornitologia brasileira pela perspectiva das mulheres e divulgar trabalhos e estudos realizados pelas ornitólogas e observadoras de aves. Até o momento, nossas ações resultaram na criação e manutenção de um perfil no Instagram (@ornitomulheres) com 2.631 seguidores (atualização: 18/04/2023); apresentação de um resumo no Congresso Brasileiro de Ornitologia de 2021; uma dissertação de mestrado sobre viés de gênero na ornitologia, defendida em 2022; publicações em mídias jornalísticas com temática ambiental e palestras sobre questões de gênero na ornitologia e na ciência ministradas pelas integrantes da Rede em diversos eventos. A criação da Rede também chamou atenção para a necessidade de políticas mais inclusivas em instituições tradicionais na ornitologia brasileira, como o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) e a Sociedade Brasileira de Ornitologia. Sobretudo, a Rede tem fortalecido o espaço coletivo de acolhimento e de troca de saberes diversos. Entendemos que o viés de gênero na pesquisa e observação de aves é um reflexo da sociedade, por isso a existência de tamanha disparidade de gênero. Em vista disso, a Rede se dedica a gerar dados que possam subsidiar e representar ações de mitigação dos impactos desse viés na vida das mulheres que possuem as aves como seu objeto de estudo, trabalho, lazer ou admiração.

Aves, Ciência cidadã, História
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2829

Caminhos para diminuir o machismo estrutural na ornitologia brasileira
Camila Siqueira Costa (Museu de Zooologia da USP), Paola Freitas de Oliveira, Flávia de Campos Martins, Priscilla Esclarski, Shayana de Jesus, Daniella Pereira Fagundes de França

Resumo

O machismo estrutural, em seu conceito mais recente, se baseia na construção, organização, disposição e ordem de elementos que compõem o corpo social, dando sustentação à dominação patriarcal, enaltecendo os valores constituídos como ‘masculinos’ em detrimento direto e desproporcional dos valores construídos como ‘femininos’ em todas as suas manifestações, em especial à mulher e nos grupos não heteronormativos. Sabendo que a ornitologia e a observação de aves no Brasil perpetuam práticas machistas como um reflexo da sociedade em que estão inseridas, o objetivo deste trabalho é nortear uma discussão para que estas comunidades promovam ambientes seguros, confortáveis e saudáveis para a atuação das ornitólogas e observadoras de aves brasileiras. Diante disso, trazemos propostas de políticas, ações e comportamentos que podem auxiliar no combate ao viés de gênero nos espaços aqui discutidos. Dentre alguns caminhos para diminuir situações constrangedoras, de preconceito ou assédio moral e sexual dentro da ornitologia e da observação de aves, podemos mencionar a criação de pequenos grupos nas instituições de ensino, pesquisa e ambiente de trabalho e lazer, composto apenas por mulheres, que funcionem como rede de apoio para estudantes, pesquisadoras, professoras e como um espaço para debate de ideias visando a construção de uma área de trabalho mais saudável, sustentável e respeitosa; criação de canais de denúncia nas instituições, compostos apenas por mulheres, com um protocolo definido coletivamente, para a exposição de situações de assédio moral e sexual de forma respeitosa e acolhedora e sem culpabilização da vítima; realização de campanhas de sensibilização e ações de capacitação voltadas para práticas respeitosas no ambiente profissional; ações para ampliar a participação efetiva das mulheres nos mais diversos espaços dentro da ornitologia e da observação de aves, inclusive em cargos de liderança, no planejamento e nas tomadas de decisões e a divulgação de trabalhos feitos por mulheres, aumentando sua visibilidade e reconhecimento. Muitos são os obstáculos a serem superados quando se trata do machismo estrutural, levando em consideração seu estigma histórico e seus vieses inconscientes. Ressaltamos que a ausência de ações efetivas de combate ao machismo, impede-nos de termos uma sociedade mais justa e uma ciência com todo seu potencial atingido.

Aves, Cuidados em campo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2831

Assédios moral e sexual e seus impactos na vida profissional das ornitólogas e observadoras de aves do Brasil
Camila Siqueira Costa (Museu de Zooologia da USP), Paola Freitas de Oliveira, Flávia Vieira de Oliveira Aguiar, Layane Yamila Viol, Thuani Luísa Saldanha Wagener, Rosa C. Cartagenes

Resumo

Um dos fatores críticos na atuação de observadoras de aves e ornitólogas é o assédio sofrido em seus ambientes de trabalho ou atividades de campo. São frequentes os relatos de estudantes e profissionais da área que enfrentam cobranças discriminatórias e preconceitos no meio acadêmico e cultural. Dentre os tipos de assédio descritos na literatura, menciona-se o que tem coerção de natureza sexual, inclusive por palavras - como o assédio moral, caracterizado por qualquer tipo de atitude hostil dirigido oralmente contra a trabalhadora, por seu superior ou colega de mesmo nível hierárquico provocando constrangimento no trabalho, ou o assédio sexual propriamente dito, que envolve toques físicos e inclusive, utilização de força física contra a mulher para obter algum tipo de satisfação libidinosa. Por vezes tratados como invisíveis, os vários tipos de assédio são símbolos de uma violência oculta. Neste contexto, nosso objetivo é identificar os principais impactos deste tipo de violência na carreira de mulheres na ornitologia e observação de aves. Para isso, compilamos relatos entre os anos de 2021 e 2023, oriundos das integrantes da Rede de Mulheres na Ornitologia e na Observação de Aves - Rede OrnitoMulheres - para entender quais são os tipos de assédio mais recorrentes. Foram descritos assédios em situações profissionais tanto com homens em cargos superiores, quanto em trabalhos liderados por mulheres. Os temas levantados estão relacionados à maternidade, nível hierárquico e competência física, entre outros. Foi possível avaliar que situações de assédio podem gerar impactos significativos na saúde mental das mulheres, com consequências em sua atuação profissional após tais episódios. Há relatos de possível desistência da profissão por mulheres após terem sua dignidade afetada, bem como por terem sido induzidas à práticas contrárias ao seu próprio senso de ética, que potencialmente poderiam prejudicar suas carreiras. O impacto da desistência em pesquisas, gera atrasos em carreiras profissionais e retrocessos científicos. O comportamento de alguns homens também pode afetar a segurança das mulheres em campo, tornando o exercício da profissão/atividade desconfortável ou mesmo perigoso, havendo relatos de humilhações e exposições físicas e mesmo assédios comparáveis à tentativa de estupro. Tais situações tornam-se ainda mais restritivas quando, pelas próprias características dos trabalhos de campo, faz-se necessário deslocamento e permanência em lugares ermos e localidades relativamente isoladas para a execução de pesquisas fundamentais em ornitologia. Dessa forma, a produção científica na ornitologia como um todo é prejudicada, sendo necessário que toda a comunidade brasileira de ornitologia e observação de aves volte suas atenções e elabore estratégias de combate ao assédio moral e sexual nas atividades profissionais destas áreas científicas.

Aves, Cuidados em campo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2830

Quem são e onde estão as ornitólogas brasileiras? Uma perspectiva étnico-racial e regional da Rede OrnitoMulheres
Vitória de Sousa Ribeiro (Museu de Zooologia da USP), Rosa C. Cartagenes, Keila Nunes Purificação, Giovanna Marschner, Gisele Milaré, Viviane Monteiro

Resumo

Uma discussão de extrema relevância em relação à atuação das mulheres na ornitologia e na observação de aves são as discriminações étnicas-raciais e regionais sofridas por elas. São frequentes os relatos de estudantes, profissionais, cientistas e observadoras de aves, principalmente oriundas das regiões Norte e Nordeste do Brasil, de que além das barreiras de gênero, enfrentam cobranças discriminatórias no ambiente acadêmico e profissional relacionadas às suas origens. Tais preconceitos, provocado, sobretudo, pelo colonialismo secular, visto que populações originárias e escravizadas através da opressão dos ciclos econômicos escravagistas, interiorizaram-se geograficamente e ensejaram alguns dos principais movimentos de resistência civil nas regiões Norte e Nordeste do país. Nas áreas de ciências, pesquisa e tecnologia, este tratamento se manifesta em reiterada sobrecarga de tarefas consideradas de menor importância ou menos "nobres" no escopo das atividades acadêmicas e de pesquisa, refletindo um descrédito e desprezo pela capacidade técnica e operacional de povos originários e negros e a permanente contestação e desvalorização da produção científica destas pessoas, principalmente mulheres.Desse modo, decidimos verificar como o viés étnico-racial e regional têm impactado ornitólogas e observadoras de aves brasileiras. Para isso, utilizamos os dados de um formulário respondido pelas integrantes da Rede de Mulheres na Ornitologia e na Observação de Aves - OrnitoMulheres (coletivo formado por ornitólogas, guias de observação de aves e observadoras de aves), aplicado entre os anos de 2021 e 2023. Obtivemos um total de 341 respostas: 69% (n = 229) são mulheres brancas, 27% (n = 89) pretas ou pardas, 1% (n = 4) indígenas; 1% (n = 4) amarelas e 2% (n = 8) não especificaram. Recebemos respostas de quase todos os estados brasileiros, a maioria do Sudeste (47%), sendo 29% (n = 62) de São Paulo. Com relação à raça/cor por região brasileira, a maior parte das mulheres autodeclaradas brancas vive na região Sudeste (54,3% = 76) e Sul (17,86% = 25); as mulheres negras são maioria no Sudeste (30,1% = 19) e no Nordeste (28,5% = 18); as indígenas no Norte (66,6% = 2) e no Sudeste (33,3% = 1); já as amarelas se encontram apenas no Sudeste. Os resultados reforçam que a Ornitologia e as atividades de observação de aves brasileiras são espaços que reproduzem o padrão de preconceito e racismo estrutural subjacente em nossa sociedade. Com esses resultados, pretendemos mostrar que o problema existe e que precisa ser combatido, de modo que possamos elaborar mecanismos para uma ciência mais diversa, socialmente justa, e representativa da sociedade brasileira, assim como criar espaços de observação de aves mais seguros e acessíveis para meninas e mulheres de qualquer raça e/ou origem geográfica. Para tal, faz-se necessário construir um cenário de valorização da produção intelectual e pesquisa feminina, através do fomento de políticas públicas voltadas para o acesso e formação de meninas e mulheres em todos os níveis de ensino.

Aves, Cuidados em campo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2719

O tempo das aves: o ciclo anual das aves na Mantiqueira
Danielle Santos Silva (Observatório de Aves da Mantiqueira), Affonso Henrique de Souza, Pedro Martins, Luiza Figueira

Resumo

As aves, em geral, realizam três atividades básicas anuais, a muda, reprodução e migração. Essas atividades costumam ocorrer de maneira previsível e padronizada, estando associadas com condições climáticas locais. Na Mantiqueira, a muda e a reprodução das aves ocorrem em períodos bem definidos do ano, especificamente no período chuvoso. Essas atividades refletem na observação de aves e conhecer um pouco sobre o ciclo anual das aves pode contribuir para entender melhor seus comportamentos.

Introdução

As aves, assim como demais animais, seguem diferentes estratégias e ritmos de vida que refletem sua ecologia e impactam a dinâmica populacional de cada espécie. A sobrevivência de uma ave ou o aumento populacional de uma espécie são afetados por atividades básicas do ciclo anual das aves (HOLMGREN; HEDENSTRÖM, 1995), como reprodução, migração e a troca de penas. A troca de penas (muda) é a única dentre as três atividades mencionadas que é obrigatória a todas as espécies e indivíduos, e que acontece a cada ciclo anual. Assim como a muda, as atividades de reprodução e migração, quando acontecem, também seguem um determinado padrão (REPENNING; FONTANA, 2011). Embora esses eventos sejam cíclicos, o momento exato em que ocorrem ao longo do ano pode variar e podem refletir bastante na movimentação e na visualização das aves.

Ciclo anual das aves na Serra da Mantiqueira:

Migrar, reproduzir ou trocar as penas exigem alta demanda energética. Dessa forma, as aves geralmente realizam essas atividades no período do ano com maior disponibilidade de alimentos. Direta ou indiretamente, o clima regional é a condição que provavelmente mais delimita as atividades do ciclo anual das aves (Marini & Durães 2001). Na Serra da Mantiqueira, o ciclo anual das aves aparenta estar fortemente relacionado com o padrão sazonal de chuvas. O período de maior intensidade de chuvas na região ocorre de outubro a março, coincidindo com uma maior disponibilização de recursos alimentares para as aves, como flores, frutos, sementes e presas (insetos, invertebrados e outros animais). Essas características tornam este momento propício para as aves realizarem a reprodução e as suas trocas de penas. A reprodução de muitas espécies de aves na Mantiqueira ocorre logo no início do período chuvoso, entre os meses de outubro e dezembro. Durante essa época do ano as aves cantam a todo vapor, e as chances de ver casais se movimentando para a construção de ninhos e para a alimentação dos filhotes aumentam. Durante este período aumenta também as chances de observar aves juvenis, que ainda estão aprendendo a voar e que estão com o seu primeiro conjunto de penas. Toda a movimentação para construir ninhos, incubar ovos e alimentar os filhotes acabam sendo extremamente desgastante para as penas. Dessa forma, muitas aves aproveitam que ainda há bastante alimento disponível no final do período chuvoso para trocar as suas penas. A muda das aves da Mantiqueira geralmente ocorre entre os meses de dezembro e março. Nessa época do ano é possível visualizar e fotografar aves com penas bastante desgastadas e aves com penas de ótima qualidade, sendo possível observar até mesmo aves com penas crescendo nas asas e no corpo. Além da muda e reprodução ocorrerem no período de maior intensidade de chuvas, o aumento da disponibilidade de alimentos torna-se atrativo para animais que fazem o processo de migração. Assim, nesta época do ano também estão presentes diversas aves migratórias que passam pela região em busca de alimento, abrigo ou repouso. Na Mantiqueira, essas três principais atividades das aves ocorrem basicamente durante a primavera e durante o verão. No período dessas estações as temperaturas estão mais elevadas e por isso as chuvas são mais frequentes. Com a chegada do outono e do inverno as temperaturas caem e já não há mais tantas chuvas e alimentos em abundância nas matas para as aves realizarem atividades de alto gasto energético. Assim, neste momento as aves investem a sua energia principalmente em se alimentar, procurando frutos, sementes e até mesmo comedouros para suprir a demanda energética e manter-se aquecidas durante os dias de inverno.

O ciclo das aves e a observação de pássaros:

As atividades das aves na Mantiqueira estão extremamente associadas com a sazonalidade climática, sendo possível observar uma repetição no comportamento das aves nos mesmos períodos em cada ano. Cada um desses períodos tem a sua particularidade, por exemplo, a maior movimentação e canto das aves durante o período reprodutivo, o aumento da presença de aves em comedouros durante o inverno e as aves com penas de diferentes qualidades durante o período da muda. Dessa forma, conhecer essas atividades, os períodos em que elas ocorrem e um pouco do comportamento das aves durante tais momentos é interessante para haver um melhor entendimento da variação de espécies, indivíduos e comportamentos encontrados durante a observação de aves ao longo do ano. O OAMa é uma organização expositora na feira do Avistar 2023.

Ciência cidadã, Conservação, Ecologia, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2415

Biodiversidade e observação de aves
Edivald

Resumo

Gostaria de apresentar sobre a biodiversidade do P.E jurupará com fotos e falar um pouco da nossa educação ambiental que realizamos nas escolas, e falando sobre a importância da observação de aves e fotografias. Obrigado grato pela atenção.

Aves, Borboletas, Conservação, Crianças e Natureza, Fotografia, Mamíferos, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2698

Projeto Rolinha-do-planalto, 8 anos após a redescoberta
Edson Ribeiro Luiz (SAVE Brasil), Pedro Develey, Tony Bichinski ,

Resumo

A rolinha-do-planalto, conhecida cientificamente como Columbina cyanopis é uma das aves mais raras do planeta. Após 74 anos sem ser vista foi considerada como possivelmente extinta até que em 2015 uma pequena população foi encontrada no município de Botumirim - MG pelo ornitólogo Rafael Bessa. Até essa redescoberta só eram conhecidos três registros da espécie, todas elas em áreas do bioma Cerrado. Como forma de proteger a espécie e seu habitat a SAVE Brasil iniciou uma série de ações de conservação em Botumirim que culminaram com muitos resultados positivos, como a criação da Reserva Rolinha-do-planalto e do Parque Estadual de Botumirim. Ademais, centenas de pessoas já visitaram o munícipio e tiveram a oportunidade de conhecer, observar e fotografar a rolinha-do-planalto, Agora, 8 após a sua redescoberta, o Avistar será novamente palco de uma grande notícia pra espécie! Todos os desafios e conquistas para conservar a rolinha do planalto nos últimos anos serão contados na palestra e como observadores de aves, pesquisadores e a sociedade em geral pode nos ajudar nesse árdua, mas empolgante tarefa de proteger uma das espécies mais raras do planeta.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Taxonomia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2429

Aves que Eu Vi
Edu Borges

Resumo

A palestra seria uma breve apresentação sobre mim e meu trabalho. Tenho 15 anos sou fotógrafo e observador de aves, comecei a observar aves com 8, publiquei 2 livros e fui chamado para entrevistas e reportagens. Também dou palestras em escolas.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Fotografia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2153

Lançamento Brasil Silvestre
Eduardo Franco (Minas Nature Tours)

Resumo

Turismo, Viagens, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2798

Lançamento Avistar Minas 2023
Eduardo Franco (Minas Nature Tours)

Resumo

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1634

Destinos Silvestres | As joias das Minas Gerais
Eduardo Franco

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2217

Onde a divulgação científica e a ciência cidadã se encontram no mundo da observação de aves?
Eduardo Roberto Alexandrino (LEMaC/ESALQ/USP, Projeto "Eu vi uma ave usando pulseiras!?"), Juliana Moraes, Divulgadora científica – “Menina dos passarinhos” www.instagram.com/meninadospassarinhos, Universidade Federal da Bahia

Resumo

A divulgação científica e ciência cidadã buscam levar conhecimento à sociedade. Enquanto os divulgadores científicos transmitem conhecimento já existente e geralmente lidam com um grande público, a ciência cidadã precisa engajar o público na busca pelo conhecimento. Este evento pretende discutir como as dúvidas ornitológicas levantadas por muitos observadores de aves nos canais de divulgação científica poderiam fomentar diferentes investigações projetadas ou mesmo conduzidas por cidadãos.

Contexto da pelestra

A divulgação científica é uma das formas de contar ao público geral como uma pesquisa científica foi realizada, os resultados obtidos e a sua utilidade na sociedade, mas utilizando pouca linguagem técnica em mídias que potencialmente alcançam um público grande. Já a ciência cidadã, entre tantas definições propostas, pode ser compreendida como uma abordagem de investigação científica em que profissionais e não-profissionais atuam juntos no processo de construção de um conhecimento. A forma dessa participação popular pode variar na intensidade, frequência e nas diferentes etapas do projeto científico. Pegando exemplos conhecidos entre os observadores de aves, há projetos e iniciativas que consideram os cidadãos para atuar na coleta de dados, como é o eBird, WikiAves, iNaturalist. No entanto, um dos princípios da ciência cidadã é permitir a atuação cidadã em demais etapas, como na fase de planejamento da pesquisa, análise dos dados, disseminação dos resultados e implantação de processos decisórios. Embora extremamente útil para a sociedade, os profissionais que atuam com divulgação científica podem algumas vezes se deparar com dúvidas levantadas pelo público sobre assuntos específicos que ainda não existe conhecimento científico consolidado. Por outro lado, embora projetos de ciência cidadã sejam úteis para avanços na ornitologia, a execução de projetos do tipo pode não ser trivial. Um ponto é justamente entender quais demandas de conhecimento a sociedade possui em meio a tantas lacunas de conhecimento ainda existentes e quais métodos seriam passíveis de serem implementados com a atuação dos cidadãos. Nesse ponto canais de divulgação cientifica podem ser ótimas fontes de informações

Objetivos e metodologia da palestra

O evento pretende mostrar ao público as semelhanças e diferenças entre divulgação científica e ciência cidadã usando exemplos que ambos os palestrantes possuem, no caso Juliana Moraes com seu canal ‘Menina dos passarinhos’ e Eduardo Alexandrino com seu projeto de ciência cidadã ‘Eu vi uma ave usando pulseiras!?’. Após, os palestrantes pretendem mostrar exemplos de dúvidas levantadas pelo público no canal ‘Menina dos passarinhos’ e no projeto ‘Eu vi uma ave usando pulseiras!?’ mas que ainda não são fáceis de serem respondidas devido à falta de conhecimento consolidado na literatura científica sobre o assunto. A partir destes exemplos, os palestrantes pretendem explicar ao público como uma investigação científica poderia ser iniciada e planejada a partir das dúvidas populares, e como um projeto de ciência cidadã poderia ser implementado com as tecnologias e acesso à informação existentes atualmente. A estrutura do evento será: 15 minutos de fala para cada palestrante e 10 minutos finais para exemplificar um planejamento de investigação científica

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2203

Comedouros para aves, pode? Vamos descobrir juntos?
Eduardo Roberto Alexandrino (LEMaC/ESALQ/USP)

Resumo

Oferecer alimentos para aves em comedouros tem seus pontos positivos e negativos. A palestra apresentará resultados obtidos em investigações sobre de uso de comedouros realizados no Brasil nos últimos anos, inclusive por meio de iniciativas baseadas em ciência cidadã. Embora já saibamos que várias espécies brasileiras visitam comedouros e que são potencialmente úteis para conscientização ambiental, ainda existem várias questões a serem respondidas que demandam a atuação dos observadores de aves.

Contexto

Oferecer alimentos em comedouros artificiais é uma das melhores formas de promover o contato visual dos seres humanos com aves silvestres ocorrentes em diversos ambientes (Murray et al. 2016). Se por um lado esta atividade de aproximação com esta parcela da natureza é considerada benéfica ao bem estar dos humanos (Cox e Gaston 2016), por outro lado existem estudos que provaram que comedouros podem causar impactos negativos nas comunidades de aves, por exemplo, favorecendo proliferação de doenças, alterando a dinâmica populacional das espécies, ou mesmo beneficiando espécies invasoras (Bonter et al. 2010, Galbraith et al. 2017, Lawson et al. 2018). Embora existam evidências que defendam os dois lados dessa história, ainda hoje a maior parte dos estudos realizados no tema são provenientes de países do hemisfério norte o que gera discussões se as conclusões observadas seriam válidas para o Brasil (Murray et al. 2016; Alexandrino et al. 2022). A demanda por conhecimento sobre comedouros entre observadores de aves brasileiros se elevou a partir da pandemia Covid 19 (em 2020). Durante o lockdown, muitos usaram comedouros caseiros para ter a chance de observar as aves de perto. O próprio Avistar Brasil, promoveu “passarinhadas” virtuais a vários comedouros espalhados pelo Brasil, eventos conhecidos como Janelives. Algumas investigações científicas brasileiras sobre o tema acompanharam tal demanda e hoje é possível prover algumas respostas à diferentes dúvidas no Brasil, embora outras ainda precisam ser melhor investigadas.

Objetivos da palestra e métodos

A palestra visa apresentar alguns resultados obtidos em investigações sobre de uso de comedouros realizados no Brasil a partir da pandemia Covid 19, entre elas por algumas iniciativas baseadas na ciência cidadã. A palestra espera levantar discussões com o público sobre como usar racionalmente comedouros com frutos no Brasil e como continuar investigações sobre o tema junto com os brasileiros. As discussões que serão levantadas durante a palestra levam em consideração os resultados e experiências vividas pelo autor da palestra nos seguintes casos: 1. Durante os Janelives, eventos que contaram com a participação de dezenas de brasileiros no monitoramento de 48 diferentes comedouros com frutos espalhados pelo Brasil (Alexandrino et al. 2022) 2. Uma investigação sobre as percepções dos brasileiros sobre o uso de comedouros (Alcantara e Alexandrino 2022) 3. Diferentes monitoramentos realizados entre 2019 e 2023 a quatro comedouros localizados em diferentes pontos da Mata Atlântica no projeto de ciência cidadã “Eu vi uma ave usando pulseiras!?”, onde cada ave recebe anilhas coloridas exclusivas permitindo o monitoramento de cada ave à distância pelos cidadãos. Os comedouros estão nos seguintes locais: (1) Parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão - MBML, Santa Teresa/ES; (2) Fazenda Elguero/RPPN Trápaga, em São Miguel Arcanjo/SP; (3) Reserva Votorantim Legado das Águas, em Miracatu/SP; (4) Mini horto de Águas de São Pedro/SP (Alcantara et al. 2020, Rui et al. 2021, Alexandrino 2021, Alcantara 2022).

Resultados e discussões

Até o momento é possível destacar que ao menos 104 espécies de aves que ocorrem no Brasil visitam comedouros com frutos comerciais (e.g., banana e mamão) (Alexandrino et al. 2022). Sanhaçu-cinzento e sabiá-laranjeira foram as espécies mais presentes nos comedouros monitorados pelo Brasil no Janelives, dado que é corroborado com os monitoramentos de comedouros que o projeto de ciência cidadã “Eu vi uma ave usando pulseiras!?” realiza. Os mantenedores de comedouros e participantes do Janelives destacaram que no Brasil o número de aves nos comedouros se eleva nos períodos de frio (Alexandrino et al. 2022). Em relação ao número de aves que são atraídas a um comedouro, Alcantara (2022) mostrou numa análise rápida que geralmente menos de 20% das espécies que ocorrem em uma localidade frequentam comedouros. Entretanto, o monitoramento de indivíduos de aves anilhadas pelo projeto “Eu vi uma ave usando pulseiras!?” na Fazenda Elguero/RPPN Trápaga e Reserva Legado das Águas (paisagens florestais) revelaram que algumas aves, como canário-da-terra, tico-tico, sanhaço-cinzento, sanhaço-do-coqueiro, tiê-preto, saíra-militar e saíra-sete-cores parecem se habituar facilmente ao oferecimento de alimento no comedouro, visitando a estrutura continuamente por meses inclusive trazendo seus filhotes para se alimentar no local (Alcantara et al. 2020). Este resultado levanta a dúvida se tal habituação poderia causar quebra na provisão de serviços ecossistêmicos realizado por aves em ambientes naturais (e.g., dispersão de sementes, ver Alcantara, 2022), ou se tal uso seria apenas temporário. Nesse caso, vale destacar que algumas aves anilhadas que estavam sendo vistas continuamente entre 2020 e 2021 no comedouro do Legado das Águas deixaram de ser vistas em 2022. O motivo desta interrupção ainda é incerto. Em Alcantara e Alexandrino (2022) foi observado que muitos brasileiros ainda desconhecem alguns impactos negativos que comedouros podem causar às aves (por exemplo, proliferação de doenças e alterações comportamentais nas espécies). Os brasileiros também não percebem que a ocasional atração de outros animais da fauna silvestre aos comedouros (por exemplo, alguns mamíferos, insetos, etc) se configura como um impacto negativo indireto causado por comedouros. Por outro lado, os brasileiros reconhecem facilmente os impactos positivos que as estruturas causam aos humanos (e.g., educação ambiental, contato com a natureza, bem-estar). Muitos observadores de aves brasileiros que participaram do Janelives, e outros no projeto “Eu vi uma ave usando pulseiras!?”, mostraram ter uma postura cautelosa quanto ao uso de comedouro, sendo que muitos concordam que é necessário manter comedouros limpos e com um ritmo controlado de oferecimento de alimento para que sejam minimizadas as chances de habituação das aves e eventual proliferação de doenças. No entanto, vale destacar que ainda há várias demandas de conhecimento entre cidadãos que já foram instigados a pensar sobre os impactos potenciais de comedouros. Por exemplo, é possível listar algumas dúvidas levantadas pelos cidadãos em ambas iniciativas de ciência cidadã citadas: ‘No Brasil, comedouros poderiam elevar a transmissão de doenças entre aves e seres humanos?’ ‘O uso contínuo de comedouros poderia gradativamente domesticar algumas espécies brasileiras?’ ‘Os agrotóxicos usados nas frutas comerciais poderiam causar algum problema para as aves que visitam comedouros?’. Respostas a tais perguntas só serão possíveis se monitoramentos em longo prazo a vários comedouros forem realizados. No caso de atuais usuários assíduos de comedouros, como hotéis e pousadas que tem comedouros como atração turística, envolvê-los em investigações futuras é uma forma de encontrar soluções que beneficiem impactos positivos em detrimento dos negativos, bem como prover conhecimento útil a quem planeja utilizar tais estruturas. *Referências citadas: Alcantara, M.C.; Hatamia, M.A.S.; Ermenegildo, H.; Jesus, M.M.F.; Batista, J.A.; Ferraz, K.M.P.M.B.; Alexandrino, E.R. (2020). Avaliando a visitação de aves em comedouros artificiais inseridos na Mata Atlântica por meio de câmera trap. In: ANAIS DO IX SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA (SIMBIOMA), Evento Online. p. 352-357. Alcantara, M. C.; Alexandrino, E. R. (2022). Percepções sobre comedouros para aves de vida livre: implicações para o turismo de observação de aves no Brasil. Revista Brasileira de Ecoturismo, 15(3):329-351. Alcantara, M.C. Uso de comedouros para aves de vida livre: avaliando sua influência nos serviços ecossistêmicos e no ecoturismo. (2022). Dissertação (Mestrado em Ecologia Aplicada) – Programa de Pós Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada – Universidade de São Paulo, 2022. Alexandrino ER. (2021). As estranhezas da tiriba Lica. In: Melo GAP, Silva-Melo MR. (Org.). Observadores de pássaros - Contos de passarinhos. Vol 2. Campo Grande, MS: Editora Ecodidática, p. 27-32. Alexandrino, E. R., Camboim, T. A., Chaves, F. G., Bovo, A. A. A., da Silva, M. A. G. et al. (2022). Which birds are Brazilians seeing on urban and non-urban feeders? An analysis based on a collective online birding. Ornithology Research, 30(2): 104-117. Bonter, D. N., Zuckerberg, B., & Dickinson, J. L. (2010). Invasive birds in a novel landscape: habitat associations and effects on established species. Ecography, 33(3): 494-502. Cox DTC, Gaston KJ (2016) Urban bird feeding: connecting people with nature. PLoS One 11:e0158717. Galbraith, J. A., Jones, D. N., Beggs, J. R., Parry, K., & Stanley, M. C. (2017). Urban bird feeders dominated by a few species and individuals. Frontiers in Ecology and Evolution, 5: 81. Lawson B, Robinson RA, Toms MP, Risely K, MacDonald S, Cunningham AA (2018) Health hazards to wild birds and risk factors associated with anthropogenic food provisioning. Philos Trans R Soc B, Biol Sci 373:20170091. Murray, M. H.; Becker, D. J.; Hall, R. J.; Hernandez, S. M. (2016). Wildlife health and supplemental feeding: a review and management recommendations. Biological Conservation, 204:163-174. Rui, D.R., Teixeira, D., Alexandrino, E.R. (2021) Quem está brigando? Identificando aves agressoras e submissas em um comedouro urbano. In: ANAIS DO X SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA (SIMBIOMA), Evento Online, p. 128-133. 2021

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2354

Lajedo dos Beija-flores - criação planejamento e construção
Ester Ramirez (Lajedo dos Beija-flores)

Resumo

Criação, planejamento e construção de uma estrutura de observação e fotografia de aves no Lajedo dos Beija-flores - Boa Nova, BA

Aves, Conservação, Fotografia, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1622

Destinos Silvestres | Peruíbe
Fábio Barata

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1625

Destinos Silvestres | As aves do Pará
Fernanda Freitas (), Danielson Aleixo

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2820

ANÁLISE SAZONAL DE AVES AQUÁTICAS EM ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS LÊNTICOS NO MUNICÍPIO DE PETROLINA
Uitamara dos Santos (Universidade de Pernambuco (UPE)), Flávia de Campos Martins

Resumo

Em ambientes de clima tropical, principalmente nos semiáridos, os reservatórios desempenham múltiplos usos em virtude dos longos períodos de escassez de água, entremeados por intensas chuvas em curto intervalo de tempo. entender a variação na distribuição, sazonalidade e abundância das espécies da avifauna aquática pode fornecer subsídios para o conhecimento dos padrões naturais e antrópicos que possam gerar variabilidade nas comunidades biológicas nos ecossistemas. De acordo com as observações realizadas mensalmente ao longo de 1 ano, a comunidade de aves aquáticas, dependentes e semidependentes dos quatro ecossistemas avaliados, é composta por 42 espécies, dispostas em 20 famílias. Nossos resultados não corroboram com a hipótese de que haveria maior concentração de espécies no período chuvoso, registrado entre os meses de janeiro a abril.

Introdução

reservatórios desempenham múltiplos usos em virtude dos longos períodos de escassez de água, entremeados por intensas chuvas em curto intervalo de tempo. Dentre os seus usos, encontram-se a produção de energia, regulação do fluxo hídrico, controle de inundações, pesca e recreação (WCD, 2000; GUNKEL et al., 2015; GUNKEL, 2009). Além disso, devido à irregularidade das chuvas e períodos longos de secas, esses reservatórios desempenham um papel fundamental na manutenção da vida humana e animal, principalmente nas regiões mais interioranas do semiárido (JÚLIO-JÚNIOR et al., 2005). No semiárido brasileiro, dadas as suas características climáticas, as áreas úmidas interiores são classificadas como sujeitas a pulsos polimodais imprevisíveis de curta duração, sujeitas a pulsos plurianuais de curta duração e ainda como áreas úmidas de origem antropogênica (PEEL et al., 2007; BRASIL, 2015). Esta última, mais especificamente as represas e reservatórios, também corresponde aos ecossistemas híbridos ou intermediários, definidos dentro das classificações de Esteves (1998). Bozelli et al. (2018) reconhecem ainda, dentre estas classificações, a importância das pequenas áreas úmidas para a biodiversidade, uma vez que as suas condições ambientais únicas possibilitam o desenvolvimento de respostas adaptativas às alterações nestes habitats (BLAUSTEIN; SCHWARTZ, 2001). Além disso, estas áreas úmidas temporárias funcionam como “trampolins” ou “degraus aquáticos”, fornecendo habitats para o forrageamento e repouso para espécies migratórias (CALHOUN et al., 2017). Desse modo, entender a variação na distribuição, sazonalidade e abundância das espécies da avifauna aquática pode fornecer subsídios para o conhecimento dos padrões naturais e antrópicos que possam gerar variabilidade nas comunidades biológicas nos ecossistemas. O uso de estatísticas de análise circular pode ser uma excelente ferramenta para estudar padrões sazonais, pois ajuda a prever como certas espécies podem se comportar em determinadas áreas e fornece uma estimativa de quando certos fenômenos, como eventos de reprodução ou migração, podem ser observados.

Resultados

De acordo com as observações realizadas, a comunidade de aves aquáticas, dependentes e semidependentes dos quatro ecossistemas avaliados, é composta por 42 espécies, dispostas em 20 famílias. A riqueza esperada para as espécies através da estimativa de Jackknife indicaram que as campanhas produziram aproximadamente 95% do que era esperado para a comunidade de aves da área de estudo. A diversidade de Shannon para a comunidade de aves aquáticas para as áreas amostradas foi de 2,38. Durante o período estudado, 25 espécies apresentaram concentração significativa em pelo menos uma das áreas amostradas, indicando que a ocorrência destas espécies, ao menos no ecossistema apresentado, é agregado ou sazonal. No presente estudo, Nannopterum brasilianus apresentou sazonalidade, com data média de ocorrência para o mês de setembro no município de Petrolina. Esse padrão de sazonalidade segue a tendência desta espécie em uma lagoan Nas demais lagoas, não foi observada sazonalidade, indicando que as alterações em sua composição podem ter relação com os atributos ambientais específicos destes diferentes ecossistemas, como profundidade e estado trófico. Nossos resultados não corroboram com a hipótese de que haveria maior concentração de espécies no período chuvoso, registrado entre os meses de janeiro a abril. Também não foram observadas correlações entre as variáveis riqueza, abundância e diversidade de espécies com a precipitação mensal através do teste de correlação de Spearman, respectivamente (rs = 0,09; -0,14 e 0,15).

Conclusão

Este estudo obteve alterações não esperadas para a sazonalidade das espécies, o que pode ter sido influenciado por anormalidades climáticas ou alterações no aporte de água e nutrientes pelos ecossistemas estudados.

Aves, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2814

1. ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE AVES EM UM FRAGMENTO DE CAATINGA
Maria Madalena da Silva Soares (Universidade de Pernambuco (UPE)), Flávia de Campos Martins

Resumo

Esse trabalho teve como objetivo levantar a estrutura da comunidade de aves em área de Caatinga próxima a tratamentos com poleiros artificiais, a fim de identificar espécies de aves potencialmente dispersoras de sementes que poderiam ser atraídas para esses poleiros. O levantamento foi desenvolvido na Reserva Legal da Embrapa Semiárido, município de Petrolina, Pernambuco, através de observações, registros de vocalizações e registros fotográficos. Registraram – se 103 espécies pertencentes a 28 famílias, esse número corresponde a 18,61% do total de espécies de aves registradas para o bioma Caatinga Na composição de espécies, 20 são endêmicas do Brasil e 81 residentes. Catalogaram-se nove espécies frugívoras potencialmente dispersoras de sementes, entre elas Penelope jacucaca (ameaçada de extinção). A Reserva Legal da Embrapa Sermiárido mostrou – se essencial para a conservação da avifauna, atuando como área de residência de espécies frugivoras de grande, médio e grande porte potencialmente dispersoras de sementes.

Introdução

As aves, por causa da sua diversidade de espécies, de hábitos alimentares, de comportamentos e de ambientes em que vivem, além da sua alta mobilidade pelo voo, desempenham importante papel ecológico e prestam serviços ecossistêmicos fundamentais (SEKERCIOGLU, 2006; WHELAN ET AL., 2008). Em todo o bioma Caatinga são registradas 548 espécies de Aves (ARAÚJO; SILVA, 2017). De acordo com o (ICMBIO, 2018) 34 espécies de aves são ameaçadas de extinção na Caatinga (6% do total), atrás da Mata Atlântica com 9% das espécies de aves registradas, ameaçadas, entretanto conhecemos muito menos sobre os padrões e as dinâmicas da diversidade de espécies na Caatinga devido às baixas concentrações de estudos nessas regiões (CORREIA E GOUVEIA, 2016). Segundo Antongiovanni et al. (2018) a Caatinga possuí 50% da sua vegetação original, com mais de 91% dos fragmentos menor do que 500 hectares. Araújo e Silva (2017) apontam que heterogeneidade do habitat, localização geográfica e estado de conservação explicam a maior ou menor diversidade de espécies de aves na Caatinga. É provável que cerca de 50% da avifauna regional consiga co-ocorrer em áreas relativamente pequenas segundo esses autores. Soares e Martins (2017) registraram 91 espécies na Ilha do Massangano (área de 2.5 Km2). Estudos apontam que as comunidades de aves na Caatinga variam sazonalmente, com maior abundância de espécies na estação chuvosa. O número de espécies de aves no período chuvoso foi quase 2 vezes maior que na seca em Mossoró/RN, com dados de 2012 a 2018 (Almeida, 2019). Toledo-Lima e Pichorim (2020) verificaram ao longo de 3 anos grande variabilidade da riqueza de espécies e diminuição significativa na riqueza de espécies em anos de seca severa, principalmente em função da redução na oferta de recursos. Em cenários de mudança climática global e aumento dos eventos de seca severa, os polinizadores e dispersores de sementes são grupos bem vulneráveis a reduções populacionais e extinções locais (TOLEDO-LIMA; PICHORIM, 2020). Nesse contexto, conhecer a estrutura da comunidade de aves de um habitat é a base para compreender a dinâmica dessas comunidades e suas respostas às variações ambientais e sobre funcionalidade ecológica do habitat em questão, partindo disso, o objetivo desse trabalho foi levantar a estrutura da comunidade de aves em área de Caatinga próxima aos tratamentos com poleiros artificiais, a fim de identificar espécies de aves potencialmente dispersoras de sementes que poderiam ser atraídas para as áreas a serem restauradas.

Métodos e Resultados

O trabalho foi desenvolvido em uma área de Reserva legal de proteção da vegetação natural, pertencente a EMBRAPA semiárido (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias no Semiárido), Rodovia BR-428, Km 152, s/n - Zona Rural, município de Petrolina – PE, (latitude 9º9’S, longitude 40º22’W e altitude 365,5 m), a 45 km do centro de Petrolina. A vegetação da área é composta por mata de Caatinga arbórea- arbustiva (KIILL, 2017), bastante densa. A Reserva legal da Embrapa Semiárido (RLES) possui área de 600 hectares, é circundada por uma estrada onde transitam carros da empresa e localiza-se próxima a áreas particulares. Foram feitas coletas de dados no período de janeiro de 2020 a maio de 2021, com exceção dos meses de março, abril e maio de 2020 devido ao fechamento da Embrapa, como medida restritiva para conter a pandemia da Covid-19. Foram feitos levantamentos quantitativos foram feitos através do Método de Amostragem por Pontos (VIEILLARD E SILVA 1990). Marcaram-se 32 pontos ao longo de estradas de terra que circundam a área da RLES, com distância de 200 metros um do outro. . O tempo de permanência em cada ponto de observação foi de 10 minutos. Foram registradas 103 espécies de aves na Reserva legal da Embrapa Semiárido e no entorno da mesma. Das 28 famílias registradas, a mais representativa foi a Tyrannidae com 16 espécies. foram registradas 81 espécies residentes e 20 espécies endêmicas do Brasil. Do total, 44 espécies são generalistas, destas, vale destacar os Thamnophilinae como Formicivora melanogaster, Sakesphorus cristatus, espécie insetívora com média capacidade de se adaptar a alterações sofridas no ambiente. Das espécies encontradas, 20 são associadas a ambientes florestais e restritos dessas fitofisionomias, encontradas nas caatingas arbóreas e em florestas da região seca ou úmida bem preservadas e são altamente sensíveis a perturbações ocorridas no seu habitar, então a presença das mesmas evidencia o nível de conservação da RLES e mostra a importância da área para a conservação das aves silvestres da Caatinga. Em relação às espécies de ambientes florestais levantadas, ressaltamos que são também as que possuem baixa capacidade de suportar perturbações sofridas em seu habitat, dando destaque para as frugívoras de grande e médio porte: Penelope jacucaca, espécie endêmica da Caatinga e que está ameaçada de extinção.

Conclusão

A Reserva Legal da Embrapa Sermiárido mostrou – se essencial para a conservação da avifauna, atuando como área de residência de espécies frugivoras de grande, médio e grande porte potencialmente dispersoras de sementes.

Aves, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2809

Não é a maternidade que corta mulheres da ornitologia e da observação de aves: a perspectiva da Rede OrnitoMulheres
Gisele Milaré (Universidade de Pernambuco (UPE)), Daniella Pereira Fagundes de França, Vitória de Sousa Ribeiro, Keila Nunes Purificação, Flávia Aguiar, Flávia de Campos Martins

Resumo

O machismo estrutural e a falta de acolhimento social e de políticas públicas que incluam mães no mercado de trabalho, faz com que elas precisem enfrentar desafios para conciliar o trabalho à maternidade. Na Rede Ornitomulheres, as mães integrantes (24% da rede) em sua maior parte encaram esses desafios. Quase metade dessas mães são responsáveis por toda ou pela maioria das tarefas envolvendo a criação dos filhos, fazendo com que muitas mães desistam ou interrompam suas atividades. As mães que atuam como profissionais ornitólogas, relatam que a maternidade é um dos fatores impostos que dificultam suas atividades profissionais e acadêmicas dentro da ornitologia e que isso deve ser discutido pela comunidade ornitológica brasileira.

Introdução

O machismo estrutural e a falta de acolhimento social e de políticas públicas que incluam mães no mercado de trabalho, faz com que elas precisem enfrentar desafios pessoais e profissionais para conciliar o trabalho à maternidade. Assim como em outras áreas, na observação de aves e na ornitologia, esses desafios também estão presentes. Neste contexto, nosso objetivo é identificar as principais dificuldades das mães dentro das atividades de observação de aves e da ornitologia, a fim de direcionar políticas mais inclusivas.

Desenvolvimento

Para isso, analisamos dados quantitativos e qualitativos de um formulário com questões semiestruturadas respondidas entre abril de 2021 e março de 2023 pelas integrantes da Rede de Mulheres na Ornitologia e na Observação de Aves - OrnitoMulheres. O formulário foi respondido por 341 mulheres, das quais 24% (n=81) são mães. Dentre as mães, 11% são ornitólogas, 23% são ornitólogas e observadoras de aves, 35% são observadoras de aves com graduação em Biologia (concluída ou em andamento) e 31% são observadoras não biólogas. Quase metade dessas mães são responsáveis por toda ou pela maioria das tarefas envolvendo a criação dos filhos: 36% são mães solo solteiras que não possuem qualquer ajuda dos pais das crianças, 12% possuem parceiro mas são responsáveis pela maioria das tarefas de parentalidade e 52% possuem parceiro/a com quem dividem as tarefas. Foi feita uma análise de correlação de Spearman entre maternidade e grau de escolaridade (rho=0,14; p=0,01). As duas variáveis foram positivamente correlacionadas, provavelmente afetadas pela alta correlação positiva entre maternidade e idade (rho=0,45; p<0,00001). As mães que atuam como profissionais ornitólogas, relatam que a maternidade é um dos fatores impostos que dificultam suas atividades profissionais e acadêmicas dentro da ornitologia e que isso deve entrar em discussão pela comunidade ornitológica brasileira. A atuação dessas mulheres na pesquisa e em atividades de campo são afetadas quando elas não possuem uma rede de apoio. Isso reduz a produção científica e diminui a disponibilidade delas de se envolverem em atividades de observação de aves, colocando-as em desvantagem no contexto acadêmico e profissional (incluindo as guias de observação de aves). A dedicação à maternidade solo (o mesmo se aplica a mulheres que possuem companheiros que não participam da criação dos filhos) faz com que muitas mães desistam ou interrompam as atividades acadêmicas e profissionais. As atividades de observação de aves também podem ser interrompidas, sendo retomadas apenas após o crescimento dos filhos. Por isso, a ornitologia e a observação de aves no Brasil, como um reflexo da sociedade patriarcal, acabam se tornando espaços desiguais e excludentes. Isso dificulta o avanço científico e profissional da sociedade como um todo e perpetua injustiças que impedem o acesso de uma parcela da sociedade (as mães) na participação da construção do conhecimento e de atividades culturais e de lazer.

Considerações finais

Embora existam grupos de observação de aves que permitam e incentivem a presença de crianças, assim como ambientes acadêmicos inclusivos para mães e seus filhos, precisamos de ações afirmativas para que mulheres não tenham que escolher entre maternidade e carreira. Algumas iniciativas podem ser adotadas para mudar esse cenário desigual, tais como criar locais mais inclusivos e acolhedores para mães e crianças em eventos científicos e universidades; convidar pesquisadoras para colaborações científicas e participação em eventos e contratar e recomendar mulheres a cargos e premiações dando visibilidade às suas pesquisas. Sobretudo, é fundamental que a sociedade como um todo reconheça e promova mudanças em sua organização para que se tenha mais equidade de gênero.

Aves, Divulgação científica
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2407

Campanha de mitigação de atropelamentos de fauna em Veadeiros-GO
Flávia Maria Ribeiro Cantal (Instituto Pouso Alto ), não há co-autor

Resumo

Apresentação das ações para a campanha de mitigação de atropelamentos na Chapada dos Veadeiros, denominada "Eu Desacelero na Chapada", composta por ações de educação ambiental e ações judiciais e extrajudiciais para a implementação de medidas de redução de atropelamento de fauna - redutores de velocidade e passagens de fauna.

Será anexado texto

Aves, Conservação, Mamíferos, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2490

As aves do Campus “Luiz de Queiroz” em Piracicaba/SP
Flavio Moraes (), Alex Augusto Abreu Bovo (Autor do livro ‘Aves do campus Luiz de Queiroz’, CEMAVE, Eduardo Roberto Alexandrino (Autor do livro ‘Aves do campus Luiz de Queiroz’, Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação da Fauna Silvestre, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo) ,

Resumo

Diversas cidades Brasileiras possuem áreas verdes públicas que resguardam uma elevada diversidade de aves. Este é o caso do campus “Luiz de Queiroz” em Piracicaba/SP (ESALQ/USP), onde mais de 230 espécies já foram registradas. A palestra contará como observadores de aves internos e externos da ESALQ/USP uniram esforços para a produção do livro " Aves do Campus Luiz de Queiroz" . Essa apresentação espera cativar demais observadores a realizar trabalho semelhante em suas cidades.

Introdução - 5 min

Piracicaba e suas aves Locais de Interesse Campus Luiz de queiroz ( Usp) Areas do Campus

Projeto do LIvro - 10 min

Idéia e desenvolvimento. do projeto autores e histórico do projeto dificuldades e processos

Finalização & Publicação - 25 min

Levantamentos finais Fotografias Fechamento do Livro Espécies de interesse Sorteio de Exemplares

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Fauna urbana, Fotografia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1812

Passarinhanfo pela Colombia
Fred crema (Maritaca expeditions ), Fred crema

Resumo

Apresentar um roteiro pelo vale de cauca e manizales, a oportunidade de conhecer a DIVERSIDADE das aves de altitude, paramo e conhecer mais dobradiça as oportunidades de fotografar aves na colombia. E o avanço do turismo de observação de aves, boas praticas e como.podemos aproveitar dos bons exemplos

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Fotografia, Mamíferos, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Trip report
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2473

Capítulo "Aves" em nova lei sobre Proteção Animal
Deputado Maurici (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo)

Resumo

Pretendemos, através de pesquisa entre os frequentadores e de uma pequena palestra, conhecer as principais demandas entre as "passarinheiras" e "passarinheiros" que devam ser incluídas no novo Código de Proteção Animal que está em processo de elaboração pelo mandado do deputado Maurici.

Aves
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1922

Cantos de pássaros do Sudeste do Brasil
Gabriel Jorge de Menezes Mello (Iniciativa própria), Norton Santos, Daniel Mello ,

Resumo

Os irmãos Mello apresentam seu novo projeto em parceria com o fotógrafo de natureza e programador Norton Santos: um aplicativo destinado à divulgação dos cantos das aves do Sudeste do Brasil. O público irá conhecer os bastidores e as etapas da produção do aplicativo, desde a captação e edição dos sons até a experiência do usuário (UX design). Além disso, serão demonstradas ao vivo as diversas funcionalidades do app, que foram pensadas buscando atender desde entusiastas no mundo das aves até profissionais da Ornitologia.

Aves, Divulgação científica, Tecnologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2416

Conhecendo as aves emblemáticas da Cordilheira Azul no Peru
Gabriel Leite (Rainforest Connection)

Resumo

A Cordilheira Azul no norte do Peru abriga uma rica diversidade de aves, com mais de 500 especies catalogadas. Duas delas que podem ser encontradas apenas nessas montanhas, Capito wallacei e o recém descrito Myrmoderus eowilsoni. Apesar de parecer uma área isolada e de difícil acesso, existe uma comunidade no alto das montanhas que é possível chegar de carro e se hospedar na única pousada da região. Em poucos dias andando pelas trilhas que cortam cafezais e florestas, é impossível não encontrar e se encantar com as espécies que compõe a rica biodiversidade da Cordilheira Azul.

Aves, Fotografia, Turismo, Viagens, Trip report
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2757

Mamíferos Terrestres e Voadores do Sítio Piraquara, São Lourenço da Serra (SP)
Gabriel Lins Leitão (Instituto Butantan), Nicole Almeida dos Reis, Instituto Butantan, Ana Carolina de Souza Pallante, Instituto Butantan, Irineu N. Cunha, Instituto Butantan, Erika Hingst-Zaher, Instituto Butantan,

Resumo

O Sítio Piraquara, (São Lourenço da Serra, SP), formado por fragmentos florestais primários e secundários, passa por restauração natural, entre a Reserva Florestal do Morro Grande (RFMG), o Parque Estadual do Jurupará (PEJU) e o contínuo de Paranapiacaba. Realizamos um inventário de mamíferos entre 2020-2023. Foram registradas 50 espécies de mamíferos (20 quirópteros; 3 marsupiais e 3 roedores, de pequenos mamíferos; e 24 mamíferos médios e grandes). Com isto, a mastofauna dessa área-chave para a conexão entre a RFMG, o PEJU e o contínuo de Paranapiacaba está sendo melhor conhecida.

Introdução

O Sítio Piraquara é uma área particular localizada em São Lourenço da Serra, São Paulo, formado por um conjunto de fragmentos florestais primários e secundários, que passam por restauração natural há mais de setenta anos, e áreas antropizadas. Está localizado entre a Reserva Florestal do Morro Grande, o Parque Estadual do Jurupará e o contínuo de Paranapiacaba. É um local bastante visitado por observadores de aves, possuindo uma lista de aves que chega a mais de 173 espécies, no Wikiaves, e mais de 270 espécies, no eBird, atestando sua rica biodiversidade. No entanto, apesar da importância da área para a conservação da biodiversidade, ainda não há um inventário das espécies de mamíferos. Apresentamos aqui os resultados de um levantamento de mamíferos, incluindo morcegos, pequenos mamíferos terrestres e mamíferos de médio e grande porte, realizado entre 2020 e 2023.

Material e Métodos

Os morcegos foram capturados através de redes de neblina. O levantamento de pequenos mamíferos terrestres foi feito através de armadilhas de contenção. Já para os mamíferos de médio e grande porte, utilizou-se uma combinação de transectos, armadilhas de pegada e armadilhas fotográficas. Procurou-se amostrar áreas diferentes, de borda e interior de floresta, áreas mais alteradas e áreas em estágios de regeneração mais avançados.

Resultados e Conclusões

Foram registradas 50 espécies de mamíferos. Para morcegos, obteve-se 408 capturas de 20 espécies pertencentes às famílias Phyllostomidae, Vespertilionidae e Molossidae. Para pequenos mamíferos terrestres, foram 7 capturas de marsupiais de 3 gêneros pertencentes à família Didelphidae, além de 19 registros vindos dos métodos dos médios e grandes mamíferos, dos mesmos gêneros, e 6 capturas de roedores de 3 gêneros pertencentes à família Cricetidae. Para os médios e grandes mamíferos, foram 172 registros de 24 espécies pertencentes às ordens: Carnivora; Rodentia; Primates; Pilosa; Perissodactyla; Lagomorpha; Cingulata e Cetartiodactyla. Para a quiropterofauna, as espécies eram esperadas para a região, muito similar a áreas preservadas próximas, além de possuir espécies bioindicadoras de ambiente preservado. Para marsupiais e roedores, a abundância e riqueza registrada foi considerada baixa, possivelmente influenciadas por fatores sazonais e pelo curto período de campanha de campo, sendo necessárias mais coletas em outras épocas do ano. Já para os mamíferos de médio e grande porte, obteve-se uma boa quantidade de dados, apesar de nem todos terem sido registros fotográficos do espécime, ainda assim permitiu-se o melhor conhecimento da fauna de São Lourenço da Serra. O Sítio Piraquara mostrou-se estar em um estágio avançado de regeneração, com floresta secundária que abriga espécies sensíveis ao desmatamento, apesar de ter sido uma área que nos anos 40 havia sido completamente derrubada. Com este trabalho, a mastofauna do município está sendo melhor conhecida, sendo esta uma das áreas-chave para a conexão entre a Reserva Florestal do Morro Grande, o Parque Estadual do Jurupará e o contínuo de Paranapiacaba.

Conservação, Mamíferos
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1631

Destinos Silvestres | Serra dos Órgãos: do mangue às montanhas
Gabriel Mello (), Daniel Mello

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1623

Destinos Silvestres | Corumbá - A Capital do Pantanal
Gabriel Oliveira (), Rafael Souza

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2377

A observação de aves como forma de educação ambiental e ciência cidadã nas escolas
Gabriel Scaldaferro Bonfa (Vem Passarinhar Capixaba - Instituto Marcos Daniel)

Resumo

As aves são muito diversas, têm um colorido especial e são muito ativas vocalmente, sendo o grupo animal perfeito para uma abordagem de educação ambiental. Ao associar os ideais do movimento Vem Passarinhar às práticas pedagógicas, encontramos um meio de rebuscar a relação humana com a natureza, com atividades não convencionais nas escolas.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2761

Ecoturismo como ferramenta de conservação da biodiversidade
Gabriela França e Milena Nogueira (UNA Ecoturismo)

Resumo

O ecoturismo, sem dúvida, é uma ferramenta importante para a conservação da biodiversidade. Por meio dele é possível mitigar os efeitos negativos do desenvolvimento humano, educar turistas e a comunidade local sobre a importância da conservação e desenvolvimento de pesquisa em ambientes naturais, traz a sensação de pertencimento ao engajar a comunidade sobre a riqueza do local em que vivem e proporciona renda para guias, artesões, produtores, pousadas e comerciantes. A UNA Ecoturismo nasceu do sonho de duas amigas em manter a floresta em pé, apaixonadas pela Serra da Mantiqueira, com vontade de compartilhar suas belezas e contribuir com a conservação. As atividades acontecem em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, localizado ao norte do município. O local contempla uma paisagem privilegiada, com fortes declives e grandes altitudes, indo de 630 até mais de 2 mil metros acima do nível do mar, compondo diversos ecossistemas. Com significativa cobertura florestal e grandes reservas de água. Em sua grande extensão, pertencente ao bioma Mata Atlântica. SFX é considerado um Hotspot da Biodiversidade, abrigando um elevado nível de endemismos de flora e fauna. Junto com Monte Verde, SFX compõe uma Área de Importância Global (IBA) para as aves, no distrito já foram registradas mais de 400 espécies. Um dos mais recentes registros foi de um casal de jacurutu (Bubo virginianus), a maior coruja do Brasil, que nidificou no parque municipal e atraiu muitos observadores. Nós tivemos a felicidade de presenciar e registrar a cópula do casal e fazer os primeiros registros do filhote. Vale ressaltar o Projeto Jacutinga da SAVE Brasil, espécie globalmente ameaçada e de grande importância para regeneração das matas, pois é uma potente dispersora. O projeto completou o marco de 50 aves reintroduzidas e continua realizando um importante trabalho. No quesito herpetofauna, foram catálogodas mais de 30 espécies, muitas encontradas somente em áreas de altitude. Foram descritas duas novas espécies de anfíbios, o pingo-de-ouro (Brachycephalus rotenbergae), pequeno sapo amarelo e com hábitos diurnos e o sapo-escavador (Odontophrynus toledoi), os dois são endêmicos da Serra da Mantiqueira e região, e encantam os moradores e visitantes, que homenageram o Pingo-de-ouro, dando nome a uma cerveja artesanal local. No grupo dos mamíferos, há registros de onças-pardas, veados-catingueiros, jaguatiricas, lobos-guará, iraras, cuicas, gambás e outras espécies. Há 5 espécies de primatas vivendo nas matas, entre elas, os pequenos saguis-da-serra-escuro (Callitrix aurita), uma das espécies que sofrem mais riscos de extinção e os grandes muriquis-do-sul (Brachyteles arachnoides), o maior primata das Américas, endêmico da Mata Atlântica e espécie símbolo de São Francisco Xavier. Com toda essa grande biodiversidade, não é difícil se encantar por esse lugar especial. As expedições da UNA Ecoturismo vai muito além de só observar animais, para nós é e sempre foi importante seguir os conceitos de "Turismo de Base Comunitária", no qual a comunidade participa ativamente e está envolvida em todos os processos: transporte, hospedagem, alimentação, arte, cultura e diversão. Assim, conseguimos que muitas pessoas da comunidade tenham protagonismo e renda com o grupo de pessoas que recebemos. O retorno ao final das expedições é muito gratificante e só aumenta a nossa vontade de compartilhar experiências, contribuir para conservação da biodiversidade, continuar trilhando nosso caminho e construir novos sonhos que ainda descobriremos.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Fotografia, Herpetologia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2675

Projeto eCaves- ecoturismo em cavernas e conservação da biodiversidadeência cidadã
Gisele C. Sessegolo (eCaves)

Resumo

A plataforma eCaves, ferramenta digital de difusão do conhecimento de cavernas abertas ao uso público e suas UCs, visa promover a integração entre visitantes, guias/condutores locais e a gestão, fomentando as cadeias locais de ecoturismo. A plataforma encontra-se em contínua atualização. Estão previstas atividades de capacitação em UCs, no intuito de integrar as comunidades locais ao processo. Ações visam aprimorar o software da plataforma, bem como validar e finalizar o protótipo do aplicativo, estimulando a ciência cidadã, no que toca ao patrimônio espeleológico e natural.

Divulgando cavernas e UCs através da Plataforma eCaves

A Plataforma eCaves está no ar desde outubro de 2022, divulgando dados sobre cavernas regulares à visitação e as unidades de conservação onde se inserem. Visando ampliar o acesso e a interação com potenciais visitantes e usuários, está prevista a finalização de um APP, onde os visitantes efetuem registros, ambientais, das infra estruturas e das condições locais, apoiando ações de gestão, monitoramento e pesquisa cientifica.

Desenvolvimento

Assim permite-se, através das contribuições da sociedade, a atualização das informações de cada local aberto a visitação. Através da ampliação da base de usuários, pretende-se obter uma maior visibilidade a esses locais como alternativas de lazer e contemplação, promovendo a integração entre visitantes, guias/condutores locais e a gestão, fomentando as cadeias locais de ecoturismo. O banco de dados atual possui mais de 90 cavernas turísticas e cerca de 40 áreas protegidas. A continuidade da pesquisa e produção de novos conteúdos, possibilitará a inserção de novas cavernas, estimulando ações de proteção e o fortalecimento do SNUC. Esse ano estão previstas atividades de capacitação em UCs (PR, SP, SC, MS, GO, BA), no intuito de transformar integrantes das comunidades locais em “Guardiões das Cavernas”, incluindo ações de validação e sensibilização. Concomitante à execução das oficinas locais, será produzido material atualizado - fotografias, vídeos, imagens em 3D, entre outros - para alimentar a plataforma e subsidiar o plano de comunicação. Estes serão insumos vitais para enriquecer e ampliar a potencialidade de uso da ferramenta, inclusive em termos educativos. Dentre os objetivos, almeja-se aprimorar o software da plataforma, refinando aspectos tecnológicos, validando e finalizando o protótipo do aplicativo, que hoje já permite o compartilhamento de registros (via sistema Android). Este módulo da plataforma possibilita o registro da fauna e de formações raras, possibilitando o exercício da ciência cidadã, no que toca ao patrimônio espeleológico e natural.

Conclusoes

Um dos maiores desafios é a busca da sustentabilidade financeira, para garantir a continuidade do projeto ao longo do tempo. Uma das iniciativas atuais, engloba um canal próprio no Youtube, com conteúdos relacionados às cavernas, unidades de conservação e natureza, incluindo dicas de viagens, equipamentos e curiosidades.

Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1612

Oficinas de observação de aves dentro do Projeto Observar/Parque Ecológico Klabin-Telêmaco Borba/PR: como levar os passarinhos para a sala de aula
Maria Antonietta Castro Pivatto (Klabin S.A), Maria Antonietta Castro Pivatto, A Loja dos Passarinhos, Karlla Vanessa de Camargo Barbosa, Motivação Verde , Fabiana Andressa Bouwman, Parque Ecológico Klabin, Gonzalo Javier Olivares Flores, Parque Ecológico Klabin,

Resumo

Desenvolvemos um projeto com professores da rede pública municipal de Curiúva/PR, onde foram criadas atividades de observação de aves, que permitem o desenvolvimento de diversos conteúdos de forma interconectada. Em 2022, foram oferecidos oito módulos de aulas teóricas/EAD e uma prática/presencial no Parque Ecológico Klabin (PEK) em Telêmaco Borba/PR. Como resultado, tivemos a participação de oito professores e 108 dos seus alunos. Concluímos que a observação de aves pode contribuir positivamente de forma interdisciplinar nas atividades em sala de aula.

Introdução

A observação de aves é uma atividade desenvolvida há décadas em diversos países, e que há cerca de 20 anos vem crescendo no Brasil. Com quase 2.000 espécies, muitas delas endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, temos um grande potencial para áreas como o turismo e a educação, envolvendo essa prática. A observação das aves é uma excelente oportunidade para o desenvolvimento de atividades educacionais, pois o tema permite transversalidade das matérias com envolvimento em educação ambiental e promoção de ciência cidadã para alunos de todas as idades. É também uma oportunidade para contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), principalmente os objetivos 4 (assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade) e 15 (proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres). Observar aves gera aprendizado sobre seu ambiente, sobre sua relação com o meio e os demais seres vivos. Permite ainda relacionar essas informações com aspectos da vida humana, analogias que se transformam em ferramentas educacionais e recursos pedagógicos. As aves fornecem uma variedade de ideias para atividades dentro e fora da escola, permitindo ao educador abordar diferentes temas, não apenas nas matérias relacionadas às ciências ambientais, mas também comunicação e linguagem, história, geografia, matemática, artes e educação física, entre outras. A cada novo conhecimento do mundo das aves, novas ideias vão surgindo. Nem sempre o professor tem a oportunidade de perceber essas conexões. Foi com essas considerações que esta oficina foi planejada, com informações gerais sobre o mundo da observação de aves e possíveis usos na educação formal. O tema não foi e nem pode ser esgotado, deixando espaço para que os professores adaptem as atividades propostas dentro da realidade de sua região, turma ou disciplina e ainda criem suas próprias atividades.

Desenvolvimento

Entre julho e dezembro de 2022 foram realizadas as Oficinas de observação de aves: como levar os passarinhos para a sala de aula, dentro do Projeto Observar – criado e desenvolvido pela equipe da empresa Klabin no Parque Ecológico Klabin em Telêmaco Borba-PR –, para professores do Ensino Fundamental I de cinco escolas na região de Curiúva, estado do Paraná, com os seguintes objetivos:  Apresentar, através de aulas online em formato de módulos independentes e temáticos aos professores, conteúdos e sugestões de atividades que envolvam a prática de observação de aves, e que os possibilite desenvolver novas estratégias durante suas aulas.  Oferecer instrumentos para que as atividades práticas temáticas possam facilitar o aprendizado e compreensão dos conceitos trabalhados em sala de aula pelo professor.  Propiciar aos professores oportunidade de identificar alternativas de desenvolvimento de conteúdo e conexão com as diferentes disciplinas, em especial durante atividades práticas em trilha.  Avaliar, ao final do ciclo de atividades, se os alunos absorveram o conteúdo e conceitos desenvolvidos com o uso da observação de aves como ferramenta pedagógica. Os professores participantes são responsáveis por disciplinas diversas em sala de aula. No entanto, apesar da proposta original incluir apenas professores, a prática foi adaptada para que os alunos desses professores pudessem participar da atividade, totalizando 120 pessoas que participaram da atividade prática. Para viabilizar a realização do curso dentro da disponibilidade e limitações de horários dos professores participantes, o curso foi oferecido em formato misto: aulas em formato EAD de forma síncrona e assíncrona, com aulas gravadas; interações online ao vivo no plantão de dúvidas; fornecimento de material complementar; e aulas práticas presenciais. A interação com os participantes e a disponibilização de todo o conteúdo foi feita através da plataforma Google Sala de Aula, com disponibilização de cerca de 120 arquivos complementares ao conteúdo das aulas, abordando temas diversos como ornitologia, observação de aves e atividades pedagógicas. Também foram utilizados e-mail e grupo de WhatsApp para facilitar a comunicação. A principal base de informação foi a apostila elaborada especificamente para o curso e disponibilizada para os professores na plataforma. A apostila foi pensada de forma a oferecer um conteúdo diverso, abordando: 1. Informações sobre as aves, com conteúdo diretamente voltado para questões educativas e aplicadas à sala de aula através das aves; 2. Informações sobre a prática da observação de aves; e 3. sugestões de atividade que podem agregar o mundo das aves e da observação em atividades multidisciplinares dentro e fora da sala de aula. As aulas foram oferecidas no formato de módulos independentes e temáticos. Os módulos apresentaram o conteúdo original proposto na ementa do curso, baseados nas informações contidas na apostila recebida pelos participantes. Cada tema foi dividido em aulas gravadas e disponibilizadas no Google Sala de Aula, com atividades para os participantes responderem, baseadas no conteúdo aprendido durante a aula. As aulas foram gravadas e ficaram disponíveis para que os participantes pudessem assistir conforme sua disponibilidade de tempo e interesse. Após assistirem as aulas dos módulos gravados na plataforma Google Sala de Aula, os professores desenvolveram atividades nas escolas com os alunos, baseadas nas informações oferecidas na apostila e conteúdos complementares. Foram escolhidos e aplicados diferentes temas, como poesia, comedouros, Tangram e figuras geométricas. Além disso, com o objetivo de colocar em prática o aprendizado ao longo das oficinas, foram programadas visitas dos professores e alunos ao Parque Ecológico Klabin/Telêmaco Borba-PR, entre os dias 23 e 25 de novembro de 2022, conforme disponibilidade das turmas e calendário escolar. O Parque Ecológico Klabin é uma área criada e mantida pela Klabin desde 1980 com o intuito de promover a conservação da biodiversidade, a manutenção e reabilitação de animais silvestres, a preservação de espécies em extinção, o desenvolvimento de pesquisas científicas e o desenvolvimento de projetos de educação ambiental. A área total do parque equivale a 9.852 hectares, dos quais 91% são compostos por áreas de floresta nativa e os outros 9%, por plantios florestais. O espaço é constituído por 42 recintos para animais silvestres, sendo que estes são amplos e espaçosos, procurando sempre imitar o ambiente característico da espécie, de forma que estas possam encontrar proteção e segurança, fatores essenciais para qualidade de vida e bem-estar. Nessa área vivem aproximadamente 180 animais de 50 espécies diferentes, inclusive espécies ameaçadas de extinção como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), anta-brasileira (Tapirus terrestris), veado-mão-curta (Mazama nana), jacutinga (Aburria jacutinga), entre outros. Desta forma, o recebimento de visitas no Parque Ecológico Klabin contribui para formação de cidadãos mais conscientes com o meio ambiente e a biodiversidade associada. Cada grupo iniciou a visita no Centro de Interpretação da Natureza, onde recebeu instruções iniciais e orientação de como usar os binóculos que cada integrante recebeu. Em seguida, o grupo seguiu um roteiro passando por um trecho de mata nativa para observar as primeiras espécies de aves nativas, aspectos da vegetação e um comedouro na Trilha Ecológica. A seguir, o grupo visitou alguns recintos dos animais que são mantidos sob cuidados humanos no Zoológico do Parque, conhecido como Circuito da Biodiversidade, recebendo informações sobre as espécies de aves, status de ameaça, comportamentos, distribuição e educação ambiental em geral. Os professores participantes foram avaliados por meio de acúmulo de pontos através da participação ao longo das oficinas: assistindo as aulas gravadas de cada módulo e respondendo as atividades propostas, participação nas reuniões virtuais, execução de atividades em sala de aula com os alunos e atividade prática durante a visita ao Parque Ecológico Klabin. Ao final do curso, os participantes receberam certificados de participação onde consta cada módulo concluído, somando-se as horas de participação nas diferentes atividades oferecidas.

Resultados e Conclusão

De modo geral, consideramos como positiva a realização desse projeto, uma vez que cumpriu seu objetivo de apresentar aos professores da região de Curiúva a observação de aves como ferramenta pedagógica associada às disciplinas ensinadas em sala de aula. Mesmo com as limitações impostas pela carga horária oficial das escolas, os professores conseguiram cumprir mais de 70% dos Módulos e atividades disponibilizadas na plataforma Google Sala de Aula. Também puderam aplicar algumas das atividades contidas na apostila em temas estudados em sala de aula, com ampla participação e envolvimento dos alunos. Por fim, durante a visita dos grupos ao Parque Ecológico Klabin, ficou evidente o interesse dos alunos e a preparação prévia que tiveram, gerando grande aproveitamento na atividade. A avaliação do curso pelos professores participantes também foi positiva, com relatos e mensagens indicando que as informações oferecidas foram de grande aproveitamento para o trabalho desenvolvido em sala de aula, ampliando as abordagens de determinadas matérias. O trabalho desenvolvido em parceria com o Parque Ecológico Klabin, especialmente o apoio dado pelos técnicos responsáveis pelo projeto, foi fundamental para o perfeito funcionamento das atividades em geral, especialmente as visitas dos grupos. Consideramos que a experiência atendeu à proposta inicial, pois os objetivos iniciais foram alcançados, com avaliação positiva dos participantes. Assim, recomendamos a continuidade do projeto nos próximos anos.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Fauna urbana, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2637

Atividade Intensiva e Ensino de Birdwatching
Guilherme Sementili Cardoso (Prefeitura Municipal de Bauru)

Resumo

A modificação dos ambientes naturais nas sociedades torna primordial a inserção dos sujeitos nas questões científicas. A observação de aves contribui muito para auxiliar a sociedade a delimitar e explorar as problemáticas pertinentes à sua realidade. Neste contexto, a Observação de Aves abre caminho para que os leigos e entusiastas possam se instrumentalizar e tomar papel ativo dentro da ciência-cidadã. Assim, é necessário que existam experiências imersivas, que apelem tanto para o senso lógico quanto para as questões afetivas dos sujeitos. Por isso, nessa palestra, discutiremos como a educação em espaços não formais pode auxiliar na formação de novos Birdwatchers, e como manter esta cultura de observção dentro de sociedade brasileira contemporânea.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Ecologia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2691

Observação de Aves na RPPN Porto Cajueiro, Januária (MG): uma nova localidade para prática no Cerrado
Gustavo Malacco (Associação Angá)

Resumo

A Reserva Particular de Patrimômio Natural (RPPN) Porto Cajueiro insere-se no Cerrado, município de Januária, na região do médio curso da sub-bacia hidrográfica do rio Carinhanha (divisor natural dos estados de Minas Gerais e Bahia), afluente da margem esquerda do rio São Francisco. A Reserva está na região do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, uma das regiões mais ricas em sociobiodiversidade no Cerrado. Ocorrem cerca de 245 espécies de aves com a presença de diversas espécies raras, ameaçadas e de distribuição restrita, como: chifre-de-ouro, saracura-lisa, picaparra, narcejão, urubu-rei, águia-cinzenta, papagaio-galego, arara-canindé, arara-vermelha, aratinga-de-testa-azul, chororozinho-da-caatinga, limpa-folha-do-buriti, limpa-folha-do-brejo, maria-corruíra e suiriri-da-chapada. Na reserva está sendo desenvolvido o Projeto Bicudo, ambicioso trabalho que objetiva a reintrodução de uma espécie extinta regionalmente e criticamente ameaçada de extinção. A RPPN apresenta ótima infraestrutura para recebimento de turistas e em 2023 passará a receber observadores de aves, sendo ainda possível conhecer as belezas naturais e a sociobiodiversidade do Sertão Mineiro e do Vale do rio Carinhanha.

Aves, Conservação, Ecologia, Turismo, Viagens, Trip report
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2545

#vemabelhar – A observação de abelhas nativas na APA do Carmo, zona leste de São Paulo
Gustavo Feliciano Alexandre (Fundação Florestal)

Resumo

História da criação do evento #vemabelhar. Como um levantamento de abelhas nativas na APA do Carmo resultou num evento de observação de abelhas e na criação de um programa estadual que visa preservá-las.

Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1588

PRÓXIMOS INVISÍVEIS: aves de duas escolas municipais de Belém/Pa.
Humberto de Jesus Caldas Pereira (Secretaria Municipal de Educação de Belém), Elisangela Samara Guimaraes Pereira, Secretaria Municipal de Educação de Belém/Pa

Resumo

Atividade organizada com estudantes do 4º e 5º anos do ensino fundamental em duas escolas municipais de Belém/Pa. Usamos Andrade (1997) e Athiê (2007) como fundamento, os quais observam que os pássaros despertam curiosidades e instigam a consciência ecológica. Objetivamos sensibilizar para os cuidados com a natureza através das aves. Usamos a metodologia "Storytelling", que implica contar uma estória real do professor para atrair atenção. Os resultados revelam que houve concentração durante a estória, silêncio durante a espera dos pássaros, curiosidades quando estes apareceram, fotos, desenhos, pinturas, cálculos, observações do mapa do brasil e textos.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Ecologia, Fotografia, Tecnologia, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2374

Avifauna vitimada atendida pelo CETAS Juréia/Peruíbe
Isabelle Corrales Nunes (Instituto Ambiecco- CETAS Juréia/Peruíbe)

Resumo

O Centro de Triagem Juréia/Peruíbe, está localizado no litoral sul do estado de São Paulo e presta atendimento a fauna silvestre vitimada do município de Peruíbe, da baixada santista e do vale do Ribeira. Em um ano de funcionamento, foram recebidos oitocentos e cinquenta animais silvestres para triagem, destes 64% de representantes da avifauna. Entre as causas frequentes estão apreensões em atividades fiscalizatórias, ataques por animais domésticos e colisões com vidraças. A ordens mais frequentes são Passeriformes, Psitaciformes, Strigiformes e Falconiformes.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Taxonomia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1606

Do Araripe a Serra da Capivara. Os passarinhos e a cultura viva da região.
Jefferson Bob (Sitio Pau Preto )

Resumo

A palestra irá apresentar um pouco do universo da observação de aves na caatinga, buscando envolver todo o universo cultural que está em volta das regiões da Chapada do Araripe e Serra da Capivara, da culinária aos reisados, da arqueologia ao acolhimento caraterístico do povo sertanejo. Um passeio pela região de aves endêmicas e muitos outros endemismos da cultura da local.

Aves, Arte e cultura, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2775

Contribuição de nutrientes e implicações tróficas da deposição sazonal de fezes da andorinha-azul Progne subis em um megadormitório no Rio Negro, Amazônia Central
Jessica Andrade de Oliveira (Fundação Oswaldo Cruz ), Mario Cohn-Haft, INPA, Jansen Zuanon, INPA, Eliene Fontes Arruda

Resumo

No Rio Negro (AM) uma ilha é utilizada como ‘megadormitório’ por milhares de andorinhas-azuis, Progne subis, durante sua invernagem. Avaliamos os efeitos do aporte sazonal de fezes das andorinhas nas assembleias locais de invertebrados aquáticos e peixes. Sazonalmente as andorinhas deixam em média 697 kg/ha de fezes secas na ilha, incluindo 10 kg/ha de nitrogênio. A comunidade de peixes do dormitório diferiu de outra ilha, utilizada como controle, e alguns indivíduos consumiram as fezes das andorinhas.

Introdução

Alguns animais terrestres, como aves e morcegos, apresentam altas concentrações de nutrientes nas fezes, e grandes carregamentos fecais acontecem quando muitos desses animais se reúnem em sítios de reprodução ou dormitórios. Nessas situações, uma única espécie pode influenciar a composição e a dinâmica de toda uma comunidade biológica. No Rio Negro, Amazônia Central, uma ilha é utilizada como ‘megadormitório’ por centenas de milhares de indivíduos da ave migratória andorinha-azul, Progne subis, durante sua invernagem. A pobreza de nutrientes no ecossistema na região do megadormitório o torna um laboratório natural para verificar os efeitos da deposição de fezes do enorme contingente sazonal de P. subis na dinâmica de nutrientes e nas relações tróficas da biota aquática associada ao dormitório.

Metodologia

Avaliamos os efeitos do aporte sazonal de recursos alóctones representados pelas fezes das andorinhas nas assembleias locais de macroinvertebrados aquáticos e peixes, bem como na composição de nutrientes do solo da ilha. Utilizamos relações alométricas para estimar o aporte de nutrientes com base na abundância de indivíduos que pernoitavam na ilha, tempo de estadia, biomassa fecal e concentração de nutrientes nas fezes das aves. Amostramos macroinvertebrados aquáticos e peixes e calculamos índices faunísticos de riqueza, abundância e biomassa e composição de espécies em comparação com uma ilha próxima com características físicas similares às do dormitório. Também analisamos o conteúdo estomacal de peixes para verificar o possível consumo direto do material fecal.

Resultados e Conclusões

O aporte fecal sazonal das andorinhas na ilha dormitório foi estimado em média de 697 kg/ha de fezes secas, incluindo 9,8 kg/ha de nitrogênio. As características químicas e físicas do solo da ilha dormitório foram marginalmente diferentes do solo da ilha controle. Não houve diferença na abundância de indivíduos, na riqueza de espécies e na composição das comunidades de macroinvertebrados aquáticos entre as duas ilhas, e não houve relação entre o número de aves que pernoitavam nas ilhas e os atributos faunísticos desses animais. A comunidade de peixes da ilha dormitório diferiu da ilha controle, mesmo com apenas 3 quilômetros de distância entre elas. Observamos que houve consumo direto das fezes das andorinhas por alguns indivíduos de espécies de peixes que figuraram entre as mais abundantes das duas ilhas, que forrageiam em diferentes estratos da coluna d’água. Isso indica que diferentes componentes da comunidade de peixes podem se beneficiar do recurso sazonalmente disponível na ilha dormitório e ajudar a manter uma alta diversidade de peixes e de hábitos alimentares nesse local. Estudos mais aprofundados e com um maior número de amostragens são necessários para elucidar as relações da ave migratória P. subis com os ecossistemas utilizados durante a sua migração.

Aves, Conservação, Ecologia, História, Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2777

Observação de Aves e Saúde Única: como os observadores de aves podem colaborar no monitoramento de zoonoses utilizando um app de ciência cidadã.
Jessica Andrade de Oliveira (Fundação Oswaldo Cruz ), Marcia Chame, Fundação Oswaldo Cruz, Eduardo Krempser, Fundação Oswaldo Cruz, Luiz Antonio Costa Gomes, Fundação Oswaldo Cruz

Resumo

Para uma boa realização da vigilância de zoonoses é preciso considerar os três pilares da Saúde Única (saúdes humana, animal e ambiental), a participação colaborativa da sociedade e ferramentas tecnológicas efetivas. O SISS-Geo é uma ferramenta que auxilia no monitoramento da saúde silvestre fundamentado na ideia de ciência-cidadã. Intuitivo, leve e com dados abertos, possibilita o envio de registros de animais saudáveis, mortos ou doentes com precisão geográfica. Observadores de aves notam rapidamente anormalidades no ambiente e seriam peças-chave nesse monitoramento.

Saúde Única e Vigilância de Zoonoses Emergentes

O princípio de Saúde Única leva em consideração uma ação intersetorial entre a saúde dos humanos, do ambiente e dos animais. Após a pandemia do COVID-19 um olhar mais sensível se concentrou sobre o mundo das zoonoses emergentes, evidenciando uma pergunta inquietante:, de onde surgirá a próxima pandemia? A vigilância de zoonoses emergentes sobre uma perspectiva de Saúde Única precisa envolver a participação colaborativa da sociedade em parceria com ferramentas tecnológicas eficientes que apoiem esta missão. O aplicativo SISS-Geo é uma ferramenta de monitoramento de fauna com o intuito de fomentar dados georreferenciados de qualidade para ações de vigilância de zoonoses e estudos de monitoramento em saúde silvestre. É fundamentado na ideia de ciência-cidadã, sendo um app leve que funciona em dispositivos móveis (com Android, iOS e Web), intuitivo, simples de navegar e com funcionamento off-line que possibilita o envio de registros de animais saudáveis, mortos ou doentes com precisão geográfica. Todos os registros enviados passam por um processo de auditoria e validação taxonômica, na qual os colaboradores recebem um e-mail com a identificação do animal registrado no menor nível taxonômico possível. O registro de animais de importância epidemiológica, como primatas-não-humanos, morcegos, equídeos e aves, disparam notificações ao sistema de saúde pública em seus três domínios, (municipal, estadual e federal).

Observadores de Aves e o Monitoramento da Fauna

Pessoas que mantém um contato estreito com a natureza, como os observadores de aves, podem ser elementos-chave nesse processo de vigilância de zoonoses e monitoramento de saúde silvestre. Em razão de seus olhos estarem sempre voltados para a natureza, eles são os primeiros a perceberem anormalidades no ambiente. Além de ajudar na vigilância de zoonoses, os observadores de aves podem utilizar a plataforma SISS-Geo para armazenar, mapear e sistematizar suas listas de verificação de espécies, pois o aplicativo possui um espaço virtual na web, o Centro de Informação em Saúde Silvestre, que disponibiliza todos os dados para visualização e uso. A plataforma também oferece diversas funcionalidades, como a estruturação de mapas com diversos filtros disponíveis no Brasil, download de planilhas dos dados enviados ao sistema e materiais de divulgação como manuais técnicos, materiais educativos para crianças e publicações recomendadas.

Passarinhando com SISS-Geo

Ao utilizar o SISS-Geo nas passarinhadas, os observadores de aves poderão colaborar com toda a sociedade não apenas na vigilância de zoonoses, mas também no monitoramento da fauna silvestre, e ainda, poderão se beneficiar das diversas funcionalidades que a plataforma oferece, inclusive a identificação taxonômica de seus registros enviados, realizada por um ornitólogo especialista, e o acesso aos dados de espécies de interesse pessoal ou científico. Você pode colaborar conosco enviando seu registro de qualquer lugar do Brasil, ou participando do nosso time de especialistas de aves. Cadastre-se já e faça parte dessa Inovação em Saúde Única e Monitoramento de Saúde Silvestre!

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Fotografia, Herpetologia, Mamíferos, Taxonomia, Tecnologia, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2804

História de vida e Conservação de uma população relictual do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) no estuário do rio Itapicuru, município de Conde, Bahia
Jéssica Sacramento da Hora Barros (Universidade Federal da Bahia), Charbel Niño El-Hani, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Rafael Félix, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fábio Nunes, Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis)

Resumo

A Mata Atlântica é o bioma com a menor cobertura vegetal original no Brasil, registrando a maior parte dos animais ameaçados de extinção do país. Dentre eles, o periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus), uma espécie endêmica da região Nordeste do Brasil, que foi recém-descoberta no município de Conde, no estado da Bahia. Ademais, a espécie está presente em alguns municípios do Ceará, onde foi quase extinta, e registros históricos indicam que já esteve presente também em outros estados do Nordeste. Desta forma, medidas de conservação são necessárias urgentemente a fim de impedir a extinção de P. griseipectus também na Bahia, não apenas pelo seu valor intrínseco, mas por ser uma potencial dispersora de frutos e sementes, podendo auxiliar a dinâmica e estruturação genética da vegetação em sua área de ocorrência, beneficiando diferentes espécies vegetais e animais, inclusive a humana. Para desenvolver o trabalho está sendo realizado um experimento piloto com caixas-ninho, além de censos populacionais; os comportamentos da espécie estão sendo registrados para melhor compreensão da história de vida da espécie; e através de pesquisa-ação participativa, estão sendo realizadas observação participante e entrevistas semi-estruturadas com moradores locais, a fim de melhor conhecer a espécie, visando também a construção conjunta e o engajamento comunitário, e fomentando a atuação em políticas públicas para a conservação e melhoria da qualidade de vida local. Através das entrevistas semi-estruturadas moradores mais antigos têm relatado conhecer a espécie desde a infância, a qual chamam de periquito-cigano, mas percebem há anos a população reduzindo. Além das informações sobre a biologia da P. griseipectus, os moradores também auxiliam nas atividades de campo, dando base para uma melhor construção de plano de manejo da espécie. Vale ressaltar que outras espécies encontram-se em risco de extinção no município do Conde, e que este é detentor de um patrimônio cultural também sob ameaça, a cultura pesqueira dos jangadeiros. Assim, colocando a P. griseipectus em um lugar de espécie guarda-chuva e valorizando o conhecimento tradicional da comunidade do Conde, medidas protetivas podem favorecer a manutenção de inestimável patrimônio natural e cultural.

Aves, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1630

Destinos Silvestres | As aves do Circuito das Águas Paulista
João Ferreira

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1633

Destinos Silvestres | Centro-sul Paranaense: campos e serras do Iguaçu
João Vitor Andriola

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2040

Reprodução das aves no município do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro: ciência-cidadã da plataforma WikiAves como fonte complementar de dados
Dias, J. C. M.

Resumo

A ciência-cidadã, por meio da observação de aves e plataformas online, pode ser utilizada como fonte de dados para diversas áreas da Ornitologia. Através do WikiAves, foram determinadas quais as espécies de aves se reproduziram na cidade do Rio de Janeiro entre os anos 2000 e 2020. Além de descobrirmos o período reprodutivo das espécies, identificamos que o PIB do país afeta diretamente no número de registros e na prática de observação de aves.

Aves, Ciência cidadã, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2632

Projeto Bicudinho-do-brejo: história de conservação de uma ave ameaçada de extinção
Larissa Teixeira. (Departamento de Ciências Biológicas e Ambientais, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), São Vicente, São Paulo.)

Resumo

Você conhece o bicudinho-do-brejo? Ele é uma ave recém descrita, endêmica dos brejos do Sul brasileiro, muito ameaçada e que pode estar extinta em até 50 anos! Além da população reduzida, têm perdido habitat pela invasão de braquiárias-d'água, aterramentos e aumento do nível do mar. Indo contra a estimativa, o Projeto Bicudinho-do-brejo atua na conservação da espécie há 28 anos, realizando ações de conservação diretas nas populações de bicudinho-do-brejo. Quer saber mais? Venha conhecer mais sobre o Projeto e a Campanha Amigos-do-Bicudinho!

Aves, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2649

CAMUFLAGEM E MIMETISMO
LENA TRINDADE (COA RJ)

Resumo

Tomando como base a famosa Teoria da Evolução, Charles Darwin, que se fundamenta no princípio de que as diversas espécies de plantas e animais sofrem alterações com o tempo. As espécies não são imutaveis. O que vigorava até então era o Criacionismo. A partir de Darwin conhecemos a Seleção Natural. Observando sobretudo os insetos que para escapar dos predadores se disfarçavam se camuflavam Darwin observou que os mais capazes de adaptação sobreviviam... \os artifícios são inúmeros e diversificados. Alguns imitam com perfeição um outro ser como por exemplo o Bicho-pau, ou o Bicho-folha. É a Camuflagem. Outros têm artifícios mais sofisticados como se passar por outro para escapar do predador. é O Mimetismo ! O não venenoso se passa por um outro venenoso. Exemplo famoso Cobra-coral-falsa mimetiza a Verdadeira. Alguns casos na Camuflagem , por exemplo o Urutau, beiram a perfeição pois a ave se assemelha a um pedaço de pau e passa horas imovel...

Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1594

Tucanos e Pica-paus da Costa da Mata Atlântica.
Leonardo Casadei

Resumo

LIVRO com 112 páginas nas medidas 20 x 28 cm.  Este livro traz uma viagem ao fascinante mundo dos Tucanos e Pica-paus, demonstrando através de imagens e pequenos textos, o comportamento, a alimentação e a reprodução das principais espécies que ocorrem na Mata Atlântica costeira do Estado de São Paulo. Uma aventura pela vida selvagem, para adultos e crianças apaixonados pela natureza.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2440

Quando os humanos saem, os patos fazem a festa: o que o pato-do-mato (Cairina moschata) tem a nos dizer sobre a ação antrópica?
Letícia Keiko Nunes de Campos (ESALQ - USP), Alex Augusto Abreu Bovo, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres - CEMAVE, Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ/USP ,

Resumo

Os resultados do projeto de monitoramento da fauna de anatídeos em um ambiente antrópico durante a pandemia de COVID-19 trazem, além de dados inéditos sobre esse grupo de aves, a oportunidade de refletir sobre a ação humana sob a fauna, utilizando como exemplo uma espécie popular pouco estudada: o pato-do-mato (Cairina moschata).

Resumo

Os resultados do projeto de monitoramento da fauna de anatídeos em um ambiente antrópico durante a pandemia de COVID-19 trazem, além de dados inéditos sobre esse grupo de aves, a oportunidade de refletir sobre a ação humana sob a fauna, utilizando como exemplo uma espécie popular pouco estudada: o pato-do-mato (Cairina moschata).

Contexto da palestra

O período pandêmico trouxe impactos significativos à vida silvestre. Com a diminuição da presença humana em decorrência do isolamento social, algumas espécies apresentaram alterações em seus hábitos, enquanto outras passaram a ocorrer de forma mais livre nas áreas urbanas. Essas mudanças - algumas mais sutis do que outras - nos levam a olhar para a fauna do entorno de forma diferente, e convidam a refletir sobre a ação antrópica sob as espécies com as quais coexistimos. Algumas delas, embora pouco atrativas, podem estar associadas a valiosas questões - que vão desde a ocorrência da avifauna em ambientes urbanos até a relação da ciência aliada à gestão de espaços públicos. Foi o caso do pato-do-mato (C. moschata), uma espécie de comum ocorrência que durante a pandemia de COVID-19 levantou questionamentos sobre sua presença no campus da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, inserido na área urbana do município de Piracicaba (SP).

Objetivos e metodologia

A proposta é debater a respeito do impacto antrópico sobre as espécies da fauna - cuja relação foi evidenciada durante a pandemia, analisando brevemente alguns exemplos descritos na literatura. Como exemplo para o contexto brasileiro, serão apresentados os resultados do projeto de monitoramento da fauna de anatídeos ocorrentes no campus USP “Luiz de Queiroz” (Piracicaba, SP), com destaque para o pato-do-mato (Cairina moschata). Com apoio da Prefeitura do campus “Luiz de Queiroz”, o projeto se iniciou pela percepção da comunidade do campus sobre uma superpopulação da espécie. Os dados coletados durante os anos de 2021 e 2022 mostraram que a questão era mais voltada à distribuição das aves pelo espaço - e que isto, por sua vez, estava atrelada à presença e ação humana. Os resultados obtidos pelo projeto abrangem também outros tópicos relevantes como a habituação de espécies não-domésticas, o impacto de espécies exóticas à fauna silvestre e a importância da relação entre gestores e pesquisadores em tomadas de decisão para a coexistência humano-fauna em ambientes urbanos.

Aves, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2279

Aves e Ciência colaborativa: o caso de Sani Isla, Equador
Lia Nahomi Kajiki (), Giselle Mangini

Resumo

Nessa palestra compartilharemos uma experiência de Ciência participatória e comunitária desenvolvida na comunidade Sani Isla, Equador. Durante 5 semanas trabalhamos junto com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, profissionais, estudantes e membros da comunidade Kichwa Sani Isla para inventariar e investigar a biodiversidade local junto à Operation Wallacea. As ações apoiaram a criação do Centro de Pesquisa em Biodiversidade que ajudará a comunidade a proteger a floresta e resistir ao lobby das companhias de extração de óleo. O objetivo é mostrar a diversidade de aves encontrada nesta remota floresta amazônica do Equador e que é possível fazer Ciência de várias maneiras.

Aves, Conservação, Viagens, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2745

Falcão-peregrino (Falco peregrinus) no Brasil: história natural através das lentes da ciência cidadã
Louise Mamedio Schneider (Instituto Butantan), Clarissa de Oliveira Santos, Instituto Butantan, Luciano Moreira-Lima, Instituto Butantan, Erika Hingst-Zaher, Instituto Butantan

Resumo

Aves, Ciência cidadã, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1598

Há vida na mata enquanto as aves dormem: biologia, diversidade e beleza dos anfíbios e répteis
Lucas de Souza Almeida (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP - Rio Claro)

Resumo

Um convite às pessoas que andam pelas matas em busca de aves durante o dia, para que comecem a direcionar a atenção a outros moradores delas, os que apreciam o ar fresco da noite e a luz suave do luar. Abordarei a biologia dos anfíbios e dos répteis, parte da diversidade desses grupos dentro do nosso país e ressaltando a beleza desses seres. Além disso, explico o porquê da importância de novos olhares voltados a esses animais, e como isso pode auxiliar nas pesquisas e na conservação do grupo.

Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Fotografia, Herpetologia, Taxonomia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2582

Tapiraí e a Observação de Aves
Maurilio Casemiro Filho (Prefeitura )

Resumo

Aves, Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2055

Parque Estadual do Rio Doce e seu potencial para a prática de observação de aves
Jailma Soares, IEF (Instituto Ekos Brasil)

Resumo

O Parque Estadual do Rio Doce (PERD) é a maior reserva de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais com aproximadamente 36 mil hectares de território. Além disso, com 42 lagoas, trata-se do terceiro maior sistema lacustre do Brasil, sendo reconhecido como um dos 27 Sítios Ramsar do País. Soma-se a isso o fato de ser uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Dado o seu tamanho e importância, o Parque possui uma diversidade de espécies de aves, fato que tem chamado a atenção do público. A gestão do Parque, juntamente com parceiros da região, organiza eventos de sensibilização ambiental neste tema, como as passarinhadas e corujadas, o que tem aumentado a quantidade de público interessado. Atualmente o Parque celebrou um Termo de Parceria com o Instituto Ekos Brasil, a parceria visa as ações de consolidação do Parque. Uma das ações de consolidação é apresentar o PERD aos moradores da região como potencial Parque para observação de aves, bem como públicos externos à região. Deste modo, o objetivo desta palestra é apresentar como foi o processo de construção dessas atividades do Parque e, também, quais os potenciais caminhos para que a prática de observação de aves seja fortalecida como um atrativo aos visitantes desta Unidade de Conservação.

Aves, Conservação, Fotografia, Turismo, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2554

História da observação de aves no Brasil através da Hemeroteca Digital Brasileira
Luciano Lima

Resumo

A Hemeroteca Digital Brasileira abriga periódicos nacionais incluindo jornais, revistas e publicações seriadas, cobrindo um amplo período da história do país. A partir de consultas ao acervo da hemeroteca utilizando palavras chaves como "observação de aves", "observação de pássaros" e "birdwatching", foram localizados textos sobre o tema entre 1924 e o presente. A análise crítica desta compilação permitiu traçar um interessante panorama histórico sobre a observação de aves no Brasil.

Aves, Arte e cultura, Divulgação científica, História
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2555

Concepção e desenvolvimento de uma rota para fomentar o turismo de observação de aves na Serra da Bocaina
Luciano LIma

Resumo

Aves, Conservação, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2536

A observação de aves em Santa Rosa de Lima e na Pousada Doce Encantoo
Lucilene Assing (Secretaria de Trusimo)

Resumo

Santa Rosa de Lima tem sido bem cotado no cenário nacional e tem se inserido na rota de regiões desejadas pelo público amante da observação de aves, tanto os iniciantes quanto os “passarinheiros” mais experientes. Prova disso é o crescente número de visitantes que pousadas especializadas na observação de aves vem recebendo. Também é importante relatar a consolidação do Festival da Araponga em Santa Rosa de Lima, o qual já está a caminho de sua sexta edição e tem atraído atenção ao município e tem projetado a região em nível estadual, nacional e com potencial internacional.

Aves, História, Turismo, Viagens, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1621

Destinos Silvestres | As aves de Pompéu
Luiz Alberto Santos (), Afonso Carlos Santos

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1626

Destinos Silvestres | Amazonas Birdwatching
Luiz Fernando Carvalho

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2810

Observatório de Aves da Mantiqueira: ações para a conservação com ciência
Luiza Figueira (OAMa)

Resumo

A pesquisa científica é fundamental para a conservação da biodiversidade, pois é através do conhecimento sobre as espécies e suas relações com o ambiente que planejamos o manejo e as medidas para a conservação das espécies e habitats. A ciência no entanto não é suficiente sozinha. Sem o apoio e a participação da sociedade, nosso conhecimento científico fica limitado ao ambito teórico. Conectar ciência e pessoas é impressindível para o sucesso dos esforços para a conservação das espécies e habitats. Observatórios de aves são excelentes ferramentas para unir ciência e pessoas para a conservação de aves. No Brasil Observatórios de Aves ainda são pouco conhecidos e pouco difundidos, sendo um modelo de organizações ainda bastante incipiente no país. O Observatório de Aves da Mantiqueira completa em 2023 seus primeiros 5 anos de existência e atuação em promover conservação baseada em pesquisa, educação e divulgação científica. Nesta apresentação compartilharemos sobre como funciona um Observatório de Aves e sobre as principais atividades e ações do OAMa nessa busca por conectar conservação com ciência na ornitologia brasileira.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1604

Werner Carlos Agusto Bokermann -Uma vida de descobertas- Palestra sobre o livro que trata sobre a vida obra de um dos mais importantes zoólogos do Brasil do sesc XX
Marcelo Bokermann

Resumo

O livro “Werner Carlos Augusto Bokermann, uma vida de descobertas” é resultado de um projeto independente idealizado pelos autores Marcelo e Sérgio Bokermann, iniciado em 2007, com o objetivo de homenagear o pesquisador Werner Bokermann. Esse livro vai além de uma bela homenagem dos filhos biólogos ao pai naturalista. Dividido em quatro capítulos, oferece ao leitor uma viagem no tempo, que começa com uma introdução geral repleta de curiosidades e percorre as três principais estradas desbravadas simultaneamente por Werner Bokermann durante sua atuação profissional. Essas viagens são ilustradas por imagens de época, histórias de personagens e personalidades distintas e a descrição do cotidiano de grandes instituições nacionais de pesquisa. O autor Marcelo Bokermann ainda presenteia o público com lindas pranchas em aquarela de 113 espécies de anuros e besouros descritas por Werner e outras 12, incluindo outros grupos de vertebrados, referentes às espécies descritas por outros pesquisadores e nomeadas em homenagem a esse importante naturalista brasileiro, mostrando um pouco do seu trabalho de ilustrador científico. Portanto, temos o prazer de convidar o querido leitor a embarcar nessa incrível viagem sobre a vida e obra de Werner Carlos Augusto Bokermann.

Aves, Arte e cultura, Conservação, Divulgação científica, Herpetologia, Ilustração, Museologia, Taxonomia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2705

Aves da Chapada dos Veadeiros e ações voltadas ao turismo de observação de aves
Marcelo Lisita Junqueira (Óia Passarinhar)

Resumo

A Chapada dos Veadeiros está localizada na área core do bioma Cerrado e é composta por seis municípios no nordeste goiano. Nesta região está localizado o PN da Chapada dos Veadeiros (Patrimônio Mundial Natural, UNESCO 2001) e o território Kalunga, somando mais de 400.000 hectares de cerrado protegido. A avifauna é rica e representativa ao bioma e em torno de 490 espécies já foram registradas no território, 19 delas endêmicas. Oficinas e cursos voltados ao turismo de observação de aves foram oferecidos pelas Universidades UFG e UNB a fim de gerar conhecimento, desenvolver a atividade e renda às comunidades locais. Além disso, o Óia passarinhar tem incentivado e promovido atividades de observação de aves na região. Sendo assim, o turismo de observação de aves vem ganhando corpo e atraindo mais praticantes dessa atividade ecoturística na Chapada dos Veadeiros.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2420

Expedição Mata Atlântica Ep 10 - São Luis do Paraitinga/Sp
BIRDCHECKBRASIL (BIRDCHECKBRASIL)

Resumo

Exibição do lançamento do episódio 10 da série Expedição Mata Atlãntica produzida em São Luis do Paraitinga/SP. Trata-se de um filme de 20 minutos de duração que retrata as espécies de aves da região, como o raro Pinto-do-mato, Bacurau-tesourão, Araponga, Tecelão, entre outros. Também é retratado o trabalho e a história do ex- caçador Josiel Briet que atualmente é conservacionista e guia de observação de aves.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, História, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2543

A qualquer momento, em qualquer lugar: observação de aves como forma de Educação Ambiental
MARCIO LUIZ QUARANTA GONCALVES (Aposentado do ICMBio)

Resumo

A observação de aves têm se tornado uma das mais eficientes maneiras de conhecer a natureza e respeitá-lo. Dessa forma, ela se aproxima da educação ambiental, poia ambas propõem uma nova maneira de a espécie humano se situar no mundo em que vive e respeitar as diversas formas de vida.

Introdução

Desde a Antiguidade, pratica-se a observação de aves como uma forma de lazer. Hoje em dia, ela adquire novo status, pois estimula a produção de conhecimentos científicos a partir dos registros obtidos, como fotos e gravação de vozes. Isto é, ela tornou-se um ponto de partida para pesquisas científicas mais profundas.

Desenvolvimento

A observação de aves, que está aumentando neste primeiro quarto do século XXI, geralmente se efetua nas primeiras horas da manhã, e não se restringe mais a biólogos e ecólogos, por exemplo. Ela agora envolve profissionais de diversas áreas, como fotógrafos (cujos registros são especialmente importantes para a pesquisa científica) ou qualquer outra pessoa que se interesse em praticá-la. É uma atividade que provoca baixíssimo impacto ambiental. Eis um exemplo de como a observação de aves pode criar conhecimento científico. Durante o meu trabalho em uma Unidade de Conservação (U.C.) federal, foi possível determinar, por exemplo, a que espécie pertencia um curiango, a partir da emissão de sua voz ao voar e da sua observação, em um fim de madrugada, pousado no solo. O auxílio de livros e de sites como o Wikiaves foi muito importante para pesquisar não somente essa espécie. A partir dos dados obtidos em minhas observações, foi possível elaborar uma lista de pouco mais de uma centena de espécies de aves existentes na U.C. Outro exemplo da importância científica da observação de aves é a redescoberta de espécies de espécies consideradas extintas. Do ponto de vista educativo, em qualquer nível de ensino, as visitas a museus e zoológicos sem dúvida são úteis para se observar aves, mas nada supera o trabalho de campo, por exemplo, quando humanos, estudantes ou não, visitam uma Unidade de Conservação (U.C.) como um Parque Federal, Estadual ou Municipal, onde podem avistar a qualquer momento e em qualquer lugar as aves. Desponta neste momento a educação ambiental (E.A.), nova forma de o ser humano se situar no mundo e propor alternativas de relacionamento harmônico com a natureza, de ser estimulado a praticar sua cidadania terrestre. A E.A. integra conhecimentos, valores e capacidades, e procura orientar uma pessoa a ter um comportamento sistêmico em relação ao mundo em que vive. Ela leva em conta a prática de valores não lesivos ao meio ambiente, e constitui uma possível resposta para enfrentar a atual crise de civilização e o vazio interior do ser humano, principalmente os dos países considerados mais ricos e civilizados, pois ela resgata saberes tradicionais.

Conclusão

Como a educação ambiental propõe alternativas de relacionamento harmônico com a natureza, integra conhecimentos e valores e defende a prática de valores não lesivos ao meio ambiente, pode-se considerar que a observação de aves, de baixíssimo impacto ambiental, está incluída dentro do amplo espectro da E.A. Não há valor mais importante que a vida, portanto ela deve ser preservada e a observação de aves se torna importantíssima para se atinig esse objetivo.

Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1605

Observando aves durante a pandemia de COVID-19: o que minha janela me ensinou sobre as aves
Maria Antonietta Castro Pivatto (A Loja dos Passarinhos)

Resumo

O isolamento social durante a pandemia de COVID-19 impactou a população, alterando rotinas e comportamentos, com médicos e terapeutas indicando atividades ao ar livre para melhorar a saúde mental. No Brasil, foi observado um crescimento da observação de aves nesse período, especialmente nas capitais. Apresento uma experiência pessoal com as 37 espécies de aves registradas nesse período, e como essa atividade melhorou o conhecimento sobre as aves do bairro e minha saúde física e mental.

Resumo expandido

A necessidade de isolamento social durante a fase aguda da pandemia de COVID-19 impactou a população em todo o mundo, alterando rotinas, comportamentos, formas de trabalho e lazer. Relatos sobre quadros de ansiedade, depressão e Síndrome de Burnout se tornaram frequentes, resultantes dessa nova condição. Além das terapias tradicionais já conhecidas, cada vez mais médicos e terapeutas passaram a indicar atividades ao ar livre, para crianças e adultos, como alternativas para minimizar os sintomas desses quadros emocionais. No Brasil, foi observado que a prática da observação de aves teve um considerável crescimento nesse período, especialmente nas capitais, por meio de viagens curtas, visitas a parques urbanos e mesmo na própria residência, observando aves no quintal, nos arredores e pela janela. Apresento aqui uma experiência pessoal dessa prática, com as 37 espécies de aves registradas a partir de março de 2020, através da janela de meu apartamento e arredores, e como essa atividade ampliou o conhecimento sobre as aves do meu bairro (Vila Esperança, São Paulo/SP) e influenciou minha saúde física e mental durante esse período crítico.

Aves, Ciência cidadã, Divulgação científica, Fauna urbana, Fotografia, Ilustração, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2743

Monitoramento da Espécie Lontra longicaudis, Realizado na Área de Influência da UHE Caconde sob Gestão da Empresa AES Brasil
Maria José Pereira Fernandes (AES Brasil)

Resumo

O objetivo do monitoramento da lontra na UHE Caconde inclui a análise da presença da espécie no local, localização e descrição das tocas, caracterização da dieta alimentar da lontra, os serviços ecológicos prestados pela espécie, e a determinação de parasitos e saúde do animal. Através dos resultados obtidos busca-se determinar eventuais alterações ambientais causadas pelo empreendimento, e/ou no uso múltiplo das águas e do reservatório, que possam afetar a conservação da espécie. O objetivo dessa análise é avaliar a necessidade de ações que visem à proteção da lontra, assim como a mitigação de impacto causado.

Mamíferos
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2303

Projeto para a Conservação e Manejo de Tinamiformes e Galliformes UHE Água Vermelha
SAVE Brasil - Matheus Bernardo (SAVE Brasil)

Resumo

O projeto tem como objetivo principal a conservação da avifauna do noroeste do estado de São Paulo. Ele se baseia no engajamento da comunidade, pesquisa científica e conservação da biodiversidade, usando o mutum-de-penacho como espécie bandeira, ameaçado globalmente de extinção. As ações beneficiam não apenas essa espécie, mas também outras aves e toda a biodiversidade da local. Além disso, o projeto também atua na pesquisa e conservação do aracuã-guarda-faca, espécie rara que habita a região.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2599

Avifauna do Parque Trianon: A importância de uma Áa verde na dispersão das aves na paisagem urbana de São Paulo, SP, Brasil
Matheus de Moraes dos Santos

Resumo

Situado no município de São Paulo, o Parque Trianon é uma ilha verde cuja vegetação é composta por plantas exóticas e nativas. Sua localização, junto da abundância de natureza, quebra a rotina da população que passa pela avenida paulista. Neste trabalho foi feito um levantamento das espécies de aves já registradas no Parque Trianon, através dos dados disponíveis na plataforma de ciência cidadã eBird e do inventário de fauna da prefeitura, lançado em 2022. Ao todo 89 espécies foram contabilizadas e os dados de ambas as fontes foram complementares entre si, mostrando que a participação pública é importante para alavancar o conhecimento sobre a biodiversidade. As áreas verdes urbanas na cidade de São Paulo conectam duas grandes florestas e o levantamento evidenciou evidenciou que possuem algum grau de sensibilidade e que dependem de ambientes florestais. O modelo fonte-sumidouro e a ideia de trampolins ecológicos podem explicar a presença dessas espécies em uma região altamente antropizada. Apesar de ser um parque urbano relativamente pequeno, se mostra importante fonte de recurso para as aves que se deslocam pela paisagem urbana. A observação de aves está em constante crescimento no Brasil e a sua importância para a ciência é inestimável. Construir uma ponte entre a população e o meio acadêmico permite a participação dos “cidadãos-cientistas” no desenvolvimento de trabalhos e esforços para a conservação.

Aves, Ciência cidadã, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2633

Como aliar observação e conservação de aves
Melissa Alves (Melissa Alves - Admiraves ME)

Resumo

A observação de aves normalmente é associada a conservação, mas sempre as investidas para observar aves resultam na conservação das espécies. Esta apresentação tem o objetivo de enfatizar as práticas dentro da observação de aves que realmente colaboram com a conservação e as práticas que apesar de parecerem extremamente inofensivas, podem causar prejuízos para as aves principalmente em ambientes preservados. Serão abordados temas como comedouros, play-back e ciência-cidadã na observação de aves.

Aves, Conservação, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2624

Empodere-se: Observe aves por conta própria
Melissa Alves (Melissa Alves - Admiraves - ME)

Resumo

A observação de aves pode ser praticada em qualquer lugar, mas atualmente é praticada principalmente através de excursões e passeios guiados, o que é incrível. No entanto, atrelar a prática a viagens como única opção limita muito a experiência por falta de tempo, dinheiro ou estímulo. Meu objetivo é ampliar horizontes demonstrando os benefícios de observar aves por conta própria e as principais técnicas para colocar este poderoso plano em prática mesmo com pouco tempo ou equipamento específico.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2770

Serpentes e Gentes: uma exposição sobre cobras, venenos e cultura
Mirelly Soares (Instituto Butantan)

Resumo

A exposição virtual “Serpentes e Gentes: uma exposição sobre serpentes, venenos e cultura" é um projeto de divulgação científica multidisciplinar que aborda desde a composição do veneno das serpentes até a presença destes animais em cerâmicas e outras representações dos povos originários. A exposição tem o objetivo de aproximar o público das cobras brasileiras e de construir pontes com outras disciplinas e linhas de pesquisa do Instituto Butantan. Esperamos que a exposição seja uma ferramenta de mudança e sensibilização da nossa relação com a natureza, assim como fonte de entretenimento e encantamento para o público. É possível acessar através do link serpentesegentes.butantan.gov.br

Divulgação científica, Fotografia, Herpetologia, Museologia, Taxonomia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2832

Projeto Ajuritiba - AvesBJP
Natália Expedita de Andrade (), Kelly Vendramini Pedroso da Cruz, Sérgio Paulo Tuckumantel de Almeida ,

Resumo

Introdução

O projeto Ajuritiba ganhou vida em uma escola pública de Bom Jesus dos Perdões (SP) - cidade que entre 1940 e 1944 era chamada Ajuritiba (Colina de Refúgio das Aves no tupi) - com alunos de 8 à 10 anos, tendo início na pandemia (remoto), idealizado por uma pedagoga, uma coordenadora pedagógica e um artista-educador. Nos encontros onlines sobre as aves: inciaram o contato com seus cantos, comportamentos, relacionando também com práticas artísticas e conteúdos transdisciplinares. Com o retorno presencial, os alunos puderam começar seus trabalhos de campo com passarinhadas, saídas fotográficas e passeio ao Museu de História Natural do Pérgola, em Atibaia (cidade vizinha). O projeto surgiu como uma das ações do projeto Cuidar (2021), idealizado por Sérgio Tück, e cresceu até ganhar protagonismo no dia-a-dia das crianças, indo muito além dos muros da escola, ganhando força com as famílias das crianças e comunidade, podendo ser partilhado também no Avistar Conecta (Youtube).

Desenvolvimento

O ponto principal do projeto foi aprender na natureza, como cuidar dela; preservar e conhecer as espécies locais de aves, bem como o que as faz estar ali. Por meio do encantamento, percebemos as crianças bem envolvidas, a ponto de reconhecerem aves apenas pelo canto e identificarem mais de 67 espécies que passaram por ali durante todo ano; dentre elas um grupo de 8 colhereiros e 2 cabeças-secas, surpresa totalmente inusitada. Aprenderam ao longo do ano, usar aplicativos que auxiliam na identificação, conhecer sites que dão suporte para esse conhecimento ornitológico e canais/influenciadores que são referências para o tema. Colecionaram e estudaram sobre as penas, ninhos e ovos. Confeccionaram bebedouros para beija-flores e os mantinham cheios e limpos diariamente. As famílias também foram impactadas, visto que tivemos pais participando ativamente de passarinhadas com os filhos em suas casas. Nossa área verde, “de observação” não é uma área tão extensa, estamos em uma área urbana periférica e sem infraestrutura de lazer e acesso a áreas arborizadas ou vegetação nativa preservada. Contamos com alguns espaços que foram bem importantes para as observações, tais como: um pé de abacate, dois de amora; o terreno vizinho abandonado, o nosso parque, os telhados ao redor e o próprio céu, onde encontramos muitas aves que estavam de passagem. Para as passarinhadas e todo o estudo em torno dela, tínhamos duas câmeras fotográficas e os computadores da escola, onde era possível realizar as pesquisas. A partir das passarinhadas e registros diários das observações no entorno da escola, das pesquisas, relatórios, coletas e comparações de dados, pudemos perceber quais aves eram mais comuns em nossa escola; assim como quais eram as menos prováveis. Montamos tabelas, gráficos e registros riquíssimos de cada uma dessas aprendizagens que estão em um site. As passarinhadas ocorriam todos os dias assim que chegávamos na escola, às 7h. E foi uma das primeiras observações das crianças, que o número e a diversidade de aves neste horário era bem maior que em outros momentos. As câmeras também ficavam disponíveis aos alunos, e por meio de rodízio eles se organizavam para usá-las. Diretamente, o projeto já atuou com mais de 100 crianças, que indiretamente afetam os menores, causando com o tempo uma mudança de cultura.

Conclusão

O projeto segue vivendo e encantando novas crianças a cada ano. O passarinhar virou rotina, e com o tempo uma nova cultura na escola e um novo olhar para o meio ambiente foi ganhando força, na medida em que as crianças criam o hábito de observarem ao chegarem na escola, intervalos, saída e o mais interessante: em casa e em locais onde visitam, colocando a família toda a par do que aprendem com entusiasmo. Ao todo já foram registradas 67 aves só na escola, sendo alguns destes, primeiros registros de determinadas espécies do município no Wikiaves, como o Colhereiro, o Quiriquiri, o Picapauzinho-barrado, dentre outros. O aprendizado passou a ser mais orgânico, com sentido, lúdico, estimulando também pensamento e práticas científicas, além de processos artísticos e criativos. “Preservar a natureza passou a ser de fato entendido como CUIDAR de algo que fazemos parte, que somos parte".

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2080

Mas, afinal, o que é ciência cidadã?
Natalia Pirani Ghilardi-Lopes (Universidade Federal do aBC)

Resumo

Ciência cidadã é um termo polissêmico. Aqui no Brasil, a recém-lançada Rede Brasileira de Ciência Cidadã adotou uma definição para o termo, significando uma ampla gama de parcerias entre cientistas e interessados em ciências. A ciência cidadã é regida por dez princípios, há diferentes possibilidades de envolvimento do público com o processo de investigação científica e são vários os impactos que a ciência cidadã pode causar, tanto nos participantes como no meio ambiente.

Introdução

“Ciência Cidadã” pode ser definida como um processo que envolve o público no fazer científico genuíno, dessa forma contribuindo para a alfabetização científica dos cidadãos ao mesmo tempo em que contribui para a realização de projetos científicos reais (Rick Bonney et al., 2009). Como um princípio da Ciência Cidadã, os projetos devem produzir genuínos resultados científicos, por exemplo, respondendo a uma pergunta de investigação ou colocando em prática ações de conservação, decisões de gestão ou políticas ambientais (Robinson et al., 2018). A participação em projetos de ciência cidadã fornece um fórum no qual os participantes são engajados em processos de pensamento semelhantes aos que ocorrem em investigações científicas (Brossard et al., 2005), confrontando-os com problemas autênticos nos quais a investigação é condição para resolvê-los. Esse processo não é novo, mas o termo foi inicialmente cunhado no meio acadêmico na década de 1990, com as publicações quase concomitantes dos pesquisadores Alan Irwin (1995), o qual trouxe uma definição de ciência cidadã mais voltada para o ativismo científico ou cidadania científica, e Rick Bonney (1996), que definiu ciência cidadã como sendo a contribuição de cidadãos com dados para os cientistas. Independentemente da vertente adotada, o processo de ciência cidadã envolve parcerias entre cientistas e pessoas interessadas em ciência e, devido às diferentes possibilidades de participação de cada parte envolvida nestas parcerias, temos diferentes tipos de ciência cidadã, ou seja, não há uma definição única para o conceito (Haklay et al., 2021).

Tipos de ciência cidadã

Tradicionalmente, projetos de ciência cidadã eram iniciados por cientistas, os quais recrutavam cidadãos voluntários para a coleta de dados. No Brasil, podemos citar a iniciativa de Vital Brazil no Instituto Butantan, na qual cidadãos enviavam exemplares de serpentes para o instituto e, com isso, contribuíam para as pesquisas de soros antiofídicos (Teixeira et al., 2014). Mas, a visão atual é a de cidadãos participando efetivamente do processo científico e não apenas coletando dados para os cientistas (Lakshminarayanan, 2007), podendo inclusive iniciar projetos científicos a partir de demandas próprias e buscas de parcerias com cientistas (Conrad & Hilchey, 2011). Os cientistas cidadãos podem participar de diferentes etapas do processo científico e, dependendo do grau de participação, podemos classificar os projetos de ciência cidadã em: 1) contributivos - projetos desenhados pelos cientistas profissionais, nos quais os cientistas cidadãos atuam na coleta e/ou análise de dados com protocolos previamente definidos; 2) colaborativos - projetos nos quais há uma participação maior dos cientistas cidadãos, por exemplo, com o planejamento da coleta de dados e elaboração de conclusões; e 3) cocriados - projetos que envolvem os cientistas cidadãos em todas as etapas da investigação científica, desde a elaboração da pergunta até o desenvolvimento e conclusão (Shirk et al., 2012).

Impactos da ciência cidadã

Estudos mostram que, sob condições apropriadas de recrutamento e treinamento, os dados coletados por voluntários podem ser qualitativamente equivalentes àqueles coletados por pesquisadores profissionais e, portanto, úteis para a gestão ambiental (Bird et al., 2014; Goffredo et al., 2010; Wiggins et al., 2011). Também há enormes ganhos educacionais e sociais do envolvimento de cidadãos voluntários em projetos científicos. A participação em projetos de ciência-cidadã fornece um fórum no qual os participantes são engajados em processos de pensamento semelhantes aos que ocorrem em investigações científicas, e aumentam seu conhecimento de ecologia e questões ambientais (Brossard et al., 2005). A “autoeducação” daqueles coletores de dados, a criação de uma força de conservação para a mudança e o orgulho que os cientistas cidadãos apresentam ao ajudar no avanço do conhecimento científico e proteção do meio ambiente também são benefícios reconhecidos (Goffredo et al., 2010).

Ciência cidadã
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2765

Observação de aves em ilhas do Rio Amazonas
Nelson Wisnik

Resumo

O Amazonas é um rio caudaloso e que carreia enorme quantidade de sedimentos, resultando em grande atividade geológica que alteram suas margens, criam e engolem ilhas. Também, seu regime de cheias e estiagens, ligados à gigantesca área de captação e às copiosas chuvas trazidas pelos ventos alísios, resultam em grandes variações de nível, com o aparecimento e desaparecimento de ilhas sazonalmente. Reportamos aqui visitas para observações de aves em uma ilha nova e uma outra, sazonal.

Dinâmica e sazonalidade do Rio Amazonas

O Rio Amazonas carreia imensas quantidade de sedimentos desde sua nascente, material este acrescido pelos afluentes que também têm formação na Cordilheira dos Andes. Curvas, variações de profundidade e largura, criam uma ‘dinâmica’ de deposição ou retirada de sedimentos, com a derrubada de margem (fenômeno das terras caídas), bem como criação e desmanche de ilhas, em grande escala e em tempos reduzidos. Por outro lado, os ventos alísios trazem umidade e copiosas chuvas à região, as quais, além da retroalimentação via evapotranspiração da floresta, levam a variações de nível de grande monta, que podem atingir de 11m a 13m na Amazônia central. Em algumas localidades, a baixa do rio então expõe o fundo, dando origem a ilhas sazonais, que perduram poucos meses. Neste trabalho mostramos essa dinâmica, e as observações de aves realizadas em uma ilha de formação recente e outra, sazonal.

Observações em uma ilha sazonal

Tivemos oportunidade de desembarcar em uma pequena ilha aflorada no rio Amazonas durante a estiagem de 2020, próximo à ilha Saracura, logo a jusante da foz do rio Tapajós. Lá foram feitos 18 registros de aves de 11 diferentes espécies, 2 delas da região amazônica, e 1 migratória.

Observações em uma ilha ocasional

No período de 28 de setembro a 03 de novembro de 2020, tivemos oportunidade de realizar 4 desembarques diurnos e 1 noturno em uma ilha recém-formada no rio Amazonas, próximo a Santarém, logo a montante da foz do rio Tapajós. Lá foram feitos 68 registros de aves de 27 diferentes espécies, sendo 5 da região amazônica e outras 5 migratórias.

Aves, Ciência cidadã, Fotografia, Trip report
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2733

Distribuição e Especiação de Aves em Ecossistemas Amazônicos
Nelson Wisnik

Resumo

Os diferentes ecossistemas que compõem a Amazônia conduzem a diferentes distribuições geográficas das aves que a eles se adaptam. Os ecótonos tornam-se, então, fronteiras entre diferentes espécies, dando maior visibilidade às diferenças ou, ainda, sugerindo possíveis especiações de espécies que antes eram amplamente distribuídas. Neste trabalho serão apresentados diversos exemplos dessas distribuições, bem como dois artigos acadêmicos recentes sobre especiações dos gêneros Megascops e Caracara.

Identificando ecossistemas e ecótonos amazônicos

O bioma Amazônia contempla diferentes ecossistemas aos quais se adaptam diferentes espécies de avifauna. A observação e identificação das distribuições geográficas das diferentes espécies de aves nos levam a perceber distintos ecossistemas e identificar ecótonos.

Espécies do complexo Megascops

São abordadas e comentadas as distribuições das espécies amazônicas relacionadas ao trabalho acadêmico recente por Aleixo, A. et. al. (2021), que apresenta uma revisão taxonômica multicaracterística, sistemática e biogeografia do complexo Megascops atricapilla - M. watsonii. Os resultados combinados permitem uma redefinição dos limites das espécies tanto em M. watsonii quanto em M. atricapilla, com o reconhecimento de quatro espécies adicionais, duas das quais descritas como novas.

Espécies do gênero Caracara

São abordadas e comentadas as distribuições geográficas das espécies relacionadas ao trabalho acadêmico de Guzzi, A. et. al. (2015), que apresenta osteologia craniana comparada de C. cheriway e C. plancus, bem como diferenças comportamentais de caça e reprodutivas das duas espécies.

Aves, Ciência cidadã, Divulgação científica, Taxonomia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1601

Unidos pelas Aves
Niky & Mauro (Birds Colombia), Niky Carrera Levy, Mauricio Ossa ,

Resumo

Um casal de publicitários e fotógrafos de aves que deixaram seus empregos e foram em um tour de 365 dias pelos 32 departamentos da Colômbia, registrando aves, falando sobre conservação, procurando crianças guardiãs de aves e mostrando todos os projetos que encontraram no caminho através de suas redes, as aves contam histórias de transformação e reconciliação com a natureza.

A vespa

Razões pelas quais deixamos nossos empregos

A preparação

Organizar tudo, obter os recursos, planejar a viagem e todos os detalhes antes de partir.

A viagem

detalhes da viagem, anedotas, histórias de vida, turismo comunitário, crianças jurando ser guardiãs de pássaros, pássaros contam histórias, estatísticas

Aves, Conservação, Crianças e Natureza, Fotografia, Turismo, Trip report, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2812

Programa de Educação Ambiental Conservação da Avifauna.
Patrick Inacio Pina (Ayurus Expeditions), Rafael Dell'Erba - Ecologic, Elizabeth Ashley Smith - Ecologic, Giulius Césare Teixeira Magina - Ecologic, Luciana Aparecida da Silva - Ecologic, Fernando Vieira Machado - Eletrobrás Furnas

Resumo

O programa consiste em visitas semestrais às escolas de 17 municípios do interior paulista e região metropolitana, por um período de cinco anos. São desenvolvidas oficinas pedagógicas com exposições científicas com materiais reais, réplicas, projeções e atividades lúdicas, como brincadeiras, jogos e competições. As crianças do Ensino Fundamental 1 são apresentadas ao ciclo de vida de uma ave no âmbito de problemas que podem surgir do convívio da humanidade, e que posturas podemos tomar para sua conservação.

Aves, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2813

Observação de Vida Marinha no Litoral Norte Paulista
Patrick Inácio Pina (Ayurus Expeditions)

Resumo

Panorama dos produtos de observação de vida silvestre marinha no Litoral Norte Paulista. Arquipélago de Ilhabela, Arquipélago de Alcatrazes. Observação de aves marinhas costeiras e pelágicas. Planejamento e participação em expedições em alto mar. Quanto navegar para observar quais espécies. Turismo de Observação de Cetáceos, espécies sazonais e espécies residentes. Registros notáveis como orca, tubarão-baleia, raia-manta e peixe-lua.

Aves, Baleias, Conservação, Divulgação científica, Mamíferos, Viagens, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1959

Avifauna e TDICs (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) como estimuladores da consciência ambiental
Eduardo Tardiole Moreira Silva (COLÉGIO PRESBITERIANO MACKENZIE TAMBORÉ), Amanda Colli Braga, COLÉGIO PRESBITERIANO MACKENZIE TAMBORÉ, Iris Maria Bispo Almeida, COLÉGIO PRESBITERIANO MACKENZIE TAMBORÉ, Edilson Aparecido Pichiliani, COLÉGIO PRESBITERIANO MACKENZIE TAMBORÉ, Maristela Peres Rangel, COLÉGIO PRESBITERIANO MACKENZIE TAMBORÉ, Pedro Abib Cristales, COLÉGIO PRESBITERIANO MACKENZIE TAMBORÉ

Resumo

As atividades relacionadas com educação ambiental podem facilitar a interação entre os estudantes e os diversos aspectos pedagógicos desenvolvidos na educação básica. Nesse ínterim, as aves representam um dos grupos de vertebrados constantemente estudados em pesquisas envolvendo reconhecimento e preservação de ecossistemas brasileiros. Durante o período de 2018 até o presente momento, foram realizados levantamentos da diversidade de aves em projeto envolvendo alunos de distintos segmentos do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, desde o fundamental I até os estudantes do ensino médio. Com o levantamento da avifauna local e de outros fatores ecológicos foi possível adentrar no âmbito pedagógico, tratando-se de uma oportunidade ímpar de se alinhar conteúdos das áreas de Ciências/Biologia com as TDICs (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação). Foi confeccionado um “tour virtual” utilizando-se a plataforma Google Earth, uma ferramenta poderosa que pode ser utilizada para levantamento da fauna, divulgação e proteção da biodiversidade e uma excelente aliada para se trabalhar educação ambiental das mais diversas maneiras.

INTRODUÇÃO

Dentre todas as áreas das ciências biológicas, a educação ambiental é uma das mais estudadas e com aplicações práticas facilmente desenvolvidas. Este alto interesse pela educação ambiental pode ser explicado por meio da fácil interdisciplinaridade, diversidade dos conteúdos estruturantes, e a curiosidade natural por assuntos envolvendo tanto os ambientes naturais preservados como aqueles alterados pela atividade antrópica. Segundo Marcondes (1991), a educação ambiental desenvolve a capacidade intelectual com o objetivo de aplicar este desenvolvimento na preservação do ambiente. Desta forma pode-se identificar diversas interações entre a educação ambiental e as atividades curriculares, não apenas nas disciplinas diretamente envolvidas, mas em todas as áreas do conhecimento humano. Com o desenvolvimento de inúmeros projetos na área de educação ambiental vem crescendo o número de dúvidas sobre a efetiva eficácia de modelos e protocolos utilizados. Jickling (1993,1997) analisa o real desenvolvimento da educação ambiental e apresenta reflexões sobre a atuação de professores, estudantes e outros envolvidos no processo. Sauvé (1999) cita os referenciais da modernidade na reconstrução de uma relação “cidadão-sociedade-ambiente” integrada à educação ambiental. Hart et al. (1999) analisam a qualidade da educação ambiental e tentam estabelecer critérios para um debate mais profundo sobre os embasamentos teóricos e atividades práticas presentes nesta área. Rosa (1998) evidencia a importância do biólogo como educador e muitas atividades práticas envolvendo animais são apresentadas por Telles (2002), Cornell (2005), Kindel (2006) e Dias (2006). Estas atividades podem facilitar a interação entre os estudantes e os diversos aspectos pedagógicos desenvolvidos na educação básica. A possibilidade de observar, registrar, refletir e buscar soluções às demandas das práticas da educação ambiental devem aprimorar diversos aspectos procedimentais, atitudinais e conceituais dos envolvidos. Nesse ínterim, as aves representam um dos grupos de vertebrados constantemente estudados em pesquisas envolvendo reconhecimento e preservação de ecossistemas brasileiros. Trabalhos realizados em diversos biomas abrangem desde simples listagens, passando pela estrutura de comunidades, biologia e chegando aos efeitos de fragmentação e conservação da avifauna. Durante o período de 2018 até o presente momento, foram realizados levantamentos da diversidade de aves em projeto envolvendo alunos de distintos segmentos do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, desde o fundamental I até os estudantes do ensino médio. Com o referido estudo, somando-se os esforços dos professores responsáveis, foram registradas, até o momento, 175 espécies de aves na área do colégio, o que corresponde a 82% das aves documentadas para a cidade de Barueri. Deste total de espécies, muitas correspondem a primeiros registros para o Município, indicando potencialidade e importância ambiental da área estudada. Estudos anteriores realizados no mesmo local (PICHILIANI, 2002) totalizaram 109 espécies. Este aumento de registros pode representar uma recomposição da avifauna local, indicando uma importância dos ecossistemas desta área como possível corredor, dormitório ou até mesmo área fixa para espécies não registradas anteriormente. Com o levantamento da avifauna local e de outros fatores ecológicos foi possível adentrar no âmbito pedagógico, tratando-se de uma oportunidade ímpar de se alinhar conteúdos das áreas de Ciências/Biologia com as TDICs (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação). As possibilidades de criação de recursos educacionais a partir de tecnologias digitais são inúmeras, indo desde a confecção de sites, jogos e história em quadrinho até produtos mais complexos como narrativas digitais, ferramentas para tours virtuais e publicações. Essas estratégias dinamizam e potencializam o ensino aprendizagem, uma vez que se aproximam da realidade de muitos estudantes e os transformam em personagens ativos em busca de continuidade, complementação e integração dos conhecimentos (VALENTE, 2014). As metodologias de ensino ativas, alinhadas à ambientes digitais de aprendizagem, corroboram também para o crescimento do grupo de envolvidos e não somente para o crescimento individual, pois ampliam as interações coletivas, favorecendo a construção colaborativa e cíclica de conhecimento a partir de metas e objetivos bem delineados (CASTELLS, 2000; TORRES et al., 2004). Estas interfaces impulsionam o compartilhamento de conhecimento e tecnologias, favorecendo a inclusão digital e formando uma verdadeira rede do saber, o que culmina em troca de experiências, parcerias, aprimoramento e surgimento de novas ferramentas para se trabalhar educação ambiental (LÉVY, 2010). Foi confeccionado um “tour virtual” utilizando-se a plataforma Google Earth com o intuito de informar e divulgar a rica avifauna do colégio e da região, colocando em foco a relevância de se preservar as áreas de fragmentos florestais e a urgência de mais ações de cunho ambiental.

METODOLOGIA

A partir da plataforma Google Earth, desenvolvida e distribuída pela Artcom, pôde-se criar uma área em 3D navegável e editável, que permite a inclusão de informações e imagens de edificações, marcos e outros pontos de referência em alta resolução. Uma vez selecionada a área do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré em Barueri – São Paulo e, utilizando-se os dados ornitológicos obtidos nas saídas de campo, foram selecionadas 50 espécies de aves para serem distribuídas ao longo do mapa. Para a determinação do local do marcador de cada ave, foi levado em consideração a ocorrência das mesmas ao longo da área de distribuição dentro do colégio. Após a inserção do marcador, foram adicionados os nomes populares e científicos e informações como tamanho, características básicas morfológicas e de coloração, aspectos comportamentais e alimentares e área para avistar a espécie. Além das informações supracitadas, ao final da descrição das espécies, foi inserido um link que leva o visitante à página da plataforma Wikiaves relacionada aos sons que a ave produz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através de um link do Google Earth o visitante pode iniciar o “Tour Virtual” pela área do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré e conhecer algumas das 175 espécies presentes no campus. A página de abertura conta com o título “As principais aves do Mackenzie Tamboré”, a descrição da ferramenta e do projeto, uma listagem das espécies, os pontos plotados no mapa e um botão de apresentação. Neste modo as aves são apresentadas em uma ordem escolhida pelos autores a partir de um índice, aparecendo automaticamente a foto e as informações da espécie. A plataforma pode ser acessada pelo computador ou pelo celular, permitindo a qualquer interessado navegar e conhecer a área do colégio bem como sua incrível avifauna. É uma ferramenta poderosa para levantamento da fauna, divulgação e proteção da biodiversidade e uma excelente aliada para se trabalhar educação ambiental das mais diversas maneiras.

Aves, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2823

Análises de DNA revelam a verdadeira identidade da Rolinha-do-planalto: “Columbina” cyanopis?
Pedro Henrique Vogeley de Cerqueira (Universidade de Brasília), Renato Caparroz, Universidade de Brasília, Frederico Horst, Universidade de Brasília ,

Resumo

Apesar de ter sido redescoberta recentemente, muitos mistérios acerca da Rolinha-do-planalto persistem, como sua história evolutiva e sua relação de parentesco com as demais rolinhas. Pela primeira vez, porém, o DNA da espécie foi analisado, revelando que ela não é exatamente o que julgamos ser. A verdadeira identidade da Rolinha-do-planalto traz importantes implicações para a conservação da espécie, e mostra que uma das aves mais raras e ameaçadas do mundo é ainda mais única do que pensávamos.

Introdução

Descoberta por naturalistas pela primeira vez entre 1823 e 1825, a Rolinha-do-planalto sempre foi uma espécie rara e enigmática. Ao longo de mais de 150 anos, tudo o que se conhecia sobre ela vinha basicamente de somente 8 espécimes preservados em museus, todos provenientes de apenas três localidades históricas. Depois de redescoberta em 2015, seus hábitos e ecologia vem aos poucos se revelando, e hoje sabemos que se trata de uma especialista em sementes de capim de áreas abertas de Cerrado. Outros mistérios, porém, ainda persistem, como sua verdadeira posição taxonômica. A nomenclatura e taxonomia da Rolinha-do-planalto fazem parte de um antigo debate envolvendo todo grupo de rolinhas aparentadas à ela (subfamília Claravinae). Em parceira com a SAVE Brasil, foi possível coletar e analisar pela primeira vez amostras de DNA da espécie, trazendo luz a esse debate histórico e revelando a identidade filogenética e as relações de parentesco da Rolinha-do-planalto.

Desenvolvimento

A partir do sequenciamento de três genes mitocondriais, foram feitas análises filogenéticas envolvendo todas as espécies da subfamília Claravinae. O resultado obtido indicou que a Rolinha-do-planalto não faz parte do gênero Columbina, e na verdade se aparenta mais ao gênero Paraclaravis, formando com ele um grupo distinto, no qual a espécie representa uma linhagem basal. Uma comparação de diversos aspectos morfológicos entre as rolinhas da subfamília Claravinae indica, de forma condizente, que a Rolinha-do-planalto é única dentro do grupo, se distinguindo de várias maneiras das espécies do gênero Columbina, e possuindo semelhanças importantes com o gênero Paraclaravis, apesar de ao mesmo tempo se diferenciar significativamente do mesmo também. Tanto a análise filogenética quanto a comparação morfológica apontam para a necessidade de se reavaliar a classificação taxonômica da Rolinha-do-planalto. Uma revisão do debate histórico sobre a taxonomia da espécie revela que tanto sua proximidade à Paraclaravis quanto seu caráter único no geral já haviam sido considerados por ornitólogos e naturalistas desde o final do século 19. Um gênero próprio e único para ela, que já foi amplamente aceito, mas atualmente está em desuso e disponível, havia sido proposto em 1893 pelo ornitólogo italiano Tommaso Salvadori: Oxypelia.

Conclusão

Visto os resultados obtidos por nossas análises, propomos a revalidação do gênero Oxypelia, reestabelecendo a Rolinha-do-planalto como Oxypelia cyanopis (Salvadori, 1893). A formação de uma linhagem própria entre a espécie e o gênero Paraclaravis, composto pela Pararu-espelho (criticamente ameaçada de extinção, considerada possivelmente extinta) e a Pararu-de-peito-escuro (distribuída da Bolívia ao México), ambas raras pombas florestais especializadas em sementes de bambu, revela a existência desta que é a linhagem de pombas e rolinhas no geral mais rara, especializada e ameaçada das Américas, e possivelmente uma das no mundo. Portanto, a preservação da população da Rolinha-do-planalto agrega-se de ainda mais valor conservacionista por ajudar a perpetuar a história evolutiva única e antiga da espécie, que além de si própria, também representa em si a linhagem única, altamente especializada e ameaçada da qual ela faz parte.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Taxonomia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1744

Avifauna da Área de Relevante Interesse Ecológico Javari-Buriti, região do alto Solimões, Amazonas
Pedro Meloni Nassar (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá), Anaís Rebeca Prestes Rowedder, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Thiago Bicudo Krempel Santana, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Juan Felipe Castro Ospina, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Resumo

A Área de Relevante Interesse Ecológico Javari-Buriti é uma unidade de conservação situada em área de várzea, no município de Santo Antônio do Içá. Neste trabalho será apresentado o primeiro levantamento de aves da UC, realizado entre 28 de novembro a 15 de dezembro de 2023. Os métodos utilizados foram pontos de escuta e transectos em quatro trilhas diferentes e seis pontos de rede de neblina. Foram registradas 206 espécies, distribuídas em 24 ordens e 53 famílias.

Introdução

Decretada em 1985, a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Javari-Buriti é uma das unidades de conservação (UC) menos conhecidas da Amazônia brasileira. Situada em uma área de várzea, com cerca de 15 mil hectares, limitada ao norte pelo rio Solimões, sua criação teve como objetivo a proteção das áreas de palmeira buriti (Mauritia flexuosa), abundantes em grande parte da região. Em 2021, através do programa “Adote um Parque”, a UC foi adotada pela RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS (COCA-COLA) que subsidiou as primeiras ações mais efetivas de gestão da UC. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável, junto ao órgão gestor Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizou os primeiros levantamentos biológicos e sociais da ARIE Javari-Buriti e seu entorno, assim como colaborou na criação do conselho gestor da UC. Com o objetivo de conhecer mais profundamente a ARIE Javari-Buriti e propor medidas para a conservação da área, foi realizado o primeiro levantamento da avifauna da unidade de conservação, assim como discutir sobre os aspectos ecológicos e comportamentais dessas espécies.

Material e métodos

A avifauna foi amostrada através de pontos de escuta, censos qualitativos e captura com redes de neblina. Foram realizados 19 pontos de escuta, distantes 200 m no mínimo entre cada um, distribuídos em 4 diferentes trilhas. Cada ponto foi amostrado pelo menos duas vezes, pela parte da manhã e o tempo de escuta foi de 10 minutos em cada ponto. Além das espécies foi registrado o número de indivíduos presentes. Foram registradas, também, espécies observadas ou escutadas durante os deslocamentos entre os pontos fixos e durante os deslocamentos pela região da ARIE. O terceiro método utilizado foi a captura de aves com redes de neblina. Foram utilizadas entre 10 a 15 redes de neblina que ficaram armadas pelo menos dois dias em cada ponto, totalizando seis pontos. As redes foram abertas às 6h e fechadas ás 11h. Além do registro das espécies, os indivíduos foram pesados, medidos (tamanho da asa, cauda, bico, tarso e comprimento total) e coletado sangue. Todos os procedimentos descritos foram aprovados pelo SISBIO (licença número: 82420-2) e pelo Comitê de Ética no Uso de Animais – CEUA (CEUA/IDSM nº 08/2022).

Resultados

Durante a campanha foram registradas 206 espécies, distribuídas em 24 ordens e 53 famílias. Oito espécies foram registradas apenas pelo método de rede (Isleria hauxwelli, Thamnomanes saturninus, Oneillornis salvini, Dendrocincla merula, Dendrocolaptes certhia, Philydor pyrrhodes, Myiobius atricaudus, Turdus sanchezorum). As famílias Thamnophilidae (n=21), Tyrannidae (n=18), Psittacidae (n=12), Dendrocolaptidae (n=12) e Thraupidae (n=9) foram as mais amostradas. Não foram registradas espécies ameaçadas ou em risco de extinção. Em relação à dieta houve bastante variação no registro das espécies, sendo que as insetívoras (n=92) foram as mais presentes para a área do empreendimento, seguido das onívoras (n=45) e frugívoras (n=20). Considerando a sensitividade das espécies a distúrbios humanos, apenas 17% apresentaram sensitividade alta. Nenhuma espécie registrada encontra-se ameaçada ou em risco de extinção. Das 13 espécies migratórias registradas, 10 possuem migração parcial, duas são consideradas migratórias e uma não tem migração definida. Este primeiro levantamento de aves da ARIE Javari-Buriti foi realizado no início do período de chuvas e da subida do nível da água do rio Solimões. Como parte do projeto pretende-se realizar um segundo levantamento na época da cheia, quando a várzea da UC estará toda inundada, facilitando o acesso ao interior da unidade. Além disso, há a possibilidade de registros de espécies migratórias meridionais, não encontradas no primeiro levantamento.

Aves, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2650

Projeto de Pesquisa e Conservação de uma população relictual do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) no estuário do rio Itapicuru, município de Conde, Bahia
Rafael Piedade Félix (Universidade Federal da Bahia), Jéssica Sacramento da Hora Barros, Fábio de Paiva Nunes , Thiago Filadelfo

Resumo

O periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) é uma ave endêmica da região Nordeste do Brasil, sendo considerado um dos psitacídeos mais ameaçados de extinção do Brasil. Registros históricos indicam que ele possuía uma distribuição mais ampla do que a atual. Entretanto, os registros recentes estavam limitados à Serra de Baturité e à região de Quixadá, no Ceará, até dezembro de 2018, quando foi identificada uma nova população no estuário do rio Itapicuru, no município do Conde, Bahia, fora da distribuição conhecida e em fitofisionomias nunca antes relatadas como hábitats de uso da espécie: mangue, restinga e plantações abandonadas de coqueiros. Além da espécie desempenhar papel ecológico fundamental como dispersor de sementes na restinga local, ela também pode ter papel importante, como espécie bandeira, para a conservação baseada nas comunidades do estuário, por representar um atrativo para o turismo de observação de aves e para o turismo de natureza. Além das medidas de conservação necessárias para evitar a extinção local do periquito-cara-suja, estudos sobre a espécies são necessários, na medida em que não há dados sobre a população local que possibilitem o manejo apropriado de sua conservação. Este trabalho constitui um desses estudos, com o objetivo de estudar a biologia reprodutiva, história de vida e comportamento do periquito-cara-suja, realizando buscas por ninhos naturais para investigação da biologia reprodutiva de P. griseipectus, coletando dados biométricos das cavidades utilizadas, dos ovos e filhotes, e monitorando as taxas de predação, abandono e sucesso reprodutivo. Além disso, estamos fazendo experimentos analisando a eficiência das caixas-ninho para favorecimento do sucesso reprodutivo, implementando modelo bem sucedido no Projeto Cara-Suja desenvolvido por nossos parceiros da ONG Aquasis . Em paralelo, estamos fazendo capacitação das comunidades locais para receber turistas de observação de aves e de natureza, como uma alternativa econômica que integra medidas de conservação e participação social nas atividades de conservação de P. griseipectus.

Introdução

O periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) é uma ave endêmica da região Nordeste do Brasil, sendo considerado um dos psitacídeos mais ameaçados de extinção do Brasil. Registros históricos indicam que ele possuía uma distribuição mais ampla do que a atual. Entretanto, os registros recentes estavam limitados à Serra de Baturité e à região de Quixadá, no Ceará, até dezembro de 2018, quando foi identificada uma nova população no estuário do rio Itapicuru, no município do Conde, Bahia, fora da distribuição conhecida e em fitofisionomias nunca antes relatadas como hábitats de uso da espécie: mangue, restinga e plantações abandonadas de coqueiros. Além da espécie desempenhar papel ecológico fundamental como dispersor de sementes na restinga local, ela também pode ter papel importante, como espécie bandeira, para a conservação baseada nas comunidades do estuário, por representar um atrativo para o turismo de observação de aves e para o turismo de natureza. Este projeto, tem o objetivo de estudar a biologia reprodutiva, história de vida e comportamento do periquito-cara-suja, realizando sensos populacionais, buscas por ninhos naturais para investigação da biologia reprodutiva de P. griseipectus, coletando dados biométricos das cavidades utilizadas, dos ovos e filhotes, e monitorando as taxas de predação, abandono e sucesso reprodutivo. Além disso, estamos fazendo experimentos analisando a eficiência das caixas-ninho para favorecimento do sucesso reprodutivo, implementando modelo bem sucedido no Projeto Cara-Suja desenvolvido por nossos parceiros da ONG Aquasis.

Métodos

Monitoramento de ninhos naturais e caixas-ninho; Captura e anilhamento; Estudos com ecologia de Paisagem voltado para a descoberta de áreas potenciais para ocorrência de novos bandos; Censo voluntário para contagem de indivíduos

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2717

Indaiatuba-SP: unindo esforços na trajetória de conservação e observação de aves
Rafaela Endrika Wolf Ferreira de Carvalho (Sítio São Bento Indaiatuba)

Resumo

O município de Indaiatuba-SP, localizado a ±100km da capital, possui diversos registros de aves incomuns na região, como o sanhaçu-papa-laranja, além de maçaricos e caboclinhos migratórios. Dispõe de parques urbanos e outros ambientes naturais que abrigam rica avifauna, resultando em um grande potencial para a observação de aves. Apresento aqui o avanço dessa atividade no município, bem como seus componentes social, político e ambiental, como as propostas de leis e iniciativas de conservação.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2566

Aves na Terra de Siikë: uma experiência turística na Serra do Sol
Ramiro Dário Melinski (INPA), Maria Virgínia Ramos Amaral, Dilson Domente Ingaricó ,

Resumo

Com inacessibilidade notória e alto índice de endemismo de aves, a Serra do Sol se localiza no extremo norte da Amazônia, dentro dos limites do PN Monte Roraima e da TI Raposa Serra do Sol, onde vive o povo indígena Ingarikó, mantendo hábitos ancestrais e preservando a biodiversidade. Em parceria com algumas de suas lideranças e apoiados nos preceitos do ecoturismo sustentável e de base comunitária, elaboramos uma experiência inédita de observação da misteriosa avifauna na Terra de Siikë

Introdução

As montanhas tabulares do norte da Amazônia, conhecidas como tepuis, são umas das fronteiras do conhecimento biológico e ornitológico. O grande interesse por elas reside em grande parte na notória inacessibilidade e no alto índice de endemismo. Os tepuis se encontram espalhados pelos territórios do Brasil, Guiana, Suriname e, principalmente, Venezuela e o conjunto destas montanhas frequentemente é referenciado como Pantepui, que significa “todos os tepuis”. Ecologicamente, o termo Pantepui abrange serras que não possuem a mesma origem geológica arenítica ou formato tabular dos tepuis clássicos, mas que aportam espécies consideradas endêmicas ou típicas dessa província biogeográfica, como a Serra da Mocidade e a Serra do Apiaú. Por vezes, o Pantepui é chamado de “O Mundo Perdido”, em referência ao clássico homônimo escrito por Sir Arthur Conan Doyle, inspirado pela “descoberta” do mais famoso dos tepuis, o Monte Roraima, e suas paisagens pristinas e cênicas. Atualmente o Parque Nacional do Monte Roraima abriga, além da famosa formação de mesmo nome, outro colosso geológico, a Serra do Sol. Além de se localizar dentro dos limites do PN Monte Roraima, a Serra do Sol também se situa na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, lar do povo indígena Ingarikó. Atualmente, existem 14 comunidades Ingarikó que abrigam uma população de aproximadamente 1800 pessoas. Duas dessas comunidades, Karumanpaktëi e Mapaé, se encontram também dentro do PN Monte Roraima. O povo Ingarikó mantém muitos dos hábitos e das técnicas sustentáveis de seus ancestrais, sendo assim capazes de conservar a biodiversidade em seu território. Por outro lado, eles desejam diversificar suas fontes de renda, mas o isolamento de sua região torna difícil a criação de iniciativas econômicas que beneficiem as comunidades locais e garantam, ao mesmo tempo, a conservação ambiental. Em um contexto de aumento do garimpo ilegal em terras indígenas, os Ingarikó percebem o ecoturismo como alternativa econômica capaz de diversificar suas fontes de renda, garantindo o bem-estar das comunidades e também a preservação da biodiversidade na PN Monte Roraima. Uma vez que, todo esse interesse ornitológico e científico acaba por, obviamente, se estender ao imaginário dos observadores de aves, o projeto “Aves na Terra de Siikë” tem por objetivo colaborar com a implementação de um produto turístico de observação de aves, que auxilie o monitoramento da área por meio da visitação, além de um modelo de negócio, e que garanta a repartição adequada de benefícios, contemplando as expectativas de sustentabilidade das famílias e a promoção de ações de vigilância e proteção do território. O título do projeto homenageia o personagem mitológico Siikë, de quem os Ingarikó se consideram descendentes. Siikë é o irmão caçula de Makunaima, que inspirou o protagonista do famoso livro de Mário de Andrade. Conforme a mitologia indígena, os irmãos foram responsáveis pela formação da paisagem e a diversificação de espécies da fauna e da flora na região circunvizinha ao Monte Roraima.

Conhecimento prévio e desenvolvimento

Até recentemente apenas uma única expedição havia sido executada na Serra do Sol, em 1948 pela venezuelana Coleção Ornitológica William Phelps, de Caracas. Na ocasião foram registradas 52 espécies endêmicas do Pantepui; dentre as quais, 49 em território brasileiro, configurando os primeiros registros em território nacional. Após um hiato de mais de sete décadas, em 2019, através de uma iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma nova expedição científica pisou na Serra do Sol, explorando também o entorno da aldeia Ingarikó de Karumanpaktëi, de onde foi possível acessar a montanha. Diversos grupos taxonômicos foram amostrados e as equipes confirmaram a presença de uma rica e exuberante biodiversidade, corroborando o potencial turístico da região, especialmente para observação de aves endêmicas do Pantepui, ocorrentes em altitudes elevadas e microhabitats decorrentes das condições proporcionadas por este gradiente altitudinal. Desde então, o ICMBio mantém o monitoramento periódico de determinados grupos, incluindo aves, através do Monitora, o programa de monitoramento in situ da biodiversidade em Unidades de Conservação. Desde os anos 2000, os Ingarikó têm recebido visitas turísticas esporádicas, contudo enquanto coadjuvantes nas excursões e nas decisões. Junto ao ICMBio, suspenderam a visitação para estruturar roteiros e um modelo de negócio de impacto social com o protagonismo da comunidade e em conformidade com a Instrução Normativa da FUNAI (3/2015), que regulamenta o turismo em terras indígenas. O turismo responsável vem sendo longamente discutido pelo Conselho Consultivo do PN Monte Roraima, composto pelo Conselho do Povo Indígena Ingarikó (Coping) e o ICMBio, e também no âmbito do Plano de Gestão Territorial Ambiental (PGTA) Ingarikó, que está sendo consolidado por ambas as instituições e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). A atividade turística é estratégica para a gestão compartilhada do parque, podendo promover geração de renda, ações de monitoramento da biodiversidade e proteção do território. A metodologia do Projeto Aves na Terra de Siikë envolverá levantamentos de nicho de mercado e parcerias potenciais; sistematização de acordos já firmados no âmbito do Conselho Consultivo do Parque; oficinas para a construção de arranjos e validação de roteiros turísticos; e uma expedição piloto para treinamento e avaliação. A região das comunidades Ingarikó e do PN Monte Roraima é remota e acessada exclusivamente por via aérea, o que restringe significativamente as ações preparatórias in loco e o perfil de público para visitação, configurando-se assim com um dos principais desafios.

Resultados esperados

Em geral, espera-se conciliar os anseios dos Ingarikó em diversificar suas fontes de renda com a conservação da biodiversidade na TI Raposa Serra do Sol, especialmente, na área de sobreposição com o PN Monte Roraima. Para esta diversificação de renda, o resultado esperado é a formatação de um produto turístico de observação de aves com benefícios repartidos entre a população local. Em relação a atividades práticas, em um primeiro momento será realizada uma oficina in loco com os Ingarikó para discussão de uma subsequente expedição piloto, incluindo elaboração de um roteiro de visitação, e capacitação de condutores para prática do turismo de observação de aves. Por se tratar de uma inciativa colaborativa e dentro da categoria de turismo de base comunitária, durante a expedição piloto a quase totalidade dos prestadores de serviço, não apenas condutores, será formada por Ingarikó que, além de obterem o treinamento necessário para ajudar a suprir as necessidades e objetivos de um público alvo altamente especializado, serão devidamente remunerados para tais atividades. Além da remuneração, deverá haver pagamento pela experiência em si, contribuindo assim para um Fundo Comunitário e para outros atores participantes. Objetiva-se, com base na expedição piloto e em demais etapas do projeto, elaborar um modelo de negócio que oriente futuras interações turísticas da comunidade ingarikó. O projeto também pode subsidiar o Plano de Manejo do PN Monte Roraima, atualmente sob revisão, e o Plano de Visitação, em estágio de elaboração. Um resultado direto para a conservação ambiental da solução proposta se dará mediante a confirmação da viabilidade do turismo de observação de aves, nos limites do parque do Monte Roraima, conduzido por agentes Ingarikó e parceiros, o que fortalecerá atividades de proteção territorial e monitoramento da biodiversidade que já vêm sendo realizadas pelo ICMBio e COPING. Uma contribuição indireta para a conservação na região ocorreria através do aprofundamento do diálogo intercultural, o qual possibilitaria visitantes, pesquisadores, o ICMBio e outras instituições parceiras a compreenderem e levarem em conta as concepções ecológicas dos Ingarikó e seu potencial para proteção da biodiversidade. Ademais, o turismo de base comunitária tem por princípio promover a autonomia e gerar renda para as comunidades ingarikó, contribuindo para a valorização do próprio modo de vida e, portanto, da reprodução de suas ações para a conservação da biodiversidade no PN Monte Roraima e na TI Raposa Serra do Sol. Espera-se que a experiência ingarikó possa servir de modelo para outras iniciativas em terras indígenas e Unidades de Conservação de Roraima e da Amazônia brasileira.

Aves, Conservação, Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1629

Destinos Silvestres | As aves do bioma Pampa
Raphael Kurz

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2638

Os desafios e perspectivas da Observação de Aves em Porto Velho, Rondônia
Raul Afonso Pommer Barbosa (Amazon Birdwatching)

Resumo

Em Porto Velho, Rondônia, a observação de aves tem se mostrado uma atividade com grande potencial, sendo o município brasileiro com maior diversidade de espécies registradas no Wikiaves. Porém, existem alguns obstáculos a serem superados. Alguns dos maiores obstáculos são a inadequação da infraestrutura necessária, e a falta de incentivo aos moradores para a preservação ambiental. Nesta palestra, serão demonstrados os desafios e perspectivas para auxiliar no turismo e conservação das espécies.

Aves, Conservação, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1607

Estimulando o aviturismo na Chapada dos Veadeiros, Goiás
Renato Caparroz (Universidade de Brasília - UnB), Arthur Bispo, Universidade Federal de Goiás, Pedro Henrique Vogeley, UnB, Marcelo Lisita Junqueira, guia de turismo, Paola de Freitas Oliveira, UnB,

Resumo

Durante a apresentação será abordado sobre o potencial da Chapada dos Veadeiros, Goiás, se tornar um hotspot para a prática da observação de aves do bioma Cerrado e o trabalho que Centro UnB Cerrado em parceria com outras instituições vem desenvolvendo junto a comunidade da região para promover o aviturimo como uma atividade de desenvolvimento sustentável e conservação da biodiversidade.

Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2713

I Oficina de Observação de Aves para Alunos da Educação Especial Escola Estadual Professora Rosaria Januzzi-Apiaí sp
Salatiel Freitas (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo)

Resumo

A apresentação sobre a experiência realizada com os estudantes da educação especial da Escola Estadual Rosaria Januzzi, localizada em Apiaí sp, terá como principal objetivo transpor de forma sintética e por meio de slides curtos, o impacto positivo e o cuidado em ampliar a metodologia do ensino aprendizagem que vai além da sala de aula, por meio da transdisciplinaridade, utilizando como principal caminho a observação de aves e suas adaptações para um universo caracterizado pela diversidade em conjunto com a biodiversidade e o real conceito de inclusão.

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2041

Projeto Avifauna do Município de Santos: 2019 a 2022
Sandra Regina Pardini Pivelli (Secretaria de Meio Ambiente de Santos)

Resumo

Os inventários da avifauna executados por biólogos da Prefeitura de Santos, iniciaram em 1996. Em 2004 a Secretaria de Meio Ambiente implantou o Projeto Avifauna, que estabeleceu a continuidade dos inventários locais relacionando-as com ações educativas sob a forma de cursos, palestras e oficinas. O presente trabalho tem como objetivo apresentar as últimas atividades do projeto realizadas de 2019 a 2022 como a produção de um guia de observação e a eleição da ave símbolo da cidade.

Introdução

As aves são importantes bioindicadores ambientais (SICK, 1997), ou seja, pesquisando-se somente a avifauna tem-se ideia da riqueza de todo o ecossistema (STOTZ et al., 1996). O processo de urbanização modifica a estrutura do hábitat. A paisagem urbana geralmente se apresenta como um mosaico de diferentes ambientes ofertando recursos distintos dos originais a serem explorados pela fauna (MENDONÇA & ANJOS, 2005). A presença da avifauna brasileira em áreas urbanas tem se tornado comum. Cerca de 31% das aves brasileiras ocorrem nestas áreas, que tendem a sofrer variações menos acentuadas de recursos, mantendo sua diversidade de avifauna constante. (FRANCHIN et al., 2004). Diante da necessidade de produção de informações que subsidiem ações de conservação em Santos, foram feitos inventários ornitológicos de campo em parques urbanos e em áreas verdes expressivas existentes com o objetivo de caracterizar a avifauna local e proporcionar ações educativas correspondentes.

Desenvolvimento

Área Inventariada Santos é a maior cidade da Baixada Santista, sediando o mais importante porto da América do Sul em sua área insular. Porém, a parte continental do município, seis vezes maior do que a ilha, tem 70% da área dentro no Parque Estadual da Serra do Mar (PORTAL DO LITORAL SUSTENTÁVEL, 2019). Sob esta perspectiva doze localidades do Município foram inventariadas sistematicamente por biólogos da Prefeitura com a finalidade de coletar dados sobre avifauna, de modo a caracterizá-la, no período de 1996 a 2010 (Anexo 1). Posteriormente, foram acrescentados dados de observações de fundamentação educativa realizadas nas mesmas localidades. Até o presente momento a lista da cidade tem 272 espécies observadas, concebida por esta metodologia (PIVELLI, 2016). Descrição das Atividades Realizadas O projeto Avifauna propiciou em 2015 o desenvolvimento da instalação de placas com a foto, o nome popular e científico, denominada “100 Aves de Santos”, de aproximadamente um terço das espécies inventariadas, propiciando um guia público, a céu aberto, para os frequentadores do Jardim da Orla e do Jardim Botânico (Anexo 2). Neste último foi instalada uma torre de observação (Anexo 3) para oportunizar pesquisa, educação e lazer à comunidade. Em 2020 a lista do Jardim Botânico Municipal Chico Mendes foi atualizada, acrescentando observações feitas da Torre de 22 m de altura. Na ocasião constatou-se 20 espécies que ainda não haviam sido observadas no Parque. Além disso, em 2016 criou-se o hotsite “Circuito das Aves” que sugere ao público, locais de observação na cidade a partir do inventário inicial . Em agosto deste mesmo ano foi publicada parte desta lista no Diário Oficial do Município, de modo a propiciar a conservação do patrimônio ambiental da cidade. Dois cursos de extensão e cinco encontros de observação de aves foram promovidos no Monumento Nacional Ruínas São Jorge dos Erasmos (MNRSJE) de 2015 a 2017 (Anexo 4). Em 2019 foi aprovado o projeto editorial do guia de aves do MNRSJE com recursos do 4º Edital Santander/USP/FUSP de fomento às iniciativas de Cultura e Extensão, que propiciou a hospedagem digital da obra no site. Para tanto, foram selecionadas 43 espécies das 89 inventariadas. Além disso, no interior da localidade selecionou-se 5 pontos de observação que potencializam as avistagens de determinadas espécies mais facilmente. Em 2021 foi feita a eleição da ave símbolo através de voto virtual. A garça-moura Ardea cocoi foi eleita dentre as opções: tiê-sangue Ramphocelus bresilia, beija-flor-tesoura Eupetomena macroura, fragata Fregata magnificens ,periquito-rico Brotogeris tirica, garça-azul Egretta caerulea, gavião-asa-de-telha Parabuteo unicinctus, saí-azul Dacnis cayana, martim-pescador-grande Megaceryle torquata, pica-pau-de-cabeça-amarela Celeus flavescens. Estas espécies foram escolhidas pela frequência de ocorrência significativa no município.

Conclusão e Referências

Conclusão Com passar dos anos, as poucas áreas verdes existentes na área insular de Santos se tornaram polos receptivos para a ocupação de novas espécies até então incomuns no munícipio. Estes dados podem ser úteis para avaliar a longo prazo os efeitos das alterações ambientais regionais. Este estudo possibilitou a constatação do dinamismo da avifauna ao longo de 27 anos e como o trabalho educativo é importante para o fortalecimento de ações conservacionistas que envolvam a população local. Referências FRANCHIN, A. G.; OLIVEIRA, G. M.; MELO, C.; TOMÉ, C. E. R.; MARÇAL JÚNIOR, O. (2004). Avifauna do Campus Umuarama, Universidade Federal de Uberlândia, MG. Revista Brasileira de Zoociências. v. 6, n. 2, p 219 – 230. MENDONÇA, L. B.; ANJOS, L. (2005).Beija-flores (Aves, Trochilidae) e seus recursos florais em uma área urbana do Sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v. 22, n. 1, p. 51 – 59. PIVELLI, S. R. P.(2017). Lista de aves do Município de Santos–SP. Unisanta BioScience, v. 6, n. 1, p. 1-19. PORTAL DO LITORAL SUSTENTÁVEL (2019). Apresenta o Resumo Executivo de Santos - Projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social. Resumo-Executivo-Santos-Litoral-Sustentavel.pdf .Acesso em 24 fev. 2023. SICK, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. STOTZ, D. F.et.al. (1996) Neotropical birds: ecology and conservation. Chicago: University of Chicago Press, p. 417-436.

Aves, Conservação, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2178

O que temos além do horizonte?
Silvia Faustino Linhares

Resumo

Passarinhar vai muito além do horizonte. É "lá" onde guardamos as nossas histórias e os nossos sonhos. "Lá" é onde ficam gravadas as nossas experiências, os desafios que enfrentamos e os que nos esperam ainda. Buscamos além do nosso próprio horizonte uma reflexão sobre a própria vida. Nessa trajetória de 12 anos como observadora e fotógrafa de aves, eu me pergunto: o que foi mais significativo? os 1693 lifers (CBRO 2021) ou os incontáveis "human-lifers" feitos pelos caminhos? Minhas ações tiveram alguma repercussão positiva nessas pessoas? Será que sou um bom exemplo de passarinheira?

Aves, Ciência cidadã, Conservação
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1627

Destinos Silvestres | Rota Bioceânica - Expedição Birding - conexão América do Sul
Simone Mamede (), Maristela Benites

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2742

Sentir-Ser Parte: representando a biodiversidade através da arte como um convite para expandir os sentidos, viver no presente e perceber a vida que há perto.
Stefania da Silva Gorski (Universidade Federal de Santa Maria), Marcele Marin, Univeridade Federal de Santa Maria

Resumo

Sentir-Ser Parte é um pequeno empreendimento de duas pessoas que veem na arte a possibilidade de alcançar as pessoas por meio da sensibilidade, da reflexão e da beleza. Representamos a biodiversidade de aves na nossa arte, como um convite a olhar com outros olhos para o universo ao nosso redor. Instigar a expansão dos sentidos, viver no presente, perceber a vida que há perto. Nosso intuito é convidar as pessoas a entender que são parte desse sistema magnífico que é a vida.

Arte e cultura, Divulgação científica, Fotografia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2482

As letras e as aves - Alfaletrando com as aves nas escolas municipais de Paraty
Sylvia Junghähnel (Associação Cairuçu), Eliane Lino, Secretaria Municipal de Educação de Paraty, Camilla Princisval, Secretaria Municipal de Educação de Paraty, Rosania Lima, Secretaria Municipal de Educação de Paraty, Gabriela Gibrail, Secretária Municipal de Educação de Paraty,

Resumo

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Fotografia, Ilustração, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1620

Destinos Silvestres | Aves da Serra do Caparaó - um paraíso escondido
Tati Pongiluppi

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2359

QUAIS CARACTERÍSTICAS DE AVES EM VIDA LIVRE ATRAEM OS OBSERVADORES DE AVES BRASILEIROS?
Taynara Cristine Bessi (ESALQ/USP), Taynara Cristine Bessi, Eduardo Roberto Alexandrino, Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz

Resumo

Introdução

A observação de aves é praticada há anos no hemisfério norte e por essa razão diversos estudos são realizados para compreender este mercado, especialmente sobre a preferência destes observadores de aves. No Brasil, apesar da observação de aves estar em ascensão, pouco se sabe sobre a preferência dos observadores brasileiros. Dessa forma, trazemos para o público do Avistar 2023 os resultados obtidos ao longo de uma pesquisa de iniciação científica executada entre 2021 e 2022 que entrevistou 422 observadores de aves com o objetivo de identificar quais características intrínsecas das aves mais agradam os observadores de aves. Devido a localidade do evento, destacamos aqui os resultados apenas do público residente no estado de São Paulo, que foi maioria na pesquisa executada.

Métodos utilizados

A entrevista foi estruturada no Google Forms e divulgada por 15 dias nas redes sociais (e.g., Whatsapp, Instagram e Facebook) frequentemente acessadas pelo público entusiasta por aves silvestres e natureza. As respostas foram obtidas entre 09 de fevereiro e 24 de março de 2022. O questionário possuía questões abertas e fechadas que visavam acessar quais características intrínsecas às aves (i.e., vocalização, status de conservação, endemismo, aves migratórias, plumagem estampada, formato e tamanho do bico, ornamentação do píleo, cauda longa) eram mais citadas como atraente entre os respondentes.

Resultado e conclusão

Foram obtidas 300 respostas provenientes de residentes de 55 municípios diferentes no Estado de São Paulo. A maior parte dos respondentes apontaram que a vocalização das aves é a características mais atraentes (22%, n = 276 citações, Figura 1), seguido de plumagem estampada com bolinhas, linhas transversais ou longitudinais, bolinhas e faixa auricular (20%, n= 248 citações). Em relação as demais características citadas temos: ornamentação do píleo (13%, n= 168 citações); formato e tamanho do bico (12%, n= 155 citações); cauda longa (12%, n= 148 citações); status de conservação e endemismo (11%, n= 140 citações); execução de movimento migratório (10%, n= 125 citações). Os resultados apontam uma maior preferência por aspectos morfológico (e.g., plumagem estampada, ornamentação do píleo, cauda longa) e comportamentais das aves (e.g., vocalização), sendo que aspectos ecológicos ficaram entre os últimos colocados (e.g., status de conservação e endemismo, execução de movimentos migratórios). Apesar da pesquisa ainda estar em execução, e algumas análises ainda serão executadas, os resultados aqui apresentados já demostram algumas preferências do público paulistano. No futuro, tais resultados poderão contribuir com o planejamento da observação de aves em diferentes localidades do Brasil.

Aves, Conservação
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1628

Destinos Silvestres | Serra de Ibitipoca
Teca Resende

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2728

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA SILVESTRE: UMA EXPERIÊNCIA EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO
Thalia Matos Aguiar Viana (Universidade Estadual do Maranhão - UEMA), Ramon Francisco Corrêa Barbosa, Claudilene Santo da Silva, Lígia Almeida Pereira

Resumo

O Brasil é um dos países com maior biodiversidade de aves do mundo, apresentando cerca de 1.919 espécies ocorrentes. Os impactos resultantes das ações antrópicas representam muitas ameaças para a manutenção desses animais na natureza, a exemplo dos altos índices de tráfico de animais silvestres, afetando principalmente as aves, que são preferidas no comércio ilegal, especialmente as espécies das ordens passeriformes e psitaciformes. Este trabalho teve por objetivo sensibilizar alunos do ensino médio de instituições educacionais públicas de São Luís - MA sobre o tráfico de aves silvestres e o seu impacto na conservação da avifauna maranhense a partir da realização de ações educativas ambientais em três instituições: Centro Educa Mais Paulo VI, Centro de Ensino João Pereira Martins Neto e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Campus Centro Histórico, no período de 2021 a 2022. Foram realizadas palestras, rodas de conversa, atividades dinâmicas com premiações, oficinas de poesia, elaboração de cordel sobre o gavião-real (Harpia harpyja), produção de materiais lúdicos além de divulgação científica na rede social @projetoavessilvestres. Também foi possível realizar uma oficina presencial como parte da programação da Semana de Meio Ambiente 2022 do IFMA. As atividades desenvolvidas foram enriquecidas por meio de distribuição de materiais informativos. Foi possível evidenciar a participação ativa dos alunos durante o desenvolvimento das ações nas escolas participantes, assim como no Instituto Federal, verificando-se boa receptividade e interesse pela temática. O encerramento do projeto foi assinalado mediante um concurso de desenho sobre “conservação das aves maranhenses”, o qual produziu bons resultados e contribuiu para divulgação do trabalho. Constatou-se que as ações educativas promoveram a reflexão e aprendizagem dos participantes sobre a problemática do tráfico e contribuíram como instrumento de conservação da avifauna a partir de sua sensibilização e conscientização.

1 INTRODUÇÃO

A avifauna brasileira é uma das mais diversificadas do mundo, entretanto sua riqueza biológica está ameaçada por atividades antrópicas como tráfico de animais silvestres. Esta atividade configura-se como crime ambiental e constitui-se na terceira maior atividade ilícita no contexto global, sendo inferior apenas ao tráfico de armas e drogas. No Brasil, o comércio ilegal de animais silvestres apresenta elevados índices, tendo em vista sua ampla biodiversidade, especialmente em relação às aves, que ocorrem no território brasileiro com aproximadamente 1.919 espécies. Destas, as pertencentes às ordens Passeriformes e Psitaciformes são as mais preferidas, afetando a manutenção desses animais na natureza, principalmente papagaios e araras. Infelizmente a fiscalização não é suficiente para combater essa prática, o que tem ameaçado de extinção muitas espécies. O estado do Maranhão é um dos mais vulneráveis a essa problemática, com registros significativos de ocorrências de apreensão. Nesse sentido, faz-se necessário implementar ações educativas ambientais visando conscientizar as pessoas sobre a necessidade de preservar a fauna silvestre e combater o tráfico de animais. A Educação Ambiental pode ser uma ferramenta eficaz para esse combate através de ações planejadas como palestras e divulgação sistemática de informações. Essas atividades podem contribuir para a reflexão sobre a importância de entregar os animais silvestres cativos para o órgão responsável pela reintrodução, como o CETAS-IBAMA, e estimular mudanças de atitudes em relação ao comércio ilegal de animais, promovendo a conservação. Além disso, é válido ressaltar que as práticas educativas ambientais no que se refere à conservação de aves estão relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), especialmente o 4º, que diz respeito à educação de qualidade; o 11º, referente às cidades e comunidades sustentáveis; e o 15º, que enfoca a vida terrestre. O objetivo deste trabalho foi sensibilizar alunos do ensino médio de instituições públicas em São Luís - MA sobre o tráfico de aves silvestres e o seu impacto na conservação da avifauna maranhense a partir de ações educativas.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Metodologia Esse trabalho foi realizado durante o período de 2021 a 2022, sendo desenvolvido em três instituições localizadas em São Luís-MA: Centro Educa Mais Paulo VI, Centro de Ensino João Pereira Martins Neto e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Campus Centro Histórico. As ações incluíram a apresentação dos temas na forma de palestras, rodas de conversas, atividades dinâmicas, premiações, oficinas de poesia, elaboração de cordel sobre o gavião-real (Harpia harpya), produção de material lúdico e divulgação científica na rede @projetoavessilvestres. No IFMA, durante a na Semana de Meio Ambiente de 2022, realizou-se uma Oficina Presencial abordando a temática “Educação como instrumento no combate ao tráfico das aves silvestres maranhenses”. As atividades realizadas nas instituições foram enriquecidas com material de apoio como panfletos informativos sobre combate ao tráfico e conservação das aves. O encerramento do projeto foi assinalado por um concurso de desenho sobre a temática “conservação das aves maranhenses.” Figura 1. Palestras realizadas no Centro Educa Mais Paulo VI (A) e no Centro de Ensino João Pereira Martins (B). --IMAGEM NO DOCUMENTO EM ANEXO-- Fonte: Autoria própria, 2022. 2.2 Resultados e Discussão A educação ambiental é uma ferramenta valiosa para combater o tráfico de aves silvestres. Esforços educacionais podem ajudar a conscientizar a sociedade sobre os impactos negativos do comércio ilegal de aves selvagens e incentivar a adoção de práticas de conservação para ajudar a proteger as espécies ameaçadas. Durante as ações de Educação Ambiental realizadas nas escolas Centro Educa Mais Paulo VI e Centro de Ensino João Pereira Martins Neto da Cidade Operária observou-se um nível satisfatório de envolvimento dos alunos e significativo interesse na conservação das aves maranhenses e na questão do tráfico de animais silvestres. As atividades realizadas incentivaram uma postura responsável em relação ao meio ambiente e a apresentação do projeto na forma de Oficina Presencial na Semana de Meio Ambiente 2022 do IFMA – Campus Centro Histórico gerou muito interesse entre os alunos, os quais expressaram o desejo em seguir carreiras na área de conservação da fauna e considerou-se que a participação ativa dos alunos no desenvolvimento do projeto foi um elemento-chave para o sucesso da iniciativa. As estratégias pedagógicas adotadas foram eficazes em motivar a criatividade e interação dos estudantes com o processo ensino-aprendizagem. O concurso de desenho colaborou como ferramenta complementar para as ações de sensibilização ambiental visto que deu maior visibilidade à proposta educativa. Os materiais produzidos estão disponíveis na bio do Instagram do projeto. Figura 2. Oficina realizada na Semana de Meio Ambiente 2022 do IFMA – Campus São Luís Centro Histórico. --IMAGEM NO DOCUMENTO EM ANEXO-- Fonte: Autoria própria, 2022.

3 CONCLUSÃO

A implementação de ações educativas sobre o tráfico de aves silvestres proporcionou aos alunos conhecimento sobre a problemática do comércio ilegal e medidas para combatê-lo no Estado. Foi possível observar o interesse e engajamento dos mesmos nas atividades propostas, com evolução significativa na compreensão das questões ambientais que envolvem o comércio ilegal de aves silvestres bem como de sua conservação. É importante ressaltar a relevância do uso das redes sociais como meio educativo, uma vez que possibilitam a divulgação de temas importantes para um público externo à comunidade escolar, alcançando mais pessoas. Constatou-se que as ações educativas promoveram reflexão e aprendizagem dos participantes sobre a problemática do tráfico e contribuíram como instrumento de conservação da avifauna a partir de sua sensibilização e conscientização, sendo fundamental sua continuidade.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ilustração, Tecnologia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2825

Guia para implementação do turismo de observação de aves em Áreas Protegidas
Thiago Borges Conforti (Fundação Florestal), Bianca Fabiana Ap. Costa, Fundaçao Florestal

Resumo

INTRODUÇÃO

O Parque Estadual Intervales pode ser considerado um caso de sucesso no contexto mundial da observação de aves. A categoria de visitante - observador de aves - foi primeiramente registrada no Programa de Uso Público no ano de 2004, com um total de 64 visitantes no ano. Em 2019 foram registrados 1.532 visitantes. Em 2018 e 2019 os números foram respectivamente de 1.213 e 1.269 observadores. Uma série de fatores estão envolvidos para criar esse contexto de sucesso no Parque com o turismo de observação de aves: facilidade de acesso, infraestrutura disponível, divulgação de mídias, extensão da área natural preservada, espécies raras, trilhas ordenadas, monitores capacitados, descobertas de novas espécies, oportunidades únicas de observação, presença de pesquisadores em ornitologia e outros. Há de se destacar, dentre esses diversos fatores envolvidos, quatro que são primordias no Parque Estadual Intervales, e que sustentam o sucesso e o desenvolvimento da atividade de observação de aves ao longo desses quase 20 anos. Observa-se que esses quatro fatores, se forem implementados em qualquer área protegida, sustentarão a prática do turismo de observação de aves com excelência. O objetivo desse trabalho é discorrer suscintamente sobre os aspectos principais dos quatro fatores primordiais que influenciam diretamente a qualidade do turismo de observação de aves no Parque Estadual Intervales.

4 FATORES

1) CONHECER A BIODIVERSIDADE LOCAL O conhecimento da biodiversidade local da área protegida, em especial das aves, é a base de sustentação para o turismo de observação de aves. Esse conhecimento delineará os principais roteiros de observação da área protegida. Roteiros como das aves aquáticas, das aves migratórias, dos rapinantes diurnos, e noturnos, das aves territorialistas, aves de solo, aves de sub-bosque, bandos mistos, enfim, uma séria de possibilidades para ordenar cada proposta de roteiro conforme o tipo de ave ou de habitat observado. Também são possíveis roteiros mais específicos, por períodos definidos, conforme a época do ano, e que se baseiem na fenologia da floresta e na alimentação das aves ou no hábito reprodutivo das aves. O conhecimento da biodiversidade vai proporcionar uma melhor exploração da dimensão espacial e quantitativa que a área protegida pode oferecer ao turismo de observação de aves, possibilitando a atuação em diferentes ecossistemas e ampliando a variedade de espécies de aves. O apoio e a participação das Universidades e dos grupos de observação de aves junto à área protegida são fundamentais para aprimorar o conhecimento da biodiversidade. Todo conhecimento gerado deve ser mapeado e dimensionado em termos de capacidade de visitação e perturbação. As capacidades de suporte das trilhas e das aves devem sempre ser respeitadas. O monitor ambiental deve manter o seu grupo de visitantes dentro dos limites estabelecidos pela área protegida para cada roteiro. 2) MONITORES AMBIENTAIS LOCAIS CAPACITADOS A qualidade e a quantidade das aves observadas em um roteiro estão diretamente atreladas ao conhecimento local do território. Conhecimento das aves e ecossistemas existentes. O conhecimento tradicional do território, que os monitores ambientais locais capacitados possuem, é um dos maiores diferenciais no sucesso do turismo de observação de aves. Os monitores ambientais devem ser pessoas locais do entorno da área protegida e capacitados através de cursos teóricos e práticos, com muita atividade de campo. Os monitores capacitados conhecem o nome científico das espécies, o que possibilita uma comunicação com pessoas estrangeiras, mesmo que o monitor não saiba falar a língua estrangeira. Quando o monitor ambiental capacitado verifica a lista de nomes científicos das aves que o visitante estrangeiro deseja observar, ele já sabe exatamente onde estão as aves, e qual o itinerário que deverá ser feito para atender o visitante estrangeiro. A capacitação dos monitores deve sempre ser realizada por observadores de aves experientes ou por pesquisadores científicos em Ornitologia. É muito importante que o monitor absorva o conhecimento científico dos pesquisadores e observadores experientes e também repasse o seu conhecimento tradicional. A troca de conhecimentos entre observadores, pesquisadores e monitores é fundamental para o enriquecimento do repertório de todos. 3) PRESENÇA DE ESTRUTURA RECEPTIVA A estrutura receptiva que a área protegida disponibiliza para atividade de observação deve ser bem organizada e adaptada. Fazem parte dessa estrutura: trilhas acessíveis e ordenadas, meio de hospedagem, pontos e equipamentos de apoio para o deslocamento na área protegida e diferentes roteiros de observação. Esses 4 itens são fundamentais para compor uma estrutura receptiva de entretenimento aos observadores de aves visitantes. A existência de pousadas e outros meios de hospedagem possibilitam que o visitante permaneça por um período de vários dias na área protegida e possa visitar diversas trilhas. Junto do meio de hospedagem deve também existir serviços de alimentação. As comunidades locais devem ser sempre incentivadas e capacitadas para oferecer serviços de hospedagem e alimentação aos visitantes. As trilhas e estradas internas que levam aos pontos de observação devem estar acessíveis, com vegetação baixa na área de deslocamento, piso de circulação bem batido e presença de escadas, degraus e drenagem das águas superficiais onde forem necessários. Os equipamentos de apoio ao observador de aves são os comedouros controlados, dispostos em locais específicos, e que podem facilitar a observação de muitas espécies. Junto a esses comedouros podem ser instalados estruturas de observação camufladas, com bancos e abertura para visão e uso das máquinas fotográficas e binóculos. Os comedouros devem ser muito bem cuidados pelos próprios monitores ambientais, evitando criar dependência nas aves, ou problemas com falta de higiene, que podem trazer patógenos e outros animais vertebrados. Quiosques e bancos ao longo de trilhas longas são desejáveis para melhor conforto e aproveitamento de cada roteiro. A oferta de diferentes roteiros de observação, como aqueles mencionados no item biodiversidade acima, é uma grande opção de variação durante os dias que o observador passa visitando a área protegida. Roteiros com períodos específicos definidos, como migrações, época de reprodução/alimentação, ninhos e filhotes, podem trazer o observador de aves todos os anos de volta à área protegida. 4) NORMAS E REGRAS CLARAS PARA ACESSO E USO Toda área protegida possui um conjunto de regras e normas específicas que são, na maioria dos casos, definidas pela legislação das áreas protegidas e pelo plano de manejo específico de cada área protegida. Para observação de aves é mais comum que os procedimentos e normas sejam apresentados no plano de manejo. Um dos principais componentes do plano de manejo é o zoneamento da área protegida. Em cada zona da área protegida são determinadas as atividades que podem ocorrer no seu interior. O zoneamento da área protegida é definido por uma série de diagnósticos e de análises de dados, durante a elaboração do plano de manejo. Assim, a área protegida possui zonas altamente restritivas, onde não ocorre nenhum tipo de atividade antrópica, nem mesmo a presença humana é tolerada, e áreas menos restritivas, destinadas a atividades de uso público, entre elas, a observação de aves. Portanto, o zoneamento do plano de manejo é que indicará as áreas possíveis de visitação pública e observação de aves, e garantirá zonas para preservação dos ecossistemas e da biodiversidade. Regras mais específicas para manutenção de comedouros, horários para cada tipo de roteiro e uso de playback também são regras de extrema importância e devem estar bem claras e definidas. As regras devem ser amplamente divulgadas e respeitadas pelos visitantes. Respeitar as normas e as regras da área protegida é fundamental para preservar a qualidade dos serviços turísticos de observação de aves, assim como a própria área protegida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou indicar os 4 fatores primordiais para o sucesso da observação de aves no Parque Estadual Intervales. Fatores esses que são prioritariamente avaliados e comentados pelos observadores de aves que frequentam o Parque durante todos esses anos. Quatro fatores que, se forem devidamente implementados em qualquer outra área protegida, certamente criarão condições de acesso e de atratividade para observadores de aves. O acesso e a atratividade irão fazer com que a área protegida se torne um destino obrigatório nos circuitos regionais do turismo de observação de aves. A observação de aves pode ser um fator de sucesso no estabelecimento da área protegida na sociedade.

Aves, Conservação, Ecologia, Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1978

A reprodução das Aves na Amazônia Setentrional
Tony Bichinski (PSN A Foundation)

Resumo

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2790

Intercâmbios científicos, migrando com os pássaros
Victor Armando Sanchez Gonzalez (Observatorio de Aves da Mantiqueira)

Resumo

): Meu nome é Victor Sanchez, um estudante de Ciências Ambientais de Los Cabos, México. Desde o início da minha carreira em 2018 tive a sorte de poder trabalhar com aves, a princípio tão simples como ter feito um workshop de observação de aves e, pouco a pouco, envolvendo-me mais na coordenação de atividades de observação, ciência cidadã com monitoramento de aves urbanas e depois monitoramento mais elaborado dentro do meu estado. Chegou o ponto em que comecei a me formar como cientista que quero aprender sobre os pássaros e como podemos usá-los como nossos medidores e realizar ações reais de conservação. Em busca de conhecimento, iniciou uma viagem pelo México, aprendendo com outros programas e instituições que trabalham com aves. Um intercâmbio científico que não parou.

Abrindo minhas asas.

O mundo natural sempre fascinou o ser humano, desde o início dos tempos, não foi até que começamos a nos questionar sobre como funcionava que a ciência começou na natureza, daí o crescimento de diferentes disciplinas que se encarregam de estudar o biológico fenômenos do nosso planeta surgiram ao longo dos anos. Esse avanço não teria sido possível sem a troca de ideias, pensamentos e descobertas científicas. É por isso que hoje é de extrema importância continuar compartilhando e colaborando entre pesquisadores, cientistas e até a comunidade. Em busca de conhecimentos e experiências, iniciou uma viagem pelo México, aprendendo com outros programas e instituições que trabalham com aves. Um intercâmbio científico que não parou. Depois de ter me familiarizado com as diferentes técnicas de monitoramento de detecção visual e auditiva. Começou o interesse em poder aprender mais sobre as aves da minha região, como se movem, como trocam de penas e o papel que seu estado desempenha para o ecossistema. Foi na Universidade de Guadalajara onde pude receber meu primeiro encontro com pássaros na mão. Um laboratório com monitoramento de longo prazo, focado na restauração do habitat de beija-flores migratórios e residentes.Este intercâmbio científico teve como objetivo lançar as bases para iniciar uma estação de anilhagem em minha região. Recebendo treinamento de anilhamento de pássaros com um treinador viajando para nossa região e eu viajando para Jalisco para receber treinamento em sua estação científica.

: As oportunidades vêm para aqueles que precisam delas.

Depois de trabalhar com a Universidade de Guadalajara por 1 ano, surgiu a oportunidade de viajar para Oregon para fazer parte do programa de treinamento do Klamath Bird Observatory. Uma organização sem fins lucrativos que promove a conservação de aves na região do Pacífico Nordeste e áreas de migração. Essa oportunidade surgiu porque a Universidade de Guadalajara está trabalhando em um projeto conjunto com os Estados Unidos e o Canadá sobre o impacto das queimadas prescritas no habitat de beija-flores migratórios, como é o caso do Selasphorus rufus. E foi assim que comecei uma migração para o norte. Foi no Observatório de Aves de Klamath onde me inscrevi num programa de formação para obter o certificado de anilhador de passeriformes, passei 2 épocas consecutivas onde fiz parte das atividades de monitorização, anilhagem, interações com o público e aprendi melhor como desenvolver um organização exclusivamente para a conservação de aves em diferentes aspectos, tanto de educação científica e ambiental quanto de relacionamento entre pesquisadores. Além do que aprendi na teoria e na prática, me ajudou muito a entender o movimento das aves migratórias, já que estive lá na época reprodutiva e na época de migração. Foi depois de terminar o meu estágio na KBO que ao regressar à minha região pude iniciar as minhas actividades de monitorização de aves utilizando como método o anilhamento de aves e recebendo várias das espécies migratórias que tinha encontrado no Oregon. O clima quente de Baja California Sur parecia o ideal para essas espécies, agora surgiu a questão de quantas estão apenas de passagem e quantas realmente usam minha região para passar o inverno.

: De norte a sul do continente. A jornada pela conservação das aves está apenas começando

Agora com a minha experiência adquirida e as minhas novas relações com esta organização do Klamath Bird Observatory, surgiu mais uma oportunidade para continuar a me preparar como investigador e aprender novas técnicas e formas de fazer ciência com um modelo de Bird Observatory. A oportunidade surge graças ao fato do Observatório de Aves Klamath estar associado ao Observatório de Aves da Mantiqueira, localizado no estado de Minas de Gerais no Brasil.Este Observatório é uma organização sem fins lucrativos que busca o avanço no estudo das aves brasileiras, que habitam a Mata Atlântica, com foco na região da Serra da Mantiqueira. É aqui que tenho colaborado com as suas atividades de acompanhamento, formação, divulgação científica e relacionamento com o público, entre outras. A experiência não está apenas nas questões e pesquisas sobre aves, mas também em conhecer as pessoas que fazem esse grande trabalho e fazer parte de sua cultura, com sua alimentação, suas tradições, sua língua e aprendendo como um Observatório de Aves. Funciona na América do Sul e mais do que tudo numa região onde não se conhece muito a ecologia das aves.

Aves, Conservação, Viagens, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1624

Destinos Silvestres | Ilhabela: Sinta a Natureza!
Vilma Oliveira

Resumo

Aves, Turismo, Viagens
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2817

Perfil dos Participantes do Passaringá - Maringá, PR.
Vinícius da Costa de Carvalho (Universidade Estadual de Maringá), William Leite Gildo, Vinicius Bonassoli, Thais Rafaelli Aparecida Gonçalves, Gabriel Rezende Ximenes, Priscilla Esclarski

Resumo

O evento Passaringá, realizado em Maringá – PR, é um dos maiores eventos de educação ambiental no município. Por ser altamente procurado, o projeto aplica questionários a cada ano afim de recolher dados do perfil de seus inscritos, e utilizá-los para o aprimoramento do evento. Analisando os dados os anos de 2018 a 2022, concluiu-se que o evento tem sido efetivo na educação ambiental e popularização da observação de aves e da ciência, atingindo em maioria o público leigo.

Introdução

Localizado no coração de Maringá e com 47,3 hectares de extensão, o Parque do Ingá é uma reserva florestal urbanizada desde 1970. É o parque mais popular entre a população e turistas do município, um dos principais cartões postais da Cidade Canção, e é descrito como uma área que ocupa exemplares raros da biota local, sendo considerado um valioso local de conservação. É também um dos locais mais procurados por observadores de aves, uma vez que há registros de mais de cem espécies dentro dos limites do parque (EBIRD, 2023). Considerando todas essas informações, em 2018 teve início o evento Passaringá, que ocorre anualmente mês de outubro em comemoração ao Dia Mundial das Aves (5 de outubro) e ao aniversário do Parque do Ingá (15 de outubro). O evento objetiva: desenvolver a observação de aves como ferramenta educativa; incentivar a visitação e valorização de unidades de conservação (UCs) e áreas verdes urbanas; incentivar a manutenção de alimentadores de aves ; incentivar a formação de guias especializados para a observação de aves na região; popularizar a ciência e disseminar a ciência cidadã para o monitoramento da avifauna regional. O evento ocorre das 8 às 12h, com grupos guiados por monitores voluntários que saem a cada 30 minutos para fazer a trilha. Os monitores falam sobre a história do parque, sua importância ecológica e sobre as aves avistadas durante o percurso. Ao longo do percurso são posicionadas estações de divulgação científica, onde os pesquisadores da equipe explicam aos inscritos sobre variados temas, como: pesquisa realizadas regionalmente, boas práticas na observação de aves; bioacústica; e conservação. Ao final, os participantes passam por uma mostra fotográfica, onde podem observar as inúmeras espécies já registradas no Parque e anotam seu feedback sobre a visita. Os grupos tem tamanho limitado, e por isso os interessados em participar fazem sua inscrição on-line, onde escolhem o horário do grupo que desejam compor, além de responder um questionário qualitativo e fechado em relação à faixa etária, sexo, conhecimento prévio sobre aves e percepção do evento, que permite a análise posterior do perfil dos participantes e a otimização do trabalho desenvolvido pelo projeto.

Desenvolvimento

Os dados analisados são referentes aos eventos realizados no período de 2018 até 2022, com exceção do ano de 2020, em que o evento foi virtual em virtude da pandemia de SARS-COV2. É importante ressaltar que os questionamentos foram aprimorados ao longo dos anos, portanto, algumas perguntas não foram contempladas em todos os eventos já realizados. Em relação à faixa etária, verificamos uma vasta amplitude de idade em todos os anos: deste crianças com um ano de idade, levadas pelos pais, até idosos com quase 80 anos. Contudo, há uma concentração de participantes entre 20 e30 anos. É possível que isso ocorra devido ao filtro tecnologico, em decorrência dos métodos de divulgação adotados. A maior parte da divulgação é veiculada no meio digital e no ambiente universitário, onde essa faixa etária está mais presente. Em relação ao sexo dos participantes, é possível observar que o número de pessoas do sexo feminino foi maior em todas as edições em relação às outras opções, o que pode estar relacionado ao cuidado parental, de mães que acompanham suas crianças nos eventos sem os pais. Embora em todos os anos houvesse a opção “prefiro não informar”, apenas em 2021 houve pessoas que escolheram essa opção. O baixo número de respostas nessa categoria pode indicar que uma nova pergunta deva ser formulada para abranger pessoas que não se identifica com nenhuma das outras duas opções. Em relação ao contato prévio com a observação de aves, apenas 26% dos participantes respondeu de forma positiva, indicando que a maior parte do público do evento nunca teve contato com a prática, e que o Passaringá pode ter sido o ponto inicial de muitas pessoas na prática de observação de aves de maneira contínua e não pontual. Em relação aos motivos que tornavam a observação de aves importante, a maioria apontou para: educação ambiental; valorização de parques e praças regionais; e conhecimento da avifauna local, enquanto metade considerou a prática relevante para turismo sustentável, e uma a minoria assinalou as alternativas “Hobby” e “Rentabilidade”. Todos esses tópicos são abordados nas estações durante o percurso do evento, o que reforça a importância em fazê-lo, tanto para reforçar os motivos mais assinalados quanto para mostrar ao público os benefícios e oportunidades da observação de aves em relação aos tópicos menos assinalados. Com relação à rentabilidade e turismo sustentável, são apontados dados de quanto dinheiro é movimentado anualmente no Brasil por conta de observação de aves e a maneira como pessoas podem ganhar a vida com esta prática, como guias e donos de estalagem especializadas na prática. Em relação ao conhecimento prévio da avifauna, as únicas aves que mais da metade dos inscritos assinalaram foram: pombo doméstico, bem-te-vi, pardal, quero-quero e andorinhas (de maneira abrangente). Por fim, quanto ao interesse na disponibilização de guias para observação de aves no Parque do Ingá para os visitantes, 91% dos participantes se mostraram interessando, indicando inclusive a necessidade de disponibilização de material informativo sobre as espécies mais comuns no parque.

Conclusão

Com o projeto ainda em andamento, e gradualmente aumentando sua demanda, a aplicação de questionários para os inscritos no evento se demonstrou uma ferramenta valiosa para entender e atender melhor as necessidades do público. Adequando a transmissão da informação para a comunicação efetiva. Além disso, a análise do questionário leva a discussão de novas questões e demandas pertinentes à observação de aves, às pesquisas acadêmicas e pautas socioecológicas. Por fim, verificamos que o evento abrange uma amplitude etária muito grande, atraindo desde crianças a idosos, que em sua maioria nunca tiveram contato com a prática da observação de aves, mas que reconhecem as aves mais comuns no ambiente urbano. Em geral são interessados em estreitar o contato com a natureza e que tornam-se fidelizados ao evento e aos grupos de observação de aves locais. Desta forma, concluímos que o evento tem cumprido o objetivo da educação ambiental e de divulgar a prática de observação de aves e as pesquisas científicas que ocorrem em Maringá e região, formando cientistas-cidadãos atuantes e comprometidos.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2773

Legado das Águas - Hotspot do sudeste
William Mendes (Legado das Águas), Julia Ferreira, Bianca Matinata ,

Resumo

A reserva Legado das Águas é atualmente um dos melhores destinos para observação de aves da Mata Atlântica do sudeste. Apresentamos nossas estruturas e os dados de observação mais recentes utilizando as plataformas eBird e WikiAves, além de convidar guias a integrarem o time trazendo seus clientes.

Aves, Ciência cidadã, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

Resumo dos trabalhos apresentados para revisão

POSTERS


2802

Estimulando olhares e ampliando redes – A ciência cidadã na observação de aves como aliada da conservação ambiental
Lorrane Cristine Silvano Coelho (Suinã Instituto Socioambiental), Alessandra Nathalia de Souza, Cínthia Mara Siqueira, Maria de Fátima de Oliveira, Fernanda de Moraes A. Scalambrino,

Resumo

A ciência cidadã ou ciência colaborativa é utilizada como aporte ao conhecimento científico e à conservação ambiental, a partir do envolvimento dos cidadãos na geração de conhecimento técnico. Neste trabalho de caráter qualitativo exploratório, avaliamos como a ciência cidadã e seus instrumentos têm contribuído para a sensibilização ambiental e o fortalecimento das ações de educação ambiental por meio da prática de observação de aves realizadas no evento Avistando 2022, que possui o intuito de estimular a prática de observação de aves livres vinculadas à educação e conservação ambiental, ao turismo, e à ciência. Utilizando a ciência cidadã como ferramenta didática, proporcionando benefícios a aplicação da educação ambiental, por seu caráter prático, sensorial e vivencial. Oferecendo assim múltiplas possibilidades aos participantes de estimular vínculos no exercício da cidadania e à transformação crítica de pensamentos e conduta perante a percepção ambiental.

Introdução

Atualmente enfrentamos uma crise climática e civilizatória, no que tange às ordens culturais, sociais e ambientais (PIRES, DE FARIA & ANTUNES, 2022). Nesse contexto surge a Educação Ambiental com sua capacidade integradora (RUMENOS & FACIOLLA, 2019) na qual abre espaço para a sensibilização da população perante as questões ambientais e a possibilidade de mobilização política (SORRENTINO et al., 2005; VIEIRA et al., 2022). O ensino ambiental tece soluções para uma melhor vivência do ser humano e de todas as espécies coexistentes (VIEIRA et al., 2022), promovendo um processo conducente a conscientização ambiental e a construção de conhecimentos de modo coletivo, onde todos possam se tornar protagonistas e responsáveis pelo mundo que habitam (SORRENTINO et al., 2005). A Educação Ambiental deve culminar na mudança cultural por parte do cidadão, onde o mesmo entenda que suas ações juntamente as políticas públicas refletem no meio e, por esse motivo, toda sociedade precisa colaborar com a transição para um modo de vida sustentável (RUMENOS & FACIOLLA, 2019; RUMENOS & SPAZZIANI, 2020). No Brasil, foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) por meio da lei 9.795/99 (BRASIL, 1999; VIEIRA et al., 2022) a qual estabelece que os espaços, formais ou informais, em todos os níveis e modalidades de educação sejam passíveis da aplicabilidade da Educação Ambiental de modo contextualizado e crítico (VIEIRA et al., 2022). Para tal, é fundamental a associação da ciência com o cotidiano e os conhecimentos pessoais, por meio de distintas metodologias e abordagens (VIEIRA et al., 2022). Uma dessas abordagens pode ser a Ciência Cidadã, uma prática desenvolvida mundialmente para popularizar a ciência e prover consciência ambiental (VIEIRA et al., 2022). A ciência cidadã possui duas vertentes, a instrumental na qual se restringe na informação de dados, o que é denominado como “crowdsourcing science”. Por outro lado, existe uma vertente democrática dentro da ciência cidadã, onde as pessoas podem ser intérpretes e participar ativamente da pesquisa e de seus desdobramentos (PIRES, DE FARIA & ANTUNES, 2022). De ambos modos, a ciência cidadã se torna fundamental para expansão e acesso do conhecimento científico, resultando em experiência, compreensão, sobrevivência e descobertas para o cidadão participante e para a ciência (RIESCH & POTTER, 2014, P. 108, SULLIVAN et al., 2014, P. 32; MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Tal interface que une a ciência junto a cidadania identifica direitos e responsabilidades de uma sociedade, que se fazem interessantes de serem investigadas e investidas (MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Esta modalidade de construção participativa de conhecimento se provou eficaz para melhoria no monitoramento da biodiversidade (CHANDLER et al., 2017 ; THEOBALD et al., 2015; ZHANG et al., 2023), da gestão de recursos naturais ( MACPHAIL & COLLA 2020 ; MCKINLEY et al., 2017; ZHANG et al., 2023) e proteção ambiental, devido ao vasto conhecimento científico que pode ser gerado em uma ampla escala espaço-temporal (BURGESS et al., 2017; BONNEY et al., 2016; DEVICTOR et al. 2010; ZHANG et al., 2023). Desse modo, a ciência cidadã configura uma estratégia e oportunidade para promover o vínculo entre os cidadãos e a natureza, instigando o sentimento de comprometimento da população com a proteção e aprimoramento da conservação (MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Na ornitologia, a ciência cidadã desempenha um importante papel (COSTA, 2007; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Ao observar aves, os mais diversos públicos se atentam a biodiversidade, a percepção de espécies ameaçadas e consequentemente os motivos de seu declínio populacional (PINHEIRO, 2019). É um modo atrativo de voltar os olhares à natureza e a observação de história natural, o que acaba por auxiliar a geração de reflexões e soluções sustentáveis conjuntas (COSTA, 2007; DIAS, 2011; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Além disso, a prática de observação de aves gera lazer, benefícios à saúde e é economicamente viável (COSTA, 2007; DIAS, 2011; ALHO, 2012; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Isso ocorre pela facilidade em observar aves que, por sua abundância, ocupam os mais diversos ambientes terrestres e a maioria dos aquáticos, estando ligadas a processos bióticos em amplos níveis (YOUNG et al., 2019). Nesse sentido, a observação de aves vinculada à educação ambiental se torna uma potente ferramenta com caráter conservacionista e sócio-econômico que acaba por gerar conscientização ambiental, promove o uso sustentável dos espaços e bens naturais, insere e motiva a comunidade local, além de contribuir para a geração de ciência (RUSCHMANN, 1997; FARIAS, 2007; PIVATTO et al.,2007; CASTILHO, 2007; PINHEIRO, 2019). Além disso, a é uma atividade de baixo impacto ambiental e que pode gerar renda para o município, sendo de fácil aplicabilidade (PINHEIRO, 2019).

Qualquer um pode passarinhar: O passarinho na janela

Entendemos como observadoras e observadores de aves todos aqueles que em algum momento do seu cotidiano, apreciam por alguns segundos uma ave pela janela do trabalho ou de sua casa. Partindo do pressuposto que o interesse e curiosidade por esses seres seja mais que suficiente para que possamos utilizar essa definição, aproximando cada vez mais pessoas do despertar a percepção ambiental como algo integrado e único. A ciência cidadã ou ciência colaborativa é de extrema importância para a expansão do conhecimento científico, sendo constituída por uma abordagem multidisciplinar. Permite a participação ativa dos cidadãos em atividades científicas gerando experiência, compreensão e novos conhecimentos tanto para a ciência quanto para o cidadão participante (RIESCH & POTTER, 2014; SULLIVAN et al., 2014). Para Kruger e Shannon (2000) a ciência cidadã é o processo pelo qual os cidadãos estão envolvidos na ciência como cientistas. Colaborando desta forma em aspectos socioambientais, que envolvem a ampliação da rede de pessoas que buscam a conexão com a sua natureza interna e externa, que se mantém atuante para a contribuição para manutenção do equilíbrio ecológico e desejam atuar na compreensão, reversão ou mitigação dos impactos que desfavorecem esse equilíbrio. Segundo (COOPER et al., 2007; COHN, 2008) apesar de frequentemente não analisarem dados, nem redigirem artigos científicos, os cidadãos cientistas contribuem de maneira eficiente no levantamento de dados cooperando para responder a perguntas científicas e do mundo real. Já foi comprovado que a observação de aves e o contato com a natureza decorrente dessa prática, torna as pessoas mais felizes, calmas e concentradas. A partir disso, é importante treinar e aprimorar os sentidos (audição, visão, sensações, entre outros) para estar mais atento ao mundo natural. Assim, um observador de aves atua na conservação da natureza, pois podem identificar espécies consideradas bioindicadoras, ou seja, que são muito exigentes em relação ao seu habitat e sensíveis a mudanças do ambiente, como por exemplo, as mudanças climáticas (SILVA, 2017). Possibilitando o despertar e ampliação da sensibilização ambiental a partir do interesse popular pelas aves, expressando também as práticas culturais locais e a identidade paisagística e biológica do território em que estão inseridos. Transformando a representação social sendo a utilizando como força motriz para o engajamento e o comprometimento coletivo pela conservação da biodiversidade. Conservar a biodiversidade significa resguardar a saúde ambiental e a qualidade de vida de seus residentes, a qual nós como seres humanos estamos incluídos. Um dos mais expressivos exemplos, se dá pela necessidade de estabelecimento do equilíbrio para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como qualidade da água, do ar, produção de insumos, garantia de reprodução das plantas e produção de alimentos a partir da polinização de visitantes florais, regulação climática, entretenimento e lazer, além da inspiração cultural e espiritual, são alguns dos benefícios ambientais dos quais depende a sobrevivência da nossa espécie. (BENITES et al, 2022). O que nos leva a refletir sobre o reconhecimento da importância da biodiversidade, entendo o processo de sensibilização para este reconhecimento como ponto inicial primordial para a conservação da biodiversidade. (RUMENOS & SPAZZIANI, 2020) Sendo assim, se faz necessário transmitir informações de maneira simples, objetiva e inclusiva, a fim de facilitar a compreensão, utilizando a linguagem acessível e metodologias didáticas que facilitem a comunicação, espalhando a mensagem da conservação da biodiversidade utilizando a educomunicação integrada à educação ambiental. (TRAJBER, 2004) A interface entre ciência e cidadania, que comunica direitos e responsabilidades de uma sociedade, é necessária para ser percebida e aprofundada. Como efeito, a ciência cidadã tem sido utilizada como ferramenta para geração de conhecimento científico sobre a biodiversidade, congregando direitos e responsabilidades que se vinculam ao conceito de cidadania de forma positiva. A Educação Ambiental é um processo educativo e está sujeita às influências epistemológicas que cercam o campo da educação em suas dimensões. (RUMENOS & SPAZZIANI, 2020). A dimensão ambiental não se distingue da dimensão social e suas problemáticas, que atingem todos os setores da sociedade, cabendo aos espaços que promovem a ciência colaborativa a função de favorecer reflexões e discussões inerentes ao meio ambiente e qualidade de vida. A educação ambiental deve ser considerada como um projeto político de construção e transformação da sociedade, assim, tornando-se uma questão essencial a qualquer política ambientalista (OLIVEIRA JÚNIOR & SATO, 2006). Desse modo, a educação Ambiental deve entrelaçar conhecimentos ecológicos com políticas públicas, de modo a construir uma sociedade sustentável que requer modificações no plano de manejo da biodiversidade, de cultura e de valores de uma sociedade, uma vez que determinam o uso dos recursos naturais (OLIVEIRA JÚNIOR & SATO, 2006). A Educação Ambiental Crítica tende a conjugar-se com o pensamento da complexidade ao ligar-se às questões contemporâneas, como é o caso dos problemas ambientais (LAYRARGUES; LIMA, 2011). Contribuindo para a sensibilização de pessoas, promovendo o diálogo de saberes entre os conhecimentos científicos existentes e necessários à conservação dos ambientes naturais às realidades culturais e econômicas dos contextos sociais do território local. O poder de transformação social do modelo de ciência cidadã vinculada a educação ambiental, ocorre pela sensibilização do cidadão participante se percebe mais cientista, ainda que iniciante ou amador, e o cientista especializado sensibilizando se torna mais cidadão, ao passo que se aproxima e estabelece vínculos, permitindo a colaboração da sociedade nas pesquisas realizadas. (MAMEDE, BENITES & ALHO, 2017). Reconhecendo e assimilando a ciência enquanto instrumento de transformação e estabelecimento de políticas públicas, provocando um retorno mais direto e evidente das pesquisas acadêmicas à sociedade e de forma compreensível pela população. Projetos de âmbito das ciências naturais têm utilizado atualmente a ciência cidadã como estratégia de envolvimento da participação pública nos processos de alfabetização e investigação a partir da percepção ambiental, com importantes resultados para a educação ambiental. Ampliando a visão da ciência que se resume a comunidade acadêmica, propostas que envolvem e estimulam a participação ativa de cidadãos agregam benefícios plurais para a conservação da biodiversidade e sustentabilidade. (IRVING, M. A. et al. 2002). O apoio de cidadãos cientistas na geração de conhecimento sobre a biodiversidade regional vinculados ao exercício de cidadania é intencionada a transformação crítica de pensamentos e conduta, são pilares importantes para uma educação ambiental crítica e transformadora. À medida que as ameaças à biodiversidade avançam através das mudanças climáticas, perda dos bens naturais, avança também o aumento das desigualdades sociais e os apelos consumistas à sociedade. (SILVA, 2017; BENITES, M. et al, 2022). Oportunizar espaços educadores para comunicar os encantamentos da natureza, os direitos igualitários de usufruir da biodiversidade para geração de bens culturais e de bem estar humano, valorizando a percepção de nós como natureza, como seres integrais e não seres desassociados do conjunto de fatores que mantém o planeta em equilíbrio mas sim completos, por sermos parte integrantes desses fatores, não apenas fazendo parte dele como telespectadores mas sim o vivenciando como protagonistas das nossas escolhas e ações. Contribuindo para aprimorar a compreensão da necessidade de conservação e aumentar o engajamento social e o interesse público pelo contato e proteção desse bem insubstituível, a natureza que somos. A observação de aves como dispersora de florestas Nas últimas décadas, o aumento de conhecimentos da área ecológica é evidente, contudo, devido às desigualdades sociais, tal conhecimento se torna excludente (COSTA, 2007; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Ecossistemas brasileiros e suas comunidades faunísticas, assim como as comunidades tradicionais que coabitam seus espaços se encontram ameaçados, permanecendo pouco conhecidos e cercados de estigmas sociais (SILVA et al., 2018; SALLES, 2019). A utilização de aves na educação por meio da ciência cidadã vem com esse olhar de desmistificação aos serviços associados aos ecossistemas e aos valores culturais, podendo contribuir para tais conhecimentos desde que as comunidades tradicionais e rurais sejam envolvidas durante o processo (JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). O Brasil possui diversas unidades de conservação em âmbito federal, estadual, municipal e particular, constituindo espaços geográficos definidos e reconhecidos por meios legais para assegurar a integralidade dos meios bióticos e abióticos (DUDLEY, 2008; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Tais áreas possuem diversidade de ambientes, cursos d’água, atratividade de espécies e suas interações ecológicas, os quais aumentam seu valor ambiental (Junior, Simonetti & Cohn-Haft, 2022). As pessoas sensibilizadas a partir das aves, buscam por avistar as mais raras e endêmicas, adentrando áreas conservadas, que consequentemente estão em zonas protegidas (JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Desse modo, motivados pela alta biodiversidade que podem ser encontradas em unidades de conservação, os observadores de aves agregam valor e a continuidade da proteção das UCs (NAIDOO & ADAMOWICZ, 2005; Junior, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022), podendo contribuir financeiramente para a manutenção das florestas e outros tipos de vegetação, como as do Cerrado brasileiro (DIAS, 2011; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Com a demanda da observação de aves, comunidades tradicionais e rurais, mediante treinamentos, podem fomentar o turismo ecológico associado à educação ambiental nesses espaços, promovendo uma diminuição da desigualdade social, emancipação e valorização dos conhecimentos de história natural dessas comunidades (DIAS, 2011; JUNIOR, SIMONETTI & COHN-HAFT, 2022). Com a diminuição das desigualdades sociais juntamente a educação ambiental aliada a ciência cidadã, especialmente em comunidades rurais, diminuímos o paradoxo da estética das aves, que ao mesmo tempo que são atrativas para a sensibilização socioambiental, incrementa uma problemática, a criação em cativeiro de aves (COSTA, 2007; DIAS, 2011). Para mais, o corte de árvores e a caça ilegal podem vir a ser atenuados por meio dessa consolidação de concientização ecológica por meio do fomento ao turismo de observação de aves, a qual torna-se uma importante ferramenta de educação ambiental para indivíduos residentes e visitantes (DIAS, 2011).

Aprendendo entre voos e pousos

A Educação Ambiental visa alternativas ao ensino tradicional, principalmente em âmbitos locais que contemplam as distintas realidades, que somente se tornam possíveis perante um engajamento e empoderamento de parte da população (OLIVEIRA JÚNIOR & SATO, 2006; VIVIANE, RODRIGUES & EBERT, 2016). Nesse sentido, a observação de aves e a ciência cidadã surge como uma proposta alternativa às práticas pedagógicas convencionais empregadas na educação ambiental, caracterizando-se, assim, como uma atividade cultural, lúdica e intuitiva que incentiva a autonomia, capaz de promover o maravilhamento da natureza (COSTA, 2006 e 2007). Segundo Paulo Freire (1996) a experiência emancipatória aliada ao encantamento acaba por gerar valor sentimental no aprendizado, o que torna possível e agrega transformação ao indivíduo. Bem como, Rita Mendonça (2014) ressalta: “Sem encantamento, o conhecimento não nos afeta verdadeiramente”. Tais constatações evidenciam a necessidade de ousar novos caminhos que não se restringem ao meio acadêmico, tal como a inserção da prática de “passarinhar” aos cidadãos (COSTA, 2007). A princípio, a observação de aves é praticada pelos indivíduos em beneficiamento de seu lazer próprio, por incentivo de amigos ou políticas públicas aplicadas ao turismo. Contudo, essa observação sem compromisso pode conter um viés educativo principalmente vinculada ao setor ambiental por meio de um educador (COSTA, 2007). O educador por meio das aves, possibilita a abertura de olhares para a percepção do meio ambiente ao todo e no qual o ser se encontra inserido, sem deixar de ser uma atividade recreativa (COSTA, 2007). No Brasil, essa prática da observação de aves como educação ambiental vem crescendo, exercida principalmente por iniciativas de ornitólogos e biólogos (COSTA, 2007). Todavia, um educador pode promover educação ambiental por meio das aves, mesmo que não tenha grande conhecimento ornitológico (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996; MOHR & MOSER, 2011). A simples condução a observação de aves, fazendo com que sejam notadas, assim como seus comportamentos, gera um encantamento e aprendizado (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996). O principal é o educador explorar o que há de interessante ao redor e na observação, como a alimentação e o voo, despertando o interesse dos envolvidos (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996). O caráter multidimensional do ser humano é privilegiado na observação de aves e na ciência cidadã. Tal prática abre espaço não somente ao aprendizado científico, mas para diversos setores interdisciplinares, onde de modo exploratório, o indivíduo é livre e adquire a capacidade de experimentar e criar a partir da observação, o que se revela em manifestações artísticas, como poesias, contos, músicas e teatros (MORIN, 2000; REIGOTA, 2004; COSTA, 2007). Do mesmo modo, tal atividade se enquadra na proposta construtivista do conhecimento, pois favorece a interação entre os indivíduos envolvidos e entre os envolvidos e o meio ambiente, conciliando saberes e promovendo laços sociais e ambientais (COSTA, 2007). A possibilidade de ver beleza, cores, formatos distintos, comportamentos, voos e sons por meio das aves favorecem o aprendizado via resgate afetivo e ativamento dos canais sensitivos (COSTA, 2007; Nogueira et al., 2015). Ainda, promove a capacidade de observação, reconhecimento do ambiente de entorno, desenvolve a percepção da coabitação do espaço com outros seres vivos e a importância da preservação do ambiente para que esta coexistência continue (COSTA, 2007). Bem como, podem ser esclarecidas as funções ecológicas das aves na observação de sua interação com frutos e outros seres como insetos, culminando no auxílio da disseminação de conhecimento sobre a fauna silvestre brasileira (MOHR & MOSER, 2011). Desse modo, comitantemente, a observação de aves pode abranger serviços ecossistêmicos e processos ecológicos fundamentais para a manutenção da floresta. Por todos os atributos benéficos ao meio que a prática de observação de aves promove, os municípios de Salesópolis, Guararema, Santa Branca, Caraguatatuba, São José dos Campos e o distrito de São Francisco Xavier, as respectivas prefeituras, junto às instituições, Suinã - Instituto Socioambiental, SAVE Brasil e Associação Colibri, somaram forças para a realização do evento Avistando 2022. O Avistando 2022 transformou o mês de novembro no mês da passarinhada. As matas do Vale do Paraíba e Alto Tietê foram destinos para amantes da natureza e em especial para quem já pratica ou quer iniciar a prática de observação de aves. Estimulando na região o interesse da sociedade pelas aves em vida livre e a conservação da biodiversidade em geral, além de fomento a políticas públicas para a proteção da biodiversidade e estímulo ao contato humano qualificado com o mundo natural. No evento foram realizadas seis saídas a campo para observação de aves, com 97 inscrições e foram avistadas 294 espécies ao todo. Com o intuito de atrair e atingir, a população regional a fim de gerar maior interesse e (re)conhecimento pela avifauna do território. Estimulou-se também que as e os participantes estivessem presente em todos os encontros possíveis, para que houvesse um proveitoso para o intercâmbio de experiências, informações e fortalecimento da atividade, já que desta maneira seria construído um olhar amplo sobre a biodiversidade local. Como exemplos do avanço quanto a sensibilização dos participantes do evento foram colhidos alguns relatos, realizando uma abordagem qualitativa das ações educativas empreendidas, os dados permitem análises sobre a percepção do público atingido. “Inicei observando aves durante meu estágio da faculdade, após fazer um curso de observação de aves, que até então não chamavam a minha atenção. Depois do curso foi como se um mundo novo abrisse sobre meus olhos, eu via aves em todos os lugares e quanto mais percebia sua presença, mais espécies conhecia e me apaixonei pela atividade. Acredito que além das boas sensações de atividades ao ar livre, perceber esses animais na natureza traz sensação de uma mata viva.” - Gabriela Rodrigues França. “Eu gosto e participo como lazer. Na verdade, o principal motivo inicial foi o interesse e o amor da minha filha pela natureza e bichos. E ao acompanhar, passei a gostar também. Um grande aprendizado e um momento de paz. Fico tão empolgada com a experiência que acabo falando sobre isso sim. Gostaria que mais pessoas participassem pois sinto como uma experiência que recarrega nossa energia de forma positiva.” - Mirian Futagawa “Não trabalho com nada relacionado à natureza, mas gosto de estar em contato, seja observando pássaros ou praticando trekking.” - Fernanda Higashi “Sempre observava a fauna em nossas caminhadas, mas até então não conhecia tal prática. Em 2011, já trabalhando em outra instituição, fiz minha primeira saída a campo, juntamente com o observador Carlos Rizzo. Por meio dele conheci essa linda atividade e levo para todos os lugares que estou, na área profissional e pessoal. Amei caminhar pelas trilhas, por onde passei diversas vezes, tanto a trabalho quanto a lazer, e sempre me surpreendo com a magnífica vida que ali pulsa. Um outro olhar, novos conhecimentos e amizades e muitas trocas de ideias e informações.” - Simone Villegas Reis “Foi muito agradável , fazer novas amizades, rever antigas amizades, compartilhar conhecimentos, vivências e experiências com os colegas presentes e principalmente observar e fotografar.” - Tiago Machanoker Moraes “Uma relação de amor e respeito desde que me conheço por gente. Poder interagir com pessoas adeptas a prática é sempre bom para trocarmos conhecimentos. Acredito que poderíamos fazer um livreto com as espécies já catalogadas e entregar ao participante assim que ele avistar já anota em seu livreto. Um livreto simples para anotação das espécies.” - Maria Lúcia Rodrigues “A tranquilidade de estar na natureza. Acho que foi muito bom, espero que o grupo se fortaleça cada vez mais e continue com esses maravilhosos encontros”. - Josiane Moraes Desse modo, por meio dos relatos, observa-se que grande parcela dos participantes considera a observação de aves como uma atividade de lazer e relaxamento. Bem como, uma oportunidade de (re)aproximação do ser com a natureza, o que corrobora com o dito por Mamede, Benites & Alho (2017), os quais evidenciam a concepção da observação de aves juntamente a ciência cidadã como o entrelaço entre o homem e a natureza. Ainda, se torna notário dentro dos depoimentos o encantamento em respeito às aves e a natureza pelos indivíduos. Tal circunstância corrobora com a premissa de que o avistamento de aves é uma ferramenta importante a ser utilizada pela sensibilização ambiental. Além de que, por meio do encantamento é possível uma educação efetiva. Como supracitado, para Rita Mendonça “Sem encantamento o conhecimento não nos afeta de verdade”. Para além do encantamento, tal vivência permite aos envolvidos correlacionar, não somente as informações apresentadas pelos monitores nas passarinhadas, mas principalmente vivenciar de forma direta os conceitos que são apresentados. Facilitando assim a participação direta enquanto cientista-cidadão a partir do estímulo à geração de senso de pertencimento a partir da percepção ambiental voltada para o olhar sistêmico sobre a sociobiodiversidade. Assim, eventos como o Avistando 2022 que possuem foco na biodiversidade, se mostram exitosos no cumprimento a sensibilização ambiental a partir da utilização da ciência cidadã como abordagem nas ações de educação ambiental, buscando promovê-lo de forma contínua e consolidando-se em periodicidade regular na agenda de eventos culturais da região do Vale do Paraíba e Alto Tietê.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2621

Ninho da Cambacica Birdwatching
Aline Alegria Marinelli

Resumo

O Ninho da Cambacica surgiu do sonho de dois biólogos de viverem em um lugar onde pudessem observar constantemente a dinâmica de um ambiente natural. Compartilhar essa experiência com nossos hóspedes nos motiva a trabalhar pela conservação e valorização da Mata Atlântica. A pousada oferece uma experiência quase exclusiva, recebendo um máximo de 6 pessoas, o que torna a experiência de observar e fotografar as aves ainda mais imersiva e tranquila.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Fotografia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2759

Programa Monitoramento da Biodiversidade Fundação Florestal - uso dos dados oportunísticos de avifauna
Bianca Fabiana Aparecida Costa (Parque Estadual Intervales), Renato Laurindo de Paiva, Thiago Borges Conforti ,

Resumo

Inseridos na Serra de Paranapiacaba, os Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema somam mais de 64 mil hectares preservados com exuberante biodiversidade. O Parque Estadual Intervales é reconhecido mundialmente como um dos principais hotspot de observação de aves do Estado de São Paulo. Com o intuito de obter dados essenciais para melhor o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica e avaliar a eficácia da gestão da UCs do Estado de São Paulo, a Fundação Florestal criou o Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Estado. O Programa está no seu primeiro ano, e os dados ainda são preliminares. A análise dos dados irá embasar o desenvolvimento de estratégias de aprimoramento dos processos de gestão das unidades de conservação, como programas de conservação de espécies e uso sustentável dos recursos naturais, conforme a categoria de área protegida. Através do Programa de Monitoramento de Biodiversidade é possível coletar dados oportunísticos de avifauna no interior dos parquesO SubPrograma Monitoramento de Mamíferos teve a primeira etapa realizada de 07/2022 a 01/2023, e o SubPrograma Monitoramento de Primatas está com a primeira etapa em execução, os dados aqui apresentados são de 01/2023 a 04/2023. O Monitoramento de Primatas está sendo realizado apenas no PEI nesse momento, e segue o método dos transectos, com 3 transectos de extensões diferentes (3,2 km, 2 km e 0,8 km) percorrendo um total de 100 km ao longo do ano. Os dados oportunísticos de avifauna se apresentaram extremamente relevantes no Programa de Monitoramento da Biodiversidade no interior dos Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema. Possibilitam um melhor conhecimento da biodiversidade para pesquisas e conservação, e um potencial para desenvolvimento de novos roteiros de ecoturísmo para observação de aves.

INTRODUÇÃO

Inseridos na Serra de Paranapiacaba, os Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema (mapa 1) somam mais de 64 mil hectares preservados com exuberante biodiversidade. A Serra de Paranapiacaba é o nome local da porção sudoeste da Serra do Mar no Estado de São Paulo. Nessa região, além dos parques mencionados, ainda existem os Parques Turístico do Alto Ribeira, Carlos Botelho, a Estação Ecológica de Xitué e APA Serra do Mar. Todas essas Unidades de Conservação formam o Mosaico de UCs da Serra de Paranapiacaba. O Parque Estadual Intervales é reconhecido mundialmente como um dos principais hotspot de observação de aves do Estado de São Paulo. Com o intuito de obter dados essenciais para melhor o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica e avaliar a eficácia da gestão da UCs do Estado de São Paulo, a Fundação Florestal criou o Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Estado. O Programa está no seu primeiro ano, e os dados ainda são preliminares. A análise dos dados irá embasar o desenvolvimento de estratégias de aprimoramento dos processos de gestão das unidades de conservação, como programas de conservação de espécies e uso sustentável dos recursos naturais, conforme a categoria de área protegida. O monitoramento é um instrumento amplamente utilizado para determinar padrões ecológicos que norteiam e subsidiam ações de proteção e preservação dos ecossistemas.

METODOLOGIA

Através do Programa de Monitoramento de Biodiversidade é possível coletar dados oportunísticos de avifauna no interior dos parques. O SubPrograma Monitoramento de Mamíferos teve a primeira etapa realizada de 07/2022 a 01/2023, e o SubPrograma Monitoramento de Primatas está com a primeira etapa em execução, os dados aqui apresentados são de 01/2023 a 04/2023. O Monitoramento de Primatas está sendo realizado apenas no PEI nesse momento, e segue o método dos transectos, com 3 transectos de extensões diferentes (3,2 km, 2 km e 0,8 km) percorrendo um total de 100 km ao longo do ano. O Monitoramento de Mamíferos é realizado através da instalação de 20 armadilhas fotográficas, com distância mínima de 2 km entre as armadilhas e 60 dias em campo em 2 períodos. A Análise dos dados oportunísticos no Monitoramento de Primatas (imagem 1) o registro é feito pelo observador, ao longo do transecto. Já no Monitoramento de Mamíferos são dados de registros das armadilhas fotográficas (imagem 2) instaladas em pontos fixos

RESULTADOS

MONITORAMENTO DE PRIMATAS Com um total de 61,2 km percorridos até o momento, foram observadas 167 espécies de aves (38 famílias) anexo 1, entre elas, espécies consideradas ameaçadas ou raras, como Uiraçu Morfo guianensis, Jacutinga Aburria jacutinga (imagem 3) e Gavião-de-Penacho Spizaetus ornatus. No gráfico 1 é possível determinar as famílias com maior quantidade de indivíduos avistados. De acordo com o site Wikiaves o Parque Estadual Intervales possui 67 famílias e 426 espécies. Os dados oportunísticos do Monitoramento de Primatas representam 56% das famílias e 39% de espécies registradas no Wikiaves até o momento. O Monitoramento segue sendo realizado e será finalizado ao totalizar 100 km percorridos nos transectos. MONITORAMENTO DE MAMÍFEROS Das 20 armadilhas fotográficas instaladas para o Monitoramento de Mamíferos do PEI e PENAP 11 câmeras registraram 13 famílias da avifauna totalizando 18 espécies. Entre elas Jaó-do-sul Crypturellus noctivagus (imagem 4) e a Tovaca-cantadora Chamaeza meruloides (imagem 5). No gráfico 2 é possível interpretar de forma quantitativa as espécies por família. Os dados do monitoramento de mamíferos seguem sendo levantados e a grandes possibilidades de novas informações continuarem aparecendo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados oportunísticos de avifauna se apresentaram extremamente relevantes no Programa de Monitoramento da Biodiversidade no interior dos Parques Estaduais Intervales e Nascentes do Paranapanema. Possibilitam um melhor conhecimento da biodiversidade para pesquisas e conservação, e um potencial para desenvolvimento de novos roteiros de ecoturísmo para observação de aves. Seis das espécies encontradas estão na lista de ameaçadas de extinção da IUCN. O programa de Monitoramento de Primatas se mostrou mais eficiente em relação ao números de espécies avistadas, devido ao próprio método de levantamento que cobre uma maior área. O Monitoramento de Mamíferos, através de armadilhas fotográficas em pontos fixos, apesar do foco de instalação ser para mamíferos também se mostra relevante para registro de certas espécies que frequentam subbosque. Ambos os subprogramas seguem em fase de execução e provavelmente a lista de espécies de aves será ampliada.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Ecologia, Fotografia, Turismo, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2647

DIVERSIDADE DE AVES EM UM TRECHO DE MATA CILIAR DO RIO PARAÍBA DO SUL NO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ/SP
Claudinei Mathias Junior (UNIFATEA – CENTRO UNIVERSITÁRIO TERESA D’ÁVILA), Raul Ferreira dos Santos Chave Pinto, Ricardo Mendonça ,

Resumo

Introdução

A ideia As aves têm um papel extremamente importante, sendo assim um grupo que ocupa diversos nichos ecológicos, atuando como grandes polinizadores e predadores, contribuindo com a dispersão de sementes e fazendo controle biológico de pragas nocivas, além de transmitir beleza e inspirações para meio à qual estão inseridas. As aves constituem um grupo extremamente importante quando se fala a respeito de bioindicadores, a presença delas em determinadas regiões é uma grande indicação de que o ambiente está em equilíbrio ecológico. O estudo desenvolvido buscou a identificação das espécies de aves que habitam a região de mata ciliar do rio Paraíba do sul, região da pesquisa está localizado no centro de Guaratinguetá, área do bosque da amizade. Ao todo foram identificadas 71 espécies de 32 famílias.

métodos

Como principal método para a realização da observação e o registro das espécies de aves do Bosque da Amizade, foi utilizado o método de listas simples, conforme descrito por Ribon (2010), esse método consiste em percorrer as trilhas já existentes no local escolhido, enquanto anota as espécies vistas e ouvidas, formando assim uma lista de espécies encontradas no local Durante o trabalho de campo foi utilizado para o registro fotográfico uma câmera modelo CANON Power Shot Sx 400 Is e uma modelo NIKON COOLPIX L820, para as gravações sonoras foram utilizados dois smartphones, também foram utilizados cadernos para anotações, um binóculo amador e uma lista de possíveis espécies de aves encontradas na região. Após o trabalho de campo foram utilizados os seguintes livros como material de apoio para realizar a identificação das aves, Avifauna da Escola de Especialistas de Aeronáutica e Aves do Sesc Bertioga, também foi utilizado o site wikiaves.

Resultados

O trabalho atual buscou comparar os dados obtidos com outro trabalho realizado no Bosque da Amizade, feito por Danilo Corrêa de Paula Júnior, Vladimir Stolzenberg Torres, Karla Conceição Pereira, Vanessa Colombo Corbi, no ano de 2020, que também realizou o levantamento de espécies de avifauna da região. A partir desses resultados é possível afirmar que as 59 espécies que foram registradas pelos dois trabalhos, são as mais frequentes de se observar na área do Bosque da Amizade. Também podemos ver que no quesito número de espécies o trabalho atual registrou 20 espécies a menos que o realizado em 2020, uma possível hipótese para essa diminuição de espécies registradas é o fato que o trabalho anterior foi realizado durante o período de quarentena causada pela pandemia do COVID-19, como durante esse período a circulação de pessoas diminuiu drasticamente, é possível que uma maior diversidade de aves passou a frequentar o Bosque da Amizade, devido a diminuição dos impactos causados pelos humanos nas áreas arredores do bosque, por exemplo a diminuição de carros circulando pelas avenida adjacente ao bosque. Além das 59 espécies em comum para os dois trabalhos, no atual levantamento foram registradas 12 espécies que não foram descritas no levantamento de 2020, sendo elas: Brotogeris chiriri, Myiodynastes maculatus, Pachyramphus polychopterus, Phimosus infuscatus, Ramphastos toco, Sicalis flaveola, Spinus magellanicus, Synallaxis spixi, Tachyphonus coronatus, Thalunaria furcata, Turdus leucomelas, Turdus rufiventris.

Aves, Conservação, Crianças e Natureza, Ecologia, Fauna urbana, Fotografia, Taxonomia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1636

Aruá Observação de Aves e Natureza - Praia do Forte - Bahia - como roteiro nacional e internacional de Birdwaching
Cosme Guimarães (Aruá Observação de Aves e Natureza), Luciana F. Veríssimo - Aruá Observação de Aves e Natureza

Resumo

A Floresta do Aruá, localizada a 53km do Aeroporto Internacional de Salvador e a 10 minutos da Vila da Praia do Forte, está inserida em área de Mata Atlântica em avançado estado de recuperação, e possui 943 hectares. A Floresta do Aruá se conecta com 2 grandes florestas: A Reserva Ecológica Sapiranga, com uma área de 580 hectares de Mata Atlântica em estado secundário de regeneração e a Reserva Camurujipe, última grande área de floresta de Mata Atlântica primária do litoral norte da Bahia com uma área de 1.500 hectares. A Floresta do Aruá e Reserva Camurujipe são áreas particulares e já sofrem com a forte pressão imobiliária. Formadas por Mata Atlântica densa, abriga espécies nativas da fauna e da flora característica e é habitat natural de alguns animais ameaçados de extinção, os quais podemos destacar as seguintes espécies de mamíferos: 1. Preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus); 2. Ouriço preto (Chaetomys subspinosus); E as seguintes espécies de aves: 3. Anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea); 4. Papa-taoca-da-Bahia (Pyriglena atra); 5. Barranqueiro-do-nordeste(Automolus lammi); 6. Tucano-de-bico-preto(Ramphastos vitellinus); 7. Chorozinho-de-boné (Herpsilochmus pileatus); 8. Apuim de cauda amarela (Touit surdus); 9. Papagaio chauá (Amazona rhodocorytha). Quanto a flora é possível encontrar na região espécies importantes da Mata Atlântica, como Sucupira, Embaúba, Murici, Angelim, Piaçava, Licuri, Embaúba, Gabiraba, Matatauba, entre outros, responsáveis pela grande diversidade de espécies, sendo mais de 200 espécies de aves encontradas na região. O Aruá Observação de Aves e Natureza conta com 3 roteiros para Birdwarching: 1. Floresta do Aruá - área de ocorrência do Pyriglena atra (Papa-taoca-da-bahia ou Olho-de-fogo-rendado), Chorozinho-de-boné (Herpsilochmus pileatus), Barranqueiro-do-nordeste (Automolus lammi), Anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea), entre outros. Nesta área também ocorre as aves dançarinas da Mata Atlântica: Tangará-príncipe (Chiroxiphia pareola), Tangará-rajado (Machaeropterus regulus), Rendeira (Manacus manacus), Cabeça-encarnada (Ceratopipra rubrocapilla). 2. Parque Klaus Peters O Parque Natural Municipal da Restinga de Praia do Forte, Parque Klaus Peters, é a primeira Unidade de Conservação de Proteção Integral do Litoral Norte da Bahia. Recebeu esse nome em homenagem ao visionário empresário paulista de descendência alemã que chegou a região encantado pelas belezas naturais e aqui encontrou condições favoráveis para integrar o desenvolvimento com a preservação da natureza. O Parque possui uma trilha de piso intertravado de 3,6KM toda sinalizada com placas informativas e painéis sobre a fauna e flora da restinga, abriga espécies da fauna ameaçadas de extinção e orquídeas que só são encontradas na região. Em uma área de 254 hectares abriga em seus limites dunas e lagoas bem preservadas e ainda desconhecidas por parte dos turistas. Espécies como o Bacurau-de-asa-fina (Chordeiles acutipennis) são facilmente observados. 3. A Reserva Sapiranga é uma das ótimas opções de local para observação de aves na região. Localizada a aproximadamente 2 km da Praia do Forte, este espaço ecológico é recheado de belezas naturais, corredeira, rio, banho de cachoeira e muitas espécies da Flora e da Fauna. A Reserva Ecológica Sapiranga, com uma área de 580 hectares de Mata Atlântica em estado secundário de regeneração é formada por Mata Atlântica densa e abriga espécies nativas da fauna e da flora característica, sendo habitat natural de alguns animais ameaçados como: Anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea); Papa-taoca-da-Bahia (Pyriglena atra); Barranqueiro-do-nordeste (Automolus lammi); Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus); Chorozinho-de-boné (Herpsilochmus pileatus); Papagaio chauá ( Amazona rhodocorytha), além das espécies de manguezal como Savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea), Saracura-do-mangue (Aramides mangle), Garça-branca-grande (Ardea alba), Figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor), Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris), Socozinho (Butorides striata), entre outras. Na reserva, correm três rios: o Pojuca, calmo e ideal para banho, o Terebu e o Sapiranga, que possui nascente no local, sendo próprio para consumo. As águas dos dois últimos se encontram e dão origem ao primeiro. Essas são apenas algumas das belezas naturais que compõem o local. Além dor roteiros, o Aruá Observação de Aves e Natureza oferece hospedagem aos passarinheiros em suítes privativas, com ar condicionado e frigobar, café da manhã, cozinha de uso dos hóspedes, em área de Mata Atlântica com comedouro, trilhas e meliponário. Fortalecer a região como roteiro nacional e internacional de Birdwatching, trará visibilidade para uma área com espécies endêmicas e ameaçadas, ajudando na formação de políticas públicas que protejam estas florestas, beneficiando as comunidades com um turismo consciente e ecológico e protegendo o maior corredor de Mata Atlântica do Norte da Bahia.

Aves, Botânica, Conservação, Fotografia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2782

LEVANTAMENTO DA AVIFAUNA DO CAMPUS LUIZ MENEGHEL - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
Diego Resende Rodrigues (Universidade Estadual do Norte do Paraná ), Lucas Cordeiro Costa da Silva Paula Guarini Marcelino

Resumo

Originalmente a Mata Atlântica cobria aproximadamente 1,3 milhões de Km² do solo brasileiro. Porém, por se tratar de um bioma que sofre constantes ameaças devido a intensas antropização, hoje existe apenas 8% de sua cobertura original. A Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais apresentando alto grau de ameaça e por possuir diversas espécies endêmicas, várias criticamente ameaçadas de extinção. O presente levantamento foi realizado em Bandeirantes, no Paraná, no campus da UENP/CLM. Essa região sofreu uma forte influência de atividades agrícolas devido ao seu solo fértil, fazendo com que o ambiente fosse fragmentado. A fragmentação tem como característica a redução de florestas em remanescentes menores de vegetação nativa causando a perda da diversidade de espécies de animais e vegetais. As aves realizam serviços ecossistêmicos que são fundamentais para as comunidades vegetais, como a dispersão de sementes de frutos., sendo responsáveis por quase 40% da dispersão de espécies arbóreas, e dessa forma são importantes para a manutenção de stepping stones, que são caracterizados por pequenas manchas de vegetação, permitindo uma maior movimentação e dispersão de animais, fazendo com que esses alcancem diferentes áreas. Esse levantamento teve como objetivo gerar dados amostrados que possam auxiliar na identificação de características ecológicas do ecossistema. Para a metodologia desse estudo, foram utilizados transectos lineares nas primeiras e últimas horas do dia, além de 4 pontos fixos. Foram registradas 111 espécies de aves, distribuídas em 21 ordens e 40 famílias. A ordem Passeriformes apresentou o maior número de representantes (48,65%). A família Tyrannidae teve o maior número de espécimes registrados (14,41%). As principais dietas dentre as espécies foram: insetívora (44,14%) e onívora (19,82%).

A idéia

Este trabalho é legal pois foi realizado um levantamento das espécies de aves do campus Luiz Meneguel, da Universidade Estadual do Norte do Paraná situado no município de Bandeirantes. O trabalho pretendeu demonstrar a importância das áreas verdes em detrimento da matriz agrícola e urbana circundante ao campus, demonstrando a importância do local como um trampolim ecológico (stepping stones) para as aves. Essa região sofreu uma forte influência de atividades agrícolas devido ao seu solo fértil, fazendo com que o ambiente esteja atualmente fragmentado. As aves realizam serviços ecossistêmicos que são fundamentais para as comunidades vegetais, como a dispersão de sementes, sendo responsáveis por quase 40% da dispersão das espécies arbóreas, e dessa forma são importantes para a manutenção dos ecossistemas. O estudo teve como objetivo o levantamento da avifauna do campus, e dessa forma gerar dados para comprovar a importância de áreas verdes em meio a matrizes agrícola e urbana, gerando habitats fixos ou temporários para as aves, contribuindo para a manutenção da biodiversidade.

Como fizemos

Para estimar a riqueza de espécies de aves do campus, foi realizado o levantamento entre os meses de julho de 2021 a julho de 2022. A coleta de dados ocorreu quinzenalmente em dois dias consecutivos, do alvorecer até as 10:30 horas e das 15:30 horas até anoitecer, totalizando 9 horas de coleta diária. Foram utilizadas as metodologias de ponto fixo (PF) quando o observador permanece parado durante um período em observação, e transecto linear (TR) quando o pesquisador caminha por um percurso durante um período. Nas duas metodologias o pesquisador registrou todas as espécies por meio de observação direta (visualização) e indireta (vocalização).

Resultados

Foram registradas 111 espécies de aves, de 40 famílias diferentes. Do total das espécies amostradas, 69 dessas (62,16%) foram registradas por metodologia de transecto linear, e 42 espécies (37,84%) por metodologia de ponto fixo. Com o trabalho realizado ficou evidente a importância da área do campus como um trampolim ecológico, que ajuda no deslocamento de diversas espécies residentes e não residentes, como as espécies de aves migratórias. Os resultados deste trabalho podem contribuir com medidas que busquem a conservação da biodiversidade da região norte do Paraná.

Aves
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2352

Exposição de Fotos de Pássaros Acessível em Libras
Fabiano Souto Rosa (UFSC/UFPel)

Resumo

O projeto "Voo Livre em Libras: vida com as aves" tem como objetivo principal expor o material fotográfico produzido em atividades de observação de pássaros e oportunizar para a comunidade surda e ouvinte e, também, aos novos observadores de aves, o compartilhamento de registros fotográficos e experiências de observação em formato bilíngue Libras - Português. Espera-se que a observação de pássaros contribua para a mudança de percepção do mundo, bem como possa auxiliar na formação cidadã através de práticas que possibilitem agregar valores para a conscientização da preservação do meio ambiente. Na exposição das fotografias realizada em 2022 o enfoque foi o conhecimento sobre os pássaros nativos do Rio Grande do Sul, a qual disponibilizou à comunidade um pouco de conhecimento sobre a flora e fauna local. A exposição contou com pôsteres que apresentaram a fotografia do pássaro, um infográfico (mapa do Brasil informando onde ele pode ser encontrado), características escritas em português (detalhes anatômicos, hábitos, migração, entre outros) e duas informações disponíveis em QR Code: o primeiro continha um vídeo em Libras, com informações sobre o autor da fotografia, e segundo, um vídeo também em Libras que explicava as características do pássaro, tradução feita com estudo terminológico específico para pássaros a partir do texto em português disponível no mesmo pôster. Estes textos foram retirados do livro "AVIFAUNA GAÚCHA: guia de identificação” (TIMM&TIMM, 2021). A exposição em pôsteres é itinerante, mas os vídeos estão disponíveis permanentemente nas redes sociais do projeto (Instagram e Youtube). O uso das diferentes tecnologias propiciou acessibilidade linguística para a comunidade surda, ferramentas que serão mantidas para aprofundamento e divulgação das temáticas abordadas no projeto.

Aves, Ciência cidadã, Fotografia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2795

Repertório comportamental de "Pulsatrix koeniswaldiana" e "Asio clamator" em reabilitação no Zoológico de Guarulhos
Fernanda Machado Queiroz (Centro Universitário FAM), Maria Ester Chaves, Centro Universitário FAM

Resumo

O conhecimento dos comportamentos in situ e ex situ são muito importantes para programas de reabilitação de fauna. No estudo foram elaborados e analisados etogramas de 2 espécies de corujas, "Pulsatrix koeniswaldiana" e "Asio clamator". Ambas foram resgatadas e direcionadas ao Zoológico Municipal de Guarulhos para reabilitação. O método de elaboração de ambos os etogramas foi o “animal focal”, com 10 sessões de 35 minutos, e repouso de 1 minuto a cada 2 minutos de observação. Foram analisados 16 comportamentos e ambas as corujas apresentaram estresse por meio de movimentos repetitivos e vocalização de aviso.

Aves, Conservação
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2702

Monitoramento de Avifauna: Novos subsídios para o Uso Público no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI)-MS.
Flávia Neri de Moura (IMASUL), Dione Sales, IMASUL, Reginaldo Oliveira, IMASUL ,

Resumo

Localizado na transição entre o Cerrado e Mata Atlântica, o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI) tem grande potencial para o birdwatching. O trabalho de campo dos Guarda Parques vem atualizando a lista de espécies de aves, bem como outras informações para subsidiar a revisão do Plano de Manejo, especialmente na proposição do Programa de Uso Público do PEVRI. Como resultado, já foram registradas 344 espécies de aves, inclusive com primeiro registro de espécie para o Estado de MS, aves ameaçadas de extinção entre outras, confirmando a grande vocação do PEVRI para o birdwatching.

Introdução

O Brasil recentemente atualizou a sua lista de aves e atualmente conta com 1971 espécies (Pacheco et al., 2021), sendo 293 endêmicas. Essa atualização foi muito importante, pois colocou o país no primeiro lugar com maior biodiversidade de aves do planeta. Considerada uma das atividades que mais crescem, o birdwatching (observação de aves) é prática daqueles que gostam de fotografar aves, e ganha repercussão com a popularização das câmeras digitais, das redes sociais, e de sites como o Wikiaves, uma plataforma colaborativa, com conteúdo interativo, estruturado para apoiar, divulgar e promover a atividade de observação de aves, através de registros fotográficos e sonoros, identificação de espécies e comunicação entre observadores. As unidades de conservação se apresentam como importantes equipamentos de lazer e educação ambiental para a sociedade, especialmente por oportunizar experiências únicas de contato com a natureza. Criado em 1998, o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI) tem como objetivo de preservar a diversidade biológica na região que compreende os últimos 110km do rio Ivinhema e o último trecho do rio Paraná livre de represamento, e também sua utilização para fins de pesquisa científica, recreação e educação ambiental em contato com a natureza (IMASUL,2008). Segundo o plano de manejo existem 50 espécies de aves no PEVRI, porém é fácil perceber que esta informação está equivocada devido ao grande número de aves que é possível observar num curto espaço de tempo em qualquer ponto da UC. Considerando esta defasagem entre o número real de espécie e o especificado no plano de manejo, o objetivo deste relato é apresentar os esforços da equipe de servidores para atualizar as informações para a revisão do Plano de Manejo da UC. As atividades de monitoramento e fiscalização são rotinas de trabalho para qualquer guarda parque de unidades de conservação. No PEVRI esta rotina subsidiou atualização da lista de aves, considerada um elemento muito importante para a proposta de uso público da UC. Optou-se por fazer um levantamento e registros de aves observadas no Parque a fim de conseguir chegar o mais próximo possível da totalidade de espécies existentes no PEVRI e sua zona de amortecimento. Dessa maneira, além de trazer uma informação mais precisa para o plano de manejo, seria possível avaliar e confirmar a vocação da UC para prática de observação de aves, tanto para recreação como para educação ambiental.

Aspetos Metodológicos e Resultados:

Do ponto de vista metodológico, este relato trata-se de em estudo de caso, de natureza qualitativa, aplicada, exploratória e descritiva, que utilizou como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e documental. Os registros em geral foram feitos durante a rotina normal de trabalho dos guarda parques, principalmente durante fiscalização e monitoramento dos rios e florestas do parque. Considerando que a equipe não possui formação específica para a ação, e com a finalidade de garantir a credibilidade das informações, foram adotados como protocolo que os registros fotográficos devem ser realizados pelos autores ou quando estivessem juntos a quem o fez. Um outro critério é que a identificação das aves fotografadas é realizada a partir de referências bibliográficas consolidadas, como as citadas nas Referências e, além dos guias, foi utilizado o aplicativo Merlin que faz identificação de aves através de imagens. Nas fotos em que ainda restaram dúvidas quanto a correta identificação, utilizou-se como recurso consulta a ornitólogos com grande experiência que só confirmavam a espécie após consultar seus pares. Se mesmo após todos os recursos não fosse possível identificar a espécie, a foto era descartada. A confecção da lista de aves do PEVRI se iniciou em 2014 e continua ativa até os dias atuais, sendo que o último registro incluído foi feito em 28 de março de 2023. Como resultado, neste período, foram registradas 344 espécies de aves, distribuídas em 26 ordens e 63 famílias. Dentre as espécies, há registro de novas espécies para o Estado de MS, registro de aves ameaçadas de extinção entre outras, confirmando a importância do PEVRI para a conservação de espécies e a sua grande vocação para o birdwatching. O PEVRI pode ser considerado uma importante área para observação de aves, por se tratar de refúgio para alimentação, reprodução e descanso de mais de 344 espécies de aves residentes, migratórias, ameaçadas e endêmicas. Entretanto, essa importância ainda precisa ser estudada e o turismo associado ao birdwatching ainda é incipiente no local. Dentro das espécies registradas algumas merecem destaque, como a Saíra-preciosa (tangara preciosa) que teve seu primeiro registro dentro do estado de Mato Grosso do Sul por nossas lentes, assim como o Gavião-papa-gafanhoto (buteo swainsoni) e o Azulinho (cyanoloxia glaucocaerulea). (Wikiaves, 2021). Também houve registro de aves que estão ameaçadas de extinção com destaque para a Águia-cinzenta (urubitinga coronata) entre outras. Em razão do PEVRI estar situado numa zona de transição de Mata Atlântica e Cerrado, num ambiente de várzea, foram registradas espécies de ambos os biomas. O número de espécies registrada até o momento é muito maior do que consta no plano de manejo e mostra um retrato bem mais fiel do que se espera da UC, já que num levantamento geral de tudo que foi publicado nos últimos 20 anos, tem-se 366 espécies registradas na região da Apa Federal Ilhas e Várzeas do Rio Paraná. Os resultados deste trabalho também podem projetar novas tendências de uso do território, especialmente aquelas ligadas ao turismo, aprimorar a interpretação ambiental, a capacitação da equipe, subsidiar as tomadas de decisão para o manejo e estimular novas pesquisas sobre as aves na UC. Aliado a isso, há uma indicação da Organização Mundial do Turismo para incentivar a adoção de estratégias para que a prática da atividade turística não só contemple às expectativas econômicas, mas também respeite os valores ambientais, sociais e culturais, a fim de tornar a atividade sustentável a longo prazo. Assim, o birdwatching apresenta-se como uma atividade sustentável, uma vez que traz consigo uma série de benefícios, entre os quais: o desenvolvimento do turismo responsável, ligado à conservação da espécie em seu ambiente natural; o fomento da informação e educação ambiental com comunidade e turistas; a coleta de dados científicos; a sensibilização para o desenvolvimento sustentável; a geração de renda e valores agregados para as comunidades locais; o incentivo dos setores hoteleiro e turístico.

Conclusão

É inquestionável que a atividade de birdwatching está associada à conservação e que seu estímulo pode promover a aproximação da sociedade com a ciência e as áreas protegidas. Por estar em área entre Mata Atlântica e Cerrado, o PEVRI possui condições de ser um laboratório a céu aberto para o desenvolvimento de novas pesquisas e estudos em diferentes áreas, e também para contribuir com a formação de estudantes e profissionais. Além da atualização da lista de aves, entendemos que o monitoramento das aves em Unidades de Conservação é uma ação de longo prazo, e espera-se que parcerias com Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão possam possibilitar pesquisas que vão além da identificação das espécies mas que também tragam como resultado a avaliação de tendências das populações de aves no PEVRI e sua zona de amortecimento, identificando possíveis fatores que possam estar impactando a viabilidade das espécies nessas áreas. Estes resultados, além de informação estratégica para o manejo e gestão da UC, poderiam subsidiar também uma iniciativa que fomente a conservação da avifauna, através de engajamento social, pesquisa científica e fortalecimento da economia local no entorno da UC. Como estratégia pode ser estruturada uma proposta de capacitação de condutores de visitantes, projetos de educação ambiental para crianças, palestras com visitantes, projetos de economia criativa com moradores do entorno e estruturação de trilhas para birdwatching.

Aves, Conservação, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2805

nfluência das fases lunares na utilização de habitats pela Coruja-listrada Strix hylophila Temminck, 1825 (AVES STRIGIDAE)
Gabriel Brutti (Instituto Federal Farroupilha (IFFar) Campus Santa Rosa-RS), Michele Santa Catarina Brodt, Instituto Federal Farroupilha (IFFar) campus Santa Rosa-RS

Resumo

Neste trabalho buscamos analisar o comportamento de Strix hylophila referente a utilização de hábitats nas diferentes fases lunares. Para o levantamento dos dados realizamos 48 amostragens de setembro de 2020 a setembro de 2021, totalizando 4 visitas ao mês. As amostragens foram feitas nas quatro primeiras horas da noite. Através das observações constatamos que em noites mais claras, a espécie utilizou mais a borda da floresta em relação aos ambientes de clareiras e interior. Se deslocando mais em noites de lua crescente. Desta forma, podemos relacionar estes fatores da escolha de habitat referente a fase lunar pode estar relacionada ao comportamento das presas que se encontram nestas áreas.

Introdução

A grande maioria das corujas brasileiras apresenta hábitos preferencialmente noturnos, por possuírem esse comportamento, se tem um menor conhecimento sobre a disponibilidade de áreas e de ocorrências (THIOLLAY, 1989). A família Strigidae e Tytonidae possui uma série de adaptações para serem excelentes predadores noturnos, contando com uma boa visão, audição e voo inaudível, fazendo com que esses aparatos adaptativos auxiliem para estas corujas localizar as presas com precisão (BETTEGA, 2013; MIKKOLA, 2014). Alguns estudos relatam as adaptações não apenas morfológicas e fisiológicas desses animais, mas também, da influência dos ciclos lunares em seus comportamentos naturais (HECKER, BRIGHAM, 1999, YORK et al., 2014). Dentro deste grupo, Strix hylophila (Temminck, 1825), conhecida popularmente por Coruja-listrada apresenta esta carência de dados referente a sua ecologia e comportamento. É uma espécie endêmica da Mata Atlântica, tendo registros ao longo do bioma de ocorrência, entretanto, no Estado do Rio Grande do Sul sabe-se que é provável residente, ainda que faltem evidências que comprovem de fato sua permanência (MELLER, 2017). Em cima disto, este estudo teve por objetivo analisar o comportamento de Strix hylophila referente a utilização de hábitats e deslocamento nas diferentes fases lunares.

Materiais e métodos

A área de estudo situa-se no interior do município de Santa Rosa, no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, em um dos maiores fragmentos florestais da região, totalizando mais de 80 hectares. A área é de Mata Atlântica, região fitogeográfica de floresta estacional decidual (IBGE, 2019 (VELOSO et al., 1991). Utilizamos um transecto de 4 km já existente na área, onde o caminho perpassa os diferentes habitats: borda, clareira e interior. Neste transecto demarcamos 5 pontos com uma distância média de 150 a 500 metros, sendo 2 pontos de borda, 2 de clareira e um de interior. Nestes locais foram feitos pontos de escuta de aproximadamente 45 minutos para iniciar as observações. Empregamos o método de amostragem focal e sequencial proposto por Lehner (1996), seguindo o indivíduo ao longo do percurso para registrar a seleção de habitat e seu comportamento. Para auxiliar na obtenção destes dados, foi necessário, lanterna para focalizar a ave, GPS para obter as coordenadas das áreas de ocorrência, caderneta de campo e celular para anotar os dados. Foram realizadas 48 amostragens, de setembro de 2020 a setembro de 2021, quantificando 4 visitas ao mês. As amostragens iniciavam-se durante o crepúsculo, logo após o pôr-do-sol, sendo por volta das 18:00, priorizando as primeiras horas noturnas, já que o pico de atividade dos strigiformes são mais altos neste período (SMITH, 1987, CLARK; ANDERSON, 1997). As observações duraram em média 4 horas. Para as análises estatísticas utilizamos o software Jamovi (2021), sendo que realizamos uma ANOVA entre a luminância da lua e a utilização dos ambientes. Outra ANOVA foi realizada entre as distâncias de deslocamento e as fases da lua. Ambas análises tiveram Tukey a posteriori.

Conclusões

Estudos que averiguam a utilização de habitats e os padrões comportamentais referentes aos diferentes ciclos lunares, auxiliam a descrever as questões comportamentais e ecológicas da comunidade de aves noturnas. Através da obtenção dos dados coletados a campo, percebemos que a Strix hylophila utilizou a borda florestal em noites mais claras, se deslocando com mais frequência durante a lua crescente. A escolha deste habitat referente à fase lunar pode estar relacionada com a facilidade de visualizar as presas no período noturno, em conjunto da disponibilidade de roedores e insetos que são provenientes do plantio agrícola da área próxima a borda.

Aves, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2780

Análise do tráfico de aves silvestres no estado do Paraná no ano de 2022
Gabriely Miranda Duarte (Universidade Federal do Paraná), João F. S. de Quadros

Resumo

INTRODUÇÃO

O comércio ilegal da fauna, flora e seus produtos e subprodutos é considerada a quinta atividade mais disseminada e lucrativa do mundo (PEREIRA, NORA, 2021). As consequências impactam diferentes esferas da sociedade, potencializando o surgimento de zoonoses, colaborando para redução e extinção de espécies nativas, e consequentemente, ocasionando mudanças irreversíveis nos ecossistemas (DUARTE et al, 2021, FERREIRA, BARROS, 2020). Segundo Saldanha e Peixoto (2021) o Brasil é historicamente um dos focos do tráfico de animais no mundo, sendo as aves o grupo mais cobiçado, caçado e comercializado, especialmente aves canoras e as que possuem belas plumagens. Conforme a Portaria MMA nº 148, de 7 de junho de 2022, referente à Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, das 1249 espécies ameaçadas, 257 são aves, representando 18,1% das espécies ameaçadas. Mamíferos representam 7,5% das espécies ameaçadas e os répteis, 6,5%. O ciclo do tráfico de animais silvestres envolve as etapas de captura, transporte, guarda até a comercialização propriamente dita (NASSARO, 2010), envolvendo uma cadeia social dividida em fornecedores, intermediários (pequenos, médios e grandes traficantes) e os consumidores finais (SALDANHA, PEIXOTO 2021). De acordo com Santos et al. (2021) as más condutas de captura e as condições precárias de transporte e venda, propiciam a propagação de parasitas causando a morte de um grande número de animais antes mesmo do término da viagem. Conforme Hernandez e Carvalho (2006) o Paraná é apontado como área de captura, passagem e exportação de animais silvestres, apresentando uma rede de tráfico interna com movimentação intensa e com variados destinos, dada a sua localização estratégica para escoamento. O Instituto Água e Terra (IAT), autarquia Estadual de Meio Ambiente do Estado do Paraná, instituída pela Lei Estadual 20.070/2019, é o órgão responsável por realizar a gestão e o controle das atividades de uso e manejo de fauna silvestre ex situ, através de ações de fiscalização, apreensão, reabilitação, destinação ao cativeiro, soltura e monitoramento da fauna vitimada pelo comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e de maus-tratos. O IAT mantém uma ação conjunta com o Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, visando potencializar a proteção e preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais (IAT, 2021). Desta forma, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento das aves silvestres mantidas em cativeiro, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, além de analisar a abrangência geográfica dos Autos de Infração Ambiental lavrados no Estado do Paraná durante o período de janeiro a dezembro de 2022.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Departamento de Fiscalização Ambiental, escritório sede do Instituto Água e Terra (IAT), localizado em Curitiba-PR. Foi realizada uma pesquisa no sistema corporativo interno do IAT para identificação das autuações relacionadas à fauna, incluindo a base de dados dos 21 escritórios regionais do IAT no Estado do Paraná (Figura 1). Os Autos de Infração Ambiental (AIAs) analisados foram lavrados por agentes fiscais do Instituto Água e Terra e Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, no período de janeiro a dezembro de 2022. Foram filtradas somente as autuações relacionadas à fauna terrestre nativa, que continham informações de identificação taxonômica e quantificação de espécimes. Espécies exóticas, domésticas e híbridas não foram incluídas. Posteriormente, utilizando o software Microsoft Excel 2016 (MICROSOFT, 2015) as informações foram compiladas e organizadas em planilhas, considerando a data e localidade da infração, regional do IAT responsável, descrição da ave apreendida (nome popular e/ou científico) e quantidade de cada espécie. A nomenclatura e a ordem taxonômica foram estabelecidas de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2020). Para o grau de ameaça utilizou-se a Lista de Espécies de Aves pertencentes à Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 2018) e a Lista Vermelha das Espécies de Aves Ameaçadas da BirdLife International e IUCN (SAVE Brasil, 2019). Utilizando o software QGIS 3.30 (QGIS Development Team, 2023) foram vetorizados os dados referentes aos municípios e seus respectivos números de registros de AIAs. Foi verificada a área de abrangência de cada regional do IAT disponibilizada no site do órgão público, onde foram vetorizadas e agrupadas para a criação de mapas temáticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2022 foram lavrados aproximadamente 720 AIAs envolvendo a fauna terrestre nativa, contabilizando um total de 2573 espécimes, sendo 98,4% aves (n= 2533), seguido dos répteis com 1,1% (n= 29) e mamíferos com 0,4% (n= 11). Essa prevalência de ocorrência envolvendo o grupo das aves foi verificada em outros estudos, envolvendo diferentes estados brasileiros (AVELAR, SILVA, BAPTISTA, 2016; SANTOS, CARVALHO, LIMA, 2019; SALES et al. 2022). Foram registradas 73 espécies de aves, distribuídas em 17 famílias e 7 ordens, sendo 10 espécies consideradas endêmicas da Mata Atlântica e 1 apontada como Quase Endêmica (LIMA, 2013) (Tabela 1). Considerando a "Lista das aves do Paraná” de Scherer-Neto et al (2011), do total de espécies identificadas, 87,7% (n= 64) são nativas do estado. A presença de 12,3% (n= 9) espécies neste estudo é, possivelmente, um caso de importação de regiões vizinhas, visto a ausência da ocorrência natural dessas espécies no estado do Paraná. Aratinga nenday (periquito-de-cabeça-preta) foi a única espécie registrada na Lista Terciária, que inclui aquelas espécies que dispõem de registros no Paraná, mas que são considerados inválidos ou insuficientemente circunstanciados, cuja ocorrência é improvável nesta unidade da federação (SCHERER-NETO et al., 2011). Do total de espécies registradas, 16,4% (n= 12) estão sob algum tipo de ameaça, onde 11 delas estão classificadas na categoria Vulnerável (VU) e/ou Em perigo (EN) de acordo com Decreto Estadual nº 11797 de 22/11/2018 e Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) (Figura 2). Rhea americana é a espécie classificada na mais alta categoria de ameaça (Criticamente em Perigo - CR), sendo considerada extinta regionalmente no estado de Santa Catarina (IGNIS, 2011). Embora a raridade das espécies seja considerado um fator atrativo para colecionadores, tornando os indivíduos mais valiosos e exclusivos, variáveis relacionadas à abundância na natureza, beleza e capacidade de vocalização do animal podem ser mais relevantes na determinação do valor da ave comercializada, justificando o número relativamente baixo de espécies ameaçadas identificadas em relatos de apreensões ou de comércio ilegal de animais no Brasil (COSTA et al., 2018; SALDANHA, PEIXOTO, 2021). A ordem com maior riqueza é a dos Passeriformes, representando 69,9% (n= 51) do total de espécies identificadas, seguida pelos Psittaciformes com 19,2% (n= 14). Essas duas ordens agrupam 89,0% das espécies, enquanto as ordens Columbiforme, Piciformes e Strigiformes agrupam 8,2% (2 espécies cada) e Falconiformes e Rheiformes representam 2,7%, com apenas uma espécie registrada cada (Figura 3). A predominância das ordens Passeriformes e Psittaciformes visualizadas neste estudo, corroboram com o consenso entre as pesquisas sobre tráfico e uso de aves no Brasil, visto que compreendem a maioria das aves canoras, com variado repertório vocal, além da capacidade de imitação de vozes humanas, inteligência, beleza e docilidade, demonstrando a preferência dos comerciantes e da população por essas aves, sendo comuns em cativeiro de todo o mundo (SALDANHA, PEIXOTO, 2021). Com relação às famílias, Thraupidae se destacou com 35,6% das espécies, seguida por Psittacidae (19,2%), Icteridae (11,0%) e Turdidae (6,8%). As outras 13 famílias englobam 27,4%, sendo que destas, 8 famílias foram relatadas com apenas uma espécie. A espécie S. similis possui o maior número de indivíduos registrados (n= 454), seguido pelo S. caerulescens (n= 414), C. brissonii (n= 368 espécimes) e S. flaveola (n= 318), que juntas, correspondem a mais de 61,4% dos indivíduos registrados. Resultados semelhantes foram verificados por Nunes, Barreto e Franco (2012), em análises de processos administrativos ambientais do IBAMA no Estado de Santa Catarina, onde o S. similis foi a espécie com maior número de indivíduos apreendidos, seguido pela espécie S. caerulescens, indicando que num futuro próximo, essas espécies sejam possíveis integrantes de listas de espécies ameaçadas. Da mesma forma, C. brissonii e S. flaveola são espécies comumente dominantes em estudos similares, demonstrando a dominância dessas espécies como as mais comercializadas ilegalmente no país (NEVES, ERBESDOBLER, 2021; PEREIRA et al., 2019). A espécie P. picazuro foi registrada com 141 indivíduos, sendo que destes, 126 estavam abatidos, oriundos de caça ilegal. Tal atividade interfere diretamente na sobrevivência e na dinâmica das espécies (BERTRAND et al, 2018), além de impactar na dispersão de sementes, principalmente, em ambientes semi-abertos e antropizados do sudeste e sul do Brasil (COSTA, SILVA, 2019). Das espécies ameaçadas, o S. angolensis foi o mais significativo, com 75 indivíduos registrados, sendo uma espécie apontada com sérios problemas de conservação no Brasil (NUNES, 2010). Segundo Farias, et al. (2019) a alta representatividade desta espécie está relacionada às suas características de força, plumagem e canto, tornando-o um atrativo para criadores. Foram observadas 51 espécies com menos de 10 indivíduos registrados, indicando que não houve preferência por parte dos colecionadores por estas espécies, ou que as mesmas já se encontram com populações reduzidas, em consequência da degradação de seus habitats regionais (SOUZA E SOARES-FILHO, 2007). O Paraná possui 399 municípios, dos quais 131 apresentaram registros de Auto de Infração Ambiental no período de janeiro a dezembro de 2022 (Figura 4). O município de Colombo acumulou o maior número de autuações lavradas, totalizando 67 AIAs, seguido pelo município de Curitiba com 41 registros. Ressalta-se que ambos pertencem a regional de Curitiba, a qual apresentou o maior número de registros, totalizando 209 ocorrências, um número quase três vezes maior que a regional de Londrina, que foi a segunda regional com o maior número de AIAs, apresentando 73 registros. Apenas a regional de Pitanga não apresentou nenhum registro de AIA (Figura 5). Os resultados deste trabalho corroboram com as análises realizadas por Hernandez e Carvalho (2006), onde constataram a presença de apreensões realizadas pela Polícia Florestal, Polícia Federal, IBAMA e Polícia Rodoviária em municípios pertencentes principalmente às regionais de Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa, havendo uma grande concentração de casos mais ao leste, noroeste e norte do estado. Hernandez e Carvalho (2006) comentam ainda, que a rota de tráfico de animais no final do anos 1990 e início dos anos 2000 ocorreu com a diluição do comércio ilegal por diversos municípios brasileiros e com a necessidade dos contrabandistas em utilizar a mobilidade da malha viária paranaense para evitar a fiscalização, uma vez que este comércio possui escoamento internacional para países vizinhos como Argentina e Paraguai e escoamento intercontinental. Embora os autores tenham considerado o tráfico de todas as espécies de animais, pode-se considerar o mesmo cenário para os AIAs registrados pelo IAT, uma vez que estas possuem predestinação comercial. Ao comparar a situação de casos de 2022 (Figura 4) com a situação dos anos 1998-2002 (Figura 6), é nítida a evolução e diluição do comércio ilegal no estado do Paraná, sendo que os maiores números registrados foram justamente em locais próximos a grandes centros urbanos comerciais, como é o caso de Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa, podendo tratar-se de uma fiscalização mais rígida nestes locais, ou ainda, juntamente a esta condição, a fiscalização pode estar desamparada quanto as rotas de escoamento do tráfico de animais no Paraná, podendo ser aplicável estudos logísticos nas regiões do interior do estado, considerando que ainda há uma grande quantidade de registros no litoral paranaense pertencentes a sede de Paranaguá. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ordens Passeriformes e Psittaciformes foram as mais representativas, confirmando resultados obtidos anteriormente em estudos semelhantes. S. similis foi a espécie mais registrada, seguida por S. caerulescens, C. brissonii e S. flaveola, demonstrando a dominância dessas espécies entre as mais comercializadas ilegalmente no Paraná e em outras regiões do país. Das espécies ameaçadas, destaca-se a espécie S. angolensis, considerada Vulnerável (VU) no estado do Paraná. Regionais do IAT possuem uma sobrecarga por conta do número de municípios que abrangem ou por conta de grandes extensões de área. A regional de Curitiba apresentou números de AIAs muito superiores às demais regionais, podendo tratar-se de uma fiscalização acentuada na região metropolitana da capital paranaense. Ainda, foi possível observar a concentração de casos próximos a grandes centros urbanos comerciais e no litoral paranaense. De modo geral, o número de AIAs no ano de 2022 apresentou grande distribuição entre os municípios paranaenses, deixando apenas a regional de Pitanga sem um único registro. A intensificação da fiscalização nas rodovias e estradas paranaenses é uma das formas para o combate ao tráfico de aves no estado. Entretanto estudos posteriores podem ser realizados visando identificar rotas que podem estar sendo utilizadas por contrabandistas e ainda, utilização de métodos geoestatísticos para elaboração de estratégias que possam auxiliar na contenção destes crimes ambientais. Podem ainda, ser feitos estudos multitemporais para analisar a distribuição e verificar padrões no número de registros em cada município. Por meio das informações levantadas, espera-se contribuir com subsídios acerca do conhecimento da atividade ilegal no estado, auxiliando no desenvolvimento de ações especializadas voltadas na proteção e conservação da avifauna brasileira.

Aves, Conservação
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2764

Análise do tráfico de aves silvestres no estado do Paraná no ano de 2022
Gabriely Miranda Duarte (Universidade Federal do Paraná), João F. S. de Quadros

Resumo

INTRODUÇÃO

O comércio ilegal da fauna, flora e seus produtos e subprodutos é considerada a quinta atividade mais disseminada e lucrativa do mundo (PEREIRA, NORA, 2021). As consequências impactam diferentes esferas da sociedade, potencializando o surgimento de zoonoses, colaborando para redução e extinção de espécies nativas, e consequentemente, ocasionando mudanças irreversíveis nos ecossistemas (DUARTE et al, 2021, FERREIRA, BARROS, 2020). Segundo Saldanha e Peixoto (2021) o Brasil é historicamente um dos focos do tráfico de animais no mundo, sendo as aves o grupo mais cobiçado, caçado e comercializado, especialmente aves canoras e as que possuem belas plumagens. Conforme a Portaria MMA nº 148, de 7 de junho de 2022, referente à Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, das 1249 espécies ameaçadas, 257 são aves, representando 18,1% das espécies ameaçadas. Mamíferos representam 7,5% das espécies ameaçadas e os répteis, 6,5%. O ciclo do tráfico de animais silvestres envolve as etapas de captura, transporte, guarda até a comercialização propriamente dita (NASSARO, 2010), envolvendo uma cadeia social dividida em fornecedores, intermediários (pequenos, médios e grandes traficantes) e os consumidores finais (SALDANHA, PEIXOTO 2021). De acordo com Santos et al. (2021) as más condutas de captura e as condições precárias de transporte e venda, propiciam a propagação de parasitas causando a morte de um grande número de animais antes mesmo do término da viagem. Conforme Hernandez e Carvalho (2006) o Paraná é apontado como área de captura, passagem e exportação de animais silvestres, apresentando uma rede de tráfico interna com movimentação intensa e com variados destinos, dada a sua localização estratégica para escoamento. O Instituto Água e Terra (IAT), autarquia Estadual de Meio Ambiente do Estado do Paraná, instituída pela Lei Estadual 20.070/2019, é o órgão responsável por realizar a gestão e o controle das atividades de uso e manejo de fauna silvestre ex situ, através de ações de fiscalização, apreensão, reabilitação, destinação ao cativeiro, soltura e monitoramento da fauna vitimada pelo comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e de maus-tratos. O IAT mantém uma ação conjunta com o Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, visando potencializar a proteção e preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais (IAT, 2021). Desta forma, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento das aves silvestres mantidas em cativeiro, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, além de analisar a abrangência geográfica dos Autos de Infração Ambiental lavrados no Estado do Paraná durante o período de janeiro a dezembro de 2022.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Departamento de Fiscalização Ambiental, escritório sede do Instituto Água e Terra (IAT), localizado em Curitiba-PR. Foi realizada uma pesquisa no sistema corporativo interno do IAT para identificação das autuações relacionadas à fauna, incluindo a base de dados dos 21 escritórios regionais do IAT no Estado do Paraná (Figura 1). Os Autos de Infração Ambiental (AIAs) analisados foram lavrados por agentes fiscais do Instituto Água e Terra e Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde, no período de janeiro a dezembro de 2022. Foram filtradas somente as autuações relacionadas à fauna terrestre nativa, que continham informações de identificação taxonômica e quantificação de espécimes. Espécies exóticas, domésticas e híbridas não foram incluídas. Posteriormente, utilizando o software Microsoft Excel 2016 (MICROSOFT, 2015) as informações foram compiladas e organizadas em planilhas, considerando a data e localidade da infração, regional do IAT responsável, descrição da ave apreendida (nome popular e/ou científico) e quantidade de cada espécie. A nomenclatura e a ordem taxonômica foram estabelecidas de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2020). Para o grau de ameaça utilizou-se a Lista de Espécies de Aves pertencentes à Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 2018) e a Lista Vermelha das Espécies de Aves Ameaçadas da BirdLife International e IUCN (SAVE Brasil, 2019). Utilizando o software QGIS 3.30 (QGIS Development Team, 2023) foram vetorizados os dados referentes aos municípios e seus respectivos números de registros de AIAs. Foi verificada a área de abrangência de cada regional do IAT disponibilizada no site do órgão público, onde foram vetorizadas e agrupadas para a criação de mapas temáticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2022 foram lavrados aproximadamente 720 AIAs envolvendo a fauna terrestre nativa, contabilizando um total de 2573 espécimes, sendo 98,4% aves (n= 2533), seguido dos répteis com 1,1% (n= 29) e mamíferos com 0,4% (n= 11). Essa prevalência de ocorrência envolvendo o grupo das aves foi verificada em outros estudos, envolvendo diferentes estados brasileiros (AVELAR, SILVA, BAPTISTA, 2016; SANTOS, CARVALHO, LIMA, 2019; SALES et al. 2022). Foram registradas 73 espécies de aves, distribuídas em 17 famílias e 7 ordens, sendo 10 espécies consideradas endêmicas da Mata Atlântica e 1 apontada como Quase Endêmica (LIMA, 2013) (Tabela 1). Considerando a "Lista das aves do Paraná” de Scherer-Neto et al (2011), do total de espécies identificadas, 87,7% (n= 64) são nativas do estado. A presença de 12,3% (n= 9) espécies neste estudo é, possivelmente, um caso de importação de regiões vizinhas, visto a ausência da ocorrência natural dessas espécies no estado do Paraná. Aratinga nenday (periquito-de-cabeça-preta) foi a única espécie registrada na Lista Terciária, que inclui aquelas espécies que dispõem de registros no Paraná, mas que são considerados inválidos ou insuficientemente circunstanciados, cuja ocorrência é improvável nesta unidade da federação (SCHERER-NETO et al., 2011). Do total de espécies registradas, 16,4% (n= 12) estão sob algum tipo de ameaça, onde 11 delas estão classificadas na categoria Vulnerável (VU) e/ou Em perigo (EN) de acordo com Decreto Estadual nº 11797 de 22/11/2018 e Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) (Figura 2). Rhea americana é a espécie classificada na mais alta categoria de ameaça (Criticamente em Perigo - CR), sendo considerada extinta regionalmente no estado de Santa Catarina (IGNIS, 2011). Embora a raridade das espécies seja considerado um fator atrativo para colecionadores, tornando os indivíduos mais valiosos e exclusivos, variáveis relacionadas à abundância na natureza, beleza e capacidade de vocalização do animal podem ser mais relevantes na determinação do valor da ave comercializada, justificando o número relativamente baixo de espécies ameaçadas identificadas em relatos de apreensões ou de comércio ilegal de animais no Brasil (COSTA et al., 2018; SALDANHA, PEIXOTO, 2021). A ordem com maior riqueza é a dos Passeriformes, representando 69,9% (n= 51) do total de espécies identificadas, seguida pelos Psittaciformes com 19,2% (n= 14). Essas duas ordens agrupam 89,0% das espécies, enquanto as ordens Columbiforme, Piciformes e Strigiformes agrupam 8,2% (2 espécies cada) e Falconiformes e Rheiformes representam 2,7%, com apenas uma espécie registrada cada (Figura 3). A predominância das ordens Passeriformes e Psittaciformes visualizadas neste estudo, corroboram com o consenso entre as pesquisas sobre tráfico e uso de aves no Brasil, visto que compreendem a maioria das aves canoras, com variado repertório vocal, além da capacidade de imitação de vozes humanas, inteligência, beleza e docilidade, demonstrando a preferência dos comerciantes e da população por essas aves, sendo comuns em cativeiro de todo o mundo (SALDANHA, PEIXOTO, 2021). Com relação às famílias, Thraupidae se destacou com 35,6% das espécies, seguida por Psittacidae (19,2%), Icteridae (11,0%) e Turdidae (6,8%). As outras 13 famílias englobam 27,4%, sendo que destas, 8 famílias foram relatadas com apenas uma espécie. A espécie S. similis possui o maior número de indivíduos registrados (n= 454), seguido pelo S. caerulescens (n= 414), C. brissonii (n= 368 espécimes) e S. flaveola (n= 318), que juntas, correspondem a mais de 61,4% dos indivíduos registrados. Resultados semelhantes foram verificados por Nunes, Barreto e Franco (2012), em análises de processos administrativos ambientais do IBAMA no Estado de Santa Catarina, onde o S. similis foi a espécie com maior número de indivíduos apreendidos, seguido pela espécie S. caerulescens, indicando que num futuro próximo, essas espécies sejam possíveis integrantes de listas de espécies ameaçadas. Da mesma forma, C. brissonii e S. flaveola são espécies comumente dominantes em estudos similares, demonstrando a dominância dessas espécies como as mais comercializadas ilegalmente no país (NEVES, ERBESDOBLER, 2021; PEREIRA et al., 2019). A espécie P. picazuro foi registrada com 141 indivíduos, sendo que destes, 126 estavam abatidos, oriundos de caça ilegal. Tal atividade interfere diretamente na sobrevivência e na dinâmica das espécies (BERTRAND et al, 2018), além de impactar na dispersão de sementes, principalmente, em ambientes semi-abertos e antropizados do sudeste e sul do Brasil (COSTA, SILVA, 2019). Das espécies ameaçadas, o S. angolensis foi o mais significativo, com 75 indivíduos registrados, sendo uma espécie apontada com sérios problemas de conservação no Brasil (NUNES, 2010). Segundo Farias, et al. (2019) a alta representatividade desta espécie está relacionada às suas características de força, plumagem e canto, tornando-o um atrativo para criadores. Foram observadas 51 espécies com menos de 10 indivíduos registrados, indicando que não houve preferência por parte dos colecionadores por estas espécies, ou que as mesmas já se encontram com populações reduzidas, em consequência da degradação de seus habitats regionais (SOUZA E SOARES-FILHO, 2007). O Paraná possui 399 municípios, dos quais 131 apresentaram registros de Auto de Infração Ambiental no período de janeiro a dezembro de 2022 (Figura 4). O município de Colombo acumulou o maior número de autuações lavradas, totalizando 67 AIAs, seguido pelo município de Curitiba com 41 registros. Ressalta-se que ambos pertencem a regional de Curitiba, a qual apresentou o maior número de registros, totalizando 209 ocorrências, um número quase três vezes maior que a regional de Londrina, que foi a segunda regional com o maior número de AIAs, apresentando 73 registros. Apenas a regional de Pitanga não apresentou nenhum registro de AIA (Figura 5). Os resultados deste trabalho corroboram com as análises realizadas por Hernandez e Carvalho (2006), onde constataram a presença de apreensões realizadas pela Polícia Florestal, Polícia Federal, IBAMA e Polícia Rodoviária em municípios pertencentes principalmente às regionais de Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa, havendo uma grande concentração de casos mais ao leste, noroeste e norte do estado. Hernandez e Carvalho (2006) comentam ainda, que a rota de tráfico de animais no final do anos 1990 e início dos anos 2000 ocorreu com a diluição do comércio ilegal por diversos municípios brasileiros e com a necessidade dos contrabandistas em utilizar a mobilidade da malha viária paranaense para evitar a fiscalização, uma vez que este comércio possui escoamento internacional para países vizinhos como Argentina e Paraguai e escoamento intercontinental. Embora os autores tenham considerado o tráfico de todas as espécies de animais, pode-se considerar o mesmo cenário para os AIAs registrados pelo IAT, uma vez que estas possuem predestinação comercial. Ao comparar a situação de casos de 2022 (Figura 4) com a situação dos anos 1998-2002 (Figura 6), é nítida a evolução e diluição do comércio ilegal no estado do Paraná, sendo que os maiores números registrados foram justamente em locais próximos a grandes centros urbanos comerciais, como é o caso de Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa, podendo tratar-se de uma fiscalização mais rígida nestes locais, ou ainda, juntamente a esta condição, a fiscalização pode estar desamparada quanto as rotas de escoamento do tráfico de animais no Paraná, podendo ser aplicável estudos logísticos nas regiões do interior do estado, considerando que ainda há uma grande quantidade de registros no litoral paranaense pertencentes a sede de Paranaguá. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ordens Passeriformes e Psittaciformes foram as mais representativas, confirmando resultados obtidos anteriormente em estudos semelhantes. S. similis foi a espécie mais registrada, seguida por S. caerulescens, C. brissonii e S. flaveola, demonstrando a dominância dessas espécies entre as mais comercializadas ilegalmente no Paraná e em outras regiões do país. Das espécies ameaçadas, destaca-se a espécie S. angolensis, considerada Vulnerável (VU) no estado do Paraná. Regionais do IAT possuem uma sobrecarga por conta do número de municípios que abrangem ou por conta de grandes extensões de área. A regional de Curitiba apresentou números de AIAs muito superiores às demais regionais, podendo tratar-se de uma fiscalização acentuada na região metropolitana da capital paranaense. Ainda, foi possível observar a concentração de casos próximos a grandes centros urbanos comerciais e no litoral paranaense. De modo geral, o número de AIAs no ano de 2022 apresentou grande distribuição entre os municípios paranaenses, deixando apenas a regional de Pitanga sem um único registro. A intensificação da fiscalização nas rodovias e estradas paranaenses é uma das formas para o combate ao tráfico de aves no estado. Entretanto estudos posteriores podem ser realizados visando identificar rotas que podem estar sendo utilizadas por contrabandistas e ainda, utilização de métodos geoestatísticos para elaboração de estratégias que possam auxiliar na contenção destes crimes ambientais. Podem ainda, ser feitos estudos multitemporais para analisar a distribuição e verificar padrões no número de registros em cada município. Por meio das informações levantadas, espera-se contribuir com subsídios acerca do conhecimento da atividade ilegal no estado, auxiliando no desenvolvimento de ações especializadas voltadas na proteção e conservação da avifauna brasileira

Aves, Conservação
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2498

Aviturismo em Porto Said - Botucatu - SP Fomento a pequenos negócios de apoio ao turismo de observação de aves
Gersony Jovchelevich (ECOASTRO ), Samuel Betkowski

Resumo

A região do Porto Said, em Botucatu, SP, apesar da riqueza da avifauna conta com pouca infraestrutura (em geral e especifica para a atividade turística) e poucas opções de trabalho para comunidade de pescadores composta por 56 famílias das quais 16 vivem exclusivamente de atividades ligadas a pesca. - Além disso , a conservação da natureza é algo remoto. não faz parte das preocupações da comunidade. A promoção do Aviturismo em passeios de barco surge como alternativa viável de complementação de renda para as famílias. Um ponto positivo extra decorre de que o período de Defeso, que corresponde à paralisação obrigatória da pesca entre 1° de novembro e 28 de fevereiro, na bacia hidrográfica do rio Paraná, coincide justamente com boa parte da época mais favorável ao Aviturismo - o período reprodutivo da maioria das espécies da avifauna. E isso se dá na primavera verão época que muitos turistas podem aproveitar o calor e os dias mais longos para conhecer e se encantar com a rica avifauna que habita o Tietê e suas margens Para que o atendimento ao turista seja adequado às demandas do observador de aves e possa representar um alternativa de renda aos pescadores, justo no período onde não podem exercer sua atividade principal, e inclusive trazendo novo olhar sobre a proteção da natureza por parte dos moradores, todo um processo precisa ser estruturado. Essa foi a proposta das ações que aqui relatamos.

Proposta:

Desenho de estratégia fomento ao turismo de Birdwatching e conservação com engajamento da comunidade do território da Comunidade de pescadores de Porto Said Botucatu, SP Buscando geração de renda integrada à conservação do ecossistema local com formação de guias, educação e estimulo a pequenos negócios de apoio ao turismo.

Metodologia :

- Trabalhar conteúdos sobre avifauna e observação e identificação de aves com comunidade de pescadores, em 10 encontros semanais, abordando: 1) A Riqueza local, identificando as espécies 2) Quais as demandas do público que observa e fotografa aves 3) Como receber e conduzir o turista observador de aves 4) Identificando talentos e negócios em potencial 5) Vivencia do turismo de observação de aves. 6) Treinamento prático de condução de embarcação para turismo de observação de aves.

Resultados , Conclusões

A região comporta o estabelecimento de iniciativas de apoio à pratica da observação de aves, mas são necessários alguns ajustes que estão sendo parcialmente encaminhados pela prefeitura, no entanto a formação dos guias necessita ser continuada para dar segurança no atendimento ao turista .Isso requer apoio financeiro para seguirmos com a formação

Aves, Ecologia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2699

ECOCIENTIZANDO - O PODER DA OBSERVAÇÃO DE AVES COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Lorena Patrício Silva (ECOASTRO ), Gersony Canelada Jovchelevich

Resumo

Educação ambiental pode promover a conscientização sobre a conservação e a observação de aves revela grande potencial como ferramenta. Através do projeto, exploramos como a observação de aves beneficia crianças e jovens no Brasil, estimulando: o aprendizado sobre conceitos ecológicos; a promoção da conscientização ambiental; o interesse pela biodiversidade local. Implementamos atividades do Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, e desenvolvemos nossas próprias atividades adaptando o currículo para as escolas brasileiras. Trabalhamos com 150 alunos.

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1582

Giosa Avinsta - passarinhando em Campina do Monte Alegre, SP
Giovanna Angela Agulha Sarti

Resumo

A exposição trata da minha jornada como passarinheira através de registros fotográficos. Passarinhar se tornou uma nova forma de aproximação do sítio do meu avô em Campina do Monte Alegre, onde tive a oportunidade de contribuir com diversas espécies no WikiAves e também com uma questão inusitada: educação ambiental. Encontrei um Cachorro-do-Mato com sarna e fiz novos contatos com a faculdade do Largo do Sino para promover a pesquisa da fauna silvestre e, quem sabe, até mesmo a conservação e restauração da mata local.

Aves, Ciência cidadã, Fotografia, Mamíferos
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2746

Breve diagnóstico dos estudos sobre a Avifauna em Unidades de Conservação Estaduais do Paraná.
Instituto Água e Terra (Instituto Água e Terra )

Resumo

Fornecemos um panorama dos estudos sobre a avifauna em Unidades de Conservação do Paraná nos últimos dez anos. Dos 71 locais protegidos, apenas 30 foram objeto de estudo de aves. Passeriformes, em particular a família Pipridae, foi o grupo mais estudado. Apenas três projetos envolviam espécies ameaçadas de extinção e nenhum projeto com espécies exóticas invasoras. Sugerimos que os futuros projetos de pesquisa relacionados à Ornitologia no Paraná considerem o presente trabalho para direcionar estudos em unidades de conservação pouco exploradas e focar nos grupos ainda negligenciados.

Aves, Conservação, Divulgação científica
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2687

Atualização da lista de aves do Parque Linear Tiquatira, São Paulo, SP
Raphael Paixão Branco Teixeira (Universidade Cruzeiro do Sul), Julia Azevedo Genu, Laura Luciane Gonçalves Formaggi, Rita de Cássia Frenedozo

Resumo

O Brasil possui cerca de 1900 espécies de aves, dessas, 891 ocorrem na cidade de São Paulo. As aves exercem importantes e diferentes papéis no ambiente, como por exemplo, polinização, dispersão de sementes e controle de populações de vetores. Durante o processo de colonização e urbanização da cidade, houve uma drástica alteração da paisagem original, de modo que praticamente toda vegetação original foi substituída por áreas construídas e por espécies exóticas, o que resultou no desaparecimento e na substituição de muitas espécies da avifauna nativa. Porém, muitas delas, adaptadas a ambientes modificados, resistem próximas aos seres humanos. Este trabalho teve como objetivo principal realizar um levantamento qualitativo da avifauna do Parque Linear Engenheiro Werner Eugênio Zulauf (Parque Tiquatira), localizado no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo. A técnica utilizada para o registro da avifauna foi a busca ativa e transecção e todas as espécies foram identificadas através de observação direta, não havendo necessidade de captura e marcação de nenhum espécime durante o estudo. A composição da avifauna do Parque Tiquatira está sob influência direta do Parque Ecológico do Tietê (PET), distantes, cerca de 3 Km, em linha reta. A análise qualitativa de espécies de aves diurnas do Parque Tiquatira permite concluir que a comunidade foi suficientemente amostrada, sendo representada por 65 espécies, distribuídas em 11 ordens e 26 famílias.

Introdução

O Brasil está entre os países mais ricos em diversidade de aves, com cerca de 1900 espécies registradas (CBRO, 2015). A cidade de São Paulo, inserida nos domínios da Mata Atlântica possui uma elevada diversidade biológica, sendo composta por 891 espécies de aves, e apresenta uma alta taxa de endemismo, com 213 espécies encontradas exclusivamente nos remanescentes florestais desse bioma (LIMA, 2013). As aves exercem importantes e diferentes papéis no ambiente, como por exemplo, polinização, dispersão de sementes e controle de populações de vetores. As cidades altamente urbanizadas podem criar espaços e condições para atrair e abrigar essas espécies, que por diferentes razões se deslocam de áreas florestadas para espaços urbanos e encontram em pequenas manchas verdes os recursos que necessitam (BIAGOLINI, 2018). Durante o processo de colonização e urbanização da Cidade de São Paulo houve uma drástica alteração da paisagem original de modo que praticamente toda vegetação original foi substituída por áreas construídas e até mesmo as áreas verdes, na sua maioria, não são constituídas de espécies nativas, e sim de exemplares exóticos. De acordo com Develey (2004) essa mudança na paisagem da cidade culminou no desaparecimento e na substituição de muitas espécies da avifauna nativa, contudo, embora muitos representantes tenham desaparecido ou se tornado raros, outras como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), a cambacica (Coereba flaveola), o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) e o periquito-rico (Brotogeris tirica) estão entre as espécies mais comuns da cidade. Argel-de-Oliveira (1996) ressalta que existem muitas espécies adaptadas a ambientes modificados, vivendo próximas dos seres humanos, em áreas verdes de bairros arborizados. Além disso, as aves formam um grupo cuja observação e identificação são relativamente fáceis, contribuindo para isso o fato de serem em sua maioria diurnas, o que facilita a confecção de listagens de espécies em diversos tipos de ambientes. Na Mata Atlântica, por exemplo, listagens de espécies muitas vezes são as únicas informações disponíveis sobre esse grupo faunístico, e essas listagens são valiosas para compreensão dos padrões de distribuição das espécies, auxiliando na elaboração de planos de conservação e manejo de áreas (DEVELEY, 2006). A observação de aves é uma atividade sustentável, de caráter lúdico, prático, não conteudista, sensorial e experimental que pode ser praticada por qualquer pessoa, de crianças a idosos, em grupos ou individualmente e tem como objetivo observar as aves em seu hábitat natural, sem interferir no seu comportamento ou no seu ambiente, uma prática de lazer contemplativa que incentiva o contato do ser humano com a natureza (TEIXEIRA, 2018). Para formulação dessas listas não é necessário a coleta de espécimes. Além disso, em qualquer área, mesmo as mais antropizadas, ocorrem sempre muitos registros, podendo se conseguir, em curtos períodos, listagens relativamente extensas e que oferecem elementos para discussões de fundo ecológico. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo principal apresentar um levantamento da avifauna com hábitos diurnos do Parque Linear Tiquatira. A composição de espécies do Parque Linear Tiquatira está sob influência direta do Parque Ecológico do Tietê (PET), ambiente fundamental para a preservação da fauna e flora da várzea do Rio Tietê. Esses dois Parques estão distantes, cerca de 3 Km, em linha reta (Figura 2). O estudo de Dores (2020) ressalta que no PET possui uma grande heterogeneidade de habitats, que incluem áreas abertas, lagos e lagoas artificiais provenientes de escavações para extração de areia, áreas florestadas, capinzais, praias de lama, áreas de várzea, brejos e campos alagados que detém um total de 274 espécies de aves.

Metodologia

O Parque Tiquatira, oficialmente chamado de Parque Linear Tiquatira Engenheiro Werner Eugênio Zulauf (Figuras 1 e 2), é um parque linear localizado no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo, fundado em 2007. Com uma extensão de mais de três quilômetros, é considerado o primeiro parque linear da cidade de São Paulo. Ele está localizado ao longo do Córrego Tiquatira, e a sua vegetação é composta por áreas ajardinadas, arborizadas e bosques heterogêneos. Para realização deste trabalho, conforme metodologia proposta por Cullen Jr et al (2003) as técnicas utilizadas para o registro qualitativo da avifauna no Parque Tiquatira foram a busca ativa e a transecção, para estes métodos amostrais não se faz necessária a parada em nenhum local preestabelecido, e as observações foram realizadas através de um percurso ao longo das trilhas do próprio parque. Para maior eficiência da metodologia, as trilhas foram percorridas em dias e horas alternados. Todas as espécies foram identificadas através de observação direta de sua morfologia, comportamento ou de sua vocalização, que consiste em todas as expressões vocais do indivíduo, que podem ser cantos, pios, chamados, gritos de alarme etc. Para tanto, não houve a necessidade de captura e marcação de nenhum espécime durante o estudo. Para que se tornasse possível a identificação de todas as espécies registradas no Parque, durante o período amostral que foi de janeiro de 2021 à janeiro de 2022, contemplando 12 visitas no total, foi utilizado binóculo (Nikon Zoom 8x42 6.0º), e para confirmação dos registros os guias de identificação (Aves da Grande São Paulo - Develey e Endrigo (2004); Birds of South America - Erize et al (2006) e Field Guide to the Songbirds of South America - Ridgely e Tudor (2009), a apresentação da tabela de espécies segue a proposta pelo (CBRO, 2015).

Resultados e Discussão

Durante o período de esforço amostral foi possível registrar 65 espécies de aves, distribuídas em 26 famílias e 11 ordens, como mostra a tabela 1, abaixo. De acordo com Biagolini (2018), essas espécies de aves, por diferentes razões se deslocam de áreas florestais para espaços urbanos, onde encontram nas pequenas manchas arborizadas as condições que necessitam. Esses parques lineares, por terem como característica principal o fato de serem mais compridos do que largos, exercem o papel de corredores entre os diversos espaços arborizados das cidades, interligando pequenos espaços arborizados e favorecendo o deslocamento das aves de um ponto ao outro. As aves são importantes indicadores biológicos, pois apresentam respostas rápidas às alterações no ambiente. Mesmo que algumas espécies se adaptem às mudanças, a maior parte tende a diminuir (AZEVEDO-RAMOS et al., 2005). Desse modo, as listas de espécies atendem a diferentes propósitos, mas servem fundamentalmente como um alerta para a perda de biodiversidade (SILVEIRA E STRAUBE, 2008). Algumas espécies endêmicas se favorecem com as alterações antrópicas, aumentando sua população de forma desequilibrada, enquanto outras, principalmente as invasoras ou exóticas, podem passar a ocupar a área e ter suas populações aumentadas de forma descontrolada (AZEVEDO-RAMOS et al., 2005; SCARIOT et al., 2003). A diminuição ou substituição de áreas florestais pode afetar o número e a composição de espécies de aves. Dessa forma, o fato de muitas áreas existirem como ilhas, e os espaços entre estes remanescentes serem considerados barreiras para muitas espécies, impossibilita o fluxo destas aves entre os fragmentos, diminuindo a diversidade de espécies (GIMENES e ANJUS, 2003).

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2791

Levantamento da avifauna de Timburi
Julio Cezar de paiva Dulce (Universidade do norte do Paraná -Campus Luiz Meneghel)

Resumo

Este trabalho é legal pois foi realizado um levantamento rápido de aves por meio de um relato de viagem, em um camping situado no munícipio de Timburi, interior do estado de São Paulo em apenas 24 horas. A cidade de Timburi possui 2.647 habitantes em uma área de 196,790km², com apenas 0,56km² de área urbanizada o que abriga uma riqueza significativa de aves. As aves possuem um papel importante nos ecossistemas, como polinizadoras, dispersoras de sementes e atuando em diferentes níveis dentro das cadeias alimentares. No entanto esse grupo de animais vem sofrendo diversos impactos antrópicos devido a fragmentação de habitats, poluição, uso de agrotóxicos e expansão urbana. O levantamento teve como objetivo a amostragem da avifauna local, e assim, por meio desse conhecimento demonstrar a importância da conservação de remanescentes florestais do Bioma Mata Atlântica, para a manutenção da biodiversidade do estado.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2137

Quintais agroflorestais: alternativa sustentável no quilombo de Gurunga-Bahia
Roseli Benevides de Souza (Secretaria Municipal de Educação de Igaporã-Bahia)

Resumo

Os quintais agroflorestais implantados na Comunidade Quilombola de Gurunga – Bahia constituem uma iniciativa adotada para o manejo sustentável, devido à composição florística, medicinal, ao cultivo das sementes crioulas que carregam a ancestralidade da comunidade. Os quintais é uma possibilidade de produção diversificada, o que confere segurança alimentar das famílias envolvidas, durante todo o ano. Uma vez que as espécies e hortaliças são cultivadas em unidade de produção familiares e com finalidade sustentável.

Conservação, Cuidados em campo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1615

Composição da avifauna e frequência de espécies visitantes de comedouros e bebedouros artificiais em uma área rural
Larissa Alves Corrêa (Universidade Estadual Paulista (UNESP)), Vlamir José Rocha, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Resumo

As aves residentes dos ecossistemas brasileiros são altamente afetadas pela fragmentação e perda de habitat. Estes processos alteram a dinâmica de suas populações, diminuem o número de espécies de aves existentes e extinguem a maioria da avifauna umbrófila. Nesse sentido, as aves são consideradas importantes bioindicadores da qualidade ambiental por ser um táxon com informações conhecidas, serem fáceis de estudar e ocorrerem em todos os ambientes terrestres. Por isso, estudos de populações e das guildas tróficas de comunidades da avifauna podem fornecer uma fonte inestimável de dados sobre o ambiente. O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento das espécies de avifauna que ocorrem em uma área rural do município de Sumaré-SP e determinar quais espécies frequentam comedouros e bebedouros artificiais. As amostragens ocorreram de outubro a dezembro de 2020, totalizando 99 horas de esforço amostral. Além da observação a olho nu, foram utilizados um binóculo e uma câmera digital para registros fotográficos dos indivíduos. Para avaliar as espécies que frequentam os comedouros e bebedouros, foram instalados dois comedouros contendo frutas, painço e água pura, além de bebedouros artificiais contendo água com açúcar. No total, foram registradas 51 espécies de aves. Passeriformes foi a ordem mais expressiva, com destaque para as famílias Tyrannidae e Thraupidae. Dentre os não-passeriformes, as ordens mais representativas foram os Apodiformes, Columbiformes e Psittaciformes. Sete espécies frequentaram os comedouros e duas os bebedouros. Os resultados evidenciaram que embora a região de estudo se encontre altamente alterada em função das ações agropecuárias, há uma riqueza considerável de aves. O predomínio das espécies generalistas, como as insetívoras e onívoras, indica a capacidade de adaptação que essas aves possuem para sobreviver em tais ambientes. Em contrapartida, as aves mais sensíveis, como as frugívoras, são significativamente prejudicadas devido ao alto nível de isolamento da vegetação local. Além disso, os comedouros e bebedouros foram importantes fontes alimentares para algumas espécies, já que, muitas vezes, encontrar alimento em áreas degradadas pode ser um desafio. Assim, ressalta-se a importância de estudos que avaliem possíveis impactos negativos de comedouros para a avifauna de vida livre.

Introdução

As aves residentes nos ecossistemas brasileiros são altamente afetadas pela fragmentação e perda de habitat (MARINI; GARCIA, 2005). Estes processos alteram a dinâmica de suas populações, diminuem o número de espécies de aves existentes e extinguem a maioria da avifauna umbrófila, que não suporta grandes variações de temperatura e umidade (DÁRIO; VICENZO; ALMEIDA, 2002). Desse modo, é fundamental avaliar a composição das comunidades de aves nos fragmentos de Mata Atlântica, uma vez que esse é um dos domínios que abriga o maior número de espécies da avifauna (BARBOSA et al., 2017; MARINI, GARCIA, 2005) As aves desempenham funções ecológicas fundamentais para o meio ambiente (IKUTA; MARTINS, 2013). A avifauna frugívora é capaz de dispersar sementes por longas distâncias, ingerindo os caroços e eliminando-os em uma condição mais favorável para a germinação (MCATEE, 1947; WHELAN, SEKERCIOGLU, WENNY, 2015). As aves também atuam como polinizadoras eficientes de inúmeras angiospermas por todo o mundo (ANDERSON et al., 2016; FISCHER,CARDOSO,GONÇALVES, 2014). Tanto a polinização como a dispersão de sementes são etapas fundamentais nos ciclos reprodutivos das plantas e, dessa forma, sem o fornecimento destes serviços pelas aves, muitas espécies de plantas teriam o sucesso reprodutivo reduzido significativamente, ocasionando uma modificação na estrutura das comunidades vegetais (SEKERCIOGLU et al., 2016). Outras funções desempenhadas pelas aves são: o controle de pragas por aves que se alimentam de insetos nocivos, o consumo de roedores prejudiciais às plantações por rapinantes, a eliminação de carcaças por espécies necrófagas, mantendo os ambientes limpos (STORER et al., 2002), e a capacidade de atuarem como bioindicadores (PIRATELLI et al., 2008). Por serem um táxon com muitas informações conhecidas, serem fáceis de estudar e ocorrerem em todos os ambientes terrestres, as aves são consideradas importantes bioindicadores da qualidade ambiental (DARIO, 2008). Por isso, estudos de populações e das guildas tróficas de comunidades da avifauna podem fornecer uma fonte inestimável de dados sobre o ambiente (CARRANO, 2006; LAWTON, 1996; PIRATELLI, PEREIRA, 2002). Uma guilda é “um grupo de espécies que exploram a mesma classe de recursos do ambiente de modo semelhante” (ROOT, 1967, p. 335). Assim, ao compreender a estrutura trófica de uma comunidade de aves, identificando a presença ou ausência de guildas específicas, é possível avaliar o estado de conservação de um determinado local (TOLEDO-LIMA et al., 2014). Uma forma simples de atrair aves em locais com alterações antrópicas é instalar comedouros e bebedouros em quintais e varandas (DEMÉTRIO; SANFILIPPO, 2016). Essa prática é relativamente recente, mas aumentou significativamente nas últimas décadas (ROBB et al., 2008). Existem inferências sobre os impactos que a atividade pode gerar, como a propagação de doenças entre as aves, perda de habilidade de forrageamento, aumento de predação e dependência dos comedouros (JONES, REYNOLDS, 2008; ROBB et al., 2008). No entanto, estudos demonstraram que promover a alimentação artificial de aves selvagens pode trazer muitos benefícios para as espécies, dentre os quais: melhora significativa na saúde dos animais, maior condição nutricional, redução significativa do estresse fisiológico das aves que frequentam comedouros, maiores chances de sobrevivência no inverno e maior sucesso reprodutivo, além disso, houve a comprovação de que as aves não se tornam dependentes dos alimentos ofertados, usando-os apenas como fontes suplementares (ROBB et al., 2008; WILCOXEN et al., 2015). Porém, as pesquisas ressaltam alguns cuidados que devem ser tomados, como a higienização frequente dos comedouros e bebedouros para evitar a disseminação de doenças e a instalação das estruturas em locais altos, dificultando o acesso de predadores terrestres (DEMÉTRIO, SANFILIPPO, 2016; WILCOXEN et al., 2015). Pesquisas populacionais da avifauna colaboram para o entendimento do processo de extinção e colonização das espécies nos locais, além de servirem como base no direcionamento de decisões políticas bem estruturadas para superar os impactos causados no meio ambiente e nas espécies associadas (FARIA et al., 2006; SILVEIRA, 2010). Além disso, o desenvolvimento de estudos que avaliem a alimentação artificial de aves selvagens são necessários para uma melhor análise dos potenciais riscos e benefícios que as espécies estão suscetíveis ao frequentarem os comedouros e bebedouros. Portanto, o objetivo do presente trabalho é realizar um levantamento da avifauna em uma área rural do município de Sumaré-SP e determinar as espécies visitantes de comedouros e bebedouros artificiais. Mais especificamente: identificar as espécies de aves que ocorrem no local; determinar a constância de visitação nos comedouros e bebedouros e categorizar a avifauna de acordo com a constância e as guildas tróficas.

Material e métodos

Área de estudo O bairro Sítio Pau Pintado está localizado na zona rural do município de Sumaré, no estado de São Paulo e é constituído por 144 chácaras. Situado próximo à rodovia Bandeirantes, possui área total de 22,7527 ha, incluindo uma área de reserva legal. Na extensão do bairro há predominantemente gramíneas, especialmente cana-de-açúcar, além de fragmentos de capim colonião, capim-coloninho, grama batatais, capim-brachiária e algumas espécies arbóreas nativas isoladas, com pouca quantidade de serapilheira na superfície do solo. O estudo foi concentrado em uma chácara (22º 49’ 36.8249’’ S e 47º 20’ 24.1472” W), com área de 953,75 m². O bairro está inserido próximo de uma APP (Área de Preservação Permanente), cujos mananciais existentes fazem parte da microbacia do rio Piracicaba (VITA, 2013). A vegetação encontra-se bem degradada e é caracterizada por pequenos fragmentos de Mata Atlântica, apresentando uma formação fitofisionômica de Floresta Estacional Semidecidual (VELOSO; RANGEL FILHO; LIMA, 1991). Os fragmentos estão localizados abaixo (reserva legal) das construções de chácaras e nas laterais à esquerda e à direita do bairro. A reserva legal encontra-se a uma distância de aproximadamente 617 m do local de estudo. O fragmento da direita localiza-se no entorno de nascentes, com uma pequena mata ciliar, a uma distância de aproximadamente 818 m da chácara. Também há outra nascente à esquerda do bairro, com uma singela mata ciliar, em torno de 480 m de distância do local de estudo (VITA, 2013) (Figura 1). De acordo com a classificação de Köppen (KOTTEK, 2006), o clima da região é do tipo Cwa, caracterizado como subtropical quente, com duas estações bem definidas, sendo úmida no verão e apresentando um período de cerca de cinco meses secos no inverno, com predominância de chuvas entre novembro e março. Observação e registros das aves Para registrar as espécies de avifauna, foram realizadas observações em dois dias da semana, de outubro a dezembro de 2020, sendo duas observações em cada dia, no período da manhã (das 6h às 9h30min) e no fim da tarde (das 16h às 18h), momento em que as aves estão mais ativas em busca de alimento (LOURENÇO; BIAGOLINI, 2018). Foram 18 dias de observação, totalizando 99 horas de esforço amostral. Além da observação a olho nu, foram utilizados um binóculo e uma câmera digital (Canon sx50hs) para registros fotográficos de todos os indivíduos. A identificação das espécies foi feita por meio de guias de campo de Ridgely et al. (2015) e Mello et al. (2020), e posteriormente confirmadas em laboratório quando necessário. Foram considerados os indivíduos que utilizaram a área da chácara como abrigo, poleiro ou como fonte de recursos. Também foram levadas em consideração as espécies que pousaram nos postes e fiações localizados a 6,38 m à frente da chácara, já que muitas utilizam essas estruturas como poleiros. Foram desconsiderados indivíduos que estiveram nos arredores ou que sobrevoaram o local. Instalação dos comedouros e bebedouros Para avaliar as espécies que frequentam os comedouros e bebedouros, foram instalados dois comedouros contendo frutas (mamão, banana, maçã, abacate ou manga), sementes (painço), e água pura. As sementes e a água ficaram comportadas em pequenos potes de barro. Os comedouros foram produzidos com chapas de metais galvanizados retangulares, com as medidas de 48 x 30 cm, e uma barra de plástico (PVC) para sustentação da bandeja. Cada comedouro continha quatro ganchos de arame para inserir as frutas, e foram fixados a uma altura de 1,70 m do chão . Também foram instalados dois bebedouros contendo água com açúcar dissolvido (em torno de 10%) (TEIXEIRA; ASSUNÇÃO; MELO, 2012) com capacidade de 300 ml e foram instalados em árvores onde as aves nectarívoras costumam frequentar.Os comedouros e bebedouros foram higienizados com detergente e água antes de serem reabastecidos a cada observação, e os bebedouros ficavam de molho em água clorada antes de serem utilizados novamente. A cada coleta de dados, foram registrados a data e período (manhã: 6h - 9h30min ou tarde: 16h -18h), as espécies visualizadas, as que frequentaram os comedouros e bebedouros, a condição meteorológica do dia (chuvoso, nublado ou ensolarado) e a temperatura. Análise de dados As nomenclaturas, ordens taxonômicas e nomes populares das espécies foram estabelecidos de acordo com a lista de aves desenvolvida pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (PACHECO et al., 2021). Todas as espécies foram caracterizadas pelas guildas tróficas, de acordo com bibliografia específica (MOTTA-JUNIOR, 1990; SICK, 1997), sendo consideradas as seguintes dietas: carnívora, frugívora, granívora, insetívora, nectarívora e onívora. Para determinar o índice de constância (C) das espécies que frequentaram os comedouros e bebedouros, independentemente do número de exemplares, foi utilizada a fórmula proposta por Dajoz (1973): C=px100/P. Sendo p o número de coletas em que a espécie foi registrada no comedouro ou bebedouro e P o número total de coletas (P=36). Assim, com o resultado da constância dado em porcentagem, as espécies que consumiram os recursos foram categorizadas como: I) constantes, quando frequentaram os comedouros ou bebedouros em mais de 50% das coletas; II) acessórios, quando frequentaram os comedouros ou bebedouros entre 25% a 50% das coletas; III) acidentais, quando frequentaram os comedouros ou bebedouros em até 25% das coletas. As espécies registradas fora dos períodos de observação estabelecidos foram incluídas apenas na listagem geral das espécies, não fazendo parte dos cálculos do índice de constância nos comedouros e bebedouros.

Resultados, discussão e conclusão

No total, foram registradas 51 espécies de aves na chácara, sendo distribuídas em sete ordens e 21 famílias. Passeriformes foi a ordem mais expressiva (n=36; 70,5%), com destaque para as famílias Tyrannidae (n=11; 21,5%), e Thraupidae (n=9; 17,6%) (Figura 3). Dentre os não passeriformes, as ordens mais representativas foram Apodiformes (n= 5; 9,8%), Columbiformes (n= 3; 5,8%) e Psittaciformes (n= 3; 5,8%). O grande número de Passeriformes já era esperado, visto que esta é a mais numerosa ordem de aves (PACHECO et al., 2021), e diversos estudos sobre levantamento da avifauna na Mata Atlântica registraram uma maior representatividade de famílias desta ordem (LIMA, BATALLA, 2018; MANHÃES, RIBEIRO, 2011; ROSSO, 2017). Além disso, o número expressivo de espécies de Tyrannidae pode ser explicado pelo fato de ser uma das maiores famílias dentre os passeriformes no território brasileiro (PACHECO et al., 2021), possuir uma alimentação generalista e ocupar diversos ambientes e estratos, incluindo áreas abertas antropizadas, já que possuem menor sensibilidade a alterações ambientais (GONZALEZ, 2011; PONÇO, TAVARES, GIMENES, 2013). Thraupidae foi a segunda família mais registrada entre os Passeriformes, sendo também considerados comuns em áreas fragmentadas (SICK, 1997). Ademais, a grande ocorrência de Apodiformes pode ser decorrente de sua grande capacidade de deslocamento, sendo pouco afetados pela fragmentação, já que são capazes de se locomoverem entre os fragmentos para obter recursos (STOUFFER; BIERREGAARD JR, 1995). Em relação às guildas tróficas registradas no local estudado, destaca-se a presença das espécies insetívoras (n=16; 31,3%) de todas as guildas presentes; seguida das onívoras (21,5%) e granívoras (21,5%), ambas com 11 espécies cada; frugívoras (11,7%) e nectarívoras (11,7%), ambas com seis espécies cada; e carnívora com uma espécie (1,9%). A riqueza da avifauna insetívora é considerável em toda região tropical, principalmente de membros de Tyrannidae, visto que essa família corresponde a 18% das espécies da América do Sul, muitas delas insetívoras (SICK, 1997). Os insetívoros são beneficiados pela diversidade de nichos ecológicos nas florestas neotropicais e a presença da fauna entomológica (SICK, 1997). Os onívoros são espécies generalistas e tendem a ter um aumento populacional em fragmentos de mata (REGALADO; SILVA, 1997). O mesmo ocorre com os granívoros, que são beneficiados pelo aumento da área de borda, sendo o habitat mais utilizado por eles (ANJOS, 1998). Já as aves frugívoras são sensíveis à fragmentação, pois necessitam de grandes áreas em que o suprimento de frutos seja abundante durante todo o ano (WILLIS, 1979). Em locais onde grandes aves dispersoras são raras, como é o caso deste estudo, a dispersão de plantas com frutos grandes pode ser afetada, causando até a extinção de algumas plantas e alterando a estrutura vegetal da região (CHAPMAN, CHAPMAN, 1995; SILVA, TABARELLI, 2000). Isso ocorre pois aves frugívoras de grande porte possuem aberturas bucais maiores, sendo as únicas capazes de ingerir e dispersar diásporos grandes, e, em algumas situações, possuem relações exclusivas com estas espécies (FADINI; MARCO JR, 2004). Os nectarívoros foram predominantemente representados pelos beija-flores. Essas espécies tendem a ter uma grande capacidade de locomoção entre os fragmentos, por isso, os indivíduos provavelmente utilizam outros locais além da área estudada para obterem recursos que supram suas necessidades alimentares (WILLIS, 1979). A guilda trófica de menor ocorrência foi a carnívora, sendo representada somente por uma espécie de falcão (Falco sparverius). Os carnívoros são naturalmente raros em comparação aos outros grupos, pois são predadores de topo de cadeia e necessitam de milhares de hectares para sobreviverem (SICK, 1997; TERBORGH, 1992). Por controlarem suas presas naturais, influenciam em toda a dinâmica do ambiente (PITMAN, 2002), na ausência desses predadores, há um aumento na população de presas naturais e, quando essas presas são herbívoros, irá interferir também na composição e diversidade de plantas (TERBORGH, 1992). Em relação aos recursos disponibilizados na chácara, eles foram prontamente encontrados e utilizados pelas aves. Das sete espécies que visitaram os comedouros, cinco foram classificadas como constantes (71,4%), uma como acessório (14,2%), e uma como acidental (14,2%). As duas espécies que frequentaram os bebedouros foram classificadas como constantes (100%). Coereba flaveola foi a única espécie que frequentou tanto os comedouros como os bebedouros. A maioria das espécies que frequentaram os comedouros obteve uma constância alta. Thraupis sayaca apresentou a maior constância nos comedouros entre todas as espécies visitantes (C= 97,2%). Os sanhaços são considerados super-generalistas pois consomem uma grande variedade de frutos, (JORDANO; BASCOMPTE; OLESEN, 2003). Tanto T. sayaca como T. palmarum possuem ocorrência ampla em ambientes arborizados e são frequentadores comuns de comedouros com frutas (RIDGELY et al., 2015). Zenaida auriculata, com constância de 88,8%, permanecia durante longos períodos se alimentando de painço e expulsava outras aves que tentavam pousar no comedouro. Z. auriculata possui grande sucesso em colonizar áreas de cultivo de grãos, sendo uma das espécies mais comuns em áreas agrícolas da região sudeste do Brasil (LOPES, ANJOS, 2006; SILVA, 2014). Molothrus bonariensis apresentou alta constância nos comedouros (C= 80,5%), sendo uma espécie comum em áreas de cultivo e pastagens (MELLO et al., 2020). M. bonariensis se beneficiou com o desmatamento e atividades agropecuárias, o que gerou um aumento em sua população (RIDGELY et al., 2015). Mimus saturninus também foi um frequentador assíduo dos comedouros, com uma constância de 80,5%. M. saturninus é uma espécie de grande ocorrência em ambientes abertos arborizados, incluindo chácaras, sendo uma das aves mais numerosas da região sudeste (RIDGELY et al., 2015). A espécie possui uma alimentação variada (GALVÃO; MENDONÇA, 2018), consumindo frutos sempre que há acesso fácil (GONÇALVES, VITORINO, 2014; SOUZA, 2009). Em relação às espécies que frequentaram os bebedouros, Eupetomena macroura obteve a maior constância (C= 100%). A espécie demonstrou muita agressividade após ter descoberto o recurso, atacando e perseguindo em voo C. flaveola, e até membros da mesma espécie. Essa reação pode ter gerado a baixa diversidade de espécies que frequentaram os bebedouros. Esse comportamento é comum, visto que os beija-flores são considerados territorialistas e agressivos (MELLO et al., 2020). C. flaveola, com constância de 97,2% nos bebedouros, possui ocorrência ampla em qualquer ambiente arborizado, sendo uma das aves mais comuns do Brasil. Além de ser uma espécie comum em bebedouros para beija-flores (MELLO et al., 2020; RIDGELY et al., 2015). O bebedouro foi utilizado como fonte de recursos para os filhotes de C. flaveola, em que um dos pais armazenava a água açucarada no bico para oferecer ao filhote. Outras espécies também utilizaram os comedouros para alimentar seus filhotes, como Thraupis palmarum e Pitangus sulphuratus. Esse fato evidenciou que os comedouros e bebedouros foram importantes fontes de recurso para estas espécies, podendo ter aumentado as chances de sobrevivência e desenvolvimento dos filhotes. Por fim, a baixa ocorrência de espécies especialistas e o grande número de generalistas demonstra que o local estudado apresenta uma estrutura vegetal pobre e não possui condições de manter populações de espécies mais sensíveis a perturbações ambientais (REGALADO, 1997). Além disso, a partir da instalação de bebedouros e comedouros na área estudada, houve um aumento na oferta de recursos daquele ambiente, o que influenciou nos processos de forrageamento das aves do local (TEIXEIRA; ASSUNÇÃO; MELO, 2012). Conclusão Os resultados evidenciaram que, embora a região em que a chácara está localizada se encontre altamente alterada em função das ações agropecuárias, há uma riqueza considerável de aves. O predomínio de espécies generalistas, como as insetívoras e onívoras, indica a capacidade de adaptação que essas aves possuem para sobreviver em tais ambientes. Em contrapartida, as aves mais sensíveis, como as frugívoras e carnívoras, parecem ser significativamente prejudicadas devido ao alto nível de isolamento da vegetação local. Os comedouros e bebedouros instalados na área de estudo demonstraram ser recursos importantes para as espécies, que foram beneficiadas pelo aumento de alimento no local, podendo ter gerado uma melhora na condição nutricional e reduzido o estresse fisiológico das aves. A grande constância da maioria das espécies revela a fidelidade das aves nos comedouros e bebedouros após a descoberta destes recursos, passando a utilizá-los com bastante frequência. Nesse sentido, ressalta-se a importância de estudos que avaliem possíveis impactos negativos de comedouros para a avifauna de vida livre, já que ainda há poucas pesquisas sobre o tema no Brasil.

Aves, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2800

INOVAFAUNA - Birdwatching no Ceará: A fauna que gera renda.
Cecília Licarião Barreto Luna (Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará), Larissa Nayara de Sousa Amaral, Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará, Ian Toscano Pinheiro Ribeiro, Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará, Hugo Fernandes-Ferreira, Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará

Resumo

O INOVAFAUNA nasce com a perspectiva de desenvolver inovação para preservar o meio ambiente e reverter quadros de extinção, agregando valor econômico e social aos recursos silvestres do Estado do Ceará. Para isso, capacitaremos condutores e empresários locais em Observação de Aves nas comunidades que tem potencial para se transformar em hotspot de observação de aves no estado. Ao fim, esperamos implementar e difundir o turismo de observação de aves no Ceará, trabalhando em parceria com o setor de turismo do estado.

Aves, Conservação, Turismo
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2755

Inventário de avifauna, instalação e monitoramento de caixas-ninho para avifauna em área urbana
Laura Luciane Gonçalves Formaggi (Universidade Cruzeiro do Sul ), Raphael Paixão Branco Teixeira

Resumo

Aves, Conservação, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2583

Monitoramento de Haematopus palliatus no Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Leonice da Rosa Homem (ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe), Guilherme Tavares Nunes - Orientador/ UFRGS - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Riti Soares dos Santos – Gestor da unidade ICMBio/ PNLP - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Marcelo Nunes Alves - Biólogo , bolsista de apoio científico GEF-Mar ICMBio/PNLP - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Uriel Luis Ferreira do Amaral – Geógrafo, terceirizado ICMBio/ PNLP - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. , Andrei Roos – Analista Ambiental ICMBio/ CEMAVE - This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

Resumo

O piru-piru (Haematopus palliatus) é uma espécie limícola estritamente costeira. No sul do Brasil, a espécies utiliza as dunas frontais como principal habitat reprodutivo. Estas aves são sensíveis as ameaças que vem sofrendo em seus territórios reprodutivos e alimentares. Estas ameaças surgem de atividades humanas nas praias como circulação de veículos, especulação imobiliária, animais domésticos soltos e abandonados entre outros fatores. A população de H. palliatus no Rio Grande do Sul corresponde a maior parte de toda a população brasileira da espécie (Clay et al. 2010), evidenciando a importância de Unidades de Conservação gaúchas onde a ave ocorre. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) inserido na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, abrange uma área de 36.747 hectares e localiza-se nos municípios de Mostardas e Tavares, RS. Foi criado em 1986 com o objetivo de proteger amostra dos ecossistemas litorâneos da região da Lagoa do Peixe, e particularmente as espécies de aves migratórias que dela dependem para seu ciclo vital. A Área de estudo escolhida para realizar a pesquisa, fica situada dentro da área da UC, entre as coordenadas de 31°16'50"S de latitude Sul e 50°56'34"O de longitude Oeste, no trecho do Talha-mar até o Lagamarzinho. A pesquisa tem como foco o monitoramento do Piru-piru (Haematopus palliatus) no interior do parque, com o objetivo de fornece dados da abundância sobre a taxa de eclosão e sucesso reprodutivo da espécie, distribuição espacial dos ninhos, habitats e interação com atividades humanas, além de informações sobre a fenologia reprodutiva da espécie e tendências ao longo dos anos. Essa espécie é excelente bioindicadora e com o seu monitoramento é possível inferir a qualidade do ambiente e apoiar o planejamento de ações da gestão do Parque para redução e/ou mitigação de danos tanto desta, quanto das demais espécies de aves. Com os dados do monitoramento dos ninhos esperamos, estimar a taxa de eclosão e de sucesso reprodutivo dos ninhos; descrever a fenologia reprodutiva da espécie; avaliar a utilização da UC como área de invernagem para os indivíduos que se reproduzem no local; caracterizar as variações de abundância nos períodos reprodutivo e não reprodutivos; divulgação dos dados do monitoramento para sensibilização da comunidade sobre a preservação das aves costeiras, através de cartilhas e palestras educacional, nas escolas da região apresentando os resultados da pesquisa referentes ao sucesso de eclosão dos ninhos, bem como as possíveis perturbações e seus impactos.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

1617

Trilhas de Birdwatching para PCDs, promovendo experiências perdidas ou nunca vividas.
Luciana Franco Verissimo (Aruá Observação de Aves e Natureza), Cosme Guimarães

Resumo

Estima-se que o Brasil tenha 17,2 milhões de pessoas com alguma deficiência, o que representa 8,4% da população. É um desafio para as pessoas com deficiência, vivenciar atividades de observação de fauna e flora, trilhas e outras ações na natureza, as quais devem lidar com variados fatores adversos, como a inadaptação dos espaços em que transitam, guias treinados para a condução, deslocamento e até ter que lidar com o capacitismo. Sendo assim, fazer uma trilha sem obstáculos e aproveitar as belas paisagens naturais ao longo do caminho pode parecer uma realidade distante para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A natureza pode ser acessível e usando ferramentas que possibilite o acesso às trilhas, o aprendizado de identificação de espécies através do canto, uso de réplicas fiéis de animais, uso de um triciclo projetado para trilhas na Mata Atlântica que permita o deslocamento, o toque, o cheiro e o gosto de plantas e animais encontrados ao longo da trilha permite uma nova dimensão e acessibilidade ao mundo natural. Nosso objetivo é aumentar a conscientização sobre Birdability, levando pessoas com deficiência a desfrutar da natureza, por meio da observação de pássaros, promovendo experiências perdidas ou nunca vividas.

Introdução

Falar de inclusão das pessoas com deficiência remete a um movimento repleto de lutas, conquistas e personagens que, ao longo de muitas décadas, buscaram tornar a sociedade em que viviam e vivem em um local mais inclusivo e com igualdade de condições de acesso e oportunidades para todas as pessoas (Souza & Ribeiro,2021). Estima-se que o Brasil tenha 17,2 milhões de pessoas com alguma deficiência, o que representa 8,4% da população (IBGE 2019). A legislação brasileira sobre inclusão da pessoa com deficiência é bastante abrangente, prevendo medidas de acessibilidade em todas as áreas e setores da vida humana (Souza & Ribeiro,2021). O país conta com um rico rol de normas técnicas que oferecem recomendações para a promoção de acessibilidade no âmbito da educação, da cultura e do lazer, temas que têm interface com as áreas naturais protegidas. ‘Diretrizes para visitação em unidades de conservação’, elaborado em 2006 pelo Ministério do Meio Ambiente conta com uma série de orientações pertinentes ao incentivo da visitação por parte de pessoas com deficiência em áreas naturais protegidas (MMA, 2006). Favorecer o acesso a essa parcela considerável da população constitui ainda uma oportunidade valiosa de desenvolvimento econômico para os setores de turismo e lazer (UNWTO, 2013). No caso do Brasil, por exemplo, mais de um milhão de visitas anuais por pessoas com deficiência poderiam se somar aos cerca de 15 milhões já registrados anualmente nas unidades de conservação federais (ICMBio, 2020) ou em outras áreas particulares que promovam o turismo de natureza, incluindo o birdwatching. Souza & Simões (2018) estimaram que o valor individual gasto por visita a unidades de conservação no Brasil pode variar de R$ 82,81 a R$250,99, a depender se a pessoa é local ou não local, e da classe de uso recreativo da área protegida. Calculando um desembolso médio para cada usuário por visita a UCs federais, o gasto total por ano, em valores corrigidos, por parte de PcD – o que inclui transporte, hospedagem, refeições e atividades – seria da ordem de R$257 milhões. Isso permite inferir que, caso o cenário positivo de inclusão fosse realidade, os efeitos econômicos para áreas que promovam o turismo de natureza e áreas do entorno seriam bastante benéficos. É um desafio para as pessoas com deficiência, vivenciar atividades de observação de fauna e flora, trilhas e outras ações na natureza, as quais devem lidar com variados fatores adversos, como a inadaptação dos espaços em que transitam, guias treinados para a condução, deslocamento e até ter que lidar com o capacitismo. Sendo assim, fazer uma trilha sem obstáculos e aproveitar as belas paisagens naturais ao longo do caminho pode parecer uma realidade distante para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, cabendo a nós buscar ferramentas que permitam esta vivência.

Metodologia

O primeiro grupo a ser trabalhado no ano de 2022/2023 foi o de cadeirantes, pessoas com paralisia cerebral e cegos e baixa visão. Visita ao Instituto de Cegos da Bahia permitiu orientações sobre condução, como explicar cores dos pássaro para cegos que nunca enxergaram e como tornar a trilha atrativa e sensitiva com tantas ferramentas disponíveis na natureza. A trilha foi preparada para passar um triciclo feito inicialmente para corrida de rua com PCDs, mas adaptado para trilhas na Mata Atlântica, com rodas mais largas e freio em posição diferenciada, facilitando frear em terreno acidentado. Para possibilitar o acesso do triciclo e cegos e baixa visão, a trilha foi alargada e barreiras foram retiradas (como troncos caídos, galhos baixos foram podados), bem como uma nova ponte sobre uma áre alagada foi construída. O uso de réplicas em madeira com muitos detalhes do corpo do animal foram feitas para que cegos e baixa visão pudessem através do tato enxergar o animal encontrado na trilha. O som dos animais, bem como textura das plantas e alguns animais, o gosto de frutas e flores comestíveis de Mata Atlântica e o cheiro de plantas também foram explorados nas trilhas sensitivas e inclusivas.

Resultados e Conclusões

Encontramos grande dificuldade em encontrar PCDs para a realização das trilhas de Birdwatching. Ainda não temos uma hospedagem apropriada para cadeirantes e este pode ser um dos motivos que dificultou a vinda deste público específico. Mas a parceria com o Instituto de Cegos da Bahia e a divulgação do triciclo em grupos de PCDs permitiu algumas experiências. Recebemos no período de 6 meses 15 cegos/baixa visão e 4 cadeirantes/paralisia cerebral nas trilhas de birdwatching. A experiência foi muito gratificante, pois permitiu aos participantes experiências nunca vividas, fomentando o turismo de Observação de Aves, a proteção da floresta e a acessibilidade. Em princípio, pode parecer impraticável iniciar um trabalho com PCDs, onde a falta de recursos e uma complexidade relacionada às especificações técnicas, necessidades particulares, questões de segurança e à dificuldade de viabilizar empreendimentos acessíveis em áreas selvagens faz com que muitos nem comecem ou tentem, entretanto, é possível e recompensador enfrentar desafios e apontam um horizonte bastante promissor (Souza & Ribeiro,2021). O maior desafio é encontras os PCDs e fazer com que eles saiam de casa e se permitam vivenciar a atividade proposta. Como os espaços naturais podem apresentar muitas barreiras, o acesso à informação é essencial, desde o planejamento da visita, à possibilidade de desfrutar do acesso remoto às áreas mais rústicas, com possibilidades inclusive de reproduzir experiências e sensações do ambiente natural, via realidade virtual (Souza & Ribeiro,2021). O uso de redes sociais com descrição de fotos com texto alternativo, sites acessíveis e parceria com ongs e grupos específicos, ajuda a divulgar a experiência proposta, permitindo que a informação chegue mais facilmente ao público alvo.

Aves, Botânica, Conservação, Fotografia, Turismo, Viagens, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2350

Aves Limícolas na Praia do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e do Entorno: Análise dos Censos Conduzidos entre os Anos de 2012 e 2021
Danielle Paludo (ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe), Marcelo Nunes Alves, ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Riti Soares dos Santos, ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Lauro Lemos, ICMBio - Parque Nacional da Lagoa do Peixe, André Wüst Zibetti, Universidade Federal de Santa Catarina/Departamento de Informática e Estatística, Herman Hensberge, Autônomo/Colaborador ICMBio

Resumo

As aves limícolas são um grupo amplo com espécies migratórias e dependentes de áreas úmidas para suas necessidades fisiológicas e sucesso migratório. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) foi criado para a proteção das aves e seus habitat no Brasil, e para subsidiar ações de gestão são realizados monitoramentos. Com os objetivos de avaliar a diversidade e abundância das espécies residentes e migratórias, verificar a distribuição espacial, padrões sazonais de ocorrência e flutuações no período, processamos os dados dos censos terrestres de aves limícolas nas praias do PNLP e do seu entorno entre julho de 2012 e junho de 2021. Contabilizamos 439.283 aves de quatro espécies residentes e quatorze espécies migratórias, sendo as mais abundantes Calidris alba, Calidris fuscicollis, Haemantopus palliatus e Calidris canutus. A área do Parque suportou a maior abundância e densidade da maioria das espécies. As maiores agregações foram registradas na primavera, verão e outono de cada ano, correspondendo aos períodos de passagem migratória e invernagem de espécies neárticas. Indivíduos e grupos que não migraram foram registrados todos os anos nos meses do inverno, como os das espécies Calidris canutus, Calidris alba e Charadrius semipalmatus. Associamos a distribuição ao comportamento reprodutivo e às estratégias de migração das espécies. Houve flutuações anuais, mas não verificamos tendência de diminuição do número de indivíduos nas espécies que utilizaram o sítio. A área é importante ponto de parada, sítio de invernagem e oversummering e o Parque tem sido efetivo no seu objetivo de criação.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2785

Os Parques, as Aves e a Ciência Cidadã
MARIA ESTER CHAVES (Centro Universitário FAM)

Resumo

Parques urbanos são excelentes locais para observação de aves, sobretudo para a população leiga. Olhares atentos de munícipes que visitam esses locais podem trazer interessantes contribuições para o registro de diferentes espécies de aves. Entre outubro de 2020 a janeiro de 2023, 14 visitas foram realizadas em três parques urbanos da grande São Paulo: Parque Linear Tiquatira - Eng. Werner Eugênio Zulauf, Parque Ibirapuera e Bosque Maia. Nesses parques, o deslocamento foi feito por meio de bicicleta ou caminhadas a pé. Quando observadas ou ouvidas, as aves foram fotografadas através de uma câmera SONY Cyber Shot DSC hx200v e identificadas por meio de guias de campo. Ao todo, foram registradas 25 espécies de aves pertencentes a 13 famílias. A maior diversidade (21 espécies) foi encontrada no Parque Ibirapuera, que corresponde ao maior dentre os três parques - aproximadamente 1.600.000 m². No Parque Linear Tiquatira (320.000 m²), observou-se oito das 45 espécies já registradas na área, segundo dados da prefeitura de São Paulo. No Bosque Maia (170.000 m²), por sua vez, foram observadas sete espécies de aves. A família com maior número de representantes foi Ardeidae, com cinco espécies avistadas ("Ardea alba" Linnaeus, 1758, "A. cocoi" Linnaeus, 1766, "Egretta thula" (Molina, 1782), "Butorides striata' (Linnaeus, 1758), "Nycticorax nycticorax" (Linnaeus, 1758)). Essa família concentra aves com hábitos aquáticos ou semiaquáticos, como garças e socós, ambiente este encontrado tanto no Ibirapuera quanto no Bosque Maia. Apesar do Parque Linear Tiquatira margear o córrego de mesmo nome, as condições de qualidade da água do local parecem não ser atrativas para essas aves. "Columba livia" Gmelin, 1789, "Pitangus sulphuratus" (Linnaeus, 1766) e "Turdus rufiventris" Vieillot, 1818 são espécies sinantrópicas comuns e foram avistadas nos três parques. Destas, o sabiá-laranjeira foi o mais comumente observado tanto em abundância quanto em frequência nas visitas. A presença de vegetação e corpos d’água, associada a diferentes ofertas alimentares parecem ser bons atrativos para a avifauna. Tornar tais visitas também atrativas para a população, contribui para o crescimento de uma ciência cidadã e maior adesão aos programas de conservação da fauna.

Aves, Ciência cidadã, Fauna urbana, Fotografia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2754

O objetivo do monitoramento da lontra na UHE Caconde inclui a análise da presença da espécie no local, localização e descrição das tocas, caracterização da dieta alimentar da lontra, os serviços ecológicos prestados pela espécie, e a determinação de parasitos e saúde do animal. Através dos resultados obtidos busca-se determinar eventuais alterações ambientais causadas pelo empreendimento, e/ou no uso múltiplo das águas e do reservatório, que possam afetar a conservação da espécie. O objetivo dessa análise é avaliar a necessidade de ações que visem à proteção da lontra, assim como a mitigação de impacto causado.
Maria José Pereira Fernandes (AES Brasil), Giovana Arantes - AES Brasil, Alcéster Diego Coelho Lima, ufersa Mossoró ,

Resumo

O domínio Caatinga tem tido um incremento de novas espécies nos últimos anos, graças a um maior número de estudos que vem sendo realizados, porém, ainda existem lacunas geográficas sobre a sua biodiversidade. Especificamente sobre a diversidade e ecologia de répteis não avianos, ainda existem áreas pouco exploradas. Durante atividades de resgate e monitoramento da fauna silvestre para as obras de implantação do Complexo Eólico Tucano (AES Brasil), nós registramos lagartos da espécie Phyllopezus lutzae entre fevereiro e novembro de 2021. Um total de 141 indivíduos foram registrados no município de Tucano (BA) e apenas um no município de Nova Soure (BA), ambos pertencentes a ecorregião Raso da Catarina e inseridos dentro do Polígono das Secas. Essa espécie até então era conhecida para as áreas de floresta tropical úmida da Mata Atlântica e restingas no Nordeste brasileiro, se distribuindo entre o estado da Paraíba e o Sul da Bahia. Nossos registros em Tucano e Nova Soure ampliam em 151 e 116 km, respectivamente, a distribuição da espécie e se configuram como os primeiros encontros de P. lutzae para a região semiárida. Esses achados revelam que essa espécie habita um domínio ecológico e climático diferente da Mata Atlântica, onde era conhecida até então, além de contribuir com o conhecimento sobre a diversidade de répteis da região semiárida.

Herpetologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2729

Avifauna Identificada nos Biomas da Caatinga e Cerrado na Fase de Operação no Complexo Eólico Alto Sertão II da AES Brasil, no Estado da Bahia
Maria José Pereira Fernandes (AES Brasil)

Resumo

O principal objetivo d O Programa de Monitoramento de Fauna realizado no Complexo Eólico Alto Sertão II, localizado no sudoeste da Bahia, tem como objetivo gerar conhecimento sobre a aves nas áreas de influência dos Parques Eólicos da AES Brasil, visando respaldar a adoção de medidas de mitigação quanto à ocorrência de possíveis impactos sobre o grupo faunístico. Também são mensurado a riqueza e ambulância e status de conservação das espécies.

Aves
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2450

O impacto das políticas públicas para o avanço do turismo de observação de aves: o caso de Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Maristela Benites (UFMS/Instituto Mamede), Simone Mamede, Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, Lucilene Oshiro, Agência Municipal de Planejamento Urbano - PLANURB/Campo Grande, Icleia Albuquerque de Vargas, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, UFMS

Resumo

A observação de aves ainda é novidade em grande parte do Brasil, seja na forma de turismo, lazer ou como prática naturalista e educativa. Trabalhos científicos, notícias e relatos de experiências apontam para os efeitos benéficos em múltiplos aspectos, do nível individual ao coletivo, os quais atuam na dinâmica e configuração do socioespaço. Nesse elenco estão a saúde mental, o bem-estar, o turismo, a cultura e finalmente a conservação da biodiversidade. Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, tem se esforçado para se posicionar quanto ao turismo de observação de aves, de modo que várias iniciativas e ações estratégicas têm sido adotadas para despertar o interesse tanto da população geral quanto dos agentes públicos pela avifauna e demais elementos da biodiversidade regional, bem como para subsidiar as tomadas de decisão dos gestores públicos responsáveis pela administração do território legal. No que se refere ao turismo de observação de aves várias iniciativas de políticas públicas foram empreendidas com vistas à implantação e melhoria desse nicho turístico no município e estado, a saber: Lei municipal n. 5.561/2015, que institui a arara-canindé como a espécie simbólica; Lei municipal n. 6.075/2018, que proíbe o corte, derrubada, remoção ou sacrifício de árvores, adultas ou não, onde situam-se ninhos de arara-canindé e arara-vermelha; Lei municipal n. 6.567/2021, que torna Campo Grande a capital das araras e institui o dia 22 de setembro como o Dia Municipal de Proteção das Araras; e a mais recente votada por unanimidade na câmara de vereadores que torna Campo Grande a capital do turismo de observação de aves, lei n. 7.023/2023. Todos esses dispositivos legais consorciados a trabalhos científicos, ações de educação ambiental, projetos de pesquisa científica, ações de educadores que desenvolvem práticas pedagógicas e educativas com o tema aves, além dos eventos temáticos e as passarinhadas, têm contribuído para chamar a atenção pública para o tema das aves e da biodiversidade. Ressalta-se a importância da atuação conjunta e sinérgica de todos esses atores, pois acredita-se que só assim é possível transformar a maneira de pensar e agir em prol do turismo sustentável e do ecoturismo que tem a observação de aves como um dos seus sustentáculos. Ainda que Campo Grande apresente cerca de 400 espécies de aves na área urbana e periurbana, perfazendo aproximadamente 50% da avifauna ocorrente no Cerrado, o que é altamente significativo, possuir ou não a maior riqueza e/ou diversidade de aves do Brasil não está em pauta, mas o quanto o envolvimento e engajamento social, assim como cada avanço em políticas públicas, têm contribuído para a transformação socioespacial e construção de territórios sustentáveis. E se a conservação socioambiental for a nossa finalidade e o nosso ideal, o turismo de observação de aves pode ser o instrumento impulsionador e facilitador desse processo. Como diz o poeta Raul Seixas “é chato chegar a um objetivo num instante [...]”. Portanto, as políticas públicas são importantes nesse processo, mas sempre com a participação popular para a efetividade das mesmas. As implicações e impactos são frutos a serem colhidos com o tempo.

Aves, Ciência cidadã, Fauna urbana, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2792

Registro da avifauna de Capela do Alto, SP, Brasil, através da prática de Birdwatching
Murilo Henrique Lara de Oliveira (Prefeitura Municipal de Capela do Alto)

Resumo

Levantamento da avifauna mediante realização de atividades de observação de aves e compilação de dados para o preenchimento da lista de espécies de Capela do Alto/SP.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2828

Projeto Ajuritiba - AvesBJP
Natália Expedita de Andrade (), Kelly Vendramini Pedroso da Cruz, Sérgio Paulo Tuckumantel de Almeida ,

Resumo

Aves, Crianças e Natureza, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2803

Uma experiência em construção no Vale das Águas e Unidades de Conservação na Região Leste de Mato Grosso do Sul
Olácio Mamoru Komori (APOMS), José Lucas Romero Benito - IGR -Vale das Águas, Dione Sales - IMASUL - PEVRI ,

Resumo

O presente relato de experiência tem o objetivo de ampliar as possibilidades de exploração do Turismo de Observação de Aves na região conhecida como Vale das Águas na parte Leste do Estado do Mato Grosso do Sul para além das suas belezas naturais e áreas protegidas. A diversidade de biomas presentes (Cerrado, Mata Atlântica e Várzeas) proporciona ambientes para uma variedade de espécies da avifauna e um riquíssimo potencial a ser explorado pelos apreciadores da arte.

Observação de Aves no Vale das Águas, existe potencial ?

A região leste do Estado do Mato Grosso do Sul, entre os municípios de Mundo Novo e Bataiporã representa hoje o maior e mais significativo remanescente do Rio Paraná não atingido por represas de usina hidrelétricas. Forma um rico bioma composto por ilhas e várzeas com grandes riquezas na terra e na água, podendo abrigar importante espécies da fauna e da flora brasileira. A media em que vai se distanciando das margens do Rio Paraná em direção ao centro do estado, a paisagem vai tomando outras formas, sendo caracterizado por ser uma região de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. Dentro da organização como estratégia das regiões turísticas no Estado do Mato Grosso do Sul, recebe a denominação de Vale das Águas. Desta forma no conjunto os municípios desta região turística abrigam estas três características em seu ambiente: Cerrado, Mata Atlântica e Várzeas. O avanço econômico com a expansão das grandes culturas vem causando impactos irreversíveis ao meio ambiente em várias regiões do estado com a remoção da cobertura vegetal natural para dar lugar ao plantio de soja, milho, cana-de-açúcar e eucalipto. Em meio as extensas áreas de cultivo ainda é possível encontrar ilhas de vegetação natural de cerrado. Um destes espaços no município de Nova Andradina, às margens da Rodovia BR 267 na altura do km 173 encontra se o Assentamento São João formado por um contingente de 180 famílias que desde o ano de 2010 vem construindo o sonho da terra própria em meio aos desafios da sustentabilidade no Bioma Cerrado. Em 2022 como parte das estratégias do Programa Cerrado Circular incentivando o emprendedorismo nos Assentamentos São João e Teijin no município de Nova Andradina, foi dado inicio as primeiras iniciativas pensando a atividade do Turimso Vivencial como gerador de renda. Estas iniciativas foram apoiadas com grande ênfase pela Instância de Governança do Turismo - IGR Vale das Águas, que trouxe dentre outras a observação de aves como possibilidade a ser explorada nos assentamentos da reforma agrária. Desta forma este relato de experiência apresenta as iniciativas realizadas em 5 espaços em municípios da região, para responder a pergunta se existe potencial para transformar a Rota Vale das Águas em roteiros para observadores de aves.

A experiência - O que foi feito

Munidos de binóculos e câmeras fotográficas os autores desta expediência se dispuseram a fazer a verificação in loco nos locais objeto da verificação em datas previamente estabelecidas. A plataforma de registro das listas utilizadas foi o E-Bird. Os horários definidos foram sempre nas primeiras horas da manhã o que variou um pouco devido a época com diferenças no amanhecer, sempre entre 5:00 e 6:00 horas, foi definido um intervalo de 4 horas para a atividade. O trajeto no local foi definido com a ajuda de moradores que também serviram como guia. LOCAL 1 - Assentamento São João - Nova Andradina MS - Bioma Cerrado O Assentamento São João está localizado em meio ao Bioma Cerrado em Nova Andradina MS, as margens da BR 267 na divisa com Nova Alvorada do Sul. A presença das aves é notada e chamam a atenção, pela sua diversidade e características peculiares que as aves alí estão se aproximando. A atividade de observação de aves aconteceu no dia 19 de novembro de 2022 e foi liderados pelos especialistas José Lucas Romero do IGR- Vale das Águas e Dione Sales do IMASUL - Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema e Olácio Komori do Projeto Cerrado Circular. Em um período de pouco mais de 4 horas forma registraram 88 espécies no cerrado local. LOCAL 2 - Parque Natural Municipal de Glória de Dourados - Bioma Mata Atlântica O Parque Natural Municipal de Glória de Dourados é uma Unidade de Conservação criada pelo Decreto Municipal No. 18/2019 de 27 de março de 2019. Possui uma área de 19,6215 hectares com características do Bioma Mata Atlântica e foi concebida com os seguintes objetivos norteadores: 1) Restauração e preservação do Bioma local, 2) Realização de estudos e pesquisas científicas; 3) Educação Ambiental da comunidade; 4) Visitação pública. A presença das aves também tem sido notada cada vez mais, pois na medida em que avançam as ações de restauração ambiental são criadas condições de abrigo e proteção. Tucanos, periquitos, maracanãs, canários, pica paus, tico-ticos e muitos outros são presença constante e fazem parte deste trabalho de catalogação em curso que esta sendo realizado pelo CETAF com o apoio do Clube de Observação de Aves - COA Grande Dourados. É possível a realização de atividades de observação de Aves mediante agendamento com a coordenação do Parque. LOCAL 3 - Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema PEVRI - Bioma Mata Atlântica e Várzeas O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema possui 73.345,15 hectares localizados na Bacia do Rio Paraná, abrangendo os municípios de Jateí, Naviraí e Taquarussu. Criado em 1998 como medida compensatória da Usina Hidrelétrica Eng. Sérgio Motta/CESP. Hoje, o parque tem estrutura para receber pesquisadores de varias áreas e está sendo adequado para receber visitação publica. Já foram catalogadas no PEVRI 235 espécies da avifauna, com predominância para espécies de ambientes de várzeas. A atividade realizada no dia 08 de outubro de 2022 como parte das atividades do Big Day daquele ano onde foram registrados 161 espécies mostra o potencial que o parque tem para as atividades de observação de aves. A experiência vivenciada pelos autores em atividades de observação no PEVRI, aconteceu no dia 24 de julho de 2022 onde durante um período foram registradas 86 espécies que constam de lista no E-bird. LOCAL 4 - Assentamento Bela Manhã - Taquarussú MS - Bioma Mata Atlântica e Várzeas Localizado no município de Taquarussu MS, um dos integrantes da região Turística Vale das Águas o Assentamento Bela Manhã foi criado no ano de 2005, ocupando uma área de 1.862 hectares onde 102 famílias foram assentadas pelo INCRA. O Bioma local formado por fragmentos de mata atlântica entremeados por lagoas e áreas de várzeas inundáveis em épocas de chuvas. No que diz respeito a paisagem presente na região do assentamento podemos dizer que é privilegiada com vários ambientes de grande beleza e riquezas naturais pois faz divisa com as várzeas do Rio Ivinhema, com as Veredas de Taquarussú e está bem próximo ao Portal de Taquarussu da entrada do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema. A experiência dos autores aconteceu no dia 01 de abril de 2023 a partir das 5:00 horas, foi chamada de Expedição Taquarussu onde percorreram alguns ambientes com sinais da presença de aves, que a todo momento também cruzavam os céus do assentamento. Ao todo foram registrados 113 espécies em 6 listas distintas para organizar o potencial de cada trecho observado. LOCAL 5 - Parque Natural Municipal de Naviraí - Naviraí MS - Bioma Mata Atlântica e Várzeas O Parque Natural Municipal de Naviraí é o maior parque natural municipal do Brasil, com uma área de 16.241,27 hectares. Criado em 2009, tem por objetivo preservar o meio ambiente, a diversidade biológica, os ecossistemas naturais, proteger belezas cênicas e espécies em perigo e ameaçadas de extinção. Localiza-se no Bioma de Mata Atlântica, rico em áreas úmidas e várzeas pela proximidade com o Rio Paraná e seus afluentes. A experiência aconteceu no dia 10 de dezembro de 2022 onde os autores com o suporte da Gerencia do Meio Ambiente do município de Naviraí percorreram de veículo as áreas úmidas e fragmentos de matas num total de 28 quilômetros de percurso durante o período. Ao todo foram registrados 114 espécies da avifauna local.

Resultados quantitativos e Conclusões

Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema - 86 espécies observadas Parque Natural Municipal de Glória de Dourados - 56 espécies observadas Assentamento São João Nova Andradina - 88 espécies observadas Parque Natural Municipal de Naviraí - 115 espécies observadas Assentamento Bela Manhã Taquarussu - 113 espécies observadas. CONCLUSÃO: Tendo como base as experiências vivenciadas, foi possível comprovar o tamanho do grande potencial que a região turística Vale das Águas e as Unidades de Conservação tem para a atividade de Observação de Aves. Além do considerável quantitativo observado em cada local, algumas espécies já despertam a atenção dos observadores da região como o Tricolino - Pseudocolopteryx sclateri observado com certa freqüência no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema - PEVRI, o Rapazinho-do-chaco - Nystalus striatipectus encontrado com certa facilidade no Parque Natural Municipal de Glória de Dourados e em outros locais. As atividades de prospecção realizadas, também tem despertado o interesse e ganhado novos observadores na região, além da iniciativa do governo municipal de Taquarussu que já estabeleceu metas de tornar a observação de aves um impulsionador do Turismo no Município. O apoio do IGR - Vale das Águas como instância de governança para as ações de Turismo, tem sido fundamental para criar a visão de integração regional, visto que tanto as paisagens naturais quanto os vôos das aves, não conhecem os limites políticos e geográficos municipais, e isso é crucial para o planejamento do turismo regional.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fotografia, Turismo, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2818

Composição, ameaças e conservação da avifauna em cinco áreas de usinas eólicas no Nordeste do Brasil
Paulo de Barros Passos Filho (E-Fauna), Maria José Pereira Fernandes

Resumo

A região Nordeste do Brasil possui um grande potencial eólico. Recentemente, a energia eólica vem aumentando consideravelmente, sendo responsável, em grande parte, pela energia no Nordeste do Brasil em épocas de estiagens. Contudo, a captação da energia eólica gera impactos diretos para alguns grupos de aves e morcegos. Mas, antes de conhecer os impactos, é importante saber quais são as espécies de aves que ocorrem nas áreas das usinas. O presente estudo teve por objetivos analisar a composição da avifauna existente em cinco áreas onde existem usinas eólicas em operação na região Nordeste, além de verificar alguns dos aspectos de que as ameaçam e sugerir propostas para a conservação das mesmas. O Complexo Eólico Alto Sertão II, engloba 15 parques eólicos agrupados por áreas, denominadas como Áreas 5, 8, 9, 13-A e 13-B localizadas nos municípios de Caetité, Guanambi, Pindaí e Igaporã. Os parques estão inseridos no domínio Caatinga e Cerrado. Foram realizadas 16 campanhas distribuídas entre as estações seca e chuvosa, nos anos de 2013 e 2023. Ao todo foram registradas 215 espécies pertencentes a 21 Ordens e 47 Famílias. Duas espécies estão ameaçadas de extinção: Phylloscartes roquettei e Penelope jacucaca, e cinco classificadas como quase ameaçadas: Hylopezus ochroleucos, Porphyrospiza caerulescens. Primolius maracana, Synallaxis hellmayri e Neothraupis fasciata. Quanto aos endemismos foram assinaladas 18 espécies endêmicas da Caatinga e cinco para o Cerrado. Como migrantes, foram registradas duas espécies para o Hemisfério Norte e uma para o Sul da América do Sul. A riqueza de espécies atesta a importância dessas áreas para a manutenção da avifauna, especialmente para os táxons ameaçados e endêmicos da Caatinga e do Cerrado.

Introdução

A região Nordeste do Brasil possui um grande potencial eólico (Amarante et al., 2001). Recentemente, a energia eólica vem aumentando consideravelmente, sendo responsável, em grande parte, pela energia no Nordeste do Brasil em épocas de estiagens (Bezerra & Santos, 2017). Contudo, a captação da energia eólica gera impactos diretos para alguns grupos de aves e morcegos (Kunz et al., 2007; Martin, 2011). Mas, antes de conhecer os impactos, é importante saber quais são as espécies de aves que ocorrem nas áreas das usinas. O presente estudo teve por objetivos analisar a composição da avifauna existente em cinco áreas onde existem usinas eólicas em operação na região Nordeste, além de verificar alguns dos aspectos de que as ameaçam e sugerir propostas para a conservação das mesmas.

Desenvolvimento e métodos

O Complexo Eólico Alto Sertão II, engloba 15 parques eólicos agrupados por áreas, denominadas como Áreas 5, 8, 9, 13-A e 13-B localizadas nos municípios de Caetité, Guanambi, Pindaí e Igaporã. Os parques estão inseridos no domínio Caatinga e Cerrado. Foram realizadas 16 campanhas distribuídas entre as estações seca e chuvosa, nos anos de 2013 e 2023. As espécies foram detectadas utilizando-se binóculos, máquinas fotográficas, câmeras trap, redes de neblinas, gravadores e microfones direcionais. As espécies capturadas foram marcadas com anilhas fornecidas pelo CEMAVE e, posteriormente, liberadas no mesmo local. Os táxons ameaçados de extinção foram considerados de acordo com as listagens nacionais e globais (MMA, 2022; IUCN, 2022). Os endemismos da Caatinga foram aqueles presentes em Stotz et al. (1996), Sick (1997) e Olmos et al. (2005); os endemismos do Cerrado seguiram Silva & Bates (2002) e Braz & Hass (2014); os migrantes estão de acordo com Stotz et al. (1996) e Sick (1997).

Resultados

Ao todo foram registradas 215 espécies pertencentes a 21 Ordens e 47 Famílias. Duas espécies estão ameaçadas de extinção: Phylloscartes roquettei e Penelope jacucaca, e cinco classificadas como quase ameaçadas: Hylopezus ochroleucos, Porphyrospiza caerulescens. Primolius maracana, Synallaxis hellmayri e Neothraupis fasciata. Quanto aos endemismos foram assinaladas 18 espécies endêmicas da Caatinga e cinco para o Cerrado. Como migrantes, foram registradas duas espécies para o Hemisfério Norte e uma para o Sul da América do Sul. A riqueza de espécies atesta a importância dessas áreas para a manutenção da avifauna, especialmente para os táxons ameaçados e endêmicos da Caatinga e do Cerrado; contudo, alguns dos endemismos apontados nesse trabalho também ocorrem em outros domínios. Como esses endemismos são, em sua maioria, espécies que habitam o interior das florestas, não devem estar sendo impactadas diretamente pelos aerogeradores. Além de colisões e de outros impactos gerados de ordem direta ou indireta pelos aerogeradores, há, ainda, aqueles que são ocorrentes na caatinga, como o desmatamento, a caça ilegal e a captura de aves silvestres. No entanto, nos limites dos parques eólicos todas essas ações são proibidas. A implementação de Unidades de Conservação particulares talvez seja uma boa alternativa para a conservação da avifauna, pois esse tipo reservas, se bem gerida, pode assegurar a conservação dos táxons endêmicos e ameaçados de extinção (Oliveira et al., 2010); além disso, deve haver mais ações dos órgãos ambientais para coibir a caça, pois em algumas áreas foram observados caçadores. Concluímos, que os locais onde está situado o complexo eólico é importante para a conservação da avifauna, com muitos táxons endêmicos e alguns ameaçados de extinção, e que medidas conservacionistas devem ser tomadas para assegurar a proteção dessas.

Aves, Conservação, Divulgação científica
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2674

Verificação dos critérios de ameaça da IUCN para duas espécies de beija-flores andinos
Rachel Augusta Monteiro Fidelis (Departamento de Ecologia, Universidade de Sao Paulo), Silvana Buzato, Departamento de Ecologia, USP

Resumo

Beija-flores são aves diversas com mais de 300 espécies ocupando desde planícies úmidas até florestas secas de altitude nas Américas. Apresentam adaptações comportamentais e morfológicas relacionadas à sobrevivência em gradientes ecológicos, de forma que variações de condições ambientais têm forte correlação com a dinâmica populacional desses organismos. O grupo sofre crescentes ameaças ambientais por perda de habitat e mudanças climáticas, potencializado pela distribuição restrita e alta especialização. Atualmente, 60% das espécies de beija-flores estão em declínio populacional, mas apenas 10% são consideradas ameaçadas pela Lista Vermelha da IUCN, a maior ferramenta de acesso ao risco de extinção das espécies. Investigamos as possibilidades de ameaça de duas espécies-irmãs de beija-flores, Coeligena lutetiae e Coeligena orina, que são evolutiva e ecologicamente próximas, divergindo no status ameaça pela IUCN. Determinamos a distribuição de ambas as espécies, através da construção de banco de dados de registros de ocorrência provenientes do Global Biodiversity Information Facility (GBIF). Análises comparativas entre as espécies para área de distribuição, elevação, médias de temperatura máxima e mínima anual e pluviosidade anual total indicam que C. orina ocupa área 14 vezes menor que C. lutetiae, mas que as densidades populacionais nas áreas de ocorrência são semelhantes. Exceto para temperatura mínima, as duas espécies apresentam diferenças quanto à elevação em que ocorrem e nas variáveis ambientais pluviosidade e temperatura máxima: Coeligena orina ocorre em áreas de maior pluviosidade (c. 1900 mm/ano) e menor temperatura (c. 13o C) que Coeligena lutetiae. Considerando as análises feitas até o momento, podemos dizer que ambas espécies ocorrem em baixa densidade e em condições ambientais distintas e particulares que fazem com que diferenças na extensão das áreas de ocorrência subestime o status de ameaça de cada espécie. (Apoio: FAPESP).

Aves, Conservação, Ecologia
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2363

Projeto "Tu que tanto anda no mundo, Sabiá"
Rafaela Bisacchi (Colégio Pedro II), Perseu Silva, Liliane Nogueira ,

Resumo

Em 2021, três docentes se juntaram para realizar o projeto de ensino “Tu que tanto anda no mundo, sabiá: educação ambiental através da observação de aves para ressignificar as relações”, voltado para crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, utilizando a observação de aves como uma ferramenta da Educação Ambiental. O Projeto Sabiá acontece no contraturno do horário regular dos estudantes, já teve duas edições durante o ensino remoto e, em 2022, participaram crianças de 9 e 10 anos de idade, formando a terceira turma com atividades presenciais. Ao longo dos encontros são abordados diversos temas, tais como: morfologia, dimorfismo, reprodução, voo, migração, alimentação, canto, aves em gaiolas, ambiente em que vivem, aves na cultura (música, texto, poema, livros, etc.), aplicativo e sites, além da observação e identificação de aves. Durante esse anos recebemos diversas visitas, tanto nos grupos virtuais quanto no presencial, desde jovem observador a ornitólogas(os). O projeto tem sido fonte de muita aprendizagem e alegria para todas e todos participantes. Não é raro escutarmos relatos de docentes, bem como de responsáveis das crianças, sobre como o projeto tem estimulado esse olhar mais sensível, perceptivo e de conexão com a natureza. Por ser um projeto, com um número menor de estudantes do que uma turma convencional, é possível ouvir a todas e todos, e assim pensar juntos os caminhos. Assim, entendemos que somos parte da natureza e a ela pertencemos, e reafirmar isso a todo momento, inclusive, no processo educativo, é importante se vislumbramos a superação dessa relação utilitarista, de dominância, construída ao longo do tempo e aprofundada pelo pensamento colonial moderno dentro do modo de produção capitalista.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2751

Observação de aves como ferramenta pedagógica de EA no Bioma mata Atlântica RJ
Renata dos Santos Pinto (Universidade do Rio de Janeiro), Ana Luiza Gonçalves Dias Mello, PPGEDU-FFP, Vanessa Correa Balochini, UERJ, Rita Leal Paixão, UFF, Ricardo Tadeu Santori, UERJ,

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar a percepção de estudantes acerca da Mata Atlântica e propor uma abordagem de ensino para as aulas de Ciências que incentiva o contato com a natureza através da observação de aves, a fim de promover a construção do sentimento de pertencimento ao bioma no qual os alunos estão inseridos. A proposta foi desenvolvida com alunos de uma escola de São Gonçalo, Rio de Janeiro, situada na Área de Proteção Ambiental do Engenho Pequeno, e envolveu duas aulas interativas em sala com a utilização de recursos visuais e uma saída de campo para dois ecossistemas de Mata Atlântica – manguezal e floresta –, ambos no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói. A interação dos alunos durantes as aulas e a saída de campo para a observação de aves, assim como os questionários aplicados em sala, foram analisados qualitativamente, a fim de investigar a percepção dos alunos sobre o ambiente em que vivem e, a partir disso, traçar uma abordagem capaz de despertar o sentimento de pertencimento à Mata Atlântica. Após a aula inicial, os resultados demonstraram que os alunos detêm pouco conhecimento sobre o bioma em que vivem e apresentaram dificuldade em se enxergar como parte do mesmo. Assim, as intervenções posteriores buscaram romper com essa barreira entre sociedade e natureza, com resultados promissores quanto à compreensão dos alunos acerca das dinâmicas ecológicas que movem a Mata Atlântica e as relações socioambientais que envolvem a relação do homem com o ambiente em que vive.

Introdução

O presente trabalho teve como objetivo investigar a percepção de estudantes acerca da Mata Atlântica e propor uma abordagem de ensino para as aulas de Ciências que incentiva o contato com a natureza através da observação de aves, a fim de promover a construção do sentimento de pertencimento ao bioma no qual os alunos estão inseridos.

Desenvolvimento

A proposta foi desenvolvida com alunos de uma escola de São Gonçalo, Rio de Janeiro, situada na Área de Proteção Ambiental do Engenho Pequeno, e envolveu duas aulas interativas em sala com a utilização de recursos visuais e uma saída de campo para dois ecossistemas de Mata Atlântica – manguezal e floresta –, ambos no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói. A interação dos alunos durantes as aulas e a saída de campo para a observação de aves, assim como os questionários aplicados em sala, foram analisados qualitativamente, a fim de investigar a percepção dos alunos sobre o ambiente em que vivem e, a partir disso, traçar uma abordagem capaz de despertar o sentimento de pertencimento à Mata Atlântica.

Resultados e conclusões

Após a aula inicial, os resultados demonstraram que os alunos detêm pouco conhecimento sobre o bioma em que vivem e apresentaram dificuldade em se enxergar como parte do mesmo. Assim, as intervenções posteriores buscaram romper com essa barreira entre sociedade e natureza, com resultados promissores quanto à compreensão dos alunos acerca das dinâmicas ecológicas que movem a Mata Atlântica e as relações socioambientais que envolvem a relação do homem com o ambiente em que vive.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Turismo, Vida ao ar livre, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2815

Efeito Terapêutico do Birdwatching na Saúde Mental
Rita de Cassia de Carvalho (Enfermeira sanitarista aposentada)

Resumo

Em 2018, PATRÍCIO, K.P., LEÃO, E.R. e col. realizaram uma pesquisa com 494 observadores de aves que frequentaram o Congresso Avistar Brasil. Em relação ao impacto do Birdwatching (Observação de Aves) em sua saúde, 94% relataram perceber impactos, sendo na Saúde Mental (81,5%), saúde física (20%), geral (18,5%) e social (6,5%). Em 2022, HAMMOUD, R., TOGNIN, S. et al. realizaram pesquisa com 1292 participantes e concluíram que o Birdwatching traz benefícios à saúde mental de pessoas com ou sem a depressão. Iniciei o tratamento para a depressão e a ansiedade em 2003 e em 2016 descobri o Birdwatching. Eu volto renovada, energizada e feliz da observação de aves livres, com a mente mais aberta. Fico impressionada como esta atividade desobstrui minha percepção às vezes tão fechada da realidade. Eternizar o momento de uma ave com a Fotografia, tratar a foto e publicá-la no Wikiaves e redes sociais são também atividades extremamente prazerosas! Posso afirmar que o Birdwatching é um coadjuvante para meu tratamento, auxiliando nas relações salutares com o meio ambiente e com a sociedade. Agradecimentos ao ornitólogo Dr. Mario Cohn-Haft e às enfermeiras Elizabeth (Liz) Leão e Regina Tomie Watanabe pelos esclarecimentos prestados, e ao arquiteto e designer gráfico Ricardo Borges pela realização deste banner.

Aves, Divulgação científica, Fotografia, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2846

O Efeito Terapêutico do Birdwatching na Saúde Mental
Rita de Cassia de Carvalho (Enfermeira Sanitarista aposentada)

Resumo

O resumo já foi enviado, estou enviando abaixo o pôster a ser apresentado!

Aves, Divulgação científica, Fotografia, Vida ao ar livre
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2400

Você conhece essa ave? Etnopassarinhar com a Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso, Tocantins
Simone Mamede (Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo/UFT), Maristela Benites, Instituto Mamede/UFMS, Luiz Felipe da Cunha Brandão, UFT Arraias, Alice Ribeiro, UFT Arraias, Mayara Cristina Joaquim, UFT Arraias, Allan Rodrigues Martins, Associação da Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso

Resumo

A história nos conta as várias maneiras adotadas pelos povos para se relacionar com a natureza. Conforme o grau de familiaridade e interação, os elementos tornavam-se tão conhecidos a tal ponto de serem conhecidos e receberem um nome. Assim, pode-se inferir que o valor era atribuído pelo grau de interação e o impacto resultante na vida e realidade objetiva dessas populações. Algumas dessas histórias estão públicas, outras não. Cada maneira de agir frente a essas espécies não é apenas curioso, mas instigante, admirável e revela várias simbologias: as marcas de um tempo histórico, as representações dos espaços de vida, as maneiras de se lidar com os desafios e limites do ambiente, as formas de convivência entre pessoas e com os elementos da biodiversidade, as práticas culturais, enfim a ontologia multifacetada do ser social. Em diálogos com a Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso (Arraias/Tocantins) para a implantação do projeto de Turismo de base comunitária associada ao turismo de observação de aves, os moradores destacaram espécies conhecidas pelo nome, conhecidas e sem nome e as nunca vistas e/ou ouvidas. Das cem espécies apresentadas 78 tinham nome, algumas tinham nome, mas eram conhecidas apenas auditivamente, sem nunca terem sido vistas, como é o caso das corujas (caburé e murucututu). Foram poucas as espécies de menor porte destacadas como conhecidas e nomeadas, sendo a maioria nunca vista (22%). Algumas, como os beija-flores, recebem apenas o nome geral de beija-flor, sem distinção específica. Portanto, os vários conheceres, saberes e fazeres podem ser compreendidos a partir da relação entre os diferentes grupos sociais humanos e as aves coexistentes no território e essa aproximação pode ser feita a partir da observação de aves, o etnopassarinhar. A ciência sistematizada em encontro com outras formas de saber concorre para a ampliação do conhecimento sobre a natureza com implicações na valorização dos povos, dos elementos da sociobiodiversidade e da própria ciência.

Aves, Arte e cultura, Ciência cidadã, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2744

PROJETO OLHA O PASSARINHO!: A EXPERIÊNCIA DE OBSERVAR AVES NO AMBIENTE ESCOLAR
Stefania da Silva Gorski (Universidade Federal de Santa Maria), Everton Rodolfo Behr, Universidade Federal de Santa Maria, Marilise Mendonça Krügel, Universidade Federal de Santa Maria, Maria Eduarda Cesar Salvador, Universidade Federal de Santa Maria, Raphaela Ponsi da Silva, Universidade Federal de Santa Maria, Ana Paula Nascimento Kucera, Universidade Federal de Santa Maria

Resumo

O projeto Olha o Passarinho, é uma atividade de extensão desenvolvida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desde 2011 e possui o objetivo de difundir a biodiversidade de aves da região e colaborar com a educação ambiental e o ensino de ciências, principalmente nas escolas. Para isso, é feita uma palestra e um momento de prática com o uso do binóculo. No retorno a sala de aula é distribuído para cada participante, um conjunto de 25 cartinhas ou livreto com espécies comuns na região.

Introdução

A observação de aves é uma prática consolidada ao redor do mundo e que tem forte inserção na promoção do ecoturismo, na conservação das aves e de seus ambientes e, mais recentemente, com a ciência cidadã. Oportunizar a observação de aves aos alunos do ensino fundamental é o propósito do projeto “Olha o Passarinho!”, uma ação de extensão da Universidade Federal de Santa Maria, com início em 2011. O projeto atua na educação ambiental e na divulgação da biodiversidade de aves da região central do Rio Grande do Sul. Foi idealizado a partir de experiências que apontaram a necessidade de ampliar os saberes dos alunos do ensino fundamental sobre meio ambiente utilizando práticas educacionais não formais. Apresenta caráter multiplicador à medida que tem a possibilidade de atingir centenas de crianças e de sensibilizá-las e educá-las ambientalmente utilizando como ferramenta principal a observação de aves. Também é uma atividade democrática porque pode chegar a qualquer escola e atender crianças e adultos de todas as classes sociais. O projeto “Olha o passarinho!” permite a promoção dos princípios da ciência cidadã uma vez que os estudantes podem assumir um papel ativo no monitoramento da avifauna urbana/rural no espaço escolar e divulgar os resultados das suas atividades de campo em plataformas específicas para este fim como o eBird, iNaturalist e o WikiAves. Assim, de forma lúdica, participativa e interativa, o projeto desperta o interesse e convida a observação das aves em liberdade, a refletir sobre a caça ilegal e o tráfico de animais e apreciar a natureza sob uma nova perspectiva.

Desenvolvimento

O projeto tem sido desenvolvido principalmente com alunos do 3º ao 6° ano do ensino fundamental da rede de ensino pública e particular. As atividades estão organizadas em três momentos :i) palestra abordando temas como a importância das aves no ambiente (dispersão de sementes e polinização, por exemplo); a riqueza de espécies no estado e na região; problemas como a caça, a captura ilegal e a destruição dos ambientes naturais; ii) orientação e realização da prática de observação de aves no pátio da escola ou em áreas adjacentes utilizando binóculos 8X40; iii) retorno a sala de aula para troca de experiências e distribuição, a cada participante, de material didático que pode ser um conjunto de 25 cartinhas ou livreto com fotos e descrição de espécies comuns na região central do estado.

Resultados

O projeto “Olha o passarinho!”, ao longo de 11 anos de atuação, atingiu cerca de cinco mil e quinhentos estudantes, em setenta e duas escolas de dezessete municípios do Rio Grande do Sul. Durante a atividade percebe-se um grande engajamento das crianças durante a palestra, onde elas compartilham suas vivências e opiniões sobre os temas em discussão. Ainda, o uso do binóculo proporciona muita alegria e entusiasmo pois a natureza se mostra sob uma nova perspectiva. As experiências oportunizadas contribuem com o conteúdo formal de ciências bem como reforçam a importância das aves e seu papel nos serviços ecossistêmicos aliado ao entendimento, reflexão e sensibilização para a necessidade de conservação da natureza.

Aves, Ciência cidadã, Conservação, Crianças e Natureza, Divulgação científica, Fauna urbana, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2760

Como detectar colisões de aves em vidraças: a minha vidraça é mortal?
Stephanie Jin Lee (Universidade Federal de São Carlos - campus Sorocaba)

Resumo

Um estudo de detecção de colisões de aves em vidraças está sendo realizado na UFSCar Sorocaba por meio da coleta de evidências que incluem carcaças, manchas nos vidros, pilhas de penas e observações, totalizando 72 evidências registradas desde novembro de 2022. As carcaças são as evidências mais concretas das colisões, porém em casos de colisões não fatais ou perda das carcaças por degradação, as manchas e penas complementam os dados, aumentando a acurácia da estimativa do número de colisões.

Aves, Conservação, Divulgação científica, Ecologia, Fauna urbana
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

2712

Guia de observação de aves no Jardim Botânico SP
Vincent Bosson

Resumo

Sou fotógrafo francês radicado em São Paulo há 10 anos. Em 2020, participei de um curso de observação de aves organizado pela Save Brasil e, desde então, fiz várias visitas ao Jardim Botânico com o objetivo de me familiarizar com a flora e fauna locais. Em 2023, desenvolvi um projeto de observação de aves para famílias, divertido e educativo: uma caça ao tesouro, com desafios para identificar aves, usando QR codes para ler com o celular; procurar um ninho, memorizar uma vocalização, encontrar penas... Estou matriculado no curso de guia turístico ETEC em 2023. Instagram : @aves.jardimbotanico.sp

Aves, Ciência cidadã, Crianças e Natureza, Fauna urbana, Fotografia, Turismo, Educação Ambiental
Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.